Migração nordestina e mudanças culturais na zona leste paulistana

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Migração nordestina e mudanças culturais na zona leste paulistana
Bárbara Renata Pereira Cruz (Bolsa PRP/USP), Júlio César Suzuki
Departamento de Geografia/FFLCH/USP
Objetivo geral
Essa pesquisa tem como objetivo
analisar as mudanças culturais de migrantes
nordestinos, particularmente na zona leste da
metrópole de São Paulo, tendo como
referência a formação de laços de parentesco
e de vizinhança, bem como as práticas de
sociabilidade.
Metodologia
Para alcançarmos os objetivos da
pesquisa foi feita inicialmente revisão
bibliográfica,
cujos
fundamentos
foram
encontrados principalmente em DAMIANI
(2002), BOSI (1994), BAPTISTA (2003) e
MAGNANI (1990), dentre vários outros
autores. Em seguida, foi utilizada a
metodologia de “história de vida”, com
migrantes nordestinos, em que se escolhera a
transcrição das informações por meio de
manutenção lexical, com inserção de correção
gramatical no texto integral, mas o uso da
transcrição fonética em trechos considerados
reveladores da variação dialetal em que se
inserem, tendo em vista a busca das marcas
mais originais dos falares em relação às
praticas culturais destes migrantes.
Utilizamos a conformação de séries
fotográficas, em que se valorizaram as
condições de vida e de habitação dos
migrantes, bem como a análise de arquivos
pessoais, naquilo que recuperava as práticas
culturais dos locais de origem e as vividas na
metrópole de São Paulo.
Por fim, foi realizada a análise
quantitativa dos fluxos migratórios para a
metrópole de São Paulo, por regiões
administrativas da metrópole, tendo por base
os dados do IBGE.
Resultados e Discussões
Na maioria das entrevistas realizadas,
percebemos que muitos migrantes acabaram
por abandonar alguns hábitos e tradições da
cultura nordestina, o que é bastante aceitável
considerando-se que a manutenção da cultura
depende diretamente da capacidade de
preservar a identidade com o local de origem.
Tal fato por vezes é complicado, pois
em muitos dos casos isso aconteceu pela
vontade de se inserir na sociedade paulistana
e de ser tratado como igual ou, em outros, a
vida difícil e os sofrimentos pelos quais os
sujeitos passaram acabam ligando-se ao lugar
onde esses eventos aconteceram, no caso o
Nordeste, causando uma possível negação do
migrante em relação ao lugar de origem.
Considerações finais
Em grande medida, os nordestinos
entrevistados que vivem na cidade de São
Paulo não se consideram mais nordestinos, ou
seja, perderam essa identidade, pois não
possuem a capacidade de atualizar em si o
sentimento da própria existência e da própria
identificação com a terra natal, devido à falta
de contato e vivência com a cultura nordestina,
que foi sendo abandonada a partir da
emigração, o que se refletiu em perdas
substanciais do dialético regional, sobretudo
no que concerne à realização fonética, mas
também lexical.
Referências
DAMIANI, Amelia Luisa.
População e
Geografia. 7.ed. São Paulo: Contexto, 2002.
BAPTISTA, D. M. T. Sociabilidade e lazer no
cotidiano de migrantes nordestinos. Revista
Travessia, p.24-30, set.-dez.2003.
BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. 2.ed.
São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
MAGNANI, Jose Guilherme Cantor. O lazer da
população de origem migrante na metrópole.
Revista Travessia, p.4-12, maio-ago.1990.
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