INSTITUTO OSWALDO CRUZ Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular MÍRIAN PRISCILA LINS DE LIMA Estudo do envolvimento do receptor nuclear PPAR gama no controle de infecções Dissertação apresentada ao Instituto Oswaldo Cruz como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em biologia celular e molecular. Orientadora: Dra. Adriana Ribeiro Silva RIO DE JANEIRO 2015 ii INSTITUTO OSWALDO CRUZ Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular AUTORA: MÍRIAN PRISCILA LINS DE LIMA ESTUDO DO ENVOLVIMENTO DO RECEPTOR NUCLEAR PPAR GAMA NO CONTROLE DE INFECÇÕES ORIENTADORA: Dra. Adriana Ribeiro Silva Aprovada em: 14/07/2015 EXAMINADORES: Dra. Mariana Conceição de Souza – Presidente Dr. Johnatas Dutra Silva – Membro Dra. Danielle de Oliveira Nascimento – Membro Dra. Andrea Surrage Calheiros – Suplente e revisor Dra. Andressa Bernardi – Suplente Rio de Janeiro, 14 de julho de 2015. iii Dedico esta dissertaçãoa Deus e a minha família que sempre me deram forças para continuar a caminhada. iv “A sabedoria preserva a vidade quem a possui.” Eclesiastes 7:12 v AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, pois sem Ele nada poderia ser realizado. Agradeço à minha orientadora, Dra. Adriana Ribeiro Silva e o co-orientador Dr. Cassiano Felippe Gonçalves de Albuquerque por terem me auxiliado e supervisionado no mestrado, influenciando positivamente no decorrer desses anos de longos estudos e trabalhos. A Dra. Andrea Surrage Calheiros, que colaborou como suplente e revisora, e Dra. Andressa Bernardi que colaborou como suplente oferecendo conselhos primordiais para a finalização deste trabalho. A Dra. Mariana Conceição de Souza, Dra. Danielle de Oliveira Nascimento e Dr. Johnatas Dutra Silva, participando como presidente e membros da banca respectivamente, fornecendo observações e levantando pontos relevantes ao trabalho. Ao Dr. Hugo Caire de Castro-Faria-Neto e à Dra. Patrícia Torres Bozza, antigo e atual chefes do laboratório de Imunofarmacologia, respectivamente, pois permitiram a minha participação como integrante deste grupo laboratorial formidável, além de fornecer os recursos necessários para a realização desta dissertação. Aos meus amigos que participaram ativamente desta dissertação, como Carlos André Mandarino, Cristina Lyra, Alessandra Silveira, Victor Brown e Carol Hildebrandt, Gabriel Gutfilen Schlesinger, pois contribuíram com o esforço, trabalho árduo e horas investidas neste projeto. Aos integrantes do Laboratório de Imunofarmacologia que colaboraram direta e indiretamente me auxiliando com sugestões nas reuniões de laboratório e proporcionando bons momentos de descontração durante os dias de experimento, como Isaclaudia Azevedo, André Costa, Dra. Patrícia Reis, Silvio Caetano, Emílio Telles, Tathiany Igreja e Leandro Andrade. vi À Rose Branco, secretária do Laboratório de Imunofarmacologia, pelo apoio administrativo. A todos os funcionários do Biotério, da limpeza, vigilantes e secretaria do Pavilhão Ozório de Almeida. Aos meus familiares e ao meu noivo por me darem todo o apoio necessário para o desenvolvimento deste trabalho no período domiciliar, pelos conselhos de persistência, força e pela paciência que se tornaram primordiais para conclusão desta dissertação. A todos que participaram do corpo docente e aos que trabalharam no programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular do Instituto Oswaldo Cruz, pelo apoio acadêmico e institucional. vii SUMÁRIO Resumo............................................................................................................................. xi Abstract............................................................................................................................ xii Lista de abreviaturas........................................................................................................ xiii Lista de figuras................................................................................................................. xv Capítulo 1: INTRODUÇÃO ......................................................................................... 1 1.1 Pulmão........................................................................................................................ 1 1.2 Pneumonia ................................................................................................................. 1 1.3 Pseudomonas aeruginosa ........................................................................................... 3 1.4 Sepse .......................................................................................................................... 4 1.5 Fisiopatologia da resposta inflamatória ..................................................................... 6 1.5.1 Resposta imunológica e inflamatória do hospedeiro............................................... 6 1.5.1.1 Citocinas e quimiocinas ....................................................................................... 8 1.6 Neutrófilos ................................................................................................................. 10 1.6.1 Visão geral .............................................................................................................. 10 1.6.2 Ativação e migração do neutrófilo ......................................................................... 12 1.6.3 Redes extracelulares de neutrófilo ......................................................................... 13 1.7 PPARγ ...................................................................................................................... 16 1.8 Rosiglitazona ............................................................................................................. 18 1.9 Hipótese do estudo ................................................................................................... 19 Capítulo 2: OBJETIVOS.............................................................................................. 20 2.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 20 2.2 Objetivos específicos/metas ..................................................................................... 20 Capítulo 3: MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................... 21 3.1 Obtenção dos animais ............................................................................................... 21 3.2 Obtenção e crescimento da Pseudomonas aeruginosa.............................................. 21 3.3 Indução de infecção pulmonar pela instilação intratraqueal com Pseudomonas aeruginosa....................................................................................................................... 21 viii 22 23 3.4 Contagem total e diferencial das células do lavado broncoalveolar ......................... 22 3.5 Contagem das unidades formadoras de colônias......................................................... 22 3.6 Análise dos sinais clínicos após instilação intratraqueal de Pseudomonas aeruginosa 22 3.7 Dosagem de DNA ........................................................................................................ 23 3.8 Dosagem de citocinas ................................................................................................... 23 3.9 Eliminação bacteriana por NETose em animais submetidos à sepse polimicrobiana por ligadura e perfuração do ceco ...................................................................................... 24 3.10 Análise estatística ...................................................................................................... 24 Capítulo 4: RESULTADOS ............................................................................................ 25 4.1. Análise da apresentação dos sinais clínicos causados pela infecção com Pseudomonas aeruginosa.................................................................................................... 25 4.2. Análise de sobrevida dos animais submetidos à instilação com Pseudomonas aeruginosa em diferentes cargas bacterianas...................................................................... 26 4.3. Contagem de leucócitos no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa........................................................................................................................... 26 4.4. Análise da liberação do DNA em meio extracelular no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa............................................................................................ 27 4.5. Análise do crescimento bacteriano no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa.................................................................................................... 27 4.6. Efeito do tratamento com rosiglitazona sobre a apresentação dos sinais clínicos causados pela infecção com Pseudomonas aeruginosa...................................................... 28 4.7 Efeito do tratamento com rosiglitazona na contagem de leucócitos no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa............................................................. 29 4.8. Efeito do tratamento com rosiglitazona sobre as citocinas presentes no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa............................................................. 30 4.9. Efeito do tratamento com rosiglitazonana quantificação de DNA extracelular no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa............................................... 31 4.10. Efeito do tratamento com rosiglitazona sobre o crescimento bacteriano no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa............................................................ 31 4.11. Efeito do agonista de PPARγ rosiglitazona sobre o conteúdo de DNA extracelular presente na cavidade peritoneal de animais submetidos à CLP......................................... 32 ix 4.12 Efeito da rosiglitazona (Rosi) sobre a carga bacteriana presente na cavidade peritoneal de animais submetidos à CLP............................................................................. 33 4.13 Efeito da DNase e rosiglitazona sobre a carga bacteriana presente na cavidade peritoneal de animais submetidos à CLP........................................................................... 34 Capítulo 5: DISCUSSÃO ................................................................................................ 35 Capítulo 6: CONCLUSÕES ............................................................................................ 41 Capítulo 7: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 42 x INSTITUTO OSWALDO CRUZ ESTUDO DO ENVOLVIMENTO DO RECEPTOR NUCLEAR PPAR GAMA NO CONTROLE DE INFECÇÕES RESUMO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM BIOLOGIA CELULAR E MOLECULAR Mírian Priscila Lins de Lima A pneumonia é uma infecção aguda localizada nos pulmões geralmente associada à bactéria Gram-negativa, sendo a Pseudomonas aeruginosa um dos principais agentes etiológicos. O processo infeccioso no trato respiratório está associado à sepse, caracterizada como síndrome de resposta inflamatória (SIRS) originada por uma infecção. Há um grande número de pacientes em ventilação mecânica nas unidades de terapia intensiva com sepse. Durante a invasão de um microorganismo o sistema imune é ativado dando inicio a uma resposta inflamatória. Os neutrófilos são as primeiras células a chegarem ao local da infecção. Recentemente, foi descrito um tipo de morte celular dos neutrófilos denominado NETose, que leva à formação de redes extracelulares dos neutrófilos (NET). Na NETose componentes do DNA e proteínas são lançados para o meio extracelular formando as redes, levando à captura e eliminação do patógeno invasor. Alguns estudos do nosso laboratório e de outros autores mostraram a relação do receptor nuclear ativado por proliferadores de peroxissomos gama (PPARγ) com o processo inflamatório, capaz de inibir a expressão de genes de mediadores próinflamatórios. A rosiglitazona, uma droga agonista do PPARγ, modulou a resposta inflamatória na sepse polimicrobiana de origem peritoneal em camundongos. O presente trabalho analisou o efeito deste fármaco na infecção bacteriana causada pela Pseudomonas aeruginosa e no modelo de sepse polimicrobiana. Investigamos os efeitos da instilação de Pseudomonas aeruginosa e do tratamento com rosiglitazona sobre os sinais clínicos dos camundongos Swiss, o número de leucócitos totais e diferenciais, produção de citocinas, na formação de NET e no crescimento bacteriano. O tratamento com rosiglitazona normalizou a frequência respiratória evidenciando um efeito protetor no foco da infecção, preveniu o aparecimento de outros sinais clínicos da doença, reduziu a produção de citocinas pró-inflamatórias e aumentou a eliminação bacteriana. Na sepse abdominal foi utilizado o modelo de ligadura e perfuração do ceco (CLP). A rosiglitazona também diminui o número de bactérias na cavidade peritoneal no modelo de CLP. Um possível mecanismo foi observado através do aumento do DNA extracelular após o tratamento com rosiglitazona, sugerindo a presença de NET. Em contrapartida, na presença de DNAse para digerir as NET foi possível observar o aumento de unidades formadoras de colônia nos animais sépticos tratados com rosiglitazona, mostrando que a formação de NET é essencial para o efeito da rosiglitazona sobre o crescimento bacteriano. Estes dados indicam que a rosiglitazona pode ter papel relevante na modulação da inflamação e eliminação bacteriana tendo efeito protetor dependente de NET. xi INSTITUTO OSWALDO CRUZ THE INVOLVEMENT OF THE NUCLEAR RECEPTOR PPAR GAMMA IN INFECTION CONTROL ABSTRACT Master degree thesis in Biologia Celular e Molecular Mírian Priscila Lins de Lima The pneumonia is an acute infection localized in the lungs usually associated to a Gramnegative bacterium. Pseudomonas aeruginosa is one of the principal etiological agents. The respiratory tract infection process is associated with sepsis, characterized as systemic inflammatory response syndrome (SIRS) caused by an infection. There is a high number of patients under mechanical ventilation in intensive care units affected with sepsis. During a microorganism invasion the immune system is activated starting an inflammatory response. The neutrophils are the first cells to migrate to the infection site. Recently it was described a new type of neutrophil cellular death called NETosis, which leads to the neutrophil extracellular trap formation (NET). There is release of components of DNA and proteins to the extracellular medium forming traps in NETosis, leading to the capture and elimination of the pathogens. We and other authors observed the relation between the peroxisome proliferator-activated receptor gamma (PPARγ) and the inflammatory process. Beyond its role in the lipid metabolism and the glycemia regulation, PPARγ inhibits the inflammatory mediator gene expression. The rosiglitazone, a PPARγ agonist, modulated the inflammatory response in polymicrobial sepsis in mice. The present work aimed to analyze the effect of this drug in the infection caused by Pseudomonas aeruginosa and in the polymicrobial sepsis model. We investigated the effects of Pseudomonas aeruginosa instillationin mice and the treatment with rosiglitazone on the clinical signs, the number of total and differential leukocytes, cytokine production, NET formation and bacterial growth. Rosiglitazone treatment stabilized the respiratory rate showing a protective effect in the focus of infection, as well as a reduction of onset the disease clinical signs. We also observed a decrease in pro-inflammatory cytokine production and the increased elimination of bacteria in rosiglitazone-treated septic animals. We performed a cecal ligation and puncture (CLP)as a model of peritoneal sepsis. Rosiglitazone also decreased the number of colony forming units in the peritoneal cavity in CLP model. A possible mechanism was observed by increasing the extracellular DNA after treatment with rosiglitazone, suggesting NET occurence. In contrast, in the presence of DNAse to digest the NET we observed an increase of colony forming units in septic animals treated with rosiglitazone, showing the formation of NET is essential for the effect of rosiglitazone on bacterial growth. These data indicate that rosiglitazone may have an important role in modulating inflammation and bacterial clearance having a protective NET dependent effect. xii LISTA DE ABREVIATURAS AP-1 – Proteína ativadora-1 (do inglês, Activator Protein-1) BAL – Lavado broncoalveolar (do inglês, Bronchoalveolar lavage) BASES - Estudo Epidemiológico de Sepse Brasileira (do inglês, Brazilian Sepsis Epidemiological Study) BSA – Albumina sérica bovina C3b –Complemento 3 b CC – Quimiocina com motivo CC CECAL – Centro de Criação de Animais de Laboratório CD –Aglomerado de diferenciação (do inglês, cluster of differentiation) CLP – Ligadura e perfuração do ceco (do inglês, cecal ligation and puncture) DMSO – Dimetilsulfóxido ERO - Espécies reativas de oxigênio fMLP - Formil -metionil -leucil - fenilalanina H2O2 – Peróxido de hidrogênio ICAM – Molécula de adesão intercelular IFN – Interferon Ig – Imunoglobulina IL – Interleucina iNOS – óxido nítrico-sintase induzida i.p. – Intraperitoneal i.v. - Intravenoso LB – Luria Broth LPS – Lipopolissacarídeo (do ingles, Lipopolyssacharide) LT – Leucotrieno (do inglês, Leucotriene) PBS - Tampão Fosfato-Salino (do inglês, Phophate Buffered Saline) MAPK – Proteína ativadora de mitógeno (do inglês, Mitogen-Activated Protein K). MCP – Proteína quimioatraente de macrófago (do inglês, Macrophage/Monocyte Chemotactic Protein) MIF - Fator inibitório de migração de macrófagos (do inglês, Macrophage migration inhibitory) MPO – Mieloperoxidase NADPH – Fosfato dinucleótido adenina nicotinamida NET - Redes extracelulares de neutrófilo (do inglês, neutrophil extracellular traps) NF-ĸB – Fator nuclear kappa – B NK –Matador natural (do inglês, Natural Killer) PA – Pseudomonas aeruginosa PAF – Fator de ativação plaquetária (do inglês, Platelet Activating Factor) PAMP – Padrões moleculares associados a patógenos (do inglês, pathogen-associated molecular patterns) xiii PAVM - Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica PCR –Proteína C reativa PGE – Prostaglandina (do inglês, Prostaglandin) PMA – Forbol - miristato - acetato (do inglês,Phorbol-myristate-acetate) PPAR - Receptor ativado por proliferadores de peroxissoma (do inglês, peroxisome proliferator-activated receptor) PPRE – Região promotora de genes responsivos. PRR - receptores de reconhecimento padrão. RXR – Receptor X de retinóides SIRS – Síndrome da resposta inflamatória sistêmica (do inglês, Systemic Inflammatory Response Syndrome) TGF-β - Fator transformador de crescimento β (do inglês, Transforming Growth Factor β) TLR – Receptores do tipo toll (do inglês, Toll Like Receptors) TMB - Tetrametilbenzidina TNF – Fator de necrose tumoral (do inglês, Tumor Necrosis Factor) TZD – Tiazolidinediona UFC – Unidade Formadora de Colônia UTI - Unidade de Tratamento Intensivo xiv LISTA DE FIGURAS Figura 1.1. Fatores de virulência e suas funções............................................................... 3 Figura 1.2. Modelos de formação do biofilme.................................................................. 4 Figura 1.3 Interação neutrófilo-célula endotelial na sepse............................................... 7 Figura 1.4. Mecanismos de atuação dos neutrófilos.......................................................... 14 Figura 1.5. Mecanismos de regulação da transcrição gênica por PPARγ ........................ 18 Figura 4.1. Análise da apresentação dos sinais clínicos causados pela infecção com Pseudomonas aeruginosa.................................................................................................... 25 Figura 4.2. Análise de sobrevida dos animais submetidos à instilação com Pseudomonas aeruginosa em diferentes cargas bacterianas............................................... 26 Figura 4.3. Contagem de leucócitos no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa........................................................................................................................... 26 Figura 4.4. Análise da liberação do DNA em meio extracelular no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa......................................................................... 27 Figura 4.5. Análise do crescimento bacteriano no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa.................................................................................................... 27 Figura 4.6. Efeito do tratamento com rosiglitazona sobre a apresentação dos sinais clínicos causados pela infecção com Pseudomonas aeruginosa......................................... 28 Figura 4.7. Efeito do tratamento com rosiglitazona na contagem de leucócitos no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa........................................................ 29 Figura 4.8. Efeito do tratamento com rosiglitazona sobre as citocinas presentes no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa....................................................... 30 Figura 4.9. Efeito do tratamento com rosiglitazona na quantificação de DNA extracelular no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa...................... 31 Figura 4.10. Efeito do tratamento com rosiglitazona sobre o crescimento bacteriano no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa............................................... 31 Figura 4.11. Efeito do agonista de PPARγ, rosiglitazona, sobre o conteúdo de DNA extracelular presente na cavidade peritoneal de animais submetidos à CLP....................... 32 Figura 4.12. Efeito da rosiglitazona (Rosi) sobre a carga bacteriana presente na cavidade peritoneal de animais submetidos à CLP............................................................. 33 xv Figura 4.13. Efeito da DNase e rosiglitazona sobre a carga bacteriana presente na cavidade peritoneal de animais submetidos à CLP............................................................. 34 Figura 6.1. Rosiglitazona interage com o PPARγ proporcionando a modulação da produção de citocinas e a eliminação bacteriana através da NETose....... 41 xvi 1. Introdução 1.1 Pulmão O pulmão é um órgão com função principal de trocar gases com a atmosfera. Este órgão frequentemente sofre agressões do meio externo por ser formada de extensa área de interação com o ambiente. A interação com o meio externo proporciona a troca de gases, e favorece a susceptibilidade a infecções, como por exemplo, pneumonia (1). Em sua morfologia, a árvore brônquica abaixo da carina é considerada estéril. Em indivíduos normais, esta área da árvore brônquica é isenta de microrganismos infecciosos, diferentemente das vias superiores. Com isso, o trato respiratório possui defesas composta por barreira anatômica e imunológica. A barreira anatômica é constituída por segmentação progressiva do trato respiratório, filtração aerodinâmica e transporte mucociliar. A barreira imunológica é formada por células do sistema imune, como por exemplo, os macrófagos alveolares (1 e 2). Os macrófagos alveolares são capazes de reconhecer e fagocitar bactérias. Este reconhecimento desencadeia um processo complexo e fundamental para a propagação, manutenção e resolução da resposta de defesa do indivíduo contra a infecção pulmonar. Contudo, se a atividade destas células está alterada ou é insuficiente, ocorre a migração de polimorfonucleares na tentativa de controlar a proliferação do agente infeccioso no espaço alveolar (1 e 2). O epitélio alveolar é constituído por dois tipos celulares denominado pneumócito do tipo 1 e 2. O primeiro tipo é composto por células finas e planas justapostas, e ocupa cerca de 90% da área da superfície alveolar. O segundo é formado por células de característica robusta e cuboidais capazes de produzir sufarctante, englobando cerca de 10 % da superfície alveolar. Na injúria pulmonar, elas funcionam como células tronco do epitélio alveolar, pois não ocorre divisão celular do pneumócito do tipo 1 (3). 1.2 Pneumonia A pneumonia é caracterizada como infecção aguda localizada nos pulmões. Apresenta os sintomas clínicos de tosse, respiração curta rápida, produção de muco, dores no peito e com presença ou ausência de sintomas sistêmicos não específicos. A 1 disfunção do órgão ocorre em consequência à proliferação do microrganismo invasor, e ao acúmulo de fluidos e células inflamatórias que migram para o local afetado (4). O diagnóstico de pneumonia é feito através dos sinais e sintomas de infecção aguda do trato respiratório inferior. O método de confirmação é através de radiografia de tórax, que possibilita visualizar características da doença. Outros métodos utilizados são hemocultura, exames laboratoriais e marcadores biológicos de infecção. O tratamento é de duas a três semanas com antimicrobianos (5). Existem diferentes tipos de pneumonia. Os tipos de pneumonia são associados à origem, apresentação e fatores de risco, ao ser relacionado a indivíduos que foram submetidos a algum tipo de cuidado médico ou institucional. A pneumonia relacionada à assistência tem sido definida segundo as Diretrizes Brasileiras para Tratamento das Pneumonias Adquiridas no Hospital e Associadas à Ventilação Mecânica (5). A Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAVM) é classificada como a segunda infecção hospitalar mais decorrente, e está relacionada a óbitos por infecções adquiridas no meio hospitalar. A PAVM ocorre principalmente em pacientes em UTIs, especialmente, quando associada à Pseudomonas spp. ou Acinetobacter spp.(6-11). Atualmente existem poucos estudos relacionados à epidemiologia da PAVM abrangendo o território brasileiro. Porém estudos em 99 hospitais demonstram que a pneumonia originou infecções, com a maioria dos casos vinculados a pacientes sob ventilação mecânica (12). Geralmente de origem bacteriana, a pneumonia possui como principais causadores agentes Gram-negativos. Infelizmente, esta doença pode evoluir para sepse de acordo com a gravidade do prognóstico (13). Os indivíduos diagnosticados com pneumonia, com agente infeccioso Pseudomonas aeruginosa, possuem maior probabilidade de evoluir para o quadro de falência múltipla de órgãos e consequentemente ao óbito, comparados com paciente que possuem outros tipos de pneumonia. Uma das explicações para esta evolução é que a Pseudomonas aeruginosa pode ocasionar injuria pulmonar epitelial aguda. Através da injuria, a bactéria dissemina-se na circulação sanguínea, e é capaz de desencadear o quadro de sepse. Estudos demonstraram que este patógeno pode causar necrose do tecido epitelial pulmonar, e consequentemente invadir a corrente sanguínea (14). Em um estudo epidemiológico da sepse em UTIs brasileiras, verificou-se uma elevada mortalidade associada à sepse. Pacientes mais graves e com maior tempo de internação eram de origem pulmonar (13). 2 1.3 Pseudomonas aeruginosa A Pseudomonas aeruginosa é uma bactéria Gram-negativa de característica polivalente, capaz de adaptar-se a novos ambiente com rapidez (15). Este patógeno oportunista, por causar infecções em indivíduos com comprometimento imunológico. A P.A. é frequentemente associada a infecções hospitalares por pneumonias nosocomiais (16 e 17). Os fatores de virulência podem ser relacionados à superfície bacteriana ou secretados por ela (17). Estes fatores possuem diferentes funções no hospedeiro, que influenciam na patogenicidade do patógeno (Figura 1.1) (18). A coordenação dos atores de virulência está relacionada a um sistema de comunicação denominado quorum sensing. Este sistema de comunicação possui autoindutores que coordena o comportamento bacteriano, conforme a densidade populacional. Assim, de acordo com a proliferação bacteriana, o nível de autoindutores aumenta proporcionalmente, facilitando a transcrição gênica de novos fatores de virulência (19). Figura 1.1. Fatores de virulência e suas funções. Adaptado de Baron's Medical Microbiology 4th edition, 2000 (20). A Pseudomonas aeruginosa ainda é capaz de produzir biofilme como mecanismo de proteção. O biofilme é composto por secreções da própria bactéria, que por envolver a bactéria, forma uma barreira protetora contra anticorpos, fagocitose e antibióticos (21 e 22). O biofilme pode ser formado a partir da adesão da Pseudomonas 3 aeruginosa pelo flagelo e pili (Figura 1.2a), ou a partir de um muco já presente no hospedeiro (Figura 1.2b) (17). Figura 1.2. Modelos de formação do biofilme. Adaptado de Williams, Dehnbostel et al. 2010 (17). Formação de biofilme através do modelo de infecção transitória, onde a bactéria induz a formação do biofilme (a) e pelo modelo de infecção persistente, onde o desenvolvimento do biofilme se dá a partir do muco já presente no hospedeiro (b). 1.4 Sepse A síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SIRS) é definida pela combinação de diferentes sintomas clínicos. Contudo, quando a síndrome é relacionada à presença de microrganismos é denominada de sepse. O choque séptico é um dos resultados da evolução da sepse. O choque séptico ocorre quando a perda da volemia no hospedeiro é irreversível, mesmo com técnicas de reposição volêmica (23 e 24). A sepse é um dos principais fatores de mortalidade em UTIs, com quadro de choque séptico. No desenvolvimento desta resposta, devem ser considerados três fatores importantes: o local da infecção, a interferência na homeostase hemodinâmica (caracterizada por fluxo sanguíneo comprometido e perda do líquido para o espaço intersticial), resposta inflamatória local e generalizada. Este quadro desencadeia disfunção de órgãos em sua evolução, e resulta em pelo menos um órgão afetado. Sua manifestação clínica está relacionada com a presença de mediadores inflamatórios. 4 Estes mediadores são liberados por células de defesa e endoteliais, que proporcionam a lise dos patógenos. A lise origina a liberação de endotoxinas e exotoxinas de bactérias Gram-negativas e positivas, respectivamente, com prevalência de Gram-negativas (15, 25-29). Os microrganismos presentes na microbiota natural da flora bacteriana do ser humano, tornam-se patógenos oportunistas ao aproveitarem a debilidade imunológica para se prolifera. Estes patógenos podem estar presentes na sepse ao desencadear o processo inflamatório, o que normalmente não aconteceria se o organismo estivesse imunologicamente apto a combater infecções. Não podemos descartar também a origem através de parasitas, fungos e vírus, visto que, a sepse é originada por um processo inflamatório, cuja a presença de microorganismo patogênico é capaz de resultar em tal quadro (25-27, 29, 30-33). A Pseudomonas aeruginosa é um dos patógenos que podem ser encontrados no organismo ao participar da microbiota natural, com capacidade de se adaptar em novos ambientes. Entretanto, pode ser reconhecida como oportunista ao originar infecções, como pneumonia, ao se desenvolver rapidamente em organismos com resposta imune precária, como dito anteriormente (15-17). A sepse pode ser diagnosticada com a presença de taquipnéia, variação da temperatura corpórea, taquicardia e aumento ou diminuição do número de leucócitos. Quando a sepse está estabelecida, ainda podem ocorrer prognósticos negativos que resultam na fase grave. A fase grave apresenta quadro clínico de hipoperfusão ou hipotensão tecidual e disfunção orgânica. Este quadro clínico desencadeia a fase do choque séptico, visto que, a expansão volêmica e administração de vasoconstritores não são suficientes para reverter a hipotensão arterial (30 e 34) . Os estudos de métodos que auxiliem na contenção, reversão e diminuição dos quadros clínicos iniciais e evolutivos são de relevância mundial. No território brasileiro, dados obtidos através do Estudo Epidemiológico de Sepse Brasileira (do inglês BASES) demonstram que o Brasil possui uma estatística semelhante aos da literatura mundial. O alvo inicial do estudo focou em cinco UTIs localizadas no Sul e Sudeste do Brasil. O estudo demonstrou que cerca de 25% dos indivíduos que são diagnosticados com alguma das fases da sepse, localizam-se em (UTIs). Dentro desta porcentagem de indivíduos, ainda 34,7% são por sepse, 47,3% sepse grave e 52,2% choque séptico (35). Levando em consideração o lado econômico, os custos apresentam-se dispendiosos. Existem perdas de produtividade devido ao longo período de internação dos pacientes diagnosticados, uso de equipamentos, medicamentos e uma equipe 5 profissional associada, além da elevada taxa de mortalidade agregada (35 e 36). O tratamento comum é voltado para o controle da infecção e correção dos distúrbios hemodinâmicos (37). Infelizmente, no Brasil, os custos com pacientes internados em UTIs equivalem a 17,34 bilhões de reais, o que totaliza, em torno de 30 a 35% dos custos globais com a área da saúde (35). 1.5 Fisiopatologia da resposta inflamatória 1.5.1 Resposta imunológica e inflamatória do hospedeiro Durante a invasão de algum microorganismo, ou em situações que prejudiquem a homeostase do organismo, o sistema imune é ativado dando inicio a uma resposta inflamatória. Esta resposta busca neutralizar estes agentes e inicia a reparação do tecido lesionado. O processo começa controlando e destruindo a ameaça e termina quando a reparação tecidual é completa (38). O processo inflamatório, em resposta a um agente infeccioso ou reações que desencadeiam tal resposta, é fundamental para a contenção do agente. Porém o organismo pode responder de maneira exacerbada ao estímulo. Desta forma, ocorre uma desregulação do sistema evoluindo para sepse. Este resultado prejudica a resolução do processo infeccioso, e origina os sintomas que definem o diagnóstico através dos dados clínicos (31 e 39). A resposta do sistema imune pode ser dividida em dois tipos: a) imunidade inata, responsável pela resposta inicial na sepse, tendo como alguns receptores de reconhecimento padrão o Toll-like (TLR) e CD14, que identificam os PAMPs (padrão molecular associado à patógeno, do inglês pathogen-associated molecular patterns). O TLR2 e TLR4 identificam componentes de bactérias Gram-positivas e negativas, respectivamente (23 e 40); e b) imunidade adaptativa, com a presença de células B. Estas células liberam imunoglobulinas que facilitam a apresentação de antígenos para células fagocíticas e células T. Este processo origina uma complexa trama de mecanismos, que regulam a modulação de respostas imunológicas frente a diferentes antígenos (41). 6 Figura 1.3. Interação neutrófilo-célula endotelial na sepse. Larosa & Opal 2007 (24). Durante o processo inflamatório ocorre a liberação de mediadores químicos, de origem endógena. Estes mediadores procedem de proteínas plasmáticas ou de células presentes no local do estímulo inflamatório. A liberação dos mesmos proporciona respostas vasculares e celulares, como o recrutamento de leucócitos (Figura 1.3). Os mediadores estão presentes, tanto no início da inflamação, como na regulação das respostas do organismo do hospedeiro. Eles são parte fundamental do processo, podendo desempenhar funções isoladamente ou em conjunto. Estas funções influenciam na amplitude e na evolução da resposta inflamatória (Figura 1.3) (38). Alguns mediadores são: as aminas vasoativas, sendo os primeiros mediadores secretados durante o processo inflamatório, capazes de alterar a vascularização dos vasos sanguíneos (8, 42 e 43). O ácido araquidônico, que ao sofrer ação das enzimas ciclooxigenase e lipoxigenase, produz eicosanóides, que regulam diversos processos no organismo. Além de influenciar na homeostasia, ao participar na manutenção do sistema cardiovascular e renal, e na inflamação (44). Além disso, há o fator de ativação plaquetária (PAF), um fosfolipídeo que atua como mediador intracelular. O PAF é capaz de exercer sua função em diversas células do organismo (45); e espécies reativas de oxigênio, que são formadas por células que 7 participam da defesa imunológica, como por exemplo, neutrófilos. As espécies reativas de oxigênio estão diretamente envolvidas na resposta inflamatória, e influenciam na disfunção endotelial. Esta influencia é exercida através da oxidação de proteínas importantes envolvidas na sinalização celular (46). 1.5.1.1 Citocinas e quimiocinas. Citocinas são pequenas moléculas de polipeptídeos ou glicoproteínas extracelulares e hidrossolúveis. Elas, em sua maioria, estão relacionadas com a resposta do organismo a infecções ou doenças. E exerce função por diferentes mecanismos, como por exemplo, parácrino (em células vizinhas) e autócrino (nas próprias células produtoras) (47). A ativação gênica de citocinas é compatível com a resposta de células ao estresse. Geralmente, a sinalização é feita através de cascatas, tendo em vista que, as próprias citocinas estimulam outras células a produzirem mais citocinas. Com isso, apenas um composto pode agir em diversas células, caracterizando a pleiotropia. Além disso, diferentes células podem secretar as mesmas citocinas (47). As citocinas não são classificadas de acordo com as células de origem ou quanto a sua atividade biológica. Elas são agrupadas em interleucinas com numeração sequencial de 1 até 35, fator de necrose tumoral (TNF), quimiocinas (citocinas quimiotáticas), interferons (IFN) e fatores de crescimento mesenquimal (47-49). Esses mediadores participam da diferenciação, proliferação e sobrevida celular. Ainda, regulam a atividade de outras citocinas influenciando a resposta inflamatória. A influencia sob a resposta inflamatória pode ser exacerbada com a produção de citocinas pró-inflamatórias ((interleucinas (IL) 1, 2, 6, e TNF (fator de necrose tumoral)) ou atenuada com anti-inflamatória (IL-4, IL-10, IL-13 e TGFβ (fator transformador de crescimento β)), conforme o local e estímulo (47, 50 e 51). As principais citocinas, que participam da resposta sistêmica à infecção capazes de estimular receptores celulares específicos do sistema imunológico, são interleucina 1 beta (IL-1β), IL-6, IL-8 e fator de necrose tumoral-α (TNF-α). A presença destas citocinas pode estimular a liberação de outros mediadores de acordo com o estímulo, como por exemplo, os produtos derivados do ácido araquidônico, fator de ativação plaquetária (PAF), peptídeos vasoativos e outras citocinas (47 e 49). 8 A IL-1 pode ser produzida por macrófagos, monócitos, células não imunológicas, como fibroblastos e células endoteliais em resposta a um estímulo, seja devido à lesão celular, processo infeccioso, invasão de patógenos e inflamação. Existem duas subfamílias descritas: IL-1α e IL-1β, e interagem com os mesmos receptores IL1RI e IL-1RII. O primeiro é caracterizado como receptor ativo e o segundo não possui molécula de transdução e é inativo funcionalmente (47, 49 e 51). A sinalização de IL-1α é relacionada com as membranas celulares e atua através de contato célula-célula. Por outro lado, a IL-1β é sintetizada a partir de uma proteína precursora, pro-IL-1β, não sendo secretada na forma ativa até passar pela metabolização pela enzima caspase-1. A IL-1β ainda pode ativar a ciclooxigenase-2, o que causa inflamação sistêmica, e resulta na formação de prostaglandina E2 (PGE2) no hipotálamo, originando febre. Também é capaz de influenciar na produção de substância-P, óxido nítrico e moléculas de adesão endotelial, desempenhando função na dor pós-operatória. O antagonista do receptor de IL-1, o IL-1ra é liberado durante lesão tecidual, competindo com os receptores de ligação, e atua como autorregulador endógeno. Os efeitos biológicos do IL-1 têm início através da translocação do fator nuclear NF- κB e AP-1, comuns a diversos genes induzidos pela IL-1 (47 e 51). A IL-6 é considerada uma citocina pró-inflamatória. Esta citocina tem como principais indutores LPS, TNF-α e IL-1, sendo secretada por vários tipos celulares. Ela é capaz de promover a maturação e ativação de neutrófilos, maturação de macrófagos e diferenciação de linfócitos-T citotóxicos e células de morte natural (47 e 51). Ela é caracterizada como principal mediador de indução e controle da síntese e liberação de proteínas de fase aguda pelos hepatócitos, em respostas a estímulos como traumas ou injúrias teciduais. A IL-6 pode ser utilizada como marcador de ativação pró-inflamatória por possuir alta meia vida, além de ações anti-inflamatórias, ao liberar receptores solúveis de TNF e IL-1 (47 e 51). As quimiocinas são peptídeos de baixo peso molecular. Elas são capazes de induzir a quimiotaxia de leucócitos, regulados por receptores com 7 domínios transmembranares acoplados à proteína G. Elas compõem uma família dividida em quatro grupos, CXC, CX3C, CC e C, e diferem conforme a posição de cisteínas na sequência de aminoácidos (47, 52 e53). Existe ampla variabilidade na ligação, expressão de receptor e respostas de quimiocinas em diferentes tipos celulares; também há receptores de quimiocinas que regulam as respostas inflamatórias e imunes. No entanto, agentes externos com 9 capacidade de estimular processos inflamatórios, como patógenos, também são capazes de mimetizar quimiocinas (33 e 81). Quando ocorre a liberação e expressão de agentes quimiotáticos, os leucócitos se dirigem rapidamente ao local, possibilitando pronta resposta de defesa contra microorganismos. Esta interação origina mudanças bioquímicas e celulares, dentre elas, modificações no fluxo de íons, potencial transmembranar, forma da célula, produção de superóxido e locomoção de leucócitos aumentada (47 e 53). Há fatores quimiotáticos derivados de peptídeos do fragmento C5a e C3a, moléculas lipídicas, além do LTB4 e PAF. Foram descritas citocinas quimiotáticas seletivas para leucócitos em experimentos in vitro e para induzir acumulação de células inflamatórias in vivo (53 e 47). Durante os quadros de sepse ocorre a produção de diferentes quimiocinas, entre elas está a MCP-1/CCL2/CCL2 (122), uma proteína da família CC com atividade em monócitos, células T, células NK, basófilos e mastócitos (54-56), além disso, também possuindo envolvimento em patologias como, aterosclerose, artrite reumatóide e esclerose múltipla (57 e 58). Segundo estudos feitos por Matsukawa A. e cols. (1999), a neutralização desta proteína é capaz de reduzir a produção de IL-13 e IL- 12 e aumentar TNF-α e IL-10, no entanto, o pré-tratamento de camundongos aumentou a taxa de letalidade e diminuiu a eliminação bacteriana e migração de leucócitos após CLP (59). Projetos feitos por nosso grupo laboratorial demonstraram que o MCP-1/CCL2 regula positivamente a IL-10, e controla negativamente o MIF no modelo de sepse peritoneal, sugerindo um papel imunoregulador da MCP-1/CCL2 no controle do equilíbrio entre a produção de citocinas pró e anti-inflamatórias no quadro de sepse (60). 1.6 Neutrófilos 1.6.1 Visão geral No século XIX, Paul Ehrlich caracterizou os neutrófilos, com o auxílio de diferentes métodos de coloração, cuja fonte de estudo era o sangue humano. Com este método, ele verificou tipos celulares que possuem núcleo multilobulado que corava - se em corantes neutros (61). 10 A origem deste tipo celular é mieloide proveniente da medula óssea. Possui núcleo fragmentado entre 3 a 5 lóbulos, denominados como polimorfonucleares ou granulócitos, devido à presença de grânulos no citoplasma. Os grânulos são componentes fundamentais, pois auxiliam na eliminação do patógeno por sua ação microbicida, através das hidrolases ácidas, proteases e peptídeos antimicrobianos. As substâncias microbicidas entram em contato com o microrganismo por fusão com o fagossomo ou por exocitose, associados ou não com redes extracelulares (62). Reconhecidos como componentes na imunidade inata, os neutrófilos fazem parte das primeiras células de defesa fagocitária a chegarem ao local da infecção. Estas células possuem em seu interior mieloperoxidase, e outras substâncias com atividade microbicida, principalmente, contra bactérias extracelulares. Os neutrófilos estão presentes em processos inflamatórios, e são capazes de produzir secreção purulenta. São as células brancas mais presentes no sangue, equivalendo a dois terços da população de células medulares, e possuem a capacidade de reconhecer, ingerir e destruir agentes patogênicos sem a influência da resposta imune adaptativa (63 e 64). Embora estejam em grande quantidade, eles são de vida curta em comparação aos macrófagos, possuindo vida média de 6h a 12h in vitro (65). Em análise comparativa com outras espécies, estão presentes em 30% na corrente sanguínea dos roedores, 50% nos chimpanzés e 70% em humanos (61). Existem três tipos de grânulos: primário ou azurófilo, caracterizado pela presença de mediadores como defensinas, elastase e catepsina; secundário, associados à secreção de lactoferrina, por exemplo; e terciário, tendo as proteínas catepsinas e gelatinases como principais. Apresentam vesículas secretoras originadas a partir do processo de endocitose citoplasmática, em momentos finais no processo de amadurecimento (34). A formação dos grânulos tem ordem sequencial de início, onde se forma o grânulo primário, consequentemente o secundário e após o terciário finalizando com as vesículas secretoras. A liberação dos neutrófilos para a corrente sanguínea é dada através da influência de quimiocinas. Estes mediadores também podem manter a quantidade disponível de neutrófilos no sangue constante, na presença de um estímulo que desencadeie a migração destas células (63 e 66). Os neutrófilos são sensíveis a agentes quimiotáticos e citocinas, assim como, substâncias liberadas por mastócitos e basófilos. A sua capacidade fagocítica está relacionada com a ligação de seus receptores à opsoninas, IgG, C3b e TLRs. 11 Normalmente, os neutrófilos sofrem processos apoptóticos em condições fisiológicas normais. No entanto, este processo é um agravante para o aumento de anticorpos circulantes, e gera um alto nível de permeabilidade celular. Devido a permeabilidade, ocorre a formação de edema tecidual, através da lise de tecidos adjacentes no processo de destruição dos microrganismos, e ativação de células endoteliais que secretam óxido nítrico, responsável pela vasodilatação, influenciando no choque séptico (26, 53, 67-71). O reconhecimento através da interação do microrganismo com o receptor de superfície celular, localizado no neutrófilo, desencadeia o processo de fagocitose, caracterizado pelo englobamento do agente através de uma vesícula fagossômica. Os mecanismos envolvidos na eliminação do agente infeccioso podem ser dependentes, ou não de mecanismos que necessitem da presença do oxigênio (72 e 73). A atividade dependente é direcionada pela enzima NADPH oxidada, que ao interagir com a membrana do fagossoma, proporciona a transferência de dois elétrons para molécula de oxigênio formando o ânion superóxido (O2-). Esta interação dá início a uma sequência de reações, que colocam o microrganismo em contato com espécies reativas de oxigênio (ERO), e culmina em sua eliminação (72-75). Recentemente um novo processo de eliminação bacteriana por neutrófilo foi caracterizado e denominado redes extracelulares de neutrófilo (NET). Estas redes são capazes de capturar e eliminar agentes patógenos (67). 1.6.2 Ativação e migração do neutrófilo Após o estímulo inicial contra o patógeno, ocorre a migração dos neutrófilos. Este processo se inicia com o direcionamento destas células para o local afetado, penetração na barreira endotelial e passagem pela membrana basal (Figura 1.3). Logo após, ocorre a reprogramação da transcrição celular para amplificar o sinal inflamatório contra o agente infeccioso, através da liberação de citocinas e quimiocinas. Esta liberação auxilia no recrutamento de mais células de defesa. Em seguida, ocorre a chegada do neutrófilo no local, que por sua vez participa na contenção e eliminação do microrganismo, através de seus mecanismos microbicidas, atuando em conjunto ou separadamente (66). No local afetado existe a liberação de substâncias que desencadeiam o processo infeccioso. Estas substâncias podem ser do próprio microrganismo como, por exemplo, olipolissacarídeo de bactéria Gram negativa (LPS), ou do hospedeiro em resposta ao 12 estímulo, como o TNF-α, IL-8 e IL-1β. Estes mediadores atuam estimulando o endotélio a expressar selectinas e moléculas de adesão intracelular (ICAM), e podem induzir a ativação das integrinas dos leucócitos (figura 1.1) (34). Através desse processo, os neutrófilos são capazes de interagir com essas moléculas devido à participação de proteínas constitutivamente expressas, como por exemplo, a glicoproteína ligante de P-selectina 1, L-selectina e o grupo da família de β2 integrinas. A ligação com as selectinas proporciona a ativação e o rolamento destas células de defesa. Em seguida, ocorre a expressão das β2 integrinas. Consequentemente, ocorre a adesão, dando origem ao processo de transmigração endotelial (76 e 77) (Figura 1.3). Sendo assim, com a saída do endotélio, via membrana basal e o acesso ao local da infecção que originou o estímulo, o neutrófilo enfrenta um gradiente inflamatório. Este gradiente o direcionará em nível molecular para a conclusão do seu processo de ativação. O processo pode ser através da ligação do fMLP ao receptor fMLP 1 e a interação entre a IL-8 com o CXCR2, ocasionando a ativação de variadas vias de sinalização, como por exemplo, as MAPK, que são kinases ativadas por mitógenos, ou pela ativação de receptores purinérgicos via ATP (78 e 79). Concomitantemente, ocorre o estímulo através de receptores de reconhecimento padrão (PRR), presente no hospedeiro, que desencadeiam o processo de produção de ERO e início da fagocitose. Componentes desta família podem reconhecer diferentes características bacterianas. O TLR-4, por exemplo, reconhece o LPS e a partir disso origina a ativação do fator de transcrição NF-κB (71 e 80). Após o estímulo inicial, desenvolvimento do processo infeccioso e ativação do neutrófilo, finalmente dá-se a eliminação do agente patogênico através dos processos de degranulação, fagocitose ou pela NETose isoladamente ou em conjunto. Os neutrófilos são capazes de desenvolver um processo microbicida ocasionando a destruição do patógeno e também de células adjacentes. Sendo assim, a ativação e resolução do processo infeccioso devem ser bastante reguladas, visto que, dependendo do estímulo, um ou vários mecanismos são ativados para a destruição e controle do patógeno (66). 1.6.3 Redes extracelulares de neutrófilo Inicialmente, dados da literatura relatavam apenas dois tipos de métodos antimicrobianos adotados por neutrófilos que abrangem a fagocitose, e degranulação formada pela liberação do conteúdo granular para o meio extracelular (26 e 81). 13 Porém, em 2004 Brinkmann e cols, caracterizaram outro tipo de eliminação microbicida. Observou-se que os neutrófilos também são capazes de gerar fibras extracelulares, conhecidas como NET (Redes extracelulares de neutrófilo, do inglês neutrophilic extracellular traps). A NET é caracterizada como armadilhas compostas por grânulos e substâncias nucleares, responsáveis por prender e matar bactérias extracelulares, compondo uma barreira impedindo sua difusão (Figura 1.4) (26, 53, 6771). Figura 1.4. Mecanismos de atuação dos neutrófilos. Adaptado de Mócsai, A. 2013 (82). A NETose é um novo tipo de morte celular do neutrófilo no qual os componentes do DNA e proteínas associadas são lançados para fora destas células de defesa formando as redes. A captura e eliminação do patógeno invasor ocorre em meio extracelular. Esta morte difere da necrose e apoptose, pois não ocorre a fragmentação de DNA ou exposição de fosfatidilserina na membrana externa da célula. No entanto, o envelope nuclear se mantém intacto. Em estudos utilizando sobrenadantes de cultura de neutrófilos necróticos ou apoptóticos, não foi possível a detecção de NET-DNA associado. Outras pesquisas demonstraram que o tratamento com inibidores de caspases e de necrose não foram capazes de interferir no processo de NETose, evidenciando uma 14 forma independente dessas vias. Observou-se que a formação de ERO e a ativação da NADPH oxidase se faz importante para a produção da NET (83). Diferentes proteínas foram detectadas na NET, entre elas histona, elastase, mieloperoxidase, pentraxina 3, colagenases e enzimas da via glicolítica (52 e 84). Atualmente as redes extracelulares já foram descritas em outros tipos celulares como, mastócitos, eosinófilos, basófilos, monócitos e macrófagos, sendo assim, o termo ET é usado de uma maneira mais ampla para denominar estas redes (85 e 86). Diversos estímulos podem estar associados à liberação da NET como, por exemplo, bactérias Gram-negativas e positivas, LPS, fungos, protozoários, PMA e IL-8. Estas redes são formadas ativamente, não sendo consequência de um mecanismo de desintegração celular (17 e 67). O principal evento da NETose é caracterizado pela descondensação da cromatina. Inicialmente a elastase migra para o núcleo e degrada parcialmente as histonas. Logo após, a mieloperoxidase se desloca para o núcleo, e age em sinergismo com a elastase por algum método desconhecido, independente da atividade enzimática da MPO. Neutrófilos que possuem deficiência na MPO, na presença de PMA ou Candida albicans não são capazes de conter o processo infeccioso causado pelo patógeno (33, 87 e 88). Pesquisas sugerem três mecanismos para a produção das redes extracelulares: 1) um dos mecanismos é através da estimulação direta da célula pelo patógeno (83), 2) a presença do LPS é capaz de induzir a ativação de plaquetas via TLR4 presentes nestas células modulando a formação da NET (89-93), e 3) engloba o DNA mitocondrial e caracteriza que a formação também pode ocorre em outros tipos de granulócitos (52, 83,86 e 94). No que condiz ao dano tecidual presente em processos infecciosos, foi observado que houve uma diminuição do dano ao tecido adjacente, sugerindo a modulação da resposta inflamatória. No entanto, Gupta e colaboradores verificaram uma interação de células endoteliais com os neutrófilos, o que explica o dano endotelial e a diminuição da perfusão tecidual presente na sepse (27 e 64). Contudo, as bactérias são capazes de esquivar-se da NET. Elas podem produzir uma catalase bacteriana que consome o peróxido de hidrogênio (H2O2). Esta substância é um dos componentes fundamentais do metabolismo oxidativo, capaz de induzir a formação das redes, diminuindo a produção das mesmas. Outra ação é a produção de nuclease bacteriana (DNAse), capazes de degradar a NET, liberando as bactérias que foram capturadas. Outro exemplo é a parede celular presente nas bactérias que servem 15 de capsula protetora podendo suprimir a afinidade da ligação da NET ao microrganismo (81). Porém pouco se sabe sobre seu efeito em Pseudomonas aeruginosa. 1.7 PPARγ O PPARγ (receptor ativado por proliferadores de peroxissoma,do inglês peroxisome proliferator-activated receptor) faz parte de uma superfamília de receptores nucleares, e pode regular a transcrição gênica a partir de diversos mecanismos (fig 1.5). Ele é expresso principalmente no tecido adiposo e em células endoteliais vasculares, macrófagos e células β pancreáticas. Participa em processos inflamatórios, podendo estar atuante na fisiologia da inflamação, obesidade, diabetes e na resposta imune. Esta atuação deve-se a participação na regulação do metabolismo lipídico e lipoproteínas, na regulação da glicemia e efluxo em lesão aterosclerótica, atenuando a inflamação ocasionada por macrófagos e neutrófilos. A sua ativação pode inibir a expressão de genes pró-inflamatórios. Seus agonistas exógenos são da classe das tiazolidinedionas (TZD), ou também chamadas de glitazonas (71, 95-98). A descrição dos PPARs foi feita através da sua participação na proliferação de peroxissomos, que são organelas plasmáticas responsáveis pelo metabolismo de H2O2, mecanismo de eliminação bacteriana (99-101). Existem três isotipos de PPAR descritos em mamíferos (102): O PPAR α possui ácidos graxos livres como ligantes endógenos e fibratos e fármaco utilizado para tratamento da hiperlipidemia como principais ligantes exógenos. Ele pode ser encontrado no fígado, músculo, coração, endotélio e rins e está envolvido na oxidação de ácidos graxos livres, na transcrição de fatores que possuem atividade anti-inflamatória e em metabolismo de lipoproteínas (103). O PPARβ/δ possui participação na regulação do metabolismo do colesterol, e está presente no fígado, intestino, músculo e tecido adiposo (103). O PPAR γ é principalmente expresso no tecido adiposo, porém também pode estar presente no endotélio vascular. Este isotipo possui três isoformas descritas, a isoforma do tipo um (PPARγ1), expresso na maioria dos tecidos; tipo dois (PPARγ2) expresso no tecido adiposo; e tipo três (PPARγ3) expresso no tecido adiposo, cólon, macrófagos e células T. Ele é capaz de regular a transcrição 16 gênica por diversos mecanismos. A regulação direta dá-se através da sua ativação por ligantes lipídicos. Esta ativação confere alterações conformacionais na molécula, o que permite a dimerização com o receptor nuclear de ácido 9-cisretinóico (receptor X de retinóides ou RXR). Esta ligação proporciona o recrutamento de moléculas co-ativadoras, tornando-se capaz de interagir com a região promotora de genes responsivos denominados PPRE (do Inglês PPARγ Responsive Elements). A interação favorece a transcrição de genes codificadores de proteínas atuantes na modulação do processo inflamatório. Contudo, existem formas de ligação indireta que também podem modular este processo, como ligação do complexo PPARγ/RXR com moléculas necessárias para outros fatores de transcrição. Esta forma de ligação, impede a expressão de proteínas pró-inflamatórias, dentre elas a inibição da expressão de genes pró-inflamatórios através da inibição da ativação da MAPK (98, 102, 104-106). O PPARγ tem sido apontado como um alvo terapêutico para o tratamento da sepse (98). Além disso, estudos também evidenciaram sua participação no controle do processo inflamatório e diminuição bacteriana na pneumonia por Streptococcus pneumoniae em modelo murino (107). 17 Figura 1.5. Mecanismos de regulação da transcrição gênica por PPARγ. Menezes, CC. 2011 (108). Regulação direta do PPARγ pela ligação do complexo à região PPRE (a). Regulação indireta através da captura de moléculas ativadoras de fatores transcricionais (b), captura dos fatores transcricionais (c) e inibição da MAPK que ativa fatores transcricionais (d). 1.8 Rosiglitazona A Rosiglitazona é um medicamento da classe das TZDs agonista do PPARγ, proporcionando efeitos no metabolismo da glicose, aumento da ação antiinflamatória e melhora na função endotelial, originando diminuição em marcadores de inflamação como a PCR, fibrinogênio, ativação do NF-kB, citocinas e moléculas de adesão vascular. Os agonistas do PPARγpodem induzir a diferenciação dos macrófagos e elevar a expressão de marcações de superfícies celulares, como CD11/18, CD14 e CD36 em monócitos. Sendo assim, eles podem contribuir para o controle da inflamação e na formação de edema tecidual (95). 18 As glitazonas possuem atividade imunomodulatória em diferentes sistemas do organismo, dentre eles, o trato respiratório. Foi demonstrado que esta classe participa da modulação com efeitos anti-inflamatórios in vitro, com atuação nos macrófagos, inibindo a liberação de H2O2 e a expressão de iNOS(109) e atuando também nos neutrófilos através da inibição da produção de citocinas pró-inflamatórias participantes na ativação de linfócitos e liberação de IL-12, TNFα e IL-8 (110). O nosso grupo mostrou o papel do PPARγ na modulação da sepse polimicrobiana em camundongos, aumentando a sobrevida, controlando a inflamação e aumentando a capacidade do hospedeiro de eliminar as bactérias. Além disso, este composto possui efeito anti-inflamatório no tratamento de algumas doenças e em alguns casos auxilia na diminuição da migração de neutrófilos em modelos de artrite, asma e por instilação de endotoxina de bactéria Gram negativa(111). 1.9 Hipótese do estudo. Acreditamos que é possível modular a inflamação e controlar a multiplicação bacteriana com a administração da rosiglitazona que é um agonista do receptor PPARγ e assim modular a evolução do quadro infeccioso. Assim, será possível associar o aumento da capacidade de eliminação bacteriana através da NET e a modulação da resposta inflamatória pela presença da Rosiglitazona. 19 2 Objetivos: 2.1 Objetivo Geral: Analisar o efeito do tratamento com rosiglitazona na infecção bacteriana. 2.2 Objetivos específicos/metas: 2.2.1 Investigar os efeitos da instilação de Pseudomonas aeruginosa e do tratamento com rosiglitazona sobre os sinais clínicos dos camundongos; 2.2.2 Investigar os efeitos da instilação de Pseudomonas aeruginosae do tratamento com rosiglitazona sobre o número de leucócitos totais e diferenciais e na produção de citocinas; 2.2.3 Investigar os efeitos da instilação de Pseudomonas aeruginosae tratamento com rosiglitazona na formação de NET e no crescimento bacteriano. 2.2.4 Investigar o efeito do tratamento com rosiglitazona na formação de NET em animais submetidos à sepse polimicrobiana por ligadura e perfuração do ceco (CLP); 2.2.5 Investigar o efeito do tratamento com rosiglitazona na eliminação bacteriana por NETose em animais submetidos à sepse polimicrobiana por CLP. 20 Metodologia 3.1 Obtenção dos animais: Os camundongos Swiss webster machos pesando entre 25 e 30 gramas foram obtidos do Centro de Criação de Animais de Laboratório (CECAL) da Fundação Oswaldo Cruz. Os animais foram mantidos em isoladores ventilados (Gabinete Biotério mod. EB-273, Insight, Brasil) no biotério do Pavilhão Ozório de Almeida até o momento do experimento, com livre acesso a água e ração, sendo submetidos a um ciclo de 12 h de claro/escuro. Os animais receberam uma dose de vermífugo (Drontal Puppy Bayerl) por via oral (gavagem) e foram utilizados uma semana após o tratamento. Os protocolos utilizados foram aprovados pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da Fundação Oswaldo Cruz (CEUA-FIOCRUZ), licença nº LW-36/10. 3.2 Obtenção e crescimento da Pseudomonas aeruginosa: A Pseudomonas aeruginosa foi obtidada Coleção de Culturas de Bactérias de Origem Hospitalarde Interesse em Saúde (ATCC PA01) localizada no Laboratório de Pesquisa de Infecção Hospitalar da Fundação Oswaldo Cruz.O crescimento foi feito em um meio de cultura na placa de Agar. Uma colônia dessa cultura foi isolada ecolocada para crescer em meio líquido de Luria Broth (LB). O meio líquido com a colônia foi colocado a 37 °C durante 16 horas e centrifugado a 12.000 g por 5 min. O precipitado celular foi reconstituído em salina e a densidade ótica quantificada a 660 nm por espectrofotometria. Densidade óptica = 0,1 equivale a 108 Unidades Formadoras de Colônia (UFC)/ml. 3.3 Indução de infecção pulmonar pela instilação intratraqueal com Pseudomonas aeruginosa: Os animais foram anestesiados pela inalação com isoflurano. Após tosa e assepsia local a traqueia dos animais foi exposta para realização da instilação com 50 µL da suspensão de Pseudomonas aeruginosa (107 UFC/mLou 108 UFC/mL) ou salina estéril. Os animais foram suturados com nylon 4.0mm. Todos os camundongos foram tratados com 10 mg/kg do antibiótico imipenem por via intraperitoneal (i.p.), e alguns 21 deles foram também tratados com rosiglitazona (0,5 mg/kg), ou o veículo da rosiglitazona salina DMSO 0,1%, sendo administrados i.p. 5 h após a operação. 3.4 Contagem total e diferencial das células do lavado broncoalveolar (BAL): Os animais foram eutanasiados pela inalação de isoflurano e procedeu-se a coleta de amostras de BAL 24h após este procedimento. Após assepsia local com álcool etílico a 70%, foi feita uma incisão medial longitudinal de aproximadamente 1 cm na pele posterior ao mento do animal. Os lobos da glândula tireóide foram afastados gentilmente com uma tesoura de ponta redonda e a traquéia foi elevada pela colocação de uma pinça curva em sua região posterior. Os animais tiveram os músculos adjacentes seccionados. Em seguida, foi aberto um pequeno orifício na região proeminente da cartilagem traqueal para a inserção de uma cânula. O lavado broncoalveolar foi obtido pela infusão de 500µL de PBS seguida pela aspiração do conteúdo, sendo este procedimento repetido por 3 vezes. Amostras do BAL foram diluídas em líquido de Turk para a contagem de células totais. Lâminas obtidas por citocentrifugação foram coradas no panótico rápido para análise diferencial. Após o procedimento, os animais foram descartados de acordo com as normas da instituição. 3.5 Contagem das unidades formadoras de colônias (UFC): Amostras do BAL foram diluídas em salina estéril e plaqueadas em meio agar. As placas foram colocadas na estufa à 37ºC, durante 24h, e as colônias formadas foram contadas manualmente. 3.6 Análise dos sinais clínicosapós instilação intratraqueal de Pseudomonas aeruginosa: Os camundongos, 24h após instilação de Pseudomonas aeruginosa, são avaliados de acordo com 10 sinais clínicos: piloereção, lacrimação/olhos fechados, taxa de respiração, exploração do ambiente, alerta (escape ao toque), atividade locomotora, alteração de temperatura corporal, força ao agarrar, taxa de respiração após a manipulação e turgor. Caso o animal possua algum sinal, é dado 1 ponto ao seu escore 22 clínico. Quanto mais sinais ele apresenta, mais é pontuado. Até 1 ponto, o animal é considerado sadio, de 2 a 3 pontos, é caracterizada uma pneumonia leve, até 7, pneumonia moderada, e até 10, pneumonia grave, adaptado de Araújo e cols (2012) (112). 3.7 Dosagem de DNA (formação de NET): Amostras do BAL foram centrifugadas a 400 g durante 5 min. O sobrenadante foi coletado e armazenado a -20ºC. A dosagem foi feita com Quant-iT™ PicoGreen®, por ser um fluorescente ultrassensível é usado para quantificar duplas fitas de DNA em solução, de acordo com as instruções da Invitrogen. Após diluição do reagente em T.E. 1x, em placa de 96 poços, foram adicionados diferentes concentrações de DNA (curvapadrão) e as amostras nos poços restantes, com conseguinte adição do reagente TE e PicoGreenem todos os poços utilizados. A placa foi colocada em leitor de fluorescência após 5 minutos de incubação em temperatura ambiente, com utilização de 480 nm de excitação e 520 nm de emissão. 3.8 Dosagem das citocinas IL-1, IL-6 e MCP-1 : Amostras do BAL foram centrifugadas a 400 g durante 5 min. O sobrenadante foi coletado e armazenado a -20ºC. A dosagem foi feita através do Ensaio Imunossorvente Ligado à Enzima (Enzyme Liked Immunosorbent Assay, ELISA). Foram utilizados anticorpos monoclonais específicos (Duo set kit – R&D Systems). Para essas análises foi utilizado o protocolo da Pharmingen, no qual placas de 96 poços (Nunc) foram revestidas com anticorpos de captura. As placas foram cobertas com papel alumínio e incubadas overnight a 4°C. No dia seguinte, após 3 lavagens com PBS/Tween, os sítios inespecíficos foram bloqueados pela adição de PBS/BSA 1%. Após 1 h as placas foram lavadas por 4 vezes com PBS/Tween novamente e, em seguida, foram adicionadas proteínas recombinantes em diferentes concentrações (curvas-padrão), bem como as amostras do lavado broncoalveolar. Novamente as placas foram incubadas overnight a 4°C. No último dia após a rinsagem, o anticorpo de detecção foi adicionado também diluído em PBS/BSA 1% comTween 20 a 0,05 %. Após 1 h de incubação a temperatura ambiente, adicionou-se avidina-peroxidase (diluição 1:200, R&D). Passados 30 minutos, as placas foram lavadas com solução de 23 lavagem e em seguida, adicionou-se a solução de TMB (3,3′,5,5′-Tetrametilbenzidina, Sigma). A reação foi paralisada com a adição de solução de ácido sulfúrico (Próquimios) 0,4 N (50 μL/poço) e a leitura foi feita no comprimento de onda de 405 nm em espectrofotômetro (Spectra Max, Molecular Devices®). 3.9 Eliminação bacteriana por NETose em animais submetidos à sepse polimicrobiana por ligadura e perfuração do ceco (CLP). Os experimentos foram realizados em animais provenientes do Biotério Central da FIOCRUZ e foram aprovados pela Comissão de Ética em Experimentação Animal (CEUA) da FIOCRUZ. Os camundongos Swiss foram anestesiados via intraperitoneal com uma solução de cloridrato de ketamina (25 mg/kg) e cloridrato de xilazina (20 mg/kg). Em seguida foi feita a laparotomia e submetidos à sepse polimicrobiana por ligadura e perfuração do ceco que foi exposto para fora da cavidade, ligado abaixo da válvula ileocecal e perfurado duas vezes com agulha de calibre 18G para indução da sepse moderada, em animais do grupo sham (grupo controle) o ceco é apenas exposto. O ceco foi colocado novamente na cavidade peritoneal e o abdome foi suturado. Ao final do procedimento foi administrado 1 mL de solução salina estéril, via subcutânea, como fluido de ressuscitação, com finalidade de prevenir a hipotensão pós-operatória, após esse procedimento, os animais são tratados por injeção intravenosa com rosiglitazona 15 minutos após o CLP, na presença e na ausência de DNase (5 mg/kg, i.p., 1 h após o CLP). O lavado peritoneal foi coletado 6 h após a CLP, colocado em placas contendo agar e incubado a 37oC por 16 h para a contagem do número de UFC e o sobrenadante foi recolhido para a dosagem de DNA com PicoGreen, de acordo com as instruções da Invitrogen. 3.10 Análise estatística: A análise estatística foi feita pela análise de variância (ANOVA) seguida pelo teste Neuwman-Keuls no software GraphPad prism versão 5. Os dados quantitativos são mostrados como valores individuais e mediana ou média + erro padrão da média (EPM) e o nível de significância foi estabelecido como p < 0,05. 24 4 Resultados Inicialmente padronizamoso modelo de injúria pulmonar ocasionado pelo quadro de pneumonia em camundongos tendo a Pseudomonas aeruginosa(PA) como agente etiológico, onde foi possível observar o escore clínico (fig 4.1) elevado no grupo que recebeu o patógeno, porém não houve diferença significativa entre as cargas bacterianas utilizadas.Partindo disso, analisamos a mortalidade entre as mesmas cargas bacterianas citadas, sendo possível observar 20% de sobrevida nos animais submetidos à carga de 108 e 100% de sobrevida nos animais instilados com 107 (fig 4.2).Portando, foi padronizada a carga bacteriana de 107. Logo a seguir, observou-se a migração de leucócitos (fig 4.3), aumento do DNA extracelular (fig 4.4) e elevada contagem de unidades formadoras de colônia (fig 4.5). Sendo assim, o modelo foi estabelecido e 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 * * Moderada 10 PA 10 PA a Sa lin 8 Leve 7 escore 24 h utilizado para decorrentes análises ao longo do projeto. Figura 4.1: Análise da apresentação dos sinais clínicos causados pela infecção com Pseudomonas aeruginosa(PA). Camundongos Swiss submetidos à instilação intratraqueal com Pseudomonas aeruginosa(107 UFC/mL ou 108 UFC/mL). Vinte e quatro horas após a instilação foram observados os sinais clínicos dos animais. Dados representados como valores individuais e mediana (4 < n < 10). (*) p<0,05 em relação ao grupo salina. 25 sobrevida (%) 100 salina 80 PA 107 60 PA 108 40 20 0 0 24 48 72 96 120 144 168 horas Figura 4.2. Análise de sobrevida dos animais submetidos à instilação com Pseudomonas aeruginosa(PA) em diferentes cargas bacterianas. Camundongos Swiss submetidos à instilação intratraqueal com Pseudomonas aeruginosa(107 UFC/mL ou 108 UFC/mL). Um dia após a instilação foram observados a taxa de sobrevida. Dados representados como valores individuais e mediana (4 < n < * * 4 2 4 2 0 PA Sa l 0 6 PA b) Células mononucleares (x10 -6) 6 Sa l a) Leucócitos totais (x10 -6) 10). c) Neutrófilos (x10 -6) 6 * 4 2 PA Sa l 0 Figura 4.3. Contagem de leucócitos no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa (PA). Camundongos Swiss submetidos à instilação intratraqueal com Pseudomonas aeruginosa. Vinte e quatro horas após a instilação foram coletadas amostras de BAL para a contagem de leucócitos totais (a), 26 células mononucleares (b) e neutrófilos (c). Dados representados como média +EPM (5 < n <8). (*) p<0,05 em relação ao grupo salina. 4 DNA (g/mL) * 3 2 1 PA Sa l 0 Figura 4.4.Análise da liberação do DNA em meio extracelular no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa(PA). Camundongos Swiss submetidos à instilação intratraqueal com Pseudomonas aeruginosa. Vinte e quatro horas após a instilação foram coletadas amostras de BAL para a dosagem de DNA. Dados representados como média +EPM (10 < n < 15). (*) p<0,05 em relação ao grupo salina. * UFC/Bal (x10³) 500 400 300 200 100 Sa l PA 0 Figura 4.5. Análise do crescimento bacteriano no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa (PA). Camundongos Swiss submetidos à instilação intratraqueal com Pseudomonas aeruginosa. Vinte e quatro horas após a instilação foram coletadas amostras de BAL para a contagem de UFC. Dados representados como média +EPM (6 < n < 8). (*) p<0,05 em relação ao grupo salina. Após padronização iniciou-se a utilização da rosiglitazona como tratamento e feita à observação do escore clínico dos animais, convertido em gráfico exibido na figura 4.6. A figura4.6a demonstra a quantidade de sinais clínicos apresentados pelos camundongos. Este gráfico mostra que nos animais estimulados com Pseudomonas aeruginosa (PA) houve um escore característico de pneumonia moderada em relação ao grupo controle, instilado somente com salina, e que o tratamento com rosiglitazona (Rosi) diminuiu a apresentação de alguns sinais, diminuindo a gravidade da pneumonia, passando a ser considerada leve. A figura 4.6b representa somente um sinal clínico, a 27 frequência respiratória, como destaque, uma vez que o alvo da instilação é o pulmão. Novamente, houve um aumento do escore no grupo Pseudomonas aeruginosa e os animais que tiveram o tratamento com rosiglitazona não apresentaram nenhuma alteração respiratória, fig 4.6b. 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 * os i R PA PA Sa lin a + + D M R + D + a Sa lin Escore (frequência respiratória) Escore 24 h b) SO os i + M SO Escore Escore2424h h a) 3 * 2 + 1 normal 0 os i R SO PA + M D PA + + a Sa lin Sa lin a + D R M SO os i -1 Figura 4.6. Efeito do tratamento com rosiglitazona (Rosi) sobre a apresentação dos sinais clínicos causados pela infecção com Pseudomonas aeruginosa(PA). Camundongos Swiss submetidos à instilação intratraqueal com Pseudomonas aeruginosa foram tratados com rosiglitazona (0,5 mg/kg) 5 horas após o estímulo. Um dia depois da instilação foram observados os sinais clínicos dos animais (a), em destaque o escore da alteração da frequência respiratória (b). Dados representados como valores individuais e mediana (4 < n < 10). (*) p<0,05 em relação ao grupo salina. (+) p<0,05 em relação ao grupo PA. A figura 4.7 representa os resultados obtidos na contagem total e diferencial do BAL. Houve um aumento na quantidade dos leucócitos totais (figura 4.7a), caracterizado pelo aumento no número de neutrófilos (figura 4.7c) no grupo estimulado com Pseudomonas aeruginosa. Não houve aumento nas contagens de células mononucleares (figura 4.7b). O tratamento com rosiglitazona não mostrou efeito sobre o aumento nas contagens dos leucócitos totais e neutrófilos no tempo analisado. 28 Neutrófilos (x10 -6) 2 + PA Sa l+ R + PA * * R os i 0 Sa l os i PA os i Sa l+ Sa l 0 4 PA 2 6 R os i 4 Células mononucleares (x10 -6) b) 6 c) * R Leucócitos totais (x10 -6) a) * * 6 * 4 2 os i PA os i PA + R R Sa l+ Sa l 0 Figura 4.7. Efeito do tratamento com rosiglitazona (Rosi)na contagem de leucócitos no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa(PA). Camundongos Swiss submetidos à instilação intratraqueal com Pseudomonas aeruginosa foram tratados com rosiglitazona (0,5 mg/kg) 5 horas após o estímulo. Vinte e quatro horas após a instilação foram coletadas amostras de BAL para a contagem de leucócitos totais (a), células mononucleares (b) e neutrófilos (c). Dados representados como média +EPM (4 < n < 7). (*) p<0,05 em relação ao grupo salina. Logo após, analisamos a influência do tratamento com a rosiglitazona sobre as citocinas pró-inflamatórias induzidas pela infecção com Pseudomonas aeruginosa, representadas na figura 4.8. A administração da rosiglitazona inibiu significativamente a produção da IL-1β (fig 4.8a), IL-6 (fig 4.8b) e MCP-1/CCL2/CCL2 (fig 4.8c). 29 0.5 1.0 b) * * Sa l+ + os i R Sa l os i R R PA + 0.0 PA 0.0 PA 0.2 os i 0.1 Sa l+ MCP-1 (ng/mL) + 0.4 PA 0.2 0.6 os i + 0.3 1.2 c) IL-6 (ng/mL) 0.8 Sa l IL-1 (ng/mL) 0.4 R a) * 0.9 + 0.6 0.3 PA + R os i PA R os i Sa l+ Sa l 0.0 Figura 4.8. Efeito do tratamento com rosiglitazona (Rosi) sobre as citocinas presentes no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa (PA). Camundongos Swiss submetidos à instilação intratraqueal com Pseudomonas aeruginosa foram tratados com rosiglitazona (0,5 mg/kg) 5 h após o estímulo. Vinte e quatro horas após a instilação foram coletadas amostras de BAL para a dosagem de IL1β (a), IL-6 (b) e MCP-1/CCL2 (c). Dados representados como média + EPM (4 < n < 14). (*) p<0,05 em relação ao grupo salina. (+) p<0,05 em relação ao grupo PA. Em seguida dosamos o DNA presente no meio extracelular no BAL dos animais de cada grupo.Observamos na figura 4.9, o aumento da quantidade de DNA dosado, o que sugere uma formação de NET pelo grupo instilado com Pseudomonas aeruginosa em relação ao grupo controle.Observou-se um aumento ainda maior do grupo que recebeu rosiglitazona como tratamento, sugerindo uma amplificação da formação de NET neste grupo, que foi estatisticamente significativo em relação do grupo somente instilado com o estímulo infeccioso. 30 5 + DNA (g/mL) 4 * 3 2 1 Sa lin os i PA a + + R PA R Sa lin os i a 0 Figura 4.9. Efeito do tratamento com rosiglitazona (Rosi) na quantificação de DNA extracelular no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa (PA). Camundongos Swiss submetidos à instilação intratraqueal com Pseudomonas aeruginosa foram tratados com rosiglitazona (0,5 mg/kg) 5 h após o estímulo. Vinte e quatro horas após a instilação foram coletadas amostras de BAL para a dosagem de DNA . Dados representados como média + EPM (10 < n < 15). (*) p<0,05 em relação ao grupo salina. (+) p<0,05 em relação ao grupo PA. A figura 4.10 mostra o crescimento bacteriano das amostras do BAL de camundongos estimulados com a bactéria e o efeito do tratamento com rosiglitazona, diminuindo a quantidade de bactérias presentes nas amostras,evidenciado através da contagem de unidades formadoras de colônia. 3 CFU / Bal (x10 ) CFU / Bal (x10³) 500 400 300 + 200 100 PA +R os i PA 0 Figura 4.10. Efeito do tratamento com rosiglitazona (Rosi) sobre o crescimento bacteriano no BAL de animais infectados com Pseudomonas aeruginosa (PA). Camundongos Swiss submetidos à instilação intratraqueal com Pseudomonas aeruginosa foram tratados com rosiglitazona (0,5 mg/kg) 5 h após o estímulo. Vinte e quatro horasapós a instilação foram coletadas amostras de BAL para a contagem de unidades formadoras de colônias (UFC). Dados representados como média + EPM (6 < n < 8). (+) p<0,05 em relação ao grupo PA. 31 Para a avaliação do efeito da rosiglitazona na formação de NET através da sepse polimicrobiana abdominal, uma das principais causas de mortalidade em UTI seguido de foco pulmonar inicial, como citado anteriormente, os camundongos foram submetidos à CLP e tratados com rosiglitazona. Os dados obtidos foram feitos após 6h da indução de sepse polimicrobiana, pois num período de tempo maior, a enzima DNase utilizada na análise de unidades formadoras de colônia, foi capaz de induzir hemorragia na cavidade peritoneal dos animais submetidos ao CLP. O DNA extracelular foi dosado para a análise da formação de NET no sobrenadante do lavado peritoneal. Foi possível observar que no grupo tratado com o agonista de PPARγ houve um aumento do DNA extracelular quando comparado com o grupo não tratado (Figura 4.11). 2.5 + DNA (g/mL) 2.0 1.5 * 1.0 0.5 R os i LP C LP + C Sh a m 0.0 Figura 4.11.Efeito do agonista de PPARγ rosiglitazona sobre o conteúdo de DNA extracelular presente na cavidade peritoneal de animais submetidos à CLP. Camundongos foram submetidos à CLP e tratados com rosiglitazona (Rosi; 0,5 mg/kg, i.v.) ou veículo no grupo controle, 15 minutos após a cirurgia. Seis horas após a indução de sepse o conteúdo de DNA foi dosado no sobrenadante do lavado peritoneal livre de células. Os dados estão representados como média + EPM de pelo menos 6 animais para cada grupo (*) p< 0,05 em relação ao grupo sham; (+) p< 0,05 em relação ao grupo CLP + veículo. Em seguida analisou-se a contagem de UFC do sobrenadante do lavado peritoneal em animais submetidos ao CLP e tratados com rosiglitazona, sendo observado na fig. 4.12que houve uma diminuição no número de colônias comparado com o grupo CLP não tratado. 32 300 UFC x 10-6/Cavidade * 200 100 + i.v . C LP +R os i C Sh a m +R Sh am os i LP +v eí cu lo 0 Figura 4.12. Efeito da rosiglitazona (Rosi) sobre a carga bacteriana presente na cavidade peritoneal de animais submetidos à CLP. Camundongos foram submetidos à CLP e tratados com rosiglitazona (Rosi; 0,5 mg/kg, i.v.) ou veículo no grupo controle, 15 minutos após a cirurgia.Seis horas após a indução de sepse, alíquotas do lavado peritoneal foram plaqueadas para análise de UFC. Os dados estão representados em valores individuais e mediana de pelo menos 7 animais para cada grupo. (*) p< 0,05 em relação ao grupo sham; (+) p< 0,05 em relação ao grupo CLP + veículo. Além disso, observamos um número de colônias semelhante entre o grupo tratado com rosiglitazona na presença de DNase, enzima que degrada DNA,e o grupo CLP (figura 4.13), mostrando que a DNase reverteu o efeito da rosiglitazona no crescimento bacteriano. 33 UFCx 10-3/Cavidade # * 1000 800 600 400 200 e e as as D N + + os i LP C LP + R C C LP + D N R C os i LP 0 Figura 4.13. Efeito da DNase e rosiglitazona (Rosi) sobre a carga bacteriana presente na cavidade peritoneal de animais submetidos à CLP. Camundongos foram submetidos à CLP e tratados com rosiglitazona (Rosi; 0,5 mg/kg, i.v.) ou veículo no grupo controle, 15 minutos após a cirurgia e DNAse 5mg/kg i.p, 1h após cirurgia. Seis horasapós a indução de sepse, alíquotas do lavado peritoneal foram plaqueadas para análise de UFC. Os dados estão representados em valores individuais e mediana de pelo menos 7 animais para cada grupo. (*) p< 0,05 em relação ao grupo CLP; (#) p< 0,05 em relação ao grupo CLP + DNase. 34 5.Discussão APseudomonas aeruginosa é uma bactéria Gram-negativa associada com a ocorrência de alta taxa de mortalidade frequentemente relacionada com infecções em UTIs e o diagnóstico de pneumonia nosocomial, atingindo principalmente paciente imunossuprimidos, como relatado anteriormente(7 e 113). No que diz respeito à sepse no Brasil, a incidência maior associa o foco original ao pulmão, seguidapelo quadro de sepse de foco abdominal(13). A migração de neutrófilos para o local da infecção é primordial no desenvolvimento favorável da resposta do sistema imune inato no processo inflamatório. Estas células são mobilizadas para o sítio de infecção por quatro etapas distintas: marginação, rolamento, aderência e transmigração através da parede dos vasos em direção a gradientes quimiotáticos (53). O PPARγ é expresso em neutrófilos que quando ativado pode suprimir a resposta efetora de leucócitos (71). Além disso, este receptor nuclear pode regular diferentes processos em células pulmonares parenquimais, dentre eles, diferenciação celular e apoptose (114 e115). Alguns estudos demonstraram que o PPARγ desempenha papel na modulação da resposta inflamatória em modelos animais de injúria pulmonaraguda (71).Sendo assim, foi analisado o papel do receptor nuclear PPARγ no decorrer da resposta imune em quadro infeccioso originado por dois focos distintos, separadamente. Um estudo foi de foco pulmonar causado por Pseudomonas aeruginosa e o segundo sobre a sepse polimicrobiana abdominal. Na indução de infecção pulmonar pela instilação intratraqueal com Pseudomonas aeruginosa, os camundongos foram tratados com 10 mg/kg do antibiótico imipenem por via i.p. na tentativa de se aproximar de tratamentos por antibióticos utilizados na clínica. Com isso, a rosiglitazona torna-se um adjuvante no tratamento das infecções analisadas neste estudo. Estudos foram feitos para análise da ativação deste receptor, em quadros inflamatórios induzidos por fumo associado à resposta bacteriana exacerbada. Estes estudoa evidenciaramque quando este receptor está ativado é capaz de reduzir a inflamação induzida por cigarro e diminuir a magnitude das exacerbações bacterianas, sem comprometer a capacidade do sistema imunológico para controlar a infecção (116). Standiford e cols.(2005), observaram que o tratamento com pioglitazona, que pertence a família da TZD, foi capaz de diminuir significativamente a inflamação 35 alveolar causada pela injuria pulmonar aguda (71). Nossos resultados mostraram uma melhora no escore de frequência respiratória comparado com os animais não tratados, sugerindo uma possível proteção da rosiglitazona, que é da família da TZD e agonista do PPARγ, no quadro respiratório. O processo de migração pode ser ativado por diferentes estímulos, como LPS (52). Stegenga e cols.(2009) demonstraram a diminuição da migração de neutrófilos com a administração de ciglitazona, componente da família de agonistas do receptor PPARγ, no modelo de injúria pulmonar por Streptococcus pneumoniae (107). Em contrapartida, observamos que nos animais tratados com rosiglitazona não houve a diminuição da migração celularna contagem de neutrófilos, que talvez possa ser explicado devido a injúria ser causada por outro agente infeccioso, no caso, a Pseudomonas aeruginosa. Além disso, a expressão de IL-1 pode estar influenciando nessa migração, ou outro mecanismo que ainda não está bem elucidado. Schultz e cols., (2002) utilizaram a mesma bactéria em camundongos nocaute para IL-1β, que apresentaram migração celular diminuída em comparação ao grupo selvagem (80). IL- 1β é um dos principais mediadores de reações inflamatórias, podendo ser produzida por neutrófilos, além de outros tipos celulares como células mononucleares, atuando como mediadora de inflamação local em baixas concentrações e também elevando a expressão de moléculas de adesão que interagem com leucócitos, como por exemplo, os ligantes de integrinas (117). Por se apresentar em maior quantidade na infecção por Pseudomonas aeruginosa, Schultz et al., (2002) no estudo com camundongos nocautes para IL-1β, observaram um aumento da resistência contra essa bactéria (80). Este dado corrobora com os resultados encontrados neste trabalho, pois houve um aumento desta interleucina nos animais que receberam Pseudomonas aeruginosa em comparação com o grupo tratado com rosiglitazona, sugerindo que o aumento da interleucina está prejudicando o restabelecimento do animal e controle do processo antiinflamatório. Além disso, quando observados os resultados do grupo de animais que receberam o tratamento com a rosiglitazona, a citocina IL-1β está diminuída e tiveram prognóstico positivo com melhora no quadro clínico quando observado os resultados deste grupo tratado com o agonista do PPARγ em comparação com os inoculados apenas com a bactéria. 36 A IL-6 é estimulada pela IL-1βe participa tanto da resposta imune inata,tendo papel de estímulo da produção de neutrófilo, quanto da adaptativa, atuante na diferenciação de linfócitos B em plasmócitos. É considerada uma citocina regulatória, pois participa do processo anti e pró-inflamatório (110 e 118).Trabalhos anteriores mostraram que a IL-6 influencia diretamente no dano causado na inflamação pulmonar, pois está relacionada com o influxo de polimorfonucleares e formação de edema, resultando no agravo da função pulmonar e sua deterioração (119). Neste trabalho foi possível analisar uma diminuição desta interleucina no grupo tratado com rosiglitazona quando comparado com o grupo não tratado e instilado com Pseudomonas aeruginosa. É possível verificar que ocorre uma relação de proporção direta entre a IL-1β e a IL-6, já que ambas encontram-se reduzidas no grupo tratado com a rosiglitazona, sugerindo que o agonista ao interagir com o PPARγ é capaz de reduzir a expressão destas citocinas e com isso diminuir o dano causado por elas. Sugerimos também que a redução da IL-6, que está ligada com o dano da função pulmonar, foi capaz de originar a proteção da função respiratória observada nos dados desta dissertação. O MCP-1/CCL2 é produzido por células imunes perante diferentes estímulos, um desses estímulos é a IL-1β e endotoxinas, proporcionando a migração de macrófagos para o local infeccioso.Além disso, o MCP-1/CCL2é capaz de promover inflamação devido à ativação direta de macrófagos que são responsáveis por liberar quimiocinas capazes de influenciar na migração de leucócitos (120).Vozzelli e cols., (2004) observou que o uso de anti-MCP-1/CCL2reduziu o acúmulo de macrófagos e neutrófilosno modelo de exposição hiperoxia em pulmões de ratos recém-nascidos (121). Por outro lado, esta proteína também tem sido alvo de longos estudos em nosso laboratório em modelos de sepse, onde foi possível observar que animais deficientes desta proteína tiveram maior suscetibilidade a endotoxemia, com redução nos níveis de IL-10 (60). Neste trabalho foi observada uma diminuição do MCP-1/CCL2 nos animais tratados com a rosiglitazona em comparação com o grupo instilado com Pseudomonas aeruginosa, sugerindo uma atividade anti-inflamatória do composto por se ligar ao PPARγ resultando na diminuição da expressão de MCP-1/CCL2. Assim, a redução deste quimioatraente pode estar ligada com a proteção da função pulmonar. Estes dados relacionados à produção de citocinas indicam que a rosiglitazona ao interagir com o receptor nuclear PPARγ pode ter papel relevante na modulação da 37 inflamação, tendo atividade anti-inflamatória, proporcionando a resolução da inflamação, proteção da função pulmonar e melhora do quadro clínico dos animais. Logo após a análise das citocinas, foi verificada a formação de redes extracelulares de neutrófilos. Os neutrófilos possuem um mecanismo de morte celular denominado NETose, no qual ocorre o extravasamento do conteúdo celular, composto de DNA e proteínas, para o meio extracelular formando redes capazes de prender e eliminar patógenos (26 e 67). Sabe-se que estas redes são formadas a partir da morte destas células de defesa, pois ocorre o extravasamento do material nuclear (67). Estudos in vitro indicaram que a rosiglitazona é capaz de induzir NET, em células que receberam o estímulo por LPS e E. coli mostrando a potencialização da formação de NET e a eliminação bacteriana induzida pela rosiglitazona (29, 52e100). Nesta dissertação, observamos um aumento da quantidade de DNA extracelular nos grupos estimulados com a bactéria, indicando que o organismo estava respondendo a injúria causada pelo processo infeccioso. Embora não evidenciando diferença na celularidade, ocorreu um aumento do material nuclear no meio extracelular em amostra do BAL dos camundongos tratados com rosiglitazona em comparação com o grupo da injúria pulmonar sem o tratamento. Este dado sugere que a rosiglitazona é capaz de acentuar o fenômeno da formação de NET. Acreditamos que os neutrófilos que estão sendo estimulados para formar a NET ao interagir com a rosiglitazona têm seu efeito amplificado, influenciando na morte do agente patogênico ao impedir sua proliferação. No que tange o efeito microbicida da NET foi feita a contagem das UFCs das amostras do BAL. Estudo feito por Stegenga e cols. (2009), analisa a eliminação bacteriana no tratamento com ciglitazona em modelo de pneumonia induzido por outra cepa bacteriana. No entanto, o estudo do Stegenga não descreve o mecanismo pelo qual ocorre a maior eliminação bacteriana na presença da ciglitazona (107). Como dito anteriormente, a rosiglitazona é um agonista do PPARγ capaz de induzir NET que por sua vez pode ser responsável pela eliminação bacteriana (29, 52e 100).Nós observamos uma redução das UFCs nas amostras tratadas com rosiglitazona, sugerindo que a NET produzida através deste composto foi capaz de controlar a multiplicação bacteriana devido a eliminação da mesma e contenção da infecção pulmonar, explicando a melhora no escore clínico dos animais tratados. 38 Vale ressaltarque,a modulação da rosiglitazona frente à resposta dos camundongos num quadro infeccioso originado por Pseudomonasaeruginosa é um indício da ativação do receptor nuclear PPARγ, uma vez que a rosiglitazona atua como agonista seletivo deste receptor. Estudos mostraram que a ativação do PPARγ pode reduzir a liberação de citocinas pró-inflamatórias e que a rosiglitazona por ser o agonista deste receptor, auxilia na modulação de respostas inflamatórias e na diminuição da injúria tecidual, indicando que a capacidade de resposta do hospedeiro para combater a infecção é melhor na presença do agonista (68). Os efeitos descritos no parágrafo anterior não foram observados em camundongos tratados com o GW9662, que é o antagonista do receptor PPARγ. Estudos feitos no nosso laboratório verificaram que nos animais submetidos à CLP tratados com GW9662 e rosiglitazona, houve uma reversão da proteção conferida pelo agonista, sugerindo um efeito dependente de PPARγ na ligação com rosiglitazona (52). Como visto anteriormente, a sepse é uma das maiores causas de mortalidade devido à indução da disfunção múltipla de órgãos, sendo assim, os modelos experimentais de sepse em animais em laboratório, mesmo com suas limitações, são amplamente utilizados por reproduzir as características, semelhantes deste quadro e a relevância de tais modelos se encontra no desenvolvimento de novas terapias no tratamento da sepse e choque séptico (96). Além da análise da capacidade da rosiglitazona de modular a inflamação, nós mostramos que este agonista de PPARγ aumenta a eliminação das bactérias na sepse polimicrobiana. A caracterização da formação das redes extracelulares seria um mecanismo pelo qual o agonista de PPARγ exerceria o seu efeito. A NET é capaz de auxiliar na eliminação bacteriana (26 e 67). Nossos resultados demonstraram que na sepse abdominal o tratamento com DNAse ocasiona um aumento na contagem de UFC. Tendo em vista que a DNAse degrada o DNA, a presença deste composto no grupo tratado com rosiglitazona reverte a eliminação bacteriana proporcionada pela interação do fármaco com o receptor nuclear, reforçando o aumento da capacidade de eliminação do patógeno no mecanismo dependente de NET através da interação do agonista com o PPARγ. Os dados deste trabalho sugerem que o efeito da rosiglitazona é dependente da sua ligação com o receptor nuclear PPARγ, e que esta interação revela efeito antiinflamatório desta droga, com isso sugerindo que a diminuição da produção de 39 citocinas, pode resultar na proteção da função pulmonar visualizado na frequência respiratória, melhora no escore clínico e aumento da eliminação bacteriana. Recentemente observou-se que a família do PPAR, além de promover a transcrição gênica do metabolismo lipídico e homeostase, também é capaz de modular a fosforilação de MAP kinase, sugerindo que essa via pode mediar alguns efeitos do PPAR, contribuindo para seus efeitos farmacológicos (122 e 123). O PPARγ demonstrou atividade sobre a MAP kinase na síntese de proteína. Um dos mecanismos pelos quais o receptor de PPARγ regula a resposta imune na presença do estímulo bacteriano e é regulado poderia envolver a ativação das MAP kinases (100, 122, 124 e 125). Por fim, a probabilidade do receptor nuclear PPARγ ser o responsável por essa modulação o faz candidato a um novo alvo terapêutico para doenças infecciosas em infecções pulmonares, onde um dos principais agentes etiológicos é a Pseudomonas aeruginosa, e em sepse abdominal no modelo polimicrobiano, o que torna este estudo relevante para o ambiente hospitalar. 40 6. Conclusões A injeção intratraqueal de Pseudomonas aeruginosa induziu sinais clínicos de pneumonia e alterações inflamatórias como acúmulo de leucócitos. A frequência respiratória foi preservada e houve diminuição dos sinais clínicos em animais submetidos à instilação com Pseudomonasaeruginosa e tratados com rosiglitazona. A administração da rosiglitazona inibiu significativamente a produção da IL-1β, IL-6 e MCP-1/CCL2induzida pela infecção com Pseudomonas aeruginosa. A rosiglitazona foi capaz de aumentar a concentração de DNA sugerindo um aumento da formação de NET e foi capaz de suprimir o crescimento bacteriano durante a infecção por Pseudomonas aeruginosa e na sepse polimicrobiana. O efeito protetor da rosiglitazona é dependente de NET, pois em animais tratados com DNAse houve diminuição da eliminação bacteriana. v Figura 6.1. Rosiglitazona interage com o PPARγ proporcionando a modulação da produção de citocinas e a eliminação bacteriana através da NETose. Rosiglitazona se liga do PPARγ, resultando na eliminação bacteriana dependente de NET, modulando a inflamação através da diminuição da expressão de citocinas pró-inflamatórias. 41 7. Referências Bibliográficas: 1. Castro FR, Naranjo OR, Marco Bronchoneumol 2007;43(supl.2):31-9. JA. Infecciones pulmonares. Arch 2. Moreira JS, Andrade, CF. Mecanismos de defesa do aparelho respiratório. In: Taran- tino AB, editor. Doenças pulmonares. 6a ed. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan, 2008.131-9. 3. Crapo JD, Barry BE, Gehr P, Bachofen M, Welbel ER, Cell number and cell characteristics of the normal human lung. Am Rev Respir Dis. 1982; 125(6):740-45. 4. Raghavendran K, Mylotte JM, Scannapieco FA. Nursing home-associated pneumonia, hospital-acquired pneumonia and ventilator-associated pneumonia: the contribution of dental biofilms and periodontal inflammation. Periodontol 2000. 2007;44:164-77. 5. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. 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