complicações na derivação ventrículo

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COMPLICAÇÕES NA DERIVAÇÃO VENTRÍCULO-PERITONEAL EM CRIANÇAS
PORTADORAS DE HIDROCEFALIA
VENTRICULAR SHUNT COMPLICATIONS IN PERITONEAL CHILDREN WITH
HYDROCEPHALUS
Vanessa Bispo Santos¹
Karla Patricia Macedo Prudente²
RESUMO
Com o propósito de identificar as principais complicações na derivação ventrículoperitoneal em crianças portadoras de hidrocefalia, realizou-se uma análise da
literatura seguindo roteiro de coleta que contem as seguintes variáveis: idade, sexo,
motivo da internação, etiologia da hidrocefalia, modalidade de diagnostico por
imagem, tempo de uso da DVP, complicações da DVP, tratamento realizado na
complicação, tempo para diagnostico da complicação e duração da internação. Nos
resultados dos artigos predominaram: crianças na faixa etária de 0 até 2 anos; 67%
do sexo masculino; 23% apresentaram vômitos como motivo de internação; 89%
tinha uma origem congênita; 67% realizaram tomografia computadorizada; 23% teve
o tempo de uso da DVP de 1 ano; 45% apresentou infecção; 56% utilizou a troca de
válvula e antibióticos; 23% diagnosticou a complicação em 4 dias; 34% permaneceu
na unidade hospitalar 9 dias.Conclui-se que a infecção é um desafio a ser vencido a
fim de diminuir os seus alto indicies nos anos posteriores.
Palavras-chave: Derivação ventrículo-peritoneal.Hidrocefalia. Infecção.
ABSTRACT
In order to verify the complications in ventriculoperitoneal shunt in children with
hydrocephalus, there was a secondary data analysis following collection script that
contains the following variables: age, gender, reason for admission, etiology of
hydrocephalus, mode of diagnostic imaging, use time DVP, complications from shunt
treatment performed in the complication, time to diagnosis of complications and
length of hospital. Predominated in the results: children aged 0 to 2 years, 67% male,
23% had vomiting a cause of admission, 89% had a congenital origin, 67%
underwent CT, 23 % had time-use DVP 1 year, 45% had infection, 56% used the
valve replacement and antibiotics, 23% diagnosed complication in 4 days, 34%
remained in the hospital 9 days. Concui that the infection is a challenge to overcome
to reduce these high rates in later years.
KEY – WORDS:Ventriculoperitoneal shunt, hydrocephalus, infection.
1-INTRODUÇÃO
¹ Bacharel em enfermagem, pós graduanda em enfermagem em UTI neonatal e pediátrica.
Email: [email protected]
² Bacharel em enfermagem, pós graduanda em enfermagem em UTI neonatal e pediátrica.
Email: [email protected]
A derivação ventrículo-peritoneal consiste basicamente num cateter que é
posicionado no sistema ventricular, conectado a uma válvula de fluxo unidirecional, a
qual por sua vez, é conectada a outro cateter que vai ser direcionado na cavidade
peritoneal, proporcionando assim desvio do excesso do liquido para o peritônio,
onde será absorvido (PIKUS, et al., 1997).
Hidrocefalia é uma alteração do sistema nervoso central (SNC) que envolve
basicamente o acúmulo anormal de líquido dentro dos ventrículos cerebrais.
Apresenta etiologia múltipla, relacionada a várias condições, o que torna diferente
tanto a incidência como a prevalência para as diversas faixas etárias em que se
pode manifestar (ALVES, FERREIRA E MAGGI, 2004).
Constitui morbidade de extrema importância para a Neurocirurgia, devido
principalmente, a três fatores: a grande gama de doenças à qual pode associar-se; a
quantidade de procedimentos cirúrgicos dentro do volume total da especialidade; e
as virtuais sequelas às quais o paciente está sujeito (MACHADO, et al., 2002).
O prognóstico de crianças com hidrocefalia tratada depende principalmente
da velocidade com que a hidrocefalia se desenvolve da duração da elevação da PIC,
da frequência de complicações e da causa da hidrocefalia. Por exemplo, os tumores
malignos podem ter uma alta mortalidade, independentemente de outros fatores
complexantes (WONG, 1999).
Segundo Grillo e da Silva (2003), O conhecimento clínico e epidemiológico da
hidrocefalia e dos variados fatores etiológicos e prognósticos a ela relacionados são
até o momento insuficiente para a compreensão global e otimização do tratamento
desta complexa patologia, de modo que o aprofundamento dos estudos nesta área
pode trazer benefícios significativos.
A ventriculomegalia (VM) ou hidrocefalia (HDC) classifica-se em HDC exvácuo (VM conseqüente à perda de parênquima cerebral sem alteração na pressão
liquórica), HDC de pressão normal (VM conseqüente à redução da vazão liquórica
por defeito na absorção de LCR e/ou insuficiência do espaço subaracnóideo), HDC
comunicante (VM conseqüente à secreção excessiva de LCR, insuficiência venosa
ou alteração da absorção do LCR) e HDC não-comunicante ou obstrutiva (VM
conseqüente à obstrução do fluxo liquórico causada pela presença de processo
expansivo ou por fibrose pós-inflamatória) (PROCKOP, et al.;2000).
Segundo Alves, Ferreira e Maggi (2004), o diagnóstico clínico da hidrocefalia
não costuma oferecer dificuldades. A coleta de uma história a mais completa
possível fornece ampla possibilidade de se levantar às suspeitas diagnósticas.
Dados do período pré-natal (doença da gestante, estado nutricional, exposição à
doença) devem fazer parte do interrogatório, além dos exames complementares
como ultrassonografia (US), tomografia computadorizada (TC) e ressonância nuclear
magnética (RNM).
De acordo com Dal Fabbro (2008), o tratamento de hidrocefalia compreende
freqüentemente um trabalho multidisciplinar envolvendo especialidades medicas
enfermagem especializada, fonoaudiologia e fisioterapia, sendo assim o tratamento
especificam da hidrocefalia requer geralmente intervenção, estas são procedimentos
de derivação liquórica que envolvem a inserção de um cateter no sistema
ventricular, em geral em um dos ventrículos laterais, com o objetivo de drenar o LCR
(liquocefalorraquidiano) em excesso. As derivações podem ser classificadas em
internas (quando o líquor é drenado do sistema ventricular para alguma cavidade ou
espaço anatômico do corpo humano) e externas (consiste na inserção de um cateter
de silicone no ventrículo lateral conectado a um sistema coletor externo).
A derivação ventricular externa (DVE) consiste na inserção de um cateter de
silicone no ventrículo lateral, que são conectados a um sistema coletor externo. Essa
técnica é usada em caráter temporário quando da presença de condições que não
permitem a realização de derivação interna, tais como meningite/ventriculite ou
hemorragias intraventriculares (PIKUS, et al., 1997).
Alves, Ferreira e Maggi (2004), relatam que a DVP consiste basicamente
num cateter que é posicionado no sistema ventricular, conectado a uma válvula de
fluxo unidirecional, a qual por sua vez, é conectada a outro cateter que vai ser
direcionado na cavidade peritoneal, proporcionando assim desvio do excesso do
liquido para o peritônio, onde será absorvido.
Segundo Rosemberg e Kliemann (2005), o tratamento de eleição de
hidrocefalia é cirúrgico e consiste em derivações liquórica com interposição de
válvulas unidirecionais para a drenagem do líquor cefalorraquidiano (LCR) do
ventrículo lateral para o peritônio ou átrio esquerdo do coração. As principais
complicações pós-derivação são: meningite, peritonite, drenagem insuficiente,
válvula não funcionante, cateter desconectado ou dobrado, hematoma subdural,
coleção subdural, ventrículos em fenda, fístula liquórica e hipertensão intracraniana
(HIC) intermitente.
Um estudo realizado por Machado, et al., (2002), revelou que as principais
complicações observadas foram as de natureza mecânica, relacionadas à drenagem
do líquido cefalorraquidiano em si, ocorrendo em 36% dos casos durante o tempo de
seguimento. Dentre estas, o mau funcionamento da válvula contribuiu com a maioria
dos casos. As complicações infecciosas, notadamente a ventriculite, vieram a seguir,
ocorrendo em 15% das vezes. Houve ainda registro de deiscência de sutura,
necrose de pele, coleções subdurais e pseudocistos abdominais, todos ocorrendo
em menos de 2% dos casos.
Devido às múltiplas etiologias da hidrocefalia, este estudo teve como objetivo
principal verificar as complicações na Derivação Ventriculo-peritoneal em crianças
portadoras de hidrocefalia; a fim de reduzir o tempo de permanência do usuário na
unidade e maior estabilidade psicoemocional no ambiente hospitalar
2-METODOLOGIA
O estudo identificou as principais complicações ocorridas na derivação
ventrículo-peritoneal em crianças portadoras de hidrocefalia. Tratou-se de uma
revisão bibliográfica. Foram utilizados para pesquisa bancos de dados on line
LILACS e MEDLINE.
Esse estudo consistiu na análise de dados secundários
seguindo roteiro de coleta. As variáveis do roteiro de coleta foram: idade, sexo,
motivo da internação, etiologia da hidrocefalia, modalidade de diagnostico por
imagem, tempo de uso da DVP, complicações da DVP, tratamento realizado na
complicação, tempo para diagnostico da complicação e duração da internação. Bem
como, foi utilizado o método causal, no qual se estabelecem relações de causa e
efeito entre os fatos.
Critérios de inclusão todos os artigos que abordem as
variáveis expostas no instrumento de coleta. O período da pesquisa consistiu do
mês de julho 2012 às dezembro 2012 dando um total de seis meses. Foram
analisados sete artigos completos da língua inglesa e portuguesa. Os descritores
utilizados : hidrocefalia, derivação ventrículo-peritoneal, complicações e perfil
epidemiológico.Os dados foram tabulados e armazenados no programa Microsoft
Office Excel 2007 e apresentados por meio de gráficos, sendo analisados por meio
da estatística descritiva.
3-RESULTADOS
Foram analisados artigos do banco de dados on-line, o LILACS e MEDLINE
com diagnóstico de hidrocefalia que apresentavam complicações em uso de DVP
(Derivação Ventrículo-peritoneal).
Referente a idade observou-se que houve predominância em crianças
menores de 2 anos. No que diz respeito à variável sexo, houve uma predominância
do sexo masculino de 67%, o que pode ser verificado no gráfico 1.
Gráfico 1: Relação entre sexo e idade de crianças com complicações da DVP
com diagnóstico de hidrocefalia.
Fonte: Dados da pesquisa, 2012
2,5
2
6 MESES
8 MESES
1,5
1 ANO
2 ANOS
1
6 ANOS
0,5
10 ANOS
12 ANOS
0
MASCULINO
FEMININO
Em relação ao motivo de internação, 23% dos pacientes apresentaram
vômitos, 11% crises convulsivas, 11% febre, 11% cefaléia intensa, 11% sono e
vômitos, 11% febre e sono, 11% vômito e cefaléia, 11% febre , vômito e cefaléia
(Gráfico 2).
Gráfico 2: Motivo de internação de crianças com complicações da DVP com
diagnóstico de hidrocefalia.
Fonte: Dados da pesquisa, 2012
11%
Crise convulsiva
11%
Vômitos
Febre
11%
cefaléia intensa
23%
sono+ vômito
11%
febre+sono
11%
11%
vômito +cefaléia
11%
febre+vômito+cefaléia
No tocante a etiologia da hidrocefalia, 89% foi de origem congênita, enquanto
que 11% originaram-se de trauma, conforme exposto no gráfico 3.
Gráfico 3: Etiologia da hidrocefalia de crianças com complicações da DVP com
diagnóstico de hidrocefalia.
Fonte: Dados da pesquisa,2012
11%
Congênita
Traumatica
89%
Dos estudos analisados 6 realizaram TC (tomografia computadorizada), e 3
não realizaram nenhum tipo de diagnóstico por imagem, sendo estes de origem
congênita (Gráfico 4).
Gráfico 4: Relação da etiologia com o tipo de diagnóstico por imagem (TC) em
crianças com complicações da DVP com diagnóstico de hidrocefalia.
Fonte: Dados da pesquisa,2012.
CONGÊNITA
TRAUMA
NÃO FIZERAM
33%
56%
11%
Relacionado ao tempo de uso da DVP, houve uma predominância no tempo
de uso de 1 ano, que correspondeu a 23% da amostra como descrito no gráfico 5.
Gráfico 5: Tempo de uso da DVP em crianças com complicações da DVP com
diagnóstico de hidrocefalia.
Fonte: Dados da pesquisa,2012.
11%
6 meses
11%
11%
8 meses
11%
1 ano
2 anos
3 anos
11%
23%
6 anos
10 anos
11%
11%
12 anos
Quanto às complicações apresentadas, 45% tiveram infecção, 22%
obstrução, 11% cisto intraventricular, 11% fluxo inadequado, 11% infecção e
obstrução. (Gráfico 6).
Gráfico 6: Complicações da Derivação Ventrículo-peritoneal em crianças com
complicações da DVP com diagnóstico de hidrocefalia.
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
11%
11%
45%
Infecção
Obstrução
11%
Cis. I.ventricular
F.inadequado
22%
Infec+obstrução
Referente ao tratamento realizado nas complicações da DVP 56% realizou
troca de válvula e fez uso de antibióticos, enquanto que 44% realizaram apenas a
troca de válvula, conforme exposto no gráfico 7.
Gráfico 7: Tratamento realizado nas complicações da DVP em crianças com
diagnóstico de hidrocefalia.
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
Troca Val+ATB
Troca de val
44%
56%
Em relação ao tempo para diagnosticar a complicação, 23% diagnosticou em
4 dias, 22% em 6 dias, 22% em 7 dias, 11% em 3 dias, 11% em 5 dias, 11% em 8
dias (Gráfico 8).
Gráfico 8: Tempo de diagnóstico da complicação da DVP em crianças com
hidrocefalia.
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
11%
11%
3 dias
4 dias
22%
23%
5 dias
6 dias
7 dias
8 dias
11%
22%
No que diz respeito a duração da internação hospitalar, 34% permaneceram 9
dias, 33% permaneceram 11 dias, 11% permaneceram 12 dias, 11%
permaneceram 13 dias, 11% permaneceram 15 dias (Gráfico 9).
Gráfico 9: Tempo de permanência hospitalar em crianças com complicações
da DVP com diagnóstico de hidrocefalia.
Fonte: Dados da pesquisa,2012.
9 dias
11 dias
12 dias
13 dias
11%
34%
11%
11%
33%
4- DISCUSSÕES
15 dias
Aos dados analisados houve uma predominância de crianças do sexo
masculino com complicações da DVP com diagnóstico de hidrocefalia, como foi
verificado nos trabalhos de Machado et al, (2002) e Rosemberg e Kliemann (2005).
Já no estudo de Martins, et al, (1997) a maior incidência foi no sexo feminino.
Através deste estudo percebeu-se que a faixa etária mais acometida
pelas complicações foi de 0 a 2 anos, o mesmo foi verificado no trabalho de Martins
et al, (1997).
Dentre os motivos de internação, a cefaléia e o vômito foram as
manifestações clínicas mais presentes da amostra em estudo. No trabalho de Silva,
et al, (2007) as manifestações mais freqüentes foram febre e convulsões. Já no
trabalho de Rosemberg e Kliemann (2005) cefaléia e vômito foram os mais
freqüentes, corrobora com os dados do presente estudo.
Quanto à etiologia da hidrocefalia o nosso estudo relata que a
predominância foi de origem congênita com 89% dos casos, no qual é confirmado no
estudo de Dal Fabbro (2008) com 87% dos casos analisados.
O estudo sobre os exames de imagem revela que a maioria realizou TC
(Tomografia Computadorizada) com 67% total de pacientes, diferenciando do estudo
de Machado et al, (2002), onde houve predominância da ultra-som.
Com relação ao tempo de uso da DVP, acredita-se que quanto maior o
tempo de uso, mais chance de aparecimento de complicações, como no presente
estudo nos mostra.
A principal complicação relatada nesse estudo foi a infecção com 45%,
onde é confirmado nos estudos de Silva et al, 2007 com 32% da complicações,
Rosemberg e kliemann (2005) com 57,4% dos casos, embora o estudo de Machado
et al,(2002) relata que a principal complicação é de natureza mecânica com 41% dos
casos. Acredita-se que alta porcentagem de infecção se da pela alta precoce dos
pacientes.
O tratamento da complicação com maior predominância neste estudo foi à
troca de válvula mais o uso de antibióticos com 56% dos casos, onde é comprovado
no estudo de Martins et al, (1997) e Silva et al, (2007). Acredita-se que o uso
conjunto melhora a recuperação e diminui o tempo de internação do cliente no
ambiente hospitalar.
A média do tempo para diagnosticar a complicação da DVP encontrado
em nosso estudo foi de 04 a 07 dias, Já no trabalho de Machado et al, (2002) a
média foi de 20 dias, enquanto que Silva et al, (2007) encontrou média de 26,7 dias
para diagnosticar a complicação.
Em relação ao tempo de internação hospitalar, Martins et al, (1997), relata
que a internação dura entre 34 a 42 dias, enquanto que no presente estudo variou
de 09 a 15 dias.
4-CONCLUSÃO
Em suma, o presente trabalho deverá servir como referencia para novas
pesquisas que possa encontrar relações entre algumas variáveis analisadas e
quantificadas coma ocorrência de complicações estimulando ações que diminuam
sua ocorrência.
Conclui-se ainda que tenha na infecção um desafio a ser vencido, além
do presente estudo concluir que a melhor estratégia para o tratamento da
complicação é a troca da válvula e antibioticoterapia.
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