UNIVERSIDADADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE CURSO DE FARMÁCIA HELOÍSA SAVIATTO TONETTO ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DE BISCOITO, ISENTO DE GLÚTEN, PARA PORTADORES DE DOENÇA CELÍACA CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009 2 UNIVERSIDADADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE CURSO DE FARMÁCIA HELOÍSA SAVIATTO TONETTO ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DE BISCOITO, ISENTO DE GLÚTEN, PARA PORTADORES DE DOENÇA CELÍACA Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para a obtenção do Grau de Farmacêutica Generalista do Curso de Farmácia da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientadora: Profª. MSc. Juliana Lora CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009 3 HELOÍSA SAVIATTO TONETTO ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DE BISCOITO, ISENTO DE GLÚTEN, PARA PORTADORES DE DOENÇA CELÍACA Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para a obtenção do Grau de Farmacêutica Generalista do Curso de Farmácia da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, com Linha de Pesquisa em Alimentos. Criciúma, 01 de Dezembro de 2009. BANCA EXAMINADORA Profª. Juliana Lora – Mestre – UNESC Orientadora Profª. Angela Erna Rossato – Mestre – UNESC Examinadora Profª. Maria Cristina Gonçalves de Souza – Mestre – UNESC Examinadora 4 Dedico Aos queridos mestres de minha vida, meus pais, que sempre me impulsionaram na busca de novas oportunidades e melhores caminhos. Meus agradecimentos por terem compreendido a minha ausência por longos dias, durante todo esse tempo de estudos. 5 AGRADECIMENTOS A Deus, que deu-me o dom da vida e concedeu-me oportunidades para que ela desenvolva-se sob sua proteção. À toda minha família, pela compreensão e o apoio constante em minhas decisões. Em especial aos meus pais, José Levir Tonetto e Ednete, os meus irmãos, Cínthia e Luís Gustavo, pelo amor, dedicação, apoio incondicional e por me ensinarem a fazer escolhas na vida baseada na recompensa da chegada e não nas dificuldades do caminho. À professora MSc. Juliana Lora, pela receptividade, gentileza de suas orientações, confiança depositada, pela disponibilidade e apoio ao longo da pesquisa. A todos os meus amigos da graduação do Curso de Farmácia, pelo companheirismo durante esta jornada. A todos os meus verdadeiros amigos, que estiveram comigo em todos os momentos, partilhando incertezas e alegrias, dividindo o peso dos contratempos e superando os problemas. A Coordenação do Curso de Farmácia, da Universidade do Extremo Sul Catarinense pelo apoio financeiro. A todos os docentes do Curso de Farmácia, da Universidade do Extremo Sul Catarinense, que com toda dedicação repassaram seu vasto conhecimento durante as aulas ministradas. Ao Curso de Nutrição da Universidade do Extremo Sul Catarinense, representado através da professora MSc. Maria Cristina Gonçalves de Souza, pela gentileza de ter colaborado para a realização deste estudo, disponibilizando a amostra. Aos técnicos do Laboratório de Química, pelo auxílio na realização dos experimentos e análises. A todos acima citados e àqueles que não mencionei, mas que contribuíram para a realização deste trabalho, os meus profundos agradecimentos. Muito obrigada! 6 SUMÁRIO PARTE I - Projeto do Trabalho de Conclusão de Curso desenvolvido na disciplina de TCC I ....................................................................................................7 PARTE II - Artigo científico desenvolvido na disciplina de TCC II......................21 PARTE III - Normas da revista a que o artigo será submetido ............................35 7 PARTE I - Projeto do Trabalho de Conclusão de Curso desenvolvido na disciplina de TCC I 8 UNIVERSIDADADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE CURSO DE FARMÁCIA HELOÍSA SAVIATTO TONETTO ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DE UM ALIMENTO ELABORADO PARA PORTADORES DE DOENÇA CELÍACA CRICIÚMA, OUTUBRO DE 2009 9 UNIVERSIDADADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE CURSO DE FARMÁCIA HELOÍSA SAVIATTO TONETTO ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DE UM ALIMENTO ELABORADO PARA PORTADORES DE DOENÇA CELÍACA Projeto de Conclusão de Curso, apresentado para a obtenção do grau de Farmacêutica Generalista do Curso de Farmácia da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientadora: Profª. MSc. Juliana Lora CRICIÚMA, OUTUBRO DE 2009 10 1 INTRODUÇÃO A primeira descrição da Doença Celíaca (DC) foi feita no século II, onde o grego Aretaeus da Capadócia descreveu doentes com um determinado tipo de diarreia, usando o termo "Koiliakos" (aqueles que sofrem do intestino). Assim, supõe-se, que ele se referia àquela doença que em 1888, o médico inglês, Samuel Gee, denominaria como “afecção celíaca”, pois o mesmo achava que as farinhas poderiam ser as causadoras da moléstia (ACELBRA, 2009), cujas características eram: indigestão crônica encontrada em pessoas de todas as idades, geralmente se manifestava na infância, entre o primeiro e quinto ano de vida (ACELBRA, 2009). No entanto, em 1950, durante a 2ª Guerra Mundial, a ligação com a ingestão do glúten foi estabelecida por um pediatra holandês, Dicke, que diante do racionamento de alimentos, observou que houve melhoria na condição das crianças com DC, e somente reincidiu após a ingestão de cereais, assim, Dicke associou este fato, com o baixo consumo da dieta em cereais (ACELBRA, 2009). Mais tarde, Charlotte Anderson, demonstrou por trabalhos laboratoriais, que o trigo e o centeio continham a substância causadora da doença: o Glúten (ACELBRA, 2009). O glúten é a principal proteína presente nos seguintes cereais: trigo, centeio, aveia, cevada e no malte (subproduto da cevada) (ACELBRA, 2009; ACELBRA-SC, 2009; FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE GASTROENTEROLOGIA, 2004; FENACELBRA, 2009; HAY, 2007; SEM GLÚTEN, 2009; SILVA et al., 2006). Possui em sua estrutura química uma fração tóxica que é responsável pela lesão intestinal, e que é específica para cada cereal: no trigo é a gliadina (ACELBRA, 2009; SEM glúten, 2009; TIETZ et al., 2008), no centeio é a secalina, na cevada é a hordeína e na aveia a avenina (ACELBRA, 2009). A DC é uma intolerância permanente a fração tóxica do glúten (NASCIMENTO et al., 2007), caracteriza-se por má absorção generalizada de alimentos (RUBIN & FARBER, 2002), ou seja, atrofia total ou subtotal da mucosa do intestino delgado proximal (ANCONA LOPEZ & BRASIL, 2004; CASTRO & COELHO, 2004). Pode ser também conhecida como espru celíaco (SILVA et al., 2006), espru não tropical, enteropatia glúten-induzida, enteropatia glúten-sensível (MAHAN & ESCOTT-STUMP, 2005; RUBIN & FARBER, 2002), esteatorréia idiopática ou 11 espru idiopático (CASTRO & COELHO, 2004; FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE GASTROENTEROLOGIA, 2004). Esta enfermidade acomete pessoas de qualquer idade e de ambos os sexos, predominando o feminino. É considerada uma doença de âmbito mundial por acometer indivíduos de vários países (CASTRO & COELHO, 2004; FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE GASTROENTEROLOGIA, 2004; NASCIMENTO et al., 2007; SILVA et al., 2006). O paciente apresenta sinais e sintomas devido à exposição ao glúten (STERN et al., 2007), que podem ser observados a qualquer momento (RUBIN & FARBER, 2002), geralmente, apresentam sintomas como diarreia crônica, esteatorreia, redução ponderal (SILVA et al., 2006; STERN et al., 2007), neuropatia periférica, ataxia, infertilidade, ulcerações aftosas da boca, língua inflamada, fraqueza generalizada, artrite (HAY, 2007), flatulência, vômitos, irritabilidade, depressão, anorexia ou aumento do apetite, aumento ponderal, déficit de crescimento, distensão abdominal, diminuição do tecido celular subcutâneo (SILVA et al., 2006). Em casos graves, podem ocorrer síndrome de deficiência vitamínica (STERN et al., 2007) e deficiência de ferro (HAY, 2007). Para diagnosticar a DC são feitas avaliações clínicas, laboratoriais e histológicas, sendo que os testes sorológicos são altamente sensíveis e específicos, mas é realizado um diagnóstico final utilizando a biópsia da mucosa do intestino delgado (MAHAN & ESCOTT-STUMP, 2005; NASCIMENTO et al., 2007). O tratamento da DC é basicamente dietético, ou seja, o paciente evita utilizar produtos que contenham glúten (CASTRO & COELHO, 2004; HAY, 2007; NASCIMENTO et al., 2007). Ao iniciar uma dieta sem glúten, o processo auto-imune decai e a mucosa intestinal volta ao normal na maioria das vezes, com isso, muitos pacientes sentem atenuar, já nas primeiras semanas, os principais sintomas clínicos; todavia, algumas pessoas necessitam de um maior período para obter a máxima recuperação (MAHAN & ESCOTT-STUMP, 2005; NASCIMENTO et al., 2007; SILVA, et al. 2006; STERN et al., 2007). A dieta deve atender as necessidades nutricionais de acordo com a idade (ANCONA LOPEZ & BRASIL, 2004). Medicamentos são utilizados apenas para correção de carências (vitaminas, sais minerais e proteínas) (MAHAN & ESCOTTSTUMP, 2005), como coadjuvantes para facilitar a digestão de gorduras (enzimas 12 pancreáticas) e para tratamento de infecções concomitantes (antimicrobianos) (CASTRO & COELHO, 2004). Uma dieta isenta de glúten requer a leitura meticulosa dos rótulos de todos os produtos alimentícios, bulas de medicamentos, a fim de identificar a presença de glúten nos mesmos (MAHAN & ESCOTT-STUMP, 2005; SILVA et al., 2006). Se o paciente, por muitas vezes, iniciou e parou uma dieta sem glúten, ele pode atingir um estado no qual não responderá mais à dieta (MAHAN & ESCOTTSTUMP, 2005). Analisando a importância do tratamento dietético como fator fundamental para a melhora clínica da DC, o presente estudo tem como finalidade a análise da composição centesimal de um alimento destinado aos portadores de DC. 13 2 OBJETIVO 2.1 Objetivo Geral Analisar a composição centesimal de um alimento sem glúten, destinado aos portadores de Doença Celíaca. 2.2 Objetivos Específicos • Determinar o teor de macronutrientes presentes no alimento; • Determinar o valor energético fornecido pelo alimento. 14 3 METODOLOGIA 3.1 Amostra A amostra será elaborada pelos graduandos do Curso de Nutrição, no Laboratório de Técnica Dietética e Tecnologia dos Alimentos da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), localizada em Criciúma – Santa Catarina. Previamente às análises, a amostra será preparada através dos processos de moagem, mistura e quarteamento. Após ser moída e misturada, a amostra passará pelo método de quarteamento, onde a mesma será posta, homogeneamente, sobre uma folha de papel, até formar um quadrado, este será dividido em partes iguais, onde duas partes opostas, na diagonal, serão descartadas e as outras duas serão reunidas. Será feito novamente o quarteamento até a amostra obter um tamanho desejado (CECCHI, 2003). Para cada nutriente analisado, será realizada a técnica em triplicata. 3.2 Determinação da composição centesimal 3.2.1 Umidade A determinação de umidade será realizada pela técnica de secagem gravimétrica a 105°C. Este método tem como fundamen to a temperatura de ebulição da água. A 105ºC a água evapora, restando o resíduo seco (este possuirá peso constante). A diferença da amostra inicial para este resíduo seco é igual a quantidade de água presente na amostra (CECCHI, 2003). 15 3.2.2 Cinzas A determinação de cinzas será realizada pelo método por incineração, onde o material orgânico será carbonizado em uma mufla, a 550ºC, restando apenas os minerais, sendo que estes constituem as cinzas (SILVA & QUEIROZ, 2002). 3.2.3 Determinação de fibras A fibra bruta representa o resíduo das substâncias das paredes celulares. Assim, a determinação de fibras será realizada pelo método de Hernemberger que visa simular “in vitro” o processo da digestão “in vivo”. Esta técnica consta fundamentalmente de uma digestão em meio ácido, seguida por uma digestão em meio alcalino. Com estes tratamentos, removem-se as proteínas, os açúcares, o amido, a hemicelulose e as pectinas, ficando como resíduo apenas a celulose e a lignina que são insolúveis em ácido, além do material mineral (MORETTO, 2002). 3.2.4 Determinação de lipídeos A determinação de lipídeos será realizada através do método de Soxhelt, este método consiste em um processo contínuo de extração, utilizando éter etílico como solvente, uma vez que o lipídeo é solúvel nesta substância (CECCHI, 2003). 16 3.2.5 Determinação de proteínas A determinação de proteína será realizada pelo método Kjeldahl, o qual consiste na quantificação de nitrogênio presente na amostra, sendo convertido em proteína pelo fator de conversão que é específico para cada alimento. Deste modo, determina-se o nitrogênio porque a proteína é o único nutriente que o contém (CECCHI, 2003). 3.2.6 Determinação de carboidratos Na análise da composição nutricional de alimentos o valor de carboidrato será obtido somando-se os resultados encontrados em porcentagem de proteínas, cinzas, água, lipídeos e fibras subtraídas de 100 (CECCHI, 2003; MORETTO, 2002). 3.2.7 Valor energético O valor energético dos alimentos é medido em unidades do calor chamadas de calorias. Uma caloria é a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de um grama de água em um grau centígrado (de 14, 5°C para 15,5°C). Uma quilocaloria (Kcal ou Cal) é equivalente a 103 calorias, e é comumente utilizada para expressar os valores energéticos dos alimentos (GAVA, 1984). O cálculo do valor energético será realizado a partir dos componentes produtores de energia, ou seja, os lipídeos, as proteínas e os carboidratos disponíveis nos alimentos. Essa energia é expressa em Kilocalorias, os valores são calculados utilizando os fatores de conversão de 4Kcal/g para as proteínas e para os carboidratos, e 9Kcal/g para os lipídeos. 17 4 CRONOGRAMA Tabela 1: Atividades realizadas no ano de 2009. Atividade/Mês Ago Set Out Nov Dez Pesquisa bibliográfica X X X Elaboração do projeto de TCC X X X X Entrega do projeto de TCC X Pesquisa X X Tratamento dos dados X X Elaboração do relatório final X X Revisão do texto X X Entrega do TCCII Defesa do TCCII X X 18 5 ORÇAMENTO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC Laboratórios de Ensino da Área da Saúde (LAS) ATIVIDADE PRÁTICA - TCC Número: LAS - 18 TIPO: Formulário Interno APLICAÇÃO: LAS APROVADO: Síntia DATA: 17/07/2008 REVISÃO Nº 01 DATA: 26/03/2009 Pesquisador: Heloísa Saviatto Tonetto Telefone: (48) 9616-9467 Curso: Farmácia Orientador: Juliana Lora Telefone: (48) 9984-2793 Título do Experimento: Análise centesimal de uma refeição para paciente celíaco Objetivos: Analisar a composição centesimal de uma refeição para paciente celíaco Data de Início: Outubro/2009 Horário: A combinar Data de Encerramento: Novembro/2009 Quantidade Solicitada 100 mL 200 mL 300 mL 875 mL 140 mL 100 mL 1 1 1 1 1 1 3 3 1 3 3 1 400 mL 400 mL 1 875 mL 300 mL 10 mL 50 g 1 3 und 3 Descrição: Equipamentos, Materiais e Reagentes Acetona Ácido bórico 4% Ácido clorídrico 0,1N Ácido sulfúrico 1,25% Ácido sulfúrico puro Água Álcool etílico Aparelho de Kejdahl Aparelho Soxhlet Balança analítica Balança analítica Béquer (600 mL) Bureta Cadinho de porcelana Cartucho Dessecador Elernmeyer (250 mL) Espátula Estufa Éter anidro Éter de petróleo Filtro a vácuo Funil de Buchner Hidróxido de sódio 1,25% Hidróxido de sódio 40% Indicador misto Mistura digestora para proteína Mufla Papel siltro Pinça Aprovação do Curso: Assinatura do Orientador: Assinatura do Pesquisador: PROCEDIMENTO INTERNO DO LAS Recebido em: Viabilidade Laboratorial: Assinatura/Supervisor(a) de Laboratório: Valor 1,28 0,18 0,0104 19,90 3,20 0,84 34,88 10,72 12,23 1,6 0,076 2,47 0,75 TOTAL: 88,14 Data: Data: / / / / 19 6 REFERÊNCIAS ACELBRA (Associação dos Celíacos do Brasil). Disponível em: <http://www.acelbra.org.br/2004/index.php>. Acesso em: 20/08/2009. ACELBRA-SC (Associação dos Celíacos de Santa Catarina). Disponível em: <http://www.acelbra-sc.org.br>. Acesso em: 20/08/2009 ANCONA LOPEZ, F.; BRASIL, A. L. D.. Nutrição e dietética em clínica pediátrica. São Paulo: Atheneu, 2004. CASTRO, L. P.; COELHO, L. G. V.. Gastroenterologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 2 v. CECCHI, H. M.. Fundamentos teóricos e práticos em análise de alimentos. 2. ed. São Paulo: Editora da Unicamp, 2003. FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE GASTROENTEROLOGIA. Condutas em gastroenterologia. São Paulo: Revinter, 2004. FENACELBRA (Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil). Disponível em: <http://www.doencaceliaca.com.br>. Acesso em: 23/08/2009. GAVA, Altanir J. Princípios de tecnologia de alimentos. São Paulo: Nobel, 1984. HAY, D. W. Blue book, manual prático indispensável: doenças gastrointestinais. Rio de Janeiro: Revinter, 2007. MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S.. Krause, alimentos, nutrição & dietoterapia. 11. ed. São Paulo: Roca, 2005. MORETTO, E. Introdução à ciência de alimentos. Florianópolis: UFSC, 2002. NASCIMENTO, A. R. S.; ESTEVES, A. C.; MELLO, C. A.. Caracterização da doença celíaca com ênfase no seu tratamento nutricional. Nutrição em Pauta, São Paulo, v.15, n.87, p.46-50, nov/dez. 2007. 20 RUBIN, E.; FARBER, J. L. Patologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. SEM GLÚTEN. Doença celíaca. Disponível em: <http://www.semgluten.com.br/html/celiaca.htm>. Acesso em: 20/08/2009. SILVA, A. P. A.; CORRADI, G. A.; ZAMBERLAN, P.. Manual de dietas hospitalares em pediatria: guia de conduta nutricional. São Paulo: Atheneu, 2006. SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. de. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3. ed. Viçosa: UFV, 2002. STERN, S. D. C.; CIFU, A. S.; ALTKORN, D.. Do sintoma ao diagnóstico: um guia baseado em evidências. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. TIETZ, N. W.; BURTIS, C. A.; ASHWOOD, E. R.; BRUNS, D. E.. Tietz: fundamentos de química clínica. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 21 PARTE II - Artigo científico desenvolvido na disciplina de TCC II ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DE BISCOITO, ISENTO DE GLÚTEN, PARA PORTADORES DE DOENÇA CELÍACA Heloísa SAVIATTO TONETTO1 Departamento de Farmácia Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC 88930-000, Turvo, Santa Catarina, Brasil E-mail: [email protected] Juliana LORA2 Departamento de Farmácia Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC 88802-250, Criciúma, Santa Catarina, Brasil E-mail: [email protected] Autor responsável: H. S. Tonetto. E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO O glúten é a principal proteína presente em cereais como: o trigo, o centeio, a aveia, a cevada e o malte (subproduto da cevada) (Federação Brasileira de Gastroenterologia, 2004; Hay, 2007; Silva et al., 2006). Possui em sua estrutura química uma fração tóxica que é responsável pela lesão intestinal, e que é específica para cada cereal, sendo que no trigo é a gliadina (Tietz et al., 2008), no centeio é a secalina, na cevada é a hordeína e na aveia a avenina (Federação Brasileira de Gastroenterologia, 2004). A Doença Celíaca (DC) é uma enfermidade intestinal inflamatória crônica (Guimarães, 2006), gerada pela intolerância permanente à fração tóxica do glúten (Ancona Lopez & Brasil, 2004; Nascimento et al., 2007). Caracteriza-se por má absorção generalizada de alimentos em indivíduos geneticamente susceptíveis (Rubin & 23 Farber, 2002), causando atrofia parcial ou total da mucosa do intestino delgado proximal, destes pacientes (Ancona Lopez & Brasil, 2004; Castro & Coelho, 2004). Pode ser também conhecida como espru celíaco (Silva et al., 2006), espru não tropical, enteropatia glúten-induzida, enteropatia glúten-sensível (Mahan & EscottStump, 2005; Rubin & Farber, 2002), esteatorreia idiopática ou espru idiopático (Castro & Coelho, 2004; Federação Brasileira de Gastroenterologia, 2004). É considerada uma doença de âmbito mundial, pois acomete indivíduos de vários países (Castro & Coelho, 2004; Catassi, 2005; Federação Brasileira de Gastroenterologia, 2004; Nascimento et al., 2007). No Brasil, especificamente, dentre os que habitam nas regiões Sul e Sudeste, uma significativa parcela destes habitantes possuem ancestrais europeus. Sendo que, os descendentes de italianos são cada vez mais acometidos, já que estes consomem elevada quantidade de carboidratos, como massas, e consequentemente glúten, desta forma, o intestino não consegue absorver tanta fração tóxica e há o desenvolvimento da DC em adultos (Alencar, 2007). Os indivíduos acometidos pela DC são de ambos os sexos (Silva et al., 2006), qualquer idade, predominando o sexo feminino, tanto em séries pediátricas como em adultos. Sua manifestação pode iniciar na infância, geralmente, na época de lactação, onde o lactente é alimentado com cereais que contenham glúten (Castro & Coelho, 2004; Hay, 2007; Mahan & Escott-Stump, 2005; Rubin & Farber, 2002). Na fase adulta, a DC pode aparecer devido a cirurgia gastrintestinal, estresse, gravidez ou infecção viral (Castro & Coelho, 2004; Mahan & Escott-Stump, 2005). Os sinais e sintomas podem estar relacionados a fatores ambientais, pela ingestão de glúten, a fatores imunológicos, por alterações da imunidade celular e humoral, e a fatores genéticos, por acometer pessoas predispostas a esta enfermidade 24 (Ancona Lopez & Brasil, 2004; Castro & Coelho, 2004; Rubin & Farber, 2002; Silva et al., 2006). Esses podem ser considerados típicos ou atípicos e envolver, ou não, o trato gastrointestinal (Guimarães, 2006). Quanto à forma típica, os pacientes podem apresentar diarreia crônica (com fezes gordurosas, volumosas e fétidas), anorexia, distensão abdominal, dor abdominal, baixo ganho de peso ou perda de peso, hipotrofia muscular, vômitos, palidez e edema (Hill et al., 2005 apud Guimarães, 2006), ulcerações aftosas da boca, língua inflamada, fraqueza generalizada (Hay, 2007), flatulência e vômitos (Silva et al., 2006). A forma atípica caracteriza-se pelo predomínio de manifestações extraintestinais, como: anemia (por deficiência de ferro e folato), aumento de transaminases, hipoprotrombinemia (baixa absorção de vitamina K), osteodistrofia (baixa absorção de vitamina D), alterações do esmalte dentário, baixa estatura isolada, atraso puberal, infertilidade, osteoporose, manifestações neurológicas (epilepsia, ataxia, neuropatia periférica), artrites, abortos, estomatites decorrentes (Green, 2003 apud Guimarães, 2006), irritabilidade e depressão (Silva et al., 2006). Há uma manifestação rara da doença que se chama crise celíaca. Esta ocorre em pacientes gravemente doentes e, caracteriza-se por diarreia aquosa e explosiva, expressiva distensão abdominal, desidratação, hipotensão, letargia, hipoproteinemia, edema e distúrbios eletrolíticos (Chand & Mihas, 2006 apud Guimarães, 2006). A DC pode estar também associada à outras doenças e ser descoberta através do rastreamento de grupos considerados de risco, sendo estes: pacientes com diabetes tipo I, síndrome de Down, deficiência de IgA, tireodite autoimune, doença hepática crônica, como a cirrose biliar primária (Green, 2003 apud Guimarães, 2006), dermatite herpetiforme (DH), que é a doença de maior relação à DC. Estudos 25 demonstram que mais de 90% dos pacientes com DH apresentam enteropatia do intestino delgado, o mesmo da DC (Guimarães, 2006). Para diagnosticar a DC são feitas avaliações clínicas, laboratoriais e histológicas e, algumas vezes são realizados estudos genéticos. Referente aos testes sorológicos, estes possibilitam rastrear os grupos de risco, fazer o diagnóstico de formas clinicamente atípicas e silenciosas de DC, dos casos assintomáticos e o monitoramento da aderência à dieta isenta de glúten. Apesar dos testes sorológicos serem altamente sensíveis e específicos, é realizado um diagnóstico final utilizando a biópsia da mucosa do intestino delgado (Guimarães, 2006; Mahan & Escott-Stump, 2005). Esta deve ser associada a outros achados, pois, na biopsia é analisado se há presença dos achados clássicos de atrofia vilositária e hiperplasia de criptas, que são as características da doença, porém, tais achados também são encontrados em outras patologias que acometem o intestino delgado (como a alergia à proteína do leite de vaca ou de soja, parasitoses intestinais, desnutrição) (Shamir, 2003 apud Guimarães, 2006). Ao realizar o diagnóstico da doença, pode ocorrer dificuldade, pois o paciente apresenta ampla variedade de sinais e sintomas que podem ser observados a qualquer momento (Guimarães, 2006; Rubin & Farber, 2002). Quanto ao tratamento da DC, este é basicamente dietético, ou seja, o paciente deve evitar utilizar produtos que contenham glúten por toda a vida (Ancona Lopez & Brasil, 2004; Castro & Coelho, 2004; Hay, 2007; Mahan & Scott, 2007 apud Nascimento et al., 2007). Ao aderir à dieta o processo auto-imune decai e a mucosa intestinal volta ao normal, na maioria das vezes. Com isso, muitos pacientes sentem atenuar, já nas primeiras semanas, os principais sintomas clínicos. Todavia, algumas pessoas necessitam de um período maior, meses a anos, para obter a máxima recuperação (Mahan & Escott-Stump, 2005; Silva et al., 2006; Stern et al., 2007). 26 A dieta deve atender as necessidades nutricionais de acordo com a idade (Ancona Lopez & Brasil, 2004). Medicamentos são utilizados apenas para correção de carências (vitaminas, sais minerais e proteínas) (Castro & Coelho, 2004; Mahan & Escott-Stump, 2005), como coadjuvantes para facilitar a digestão de gorduras (enzimas pancreáticas) e para tratamento de infecções concomitantes (antimicrobianos) (Castro & Coelho, 2004). A dieta é o principal tratamento da DC, entretanto há baixa disponibilidade de produtos isentos de glúten no mercado. E ainda, esses produtos devem conter as informações nutricionais, conforme estabelece a RDC nº 360 da ANVISA de 2003 (Brasil, 2003b), além destas também serem necessárias para que o profissional nutricionista possa elaborar a dieta do paciente. Diante desses fatos, o presente estudo teve como finalidade a análise da composição centesimal de biscoito, isento de glúten, destinado aos pacientes celíacos, além de determinar os teores de macronutrientes presentes no biscoito e o valor calórico ingerido em uma porção do referido biscoito. 27 METODOLOGIA Amostra A amostra foi elaborada por graduandos do Curso de Nutrição, no Laboratório de Técnica Dietética e Tecnologia dos Alimentos da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), localizada em Criciúma – Santa Catarina. A mesma, foi adaptada às necessidades do paciente, sendo que a farinha de trigo, por conter glúten, foi substituída por creme de arroz e amido de milho. Assim, a amostra teve como ingredientes: ½ xícara ou 80g de creme de amendoim, 1 ovo (56g), ½ xícara ou 100g de açúcar, ¾ xícara ou 98g de amido de milho, ¾ xícara ou 116g de creme de arroz e 1 colher de chá ou 4g de fermento químico. A preparação do biscoito, com base na receita estipulada, resultou em 21 biscoitos, tendo como média do peso unitário o valor de 18g. Previamente às análises, realizadas em triplicata, a amostra passou pelos processos de moagem e mistura seguida de quarteamento. Determinação da composição centesimal Para determinar a composição centesimal, analisaram-se os teores dos seguintes parâmetros: umidade, determinada através de secagem gravimétrica a 105°C (Cecchi, 2003); cinza, determinada pelo método por incineração a 550ºC (Silva & Queiroz, 2002); fibra bruta, determinada pelo método de Hernemberger (Moretto, 2002); lipídeo, determinado através do método de Soxhelt; proteína, determinada pelo método de Kjeldahl (Cecchi, 2003); carboidrato, determinado através do somatório de 28 todos os valores encontrados, subtraídos de 100 (Cecchi, 2003; Moretto, 2002); e o valor energético (expresso em Kilocalorias), onde os valores foram calculados utilizando os fatores de conversão de 4Kcal/g para as proteínas e os carboidratos, e 9Kcal/g para os lipídeos. Análise estatística Para cada nutriente analisado, fez-se uma média e desvio padrão dos valores encontrados. 29 RESULTADOS E DISCUSSÃO O produto analisado trata de uma formulação desenvolvida pelos acadêmicos do Curso de Nutrição da UNESC. Por esse motivo, não se encontrou um produto similar na literatura tampouco industrializado, para que fosse possível a comparação dos valores obtidos na análise. Optou-se então, em realizar a composição centesimal teórica do biscoito, para que fosse possível essa comparação. Para elaborar a composição centesimal teórica, analisou-se na literatura a composição centesimal de cada ingrediente, quando não foi possível encontrar essas informações por este meio, adquiriu-se através do rótulo do ingrediente. Com essa composição centesimal e a partir da quantidade utilizada desses ingredientes na receita, calculou-se a quantidade de nutrientes contida em 30 e 100g do biscoito. Sendo foi escolhido 30g por ser a porção utilizada para alimentos tipo biscoitos, de acordo com a RDC nº 359 da ANVISA de 2003 (Brasil, 2003a). Os valores obtidos estão dispostos na tabela 1. Tabela 1: Composição centesimal do biscoito, dos nutrientes presentes em cada ingrediente. PARÂMETROS Valor calórico (Kcal) Carboidrato Proteína Lipídeo Umidade Cinza Fibra formada pela somatória da quantidade %* 403,5 65 6,4 13,43 13,5 0,63 0,26 PORÇÃO (30g) 121,05 19,5 1,92 4,03 4,05 0,19 0,08 * Valores baseados nos rótulos dos ingredientes e na TACO, 2006. Os valores obtidos na análise da composição centesimal do biscoito, isento de glúten, bem como para a porção de 30g do mesmo, estão dispostos na tabela 2. 30 Tabela 2: Valores da determinação da composição centesimal do biscoito, isento de glúten, encontrados nas análises realizadas. VALORES ENCONTRADOS PARÂMETROS NAS ANÁLISES DO BISCOITO PORÇÃO (30g) SEM GLÚTEN (%) Valor calórico (Kcal) 442,22 132,67 Carboidrato 68 20,4 Proteína 7,5 ± 1,29 2,25 Lipídeo 15,58 ± 0,57 4,67 Umidade 8,31 ± 0,25 2,49 Cinza 0,7 ± 0,41 0,21 Fibra 0±0 0 Comparando as tabelas 1 e 2, pode-se observar que: o biscoito analisado possui maior valor calórico (diferença de 38,72%), maior quantidade de carboidrato (diferença de 3%) e lipídeo (diferença de 1,58%), e menor quantidade de água (diferença de 4,94%) e fibra (diferença de 0,26%); e não houve diferença significativa quanto ao teor protéico e resíduo mineral. Com relação à diferença de umidade, esta ocorreu pelo fato de que o biscoito foi assado, isto gerou perda de água por evaporação. E não há como estipular a sua exata redução uma vez que o tempo e temperatura de assamento podem variar de um equipamento para outro. Consequentemente, o lipídeo apresentou-se de forma concentrada no produto, resultando assim em aumento de sua porcentagem quando comparados com os ingredientes ainda no seu estado natural, sem serem submetidos ao aquecimento. Por este motivo também, pode-se dizer que o valor energético e do carboidrato, automaticamente apresentaram diferença, uma vez que suas determinações (realizadas através de cálculos) foram dependentes do teor de umidade. Na determinação das fibras observou-se a sua ausência no produto. Já no levantamento teórico, se encontrou presente apenas no creme de arroz. De acordo com Coultate (2004), as fibras são classificadas em solúveis e insolúveis em água. A metodologia utilizada neste estudo considera apenas a presença de substâncias 31 insolúveis. Outras metodologias, como, por exemplo, o método enzimático, tem a capacidade de determinar a fibra dietética, solúvel e insolúvel. Este fato poderia justificar a diferença de valores encontrados. Deve-se salientar que por este biscoito, além de outros produtos destinados para portadores de doença celíaca, não conter fibras trará consequências negativas para os consumidores, como constipação (Lopes & Victoria, 2008; Maffei, 2004), assim faz-se necessário mais pesquisas para aprimorar a composição desse biscoito e assim incluir fibras. Vale ressaltar que este alimento vem como uma opção para pessoas portadoras da DC, pois, nenhum de seus ingredientes apresentou o elemento glúten (Silva et al., 2006), não levando em consideração os demais nutrientes. 32 CONSIDERAÇÕES FINAIS O biscoito analisado mostrou ser uma alternativa para pacientes celíacos, por ser isento de glúten. Sendo que o principal tratamento da DC é a dieta isenta de glúten, desta forma, fazem-se necessárias mais pesquisas para que seja possível avaliar a composição dos alimentos e, assim, elaborar mais produtos alimentícios que contenham qualidade nutricional, para deste modo gerar mais opções e com isso, facilitar a adesão à dieta. Essas pesquisas devem ser realizadas interdisciplinarmente, ou seja, por se tratar de um assunto amplo, envolve desde o médico (na realização do diagnóstico), o farmacêutico (no auxílio do tratamento, bem como na elaboração de alimentos industrializados), o nutricionista (o qual analisa a composição do alimento, através da composição centesimal, para elaborar a dieta do paciente) e o psicólogo (que faz aconselhamentos necessários ao paciente). 33 REFERÊNCIAS ALENCAR, M. L.. Estudo da prevalência da doença celíaca em doadores de sangue na cidade de São Paulo. 2007. 80 f. Tese (Doutorado em Medicina). 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