Tradução do espanhol realizada pela SM DECLARAÇÃO DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS PARTES DO MERCOSUL E ESTADOS ASSOCIADOS SOBRE A “DIRETRIZ DE RETORNO” Os Presidentes dos Estados Partes do MERCOSUL e Estados Associados, reunidos por ocasião da Cúpula de San Miguel de Tucumán, expressaram seu rechaço à aprovação por parte da União Europeia da chamada Diretriz de “Retorno”. Lamentam que Nações tradicionalmente geradoras de correntes migratórias que na atualidade são receptoras de migrantes não reconheçam, com base no princípio de reciprocidade histórica, a responsabilidade compartilhada entre os países de origem, trânsito e destino dos fluxos migratórios. Reafirmam a valiosa contribuição que para o desenvolvimento dos países de destino representa a população migrante, nos aspectos social, econômico, político, cultural, científico e acadêmico, e insistem na necessidade de garantir a inserção da pessoa migrante nas sociedades de acolhimento através de políticas de inclusão amplas, formuladas com a participação das comunidades de migrantes. Reivindicam a contribuição positiva dos nossos migrantes conterrâneos em todos os países de destino na União Europeia, tanto no plano social e cultural quanto no econômico. Reiteram seu firme compromisso com a promoção e o respeito irrestrito dos direitos humanos das pessoas migrantes e suas famílias, independentemente de sua condição migratória, nacionalidade, origem étnica, gênero ou idade. Rejeitam qualquer tentativa de criminalização da migração irregular e a adoção de políticas migratórias restritivas, em particular para os setores mais vulneráveis -as mulheres e crianças-. Sublinham a necessidade de lutar contra o racismo, a discriminação, a xenofobia e outras formas de intolerância. Enfatizam a importância de que se reviste o fato de que os países desenvolvidos adotem as políticas necessárias para evitar que as assimetrias econômicas internacionais, os multimilionários subsídios que distorcem a competitividade, a falta de abertura de seus mercados aos produtos dos países emergentes e em desenvolvimento aprofundem as causas das migrações, isto é, a pobreza estrutural, a exclusão social e a desigualdade de oportunidades. Exortam a UE a impulsionar políticas consistentes com a promoção dos direitos humanos e o desenvolvimento integral, e instam os países que a conformam a manter e aprofundar os compromissos assumidos nos objetivos do milênio, no direito internacional dos direitos humanos, no direito internacional humanitário, e na jurisprudência internacional sobre a matéria, bem como nos diálogos da UE com América Latina e o Caribe, com o MERCOSUL, a CAN e o Chile. Nesse entendido, propõem à UE fortalecer o diálogo e a cooperação internacional com o objeto de reduzir as causas fundamentais das migrações, promover o pleno desenvolvimento dos países de origem dos migrantes, facilitar a integração dos migrantes e suas famílias no país de destino e garantir condições para o retorno voluntário e assistido dos nacionais. Destacam que unicamente o justo reconhecimento por parte dos países desenvolvidos da reciprocidade histórica em matéria de migrações irá garantir –no quadro do princípio da corresponsabilidade– um futuro compartilhado entre nossos povos, baseado na convivência, a paz e o desenvolvimento humano integral. San Miguel de Tucumán, 1 de julho de 2008.