FORÇAS IMPULSORAS E RESTRITIVAS PARA O CUIDADO A PACIENTES COLONIZADOS/INFECTADOS POR KLEBSIELLA PNEUMONIAE PRODUTORAS DE CARBAPENEMASE E PSEUDOMONAS AERUGINOSA Adriana Castro Almeida Barbosa1, Giselle Pinheiro Lima Aires2, Leidiene Ferreira Santos3; Allison Barros Santana4 1,2,3,4 4 Universidade Federal do Tocantins – Curso de Enfermagem [email protected] INTRODUÇÃO: Infecção Relacionada à assistência à Saúde (IRAS) é aquela adquirida após a internação do paciente em unidade de saúde, que se manifesta durante a internação ou mesmo após a alta. Inúmeros micro-organismos podem causar IRAS, dentre eles destacam-se as enterobactérias produtoras carbapenemase, Klebsiella pneumoniae carbapenemase, conhecidas como KPC e Pseudomonas aeruginosa(1). Pesquisas indicam que o controle das IRAS configura-se em problema de saúde pública e, para segurança do paciente e qualidade da assistência, várias medidas devem ser adotadas por profissionais e gerentes de unidades de saúde, visando à prevenção e tratamento adequado desse agravo(2-4). Além disso, para efetiva prevenção e controle das IRAS é indispensável considerar as representações sociais, já que elas possibilitam verificar a influência do grupo no comportamento dos indivíduos, ressaltando-se a importância de se observar o sujeito em processos intelectuais, culturais, emocionais e afetivos na busca da eficácia das condutas e intervenções relacionadas à assistência realizada por profissionais da saúde (SANTOS et al.,2008; MOURA et al., 2008; VALLE et al., 2008). Conhecer os mecanismos da epidemiologia das infecções constitui um grande desafio, no sentido de aperfeiçoar e incrementar a busca ativa e consequentemente, monitorizar a qualidade da assistência. Educar os profissionais, é imperativo para deter a expansão da infecção relacionada a essa assistência, especialmente, aquela por bactérias multirresistentes(11).OBJETIVO: essa pesquisa objetivou identificar forças impulsoras e restritivas para o cuidado de pacientes contaminados/infectados por Klebsiella peneumuniae produtoras de carbapenemase e Pseudomonas aeruginos, e descrever o conhecimento de profissionais de saúde sobre os micro-organismos Klebsiella peneumuniae e Pseudomonas aeruginosa. METODOLOGIA: trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa, realizada com profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e fisioterapeutas) que atuam em uma unidade ortopédica, localizada no Hospital Público de Palmas. Os dados foram coletados por meio de questionário elaborado pelas pesquisadoras, tendo como pressupostos publicações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e a Teoria de Campo de Kurt Lewin. No questionário foram apresentados fatores/forças que podem ajudar no cuidado (competência técnica, atenção, habilidade, conhecimento, comprometimento, responsabilidade, boa comunicação, atenção, compromisso, flexibilidade, companheirismo, trabalho em equipe) e dificultar (excesso de confiança, estresse, cansaço físico/mental, insatisfação com o trabalho, falta de treinamento, segurança, insatisfação com o trabalho, falta de treinamento, falta de interesse, desrespeito, má vontade). Entende-se como campo de forças algo dinâmico, que representa o espaço de vida que contém a pessoa e o seu ambiente psicológico, em que objetos, pessoas e situações podem adquirir valências positivas ou negativas (LEWIN, 1939). Dessa relação, valências positivas ou negativas, foram criados os termos forças impulsoras e restritivas, ou seja, forças que ajudam e que dificultam os aspectos analisados. Essas forças estão distribuídas em três dimensões que envolvem o Eu (engloba fatores que se relacionam à pessoa como indivíduo: motivação, talentos, timidez); o Outro (abrange fatores referentes à relação com outras pessoas: liderança, competência, conflitos, simpatia); e o Ambiente (compõe-se de elementos não referentes a pessoas, mas ao ambiente físico, recursos materiais, dinâmica organizacional) (MOSCOVICI, 2008; MARTINS, 2009). Os dados foram analisados pelo (SPSS), por meio de estatística descritiva simples. Essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Tocantins (protocolo 085/2013) e atendeu a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. RESULTADOS: os resultados indicam conhecimento limitado dos profissionais de saúde sobre os micro-organismos Klebsiella peneumuniae e Pseudomonas aeruginosa, j´aque 97,6% (41) dos participantes indicaram que KPC referia-se a bactéria e apenas 01 profissional respondeu corretamente, afirmando tratar-se de enzima. Em relação às forças que atuam sobre os profissionais de saúde, foram obtidos 937 registros de forças que interferem nas ações do cuidado ao pacientes colonizados/infectados por KPC e Pseudomonas aeruginosa. Destas, 651 (69,4%) se referiram às forças impulsoras (facilitam o cuidado) e 286 (30,6%) restritivas (dificultam o cuidado). Quanto à distribuição das forças por dimensão, obteve-se 316 (33,7%) registros atribuídos à dimensão Eu, 322 (34,3) à dimensão Outro e 299 (31,9%) à dimensão Ambiente. CONCLUSÃO: observou-se fragilidades no conhecimento dos profissionais de saúde, principalmente em aspectos relacionados à KPC e as medidas de biossegurança que devem adotadas para o cuidado dos pacientes. Referente às forças impulsoras e restritivas encontradas nesta pesquisa, embora a equipe aponte aspectos positivos, em relação às dimensões individuais, equipe e estruturais, para desempenhar assistência de qualidade, nota-se que foram identificadas inúmeras forças que dificultam o processo de cuidar aos pacientes contaminados/infectados por Klebsiella peneumuniae produtoras de carbapenemase e Pseudomonas aeruginos. Nesse sentido, é necessário investimentos nessa área, uma vez que a qualidade da assistência oferecida está diretamente relacionada com a qualidade em relação ao ambiente organizacional em que o profissional atua. Assim como em outros estudos, percebeu-se a identificação de problemas de relacionamento interpessoal e déficit na comunicação, especialmente quando os profissionais percebem e apontam o “outro” como força restritiva. Sendo assim, é urgente a necessidade de educação permanente direcionada ao trabalho em equipe e construção de interações afetivas e positivas para se alcançar um clima organizacional for favorável à atuação coletiva. DESCRITORES: Infecção Hospitalar; Bactéria; Assistência à Saúde; Exposição a Agentes Biológicos. REFERÊNCIAS 1. Ministério da Saúde (BR). Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O desafio das bactérias multirresistentes: Klebsiella pneumoniae carbapenemase ( K P C ) . Brasília: Ministério da Saúde 2011 . 2. Freire ILS, Menezes LCC, Sousa NML, Araújo RO, Vasconcelos QLDAQ, Torres GV. Epidemiologia das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica. 2013; 11(35). 3. Ministério da Saúde (BR). Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Indicadores nacionais de infecções relacionadas à assistência à saúde. Brasília, 2010. 4. Ministério da Saúde (BR). Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Guia básico de precauções, isolamento e medidas de prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde. Brasília, 2012 /13.