investigação do agente causal em caso de reação anafilática

INVESTIGAÇÃO DO AGENTE CAUSAL
EM CASO DE REAÇÃO ANAFILÁTICA
Zappelini, RS; Schlindwein, JC; Bernhardt, CD
Introdução
A reação anafilática é uma reação alérgica sistêmica grave,
de início súbito e evolução rápida, que é potencialmente
fatal.¹ O diagnóstico é clínico, baseado na história e exame
físico do paciente. Todos os pacientes devem ser encaminhados para o alergista, que além de investigar a causa da
reação anafilática e orientar quanto a exclusão deste desencadeante, reforçará o plano de ação e o uso de adrenalina auto injetável. Outras terapias também podem ser indicadas, como imunoterapia a veneno de insetos, ou dessensibilização para alguns alimentos ou medicamentos. ² ³
Objetivos
Expor a investigação clínica do agente causal diante de
um caso de reação anafilática.
Delineamento/Métodos
Estudo descritivo de um caso realizado a partir da anamnese, exame físico e exames complementares do paciente.
Descrição do Caso
Paciente masculino, 7 anos, procedente de Camboriú/SC,
apresentou, no último ano, três quadros agudos de início
repentino, com dispneia, erupções generalizadas, eritematosas, pruriginosas, de formatos e tamanhos variados,
acompanhadas de angioedema, sendo que em uma delas
houve edema de glote e obnubilação. O paciente recebeu
atendimento emergencial no pronto socorro em todas as
crises, evoluiu com melhora em 6 a 8 horas e recebeu alta
hospitalar com medicações, além de ter sido encaminhado
para o serviço ambulatorial para investigação diagnóstica.
Durante a anamnese ambulatorial, a mãe do paciente associou as crises a alimentos como balas, cachorro quente e
bolo. Foi realizado exame físico geral sem nenhuma alteração significativa. Solicitou-se a realização de exames
laboratoriais com os seguintes resultados: IgE acima do
valor de referência, RAST IgE negativo para alimentos,
látex, ácaros e barata. Três meses após, retornou referindo
três outros episódios semelhantes aos anteriores, que ocorreram após voltar da pizzaria, além de uma nova crise, que
ocorreu após o almoço, enquanto brincava no jardim de sua
residência. Diante desse relato, foi realizada anamnese mais
detalhada sobre os últimos episódios e se descobriu que o
paciente voltava da pizzaria a pé, brincando nos terrenos e
jardins durante o trajeto até a sua residência. Além disso, a
mãe referiu que o filho costumava brincar no jardim de casa
após as refeições. A partir dessas informações, foi solicitado a realização de RAST para veneno de formiga, o qual
obteve resultado positivo. Foi orientado ao paciente evitar
contato direto com a grama e outros locais onde o inseto
possa estar presente.
Conclusões/Considerações Finais
Segundo Castro (2012), dentre as reações sistêmicas ocasionadas por picada de insetos em pacientes de 5 a 10 anos,
o agente etiológico com maior prevalência é o veneno de
formiga. Sendo assim, fica evidente a importância de se
conduzir uma anamnese completa e detalhada para a investigação do agente causal nos episódios de anafilaxia,
levando em conta os hábitos do paciente e os agentes etiológicos de maior prevalência em cada faixa etária, possibilitando a prevenção de novas crises e contribuindo para a
melhora da qualidade de vida dos pacientes.
Figura 1
Fonte: CASTRO, 2012, p. 72.
Palavras-chaves: Reação anafilática; For miga; Anamnese; Agente causal
Referências: 1- Sampson H A, Muñoz-Furlong A, Campbell RL, Adkinson NF, Bock SA, Branum A et al. Second symposium on the definition and management of anaphylaxis: Summary report – Second National Institute os Allergy and Infectious Disease/ Food Allergy and Anaphylaxis Network symposium. J Allergy Clin Immunol 2006;117:3917.
2- .Cheng A, Canadian Paediatric Society, Acute Care Comimttee. Emergency treatment of anaphylaxis in infants and children. Paediatr Child Health 2011;16(1):35-40.
3- Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia, Sociedade Brasileira de Anestesiologia. Anafilaxia: Tratamento. Projetos Diretrizes, 2011. Disponível em http://
www.projetodiretrizes.org.br/diretrizes11/anafilaxia_tratamento.pdf.
4- CASTRO, Fábio F. Morato. Diagnóstico Clínico e Laboratorial em Alergia. Barueri: Manole, 2012. 242 p.