Transformação de similaridade Relembrando bases e representações, nós dissemos que dada uma base {q1, q2, ..., qn} no espaço real ndimensional, qualquer vetor deste espaço pode ser escrito como: x = α1q1 + α 2q 2 + ... + α n q n . α 1 M = x Q Ou na forma matricial α n Onde q1, q2, ...qn são as colunas de Q e o vetor ~ x = [α1 α 2 ... α n ]′ é dito ser a representação de x com respeito a base {q1,q2...qn}. Note entretanto que x pode ser uma coluna de uma matriz. Assim, se fizermos isto para cada coluna poderíamos representar toda a matriz em relação a base Q. Considere a equação: Ax = y; A : ℜn → ℜn (6) com a relação a base {q1, q2 ...qn} a equação (6) se torna: Ax = y (7) onde x e y são as representações de x e y com respeito a base {q1, q2 ...qn}, assim: x = Qx e y = Q y (8) Substituindo (8) em (6) temos: AQx = Qy (9) Como Q é uma matriz nxn não singular, ela adimite inversa. Multiplicando ambos membros de (9) pela inversa de Q à direita: Q −1 AQx = y (10) Substituindo (7) em (10): −1 Q AQx = Ax A = Q −1 AQ ou A = QAQ −1 A e A são ditas matrizes semelhantes. __________ Seja um vetor b nx1 tal que os n vetores b, Ab, A 2b..., A n −1b São LI e formam uma base. 2 n −1 = Q [ b Ab A b ... A b] Assim, tomando a representação da matriz A com respeito a base Q será: 0 1 0 −1 A = Q AQ = M 0 0 β1 β2 L 0 0 β3 L M M M L 1 0 β n −1 L 0 1 β n 0 L 0 0 0 L 0 0 1 M 0 0 Esta matriz é dita estar na forma companheira. Forma diagonal e forma de Jordan Uma matriz quadrada pode ter diferentes representações em relação a diferentes base. Nesta seção é introduzida uma base particular de modo que a representação da matriz seja diagonal ou bloco diagonal. Definição 5 Seja A uma matriz nxn . O escalar λ em C é chamado autovalor de A se existe um vetor x diferente de zero tal que Ax=λx. O vetor x é um autovetor (direito) de A associado ao autovalor λ. De Ax =λx, obtemos: λx-Ax=0 (λI –A)x=0 (11) onde I é a matriz identidade nxn. Se [λI-A] é não singular a única solução para (11) é x=0. Para (11) ter uma solução x não nula a matriz [λI-A] precisa ser singular, ou seja, ter determinante zero. Assim, λ é um autovalor de A se for uma solução de ∆(λ) = det(λI-A)=0 ∆(λ) é um polinômio mônico de grau n e é chamado de polinômio característico de A. − 3 − 4 Ex 6: Seja A = 5 5 λ + 3 4 ∆(λ ) = det(λI − A) = det − λ − 5 5 = (λ + 3)(λ − 5) + 20 = λ2 − 2λ + 5 2 ∆ λ = λ − 2λ + 5 é o polinômio característico ( ) Então, de A e suas raízes, λ=1+2i e λ=1-2i, são os autovalores de A. Note que os autovalores são complexos embora a matriz A seja real. Não há restrições para este fato. As matrizes 0 1 A= 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 −α4 − α 3 −α2 − α1 − α1 − α 2 − α 3 − α 4 1 0 0 0 B= 0 1 0 0 0 1 0 0 bem como A’ e B’ tem o seguinte polinômio característico: ∆(λ ) = λ4 + α1λ3 + α 2 λ2 + α 3λ + α 4 Estas matrizes podem facilmente ser formadas a partir dos coeficientes de ∆(λ); são formas companheiras. Autovalores distintos ou não levam à algumas implicações. Caso1 – Todos autovalores são distintos Seja qi um autovetor de A associado com λi, ou seja, Aqi = λiqi. O conjunto {qi} i=1,2...,n é LI e forma uma base. Assim se tomarmos uma matriz Q=[q1 q2 ...qn] e a utilizarmos para aplicar uma transformação de similaridade em A, como: 0 λ1 λ 2 ˆ = Q −1AQ = A O λn 0 temos que  será uma matriz diagonal com os λis na diagonal. Teorema 4 Todas matrizes semelhantes tem os mesmos autovalores. Corolário: Todas matrizes semelhantes tem os mesmos traços e determinantes. Caso 2 –Os autovalores não são todos distintos Neste caso nem sempre é possível encontrar uma representação diagonal da matriz. Forma de Jordan Caso uma matriz nxn não possa ser diagonalizada devido a impossibilidade de se encontrar n autovetores LI, ainda é possível se encontrar um conjunto especial de vetores que formam uma base para a representação na forma canônica de Jordan. Ex 7: uma matriz 4x4 com λ1 com multiplicidade 3 e λ2 com multiplicidade 1, pode ter as seguintes formas de Jordan: 0 0 λ1 1 0 λ1 1 λ1 0 λ 1 0 0 λ λ 1 1 1 ou ou 0 0 λ1 λ1 λ1 λ2 λ2 λ2 0 0 0 As matrizes são bloco diagonal e a forma que será considerada depende das características de A. Voltaremos a este assunto mais na frente. Funções de uma matriz quadrada Seja A uma matriz quadrada então: A k = A A ...A (k termos) e A 0 = I Seja f(λ) um polinômio de grau finito: f (λ ) = λn + α1λn −1 + ... + α n −1λ + α n então f ( Α) = A n + α1A n −1 + ... + α n −1A + α n I ˆ Q −1 com A ˆ na forma canônica de Jordan. Seja A = QA Então : ˆ )Q −1 ou f ( A ˆ ) = Q −1 f ( A)Q f ( A ) = Qf ( A k A A1 0 k 1 Se A = então = A 0 A 2 0 A1 e A 2 quadradas 0 k A2 O polinômio mínimo de uma matriz quadrada é o polinômio mônico ψ(λ) de mais baixo grau tal que ψ(A)=0 onde 0 é a matriz nula nxn. - Matrizes semelhantes tem o mesmo polinômio mínimo. Sejam λ1, λ2 ... λm autovalores distintos de A com multiplicidades n1, n2 ... nm respectivamente. Então o polinômio de A é: ∆(λ ) = det(λI − A) = (λ − λ1 ) n1 (λ − λ2 ) n2 ...(λ − λm ) nm n1 > n2 ... nm Definição 5 A maior ordem dos blocos de Jordan associados com um autovalor λi é chamado índice de λi em A e é denotado por ni , assim o polinômio mínimo se A é: m ψ (λ ) = Π (λ − λi ) ni i =1 Se uma matriz quadrada tem os polinômios característico e mínimo respectivamente: ∆ (λ ) = (λ − λ1 ) (λ − λ2 ) ... (λ − λr ) nr ψ (λ ) = (λ − λ1 ) (λ − λ2 ) ...(λ − λr ) mr n1 m1 n2 m2 onde λi são escalares distintos. Para cada λi os blocos de Jordan correspondentes Jij tem as seguintes propriedades: (1) Existe ao menos um Jij de ordem mi os outros Jij são de ordem menor ou igual a mi. (2) 0 no. dos Jij associados a cada λi é igual a multiplicidade geométrica dos λi (no. de autovetores independentes correspondentes a λi ). Ex 8: Seja a matriz A 7x7 cujos polinômios característicos e mínimo são: ∆(λ ) = (λ − 2) 4 (λ − 3) 3 ψ (λ ) = (λ − 2) 2 (λ − 3) 2 Então a forma de Jordan é uma das seguintes matrizes: 2 1 2 1 0 2 0 2 2 1 2 ou 0 2 2 3 1 3 1 0 3 0 3 3 3 A primeira ocorre se A tem dois autovetores independentes associados ao autovalor 2. A segunda ocorre se A tem três autovetores independentes associados ao autovalor 2. Ex 9: Sejam as matrizes 3 3 3 1 3 1 0 3 3 1 3 1 0 0 3 1 0 0 3 1 elas tem o mesmo polinômio característico. ∆ (λ ) = (λ − 3) (λ − 1) 3 Entretanto tem os seguintes polinômios mínimos (λ − 3)(λ − 1); (λ − 3) 2 (λ − 1); (λ − 3) 3 (λ − 1) Verifique! A decomposição QR Toda matriz A mxn com m maior ou igual a n pode ser fatorada no produto de uma matriz Q com colunas ortonormais pôr uma matriz triangular superior a direita R. O produto A=QR é a decomposição QR de A. Se A for quadrada, então Q é ortogonal. (A′ = A −1 ) A decomposição QR resulta do processo de GramSchmidt, ou seja as colunas de Q são obtidas a partir das colunas de A pôr ortonormalização. Obtenção de QR usando transf. de Householder Seja A1 nxn Passo 1: Fazer uK = [Ak(k,k) Ak(k+1,k) ... Ak(n,k)]’, onde uk é a k-ésima coluna de Ak tomada da linha k até a linha n. Passo 2: Obter xk = [Ak(k,k)+||uk|| Ak(k+1,k) ... Ak(n,k)]’ Passo 3: Obter a transformação de Householder Hk = Ik − 2 xk xk′ xk 2 onde Ik é a matriz identidade (n+1-k) x (n+1-k). Passo 4: Montar a matriz I k Pk = 0 0 H k onde Ik é a matriz identidade (k-1) x (k-1). Passo 5: Calcular Ak+1= Pk Ak . Voltar ao passo 1 e repetir o processo para k até... n-1. Neste ponto An deverá ser triangular superior. Assim, Q=P1P2Pn-1 e R = An A1 = Q’ R O algoritmo QR O algoritmo QR é um processo para determinar todos autovalores de uma matriz real A. Obtém-se a decomposição QR de modo que: Ak = Qk Rk e depois inverte-se a ordem do produto para obter: Ak+1 = Rk Qk Cada Ak é semelhante ao antecessor e tem os mesmos autovalores. Geralmente converge para uma forma triangular superior com os a.vs. na diagonal. O processo será acelerado se A for inicialmente reduzida à forma de Hessenberg. Exercícios para casa 13) Considere a matriz 0 A = 1 0 0 0 1 0 2 1 a) Obter o polinômio característico. b) Determinar os autovalores. c) Determinar Q tal que D = inv(Q)AQ seja uma matriz diagonal. d) Verificar no matlab os comandos poly(A), eig(A) e [q,d]=eig(A). Qual a diferença entre a matriz Q calculada em (c) e a matriz q determinada pelo MATLAB? 14) Mostrar que: a) o zero é um autovalor de A se e só se A for singular. b) AB e BA tem os mesmos autovalores. A e B quadradas. c) se A é inversível e se λ é um a.v. de A então 1/λ é um a.v. de da inversa de A. 15) Mostre que: a) O determinante de uma matriz quadrada é igual ao produto dos autovalores. b) que seu traço é soma dos a.vs. 16) Dadas as matrizes A e B abaixo colocá-las na forma diagonal. Se não for possível, colocar na forma de Jordan. (obs: Usar o conceito de pol. Mínimo). 1 − 3 3 A = 3 − 5 3 6 − 6 4 − 3 1 − 1 B = − 7 5 − 1 − 6 6 − 2 17) Considere a matriz 10 6 − 6 − 2 6 11 − 6 − 3 A= 8 8 − 4 − 4 3 6 5 −6 Obter a decomposição QR de A utilizando: a) Gram-Schmidt b) Householder Determine os autovalores de A utilizando o algoritmo QR: c) na matriz A diretamente; d) inicialmente reduzindo A à forma de Hessenberg. Compare o número de iterações necessárias aos dois casos. Obs. Utilize o comando [QR] =qr(A) do MATLAB para obter as decomposições QR durante o processo.