São Paulo, 25 de fevereiro de 2013. EXMO. SR. DR. DIRCEU BRÁS APARECIDO BARBANO Diretor Presidente da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) – Trecho 5, área especial 57 Brasília – DF – Cep.71205-050 Digníssimo senhor A Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia – ASBAI – vem, por meio desta, solicitar a viabilização no Brasil da medicação epinefrina em sua forma autoinjetável, para que este medicamento possa ser utilizado pelos indivíduos, adultos e crianças, que apresentem anafilaxia, situação de alto risco de morte. A epinefrina (adrenalina) é, atualmente, medicação essencial no controle da anafilaxia, grave problema de saúde que acomete parcela significativa da população brasileira. A adequada utilização da epinefrina sob forma autoaplicável é, de maneira bastante comprovada na literatura médica, um dos divisores entre sobreviver ou não a uma crise de anafilaxia. É importante ressaltar que se trata de uma doença grave, aguda e potencialmente fatal, desencadeada por mecanismos de hipersensibilidade, como ferroadas de inseto, alimentos, medicamentos, exposição a látex, etc,, que atinge pessoas de todas as faixas etárias, de ambos os sexos. O quadro clínico pode ser dramático, com “urticária gigante” geralmente acompanhada de angioedema, comprometimento respiratório (como dispnéia, broncoespasmo, estridor, hipóxia), sintomas gastrointestinais (cólicas, vômitos e diarréia agudos) e comprometimento cardiocirculatório, com hipotensão e colapso, sendo que em questão de minutos o paciente pode evoluir para insuficiência respiratória, choque e morte. O tratamento da crise anafilática deve ser imediato. Como citado acima, a adrenalina (epinefrina) é essencial para reverter o quadro clínico e deve ser aplicada pelo próprio paciente, um familiar ou por alguém disponível no local, já aos primeiros sinais da reação anafilática. A demora em sua aplicação pode significar um prognóstico mais sombrio, com maior chance de não reversão dos sintomas. Corticóides e anti-histamínicos são medicações de segunda linha, devido ao maior tempo para o início de ação. A adrenalina autoinjetável é disponibilizada na maioria dos países nesta apresentação. Sua aplicação é bastante simples e mesmo pessoas não habilitadas conseguem utilizar a medicação de forma segura. Todo paciente, seja criança ou adulto, após seu primeiro quadro de anafilaxia, deve ser avaliado por um especialista em Alergia e Imunologia clínica. As causas devem ser identificadas e afastadas e a prescrição de adrenalina autoinjetável se impõe devido à impossibilidade de se garantir que a pessoa não seja mais exposta ao desencadeante, o que pode ocorrer acidentalmente como no caso de insetos ou alimentos. Daí a grande importância da epinefrina (adrenalina) autoinjetável que apesar de extremamente importante, ainda não é autorizada para comercialização ou importação no Brasil. Por tudo isto, nossa associação (ASBAI) considera urgente as medidas específicas para esse fim. Na certeza da atenção e consideração de Vossa Excelência para a resolução desse grave problema que aflige milhares de brasileiros, colocamo-nos à disposição para informações adicionais e/ou para o agendamento de uma reunião para tratarmos pessoalmente do assunto e encontrarmos juntos meios de obtermos uma solução ao problema. Atenciosamente, Dra. Elaine Gagete Coordenadora do Grupo de Assessoria em Anafilaxia da ASBAI Prof. Dr. Fábio F. Morato Castro. Presidente da Assoc. Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI) Referências Bibliográficas: 12- 3- 4- 5- 67- 8- 910- Bernd LA, Solé D, Pastorino A, Prado EA, Castro FFM, Rizzo MCV, Rosário Filho NA, Aun WT. Anafilaxia: guia prático para o manejo. 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