XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" A OFERTA E A ESTRUTURA DE DEMANDA DE FATORES DE PRODUÇÃO DA SOJICULTURA BRASILEIRA: O MODELO DA FUNÇÃO LUCRO TRANSLOG KARLIN SAORI ISHII; MAURÍCIO JORGE PINTO DE SOUZA; JOAQUIM BENTO DE SOUZA FERREIRA FILHO. ESALQ/USP, PIRACICABA, SP, BRASIL. [email protected] APRESENTAÇÃO ORAL ADMINISTRAÇÃO RURAL E GESTÃO DO AGRONEGÓCIO A OFERTA E A ESTRUTURA DE DEMANDA DE FATORES DE PRODUÇÃO DA SOJICULTURA BRASILEIRA: O MODELO DA FUNÇÃO LUCRO TRANSLOG Grupo de Pesquisa: Administração Rural e Gestão do Agronegócio Resumo O agronegócio brasileiro vem se consolidando como um setor estratégico para a economia nacional e a cadeia produtiva da soja é um dos setores mais avançados deste setor. Neste contexto, o presente trabalho objetiva identificar a estrutura de demanda por insumos e de oferta de soja e as possibilidades de substituição dos fatores produtivos na sojicultura brasileira, através das elasticidades de demanda de fatores, elasticidades-preço cruzada medidas a partir da estimação de uma função lucro translog. Recupera-se também, informações sobre elasticidades na função custo, a partir daí, calculando-se as elasticidades de substituição de Allen e Morishima. Para tanto, foram estimadas por SUR (seemingly unrelated regression) uma função lucro translog normalizada e restrita (terra e capital como insumos fixos) com as parcelas de demanda referentes a químicos, trabalho, operações com máquinas e sementes. A base de dados utilizada no trabalho foi obtida em Conte (2006) e consiste em 213 observações de produtores de soja convencional e transgênica das regiões sul e centro-oeste. Os resultados mostram significativa sensibilidade da oferta de soja e da demanda por insumos no longo prazo. Ademais, medidos na função lucro todos os insumos são complementares brutos na produção de soja. 1 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" No entanto, quando a elasticidade de substituição é medida na função custo e pelos diferentes conceitos de elasticidades de substituição os insumos apresentam uma relação de substituibilidade. Palavras-chaves: soja, função lucro translog, elasticidades de substituição Abstract The aim of this paper is to identify the input demand structure in the soybean production sector in Brazil, as well as the input substitution possibilities in the activity. The SUR method was used to estimate a translog profit function, normalized and restricted (with land and capital as fixed inputs) and the factor shares chemicals, labor, machine services and seeds. Informations about the cost function are also derived, which allows the estimates of the Allen and Morishima’s elasticities of substitution. The database used was obtained in a field survey by Conte (2006) consisting of 213 observations of both genetically modified and conventional soybean fields in the Brazilian South and CenterWest regions. The results show a significant sensibility of soybean supply and input demand in the long run. Measured in the profit function all inputs are gross complements, while all of them appear as substitutes when evaluated on the cost function. The paper analyzes the nature and implication of these relationships, and their importance for the soybean production structure in Brazil. Key Words: soybean, translog profit function, elasticities of substitution 1. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, o agronegócio brasileiro vem se consolidando como um setor estratégico para a economia nacional. Segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA/CEPEA, 2003), o PIB global do agronegócio brasileiro em 2004 foi da ordem de R$ 533,98 bilhões, o que representa 30,07% do PIB nacional. O Brasil é um dos líderes mundiais na produção e exportação de vários produtos agropecuários, dentre eles a soja. A cadeia produtiva da soja é um dos setores mais avançados do agronegócio brasileiro. Nos últimos anos, vem apresentando safras com grande volume de produção, o qual é destinado ao mercado internacional e também é industrializado por esmagadoras instaladas no País. Impulsionada por ganhos de produtividade e pela valorização no mercado exterior, a oleaginosa ofuscou as demais culturas (GOMES, 2005). De acordo com dados do IBGE, a soja expandiu seu cultivo em 8,6 milhões de hectares de 1999 para 2004 (passando de 13 milhões para 21,6 milhões de hectares, respectivamente). Em termos de exportação, a soja se encontra entre as principais commodities exportadas pelo Brasil. Em 2005, o país exportou 22,43 milhões de toneladas de soja em grão, 14,49 milhões de toneladas de farelo de soja e 2,69 milhões de toneladas de óleo bruto e refinado (CONAB, 2006), o que representa aproximadamente US$ 710 milhões e 13,23% do valor exportado pelo agronegócio brasileiro (SECEX/MDIC, 2006). Outro ponto a ser destacado é que a produção de soja no Brasil apresenta algumas diferenças regionais. Conte (2006) realizou uma pesquisa de campo no período de agosto a dezembro de 2005, para o levantamento de dados do sistema de produção de soja em grãos no Brasil, referentes à safra 2004/20051. A autora verificou que enquanto na região Sul há uma predominância de áreas de terra inferiores a 500 hectares, na região Centro-Oeste existe um predomínio das grandes propriedades. Por exemplo, no estado do Mato Grosso, 1 Os dados desta pesquisa serão utilizados no presente trabalho. 2 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" 93,1% das propriedades entrevistadas possuem área total acima de 1.000 ha. Ademais, na região Sul do país existe uma maior diversificação das atividades agropecuárias por parte dos produtores entrevistados. Por outro lado, na região Centro-Oeste esta diversificação é menor, concentrando-se na bovinocultura de corte e produção de milho (CONTE, 2006). No que se refere à tecnologia de produção de soja, a autora observou que, no Rio Grande do Sul, 98,7% dos entrevistados utilizaram apenas soja geneticamente modificada. Nos estados amostrados do Centro-Oeste e no Paraná houve o predomínio do uso de soja convencional. Para Gomes (2005), no Rio grande do Sul, com o cultivo de soja geneticamente modificada ocorreu uma simplificação no padrão de uso dos produtos empregados no controle de ervas daninhas após a semeadura, enquanto nos demais estados prevaleceram os herbicidas com características distintas para controle de ervas daninhas (GOMES, 2005). Assim, o presente trabalho tem por objetivo identificar a estrutura de demanda por fatores e de oferta de soja e as possibilidades de substituição dos fatores produtivos na sojicultura brasileira, através das elasticidades de demanda de fatores, elasticidades preçocruzada e de diferentes tipos de elasticidades de substituição, recuperados a partir da estimação de uma função lucro translog. O trabalho está dividido em quatro partes, sendo esta introdução a primeira delas. Em seguida é apresentada a metodologia, que contém alguns aspectos teóricos a respeito da função lucro e da dualidade, a forma translog da função lucro e o modelo a ser estimado. A seção três contém os resultados das estimações e os cálculos das diversas elasticidades, e por fim são apresentadas algumas considerações. 2. REVISÃO DE LITERATURA A partir dos trabalhos de Lau e Yotopoulos (1971), McFadden (1978) e Diewert (1971), a utilização da função lucro translog para recuperar informações importantes do processo produtivo tem sido a estratégia de diversos autores. A seguir são apresentados alguns trabalhos que utilizam esta abordagem. Kohli (1978) utiliza a função lucro translog restrita e normalizada para estimar a demanda por importações e a oferta de exportações do Canadá. Para tanto, utiliza como variáveis: importação, exportação, bens de investimento e bens de consumo. A razão capital-trabalho é mantida fixa e adicionalmente, o autor, inclui uma variável tempo. A partir dos resultados, o autor verifica que exportação, bens de investimento e bens de consumo são substitutos no processo produtivo. Além disso, exportação e bens de investimento são intensivos em bens importáveis. Sidhu e Baanante (1981) estimam as funções demanda por insumos e a oferta de trigo na Índia usando uma função lucro translog, utilizando-se dados do período 19701971. Como insumos variáveis, os autores consideraram trabalho, fertilizantes e tração animal, e como insumos fixos terra, capital físico e sistema de irrigação. Adicionam-se a estes insumos fixos variáveis referentes à composição do solo e a escolaridade. A partir dos resultados, os autores rejeitam a hipótese de a tecnologia ser do tipo Cobb-Douglas. E quanto às elasticidades, um dos resultados é que expansões do preço da maquinaria reduzem a demanda por tração animal e contribuem positivamente para a oferta de produtos. Uma das análises feita para um insumo fixo indica que o aumento na média da escolaridade da família influencia positivamente os insumos bem como a oferta de trigo. Antle (1984) utilizou uma função lucro translog para estudar a estrutura tecnológica da agricultura dos Estados Unidos com dados do período 1910 a 1978. O autor estima as 3 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" funções demanda por insumos, a elasticidade do produto e testa as hipóteses de homoteticidade e mudança técnica viesada. Os insumos considerados foram terra, trabalho, maquinário e químicos. A variável tempo foi incluída visando mensurar mudança técnica viesada. Algumas dummies foram utilizadas para caracterizar períodos. Em seu resultado o autor rejeita as hipóteses de homoteticidade e de mudança técnica neutra. No entanto, a direção do viés da mudança técnica é diferente nos períodos anterior e posterior a segunda guerra. Ademais, a tecnologia agregada da agricultura no pós-guerra é marcada pela baixa elasticidade tanto da demanda por insumos quanto da oferta de produto. (ANTLE, 1894) Sharma (2002) investiga as relações de substituibilidade e complementaridade através da elasticidade de Morishima calculadas a partir da estimação de uma função lucro translog multi-produto. A equação foi estimada para os Estados Unidos com dados referentes ao período 1974 a 1995. Bens importados e mão-de-obra foram considerados insumos variáveis enquanto o capital foi considerado fixo. Nos resultados todos os insumos apresentaram relação de substituição no conceito de Morishima e o autor conclui que um aumento no preço das importações vai resultar na substituição entre trabalho e capital (SHARMA, 2002). Neste ponto, vale a pena ressaltar que não foram encontrados na literatura brasileira trabalhos que utilizem a função lucro translog, sendo o presente estudo um esforço neste sentido. 3. METODOLOGIA 3.1 REFERENCIAL TEÓRICO O referencial teórico deste estudo está baseado na relação dual existente entre a função de produção e a função lucro. Conforme demonstrado por McFadden (1978) e Lau (1976), a dualidade permite que informações importantes do processo produtivo possam ser estudadas usando a função lucro. De acordo com Chambers (1988), a função lucro é uma representação matemática da solução do problema de otimização dos agentes econômicos, neste caso, de maximização do lucro. Por definição, a função lucro é expressa em termos do preço do produto e dos preços dos insumos. π ( p , w ) = max {pf ( x ) − w ⋅ x } x≥0 (1) em que p é o preço do produto, w o vetor de preços dos insumos, x o vetor de quantidades dos insumos, e f(x) representa a tecnologia. A função π ( p, w) é não decrescente no preço do produto e não crescente nos preços dos insumos. Ademais, π ( p, w) é linearmente homogênea e convexa em seus argumentos (Chambers, 1988). Pelo lema de Hotelling, diferenciando π ( p, w) com relação ao preço de um insumo obtêm-se a respectiva função demanda por fatores de lucro máximo: 4 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" xi ( p , w) = − ∂π ( p, w) ∂wi ∀i, (2) De forma análoga, a função oferta pode ser obtida diferenciando a função lucro com relação ao preço do produto: ∂π ( p, w) (3) ∂p na qual xi ( p, w) e y ( p, w) são as respectivas quantidades maximizadoras de lucro. Como π ( p, w) é linearmente homogênea em todos os seus argumentos, a oferta e a demanda derivadas são homogêneas de grau zero em p e w; em outras palavras, somente mudanças nos preços relativos afetam as curvas de oferta e demanda. A convexidade de π ( p, w) implica que a função oferta é não decrescente em p, ou seja, ∂y ( p, w) / ∂p ≥ 0 , e que a função demanda por insumo é negativamente inclinada, ∂x i ( p, w) / ∂wi ≤ 0 . Chambers (1988) mostra que a demanda por fatores de lucro máximo é igual à demanda de custo mínimo requerida para produzir a oferta de lucro máximo. Uma mudança no preço de um insumo causa dois ajustamentos distintos, um efeito substituição puro, avaliado ao longo de determinada isoquanta, e um movimento entre isoquantas, associado às mudanças no produto induzidas por modificações nos preços dos fatores. Na forma de elasticidades tem-se: y ( p, w) = ε ij ( p, w) = ε ij (w, y ) + ε yj ( p, w) ⋅ ε ip ( p, w) / ε yp ( p, w) (4) sendo: ∂ ln xi ( p, w) ∂ ln w j ∂ ln y ( p, w) ε yj ( p, w) = ∂ ln w j ε ij ( p, w) = ∂ ln x i ( p, w) ∂ ln p ∂ ln y ( p, w) ε yp ( p, w) = ∂ ln p ∂ ln xi (w, y ) ε ij (w, y ) = ∂ ln w j ε ip ( p, w) = Segundo Chambers (1988), a equação (4) é particularmente atraente, sob uma perspectiva empírica, pois permite utilizar a função lucro para recuperar informações com respeito às propriedades das funções demanda de mínimo custo. A partir destas informações, pode-se medir a substituibilidade dos insumos no processo produtivo através das elasticidades de substituição. (LAU, 1978) O conceito de elasticidade de substituição comporta interpretações distintas. Neste trabalho, serão estimados os conceitos de elasticidade de substituição de Allen e de 5 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Morishima. A elasticidade parcial de substituição de Allen ( σ ij ) é obtida, como demonstrado por Binswanger (1974), a partir da elasticidade de demanda para o insumo (i) de mínimo custo e a participação do insumo (j) no custo total ( c(w, y ) ). Assim, pode-se notar que os sinais observados em ε ij determinam a substituição ou complementaridade no conceito de Allen, dado que as parcelas são sempre positivas. σ ij = ε ij Sj Sj = onde wj ⋅ x j (5) c(w, y ) Ainda segundo Chambers (1988) pode-se definir a elasticidade de substituição de Morishima σ ijM em termos da função lucro por: ( ) σ ijM = ε ij ( p, w) − ε jj ( p, w) + ε yj ( p, w) ⋅ ε jp ( p, w) − ε yj ( p, w) ⋅ ε ip ( p, w) ε yp ( p, w) (6) Cabe destacar que a homogeneidade de grau zero em w das funções demanda de mínimo custo implica que ∑ ε ij (w, y ) = −ε jj (w, y ) . Somado a isso, a concavidade de i≠ j c(w, y ) implica ε jj (w, y ) ≤ 0 e, portanto ∑ ε (w, y ) ≥ 0 . Assim, um insumo não pode ser i≠ j ij complementar no conceito de Allen em relação a todos os outros insumos, sendo que isso também é válido para a elasticidade de Morishima. Outro ponto a ser destacado é que a elasticidade de Allen é simétrica, ou seja, σ ij = σ ji , enquanto que a elasticidade de Morishima não é. Finalmente, quando dois insumos são substitutos pelo conceito de Allen ( σ ij > 0), eles também são substitutos pelo conceito de Morishima σ ijM > 0 . Por outro lado, se os insumos são classificados como complementares no conceito de Allen, eles podem ser substitutos ou complementares na definição de Morishima, dependendo da magnitude dos efeitos cruzados e diretos. (CHAMBERS, 1988) A partir da equação (4), Chambers (1988) apresenta o conceito de substituibilidade bruta. Sob a maximização de lucros, os insumos são considerados substitutos brutos, se: ( ) ∂x i ( p, w) ∂x j ( p, w) = ≥0 ∂w j ∂wi (7) Sob este conceito, os insumos podem ser substitutos ou complementares brutos independentemente de serem substitutos ou complementares na definição de Allen. Entretanto, a condição necessária para que dois insumos sejam complementares brutos quando eles são Allen substitutos é de que ambos sejam normais ou ambos inferiores. De forma semelhante, dois bens serão substitutos brutos e Allen complementares, se e somente se, um fator for normal e o outro inferior (Chambers, 1988). 3.2. A FUNÇÃO LUCRO TRANSLOG 6 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" O presente trabalho utiliza a forma funcional transcendental logarítmica (translog) para a estimativa da função lucro. A função translog é uma expansão através da série de Taylor de segunda ordem em torno do vetor unitário, e é descrita como: ln π = a 0 + a 1 ln p + ∑a 2 ln w i + 1 i 2∑ i ∑β ij ln w i ln w j + j ∑β i iy ln w i ln p + 1 β yy ln p ln p 2 A translog pertence à classe das formas funcionais flexíveis, não impondo restrições a priori à função de produção a ela associada. Em termos de suas limitações, a forma flexível do tipo translog permite que as condições de convexidade da função lucro sejam garantidas apenas localmente. As propriedades de linearidade homogênea e simetria são incorporadas ao sistema através da normalização da função lucro pelo preço do produto. Sendo assim, a função lucro translog normalizada derivada a partir dos estudos de Christensen, Jorgenson e Lau (1971 e 1973) é representada como: n ln π * = α 0 + ∑ α i ln wi* + i =1 m n m m 1 n n γ ih ln wi* ln wk* +∑ ∑ δ ik ln wi* ln z k + ∑ β k ln z k ∑ ∑ 2 i =1 h =1 i =1 k =1 k =1 m 1 + ∑ ∑ φ kj ln z k ln z j 2 k =1 j =1 (8) em que, como resultado da normalização, γ ih = γ hi para todo i e h e a função é homogênea de grau um nos preços dos fatores e do produto. A notação utilizada na equação é a seguinte: π * é o lucro restrito (total de receita menos os custos dos insumos variáveis normalizados pelo preço do produto Py ); wi* é o preço do insumo referente à variável X i normalizado pelo preço do produto Py ; z k é a quantidade do k-ésimo insumo fixo e α 0 , α i , γ ih , δ ik , β k e φ kj são os parâmetros. Se a função lucro (8) for diferenciada em ln wi* e ln Py , pelo lema de Hotelling, obtém-se a parcela do insumo variável no lucro restrito (2) e da oferta de produto no lucro restrito. Sidhu e Baanante (1981) definem S i como a parcela dos gastos do i-ésimo insumo no lucro restrito. n m wi* X i ∂ ln π * * = − = − S = α + γ ln w + δ ik ln z k ∑ ∑ i i ih h ∂ ln wi* π* h =1 k =1 Os autores também definem S v ≡ V* π * (9) como a razão entre a receita ( V * ) e o lucro n restrito π * . Porém, uma vez que S v − ∑ S i = 1 , a equação de oferta de produto pode ser i =1 ignorada (pois pode ser encontrada de forma residual). Assim, somente as equações dos insumos variáveis e a do lucro são utilizadas para a estimação econométrica. Como será discutido posteriormente, isso evita a singularidade da matriz de variância e covariância dos erros. Uma vez estimadas as equações (8) e (9), é fácil obter as elasticidades da demanda por insumos e da oferta de produto, pois as elasticidades são transformações lineares dos 7 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" parâmetros estimados da função lucro. Para que se possam deduzir as elasticidades, a equação (9) é reescrita em termos de X. Xi = π * ∂ ln π * − wi* ∂ ln wi* ou ainda, na forma logarítmica: ∂ ln π * * * ln X i = ln π − ln wi + ln − * ∂ ln w i (10) (11) A partir de (11), a elasticidade-preço direta da demanda pelo fator X i pode ser escrita como: ∂ ln X i ∂ ln π * ∂ ln ∂ ln π * − ηii = = −1+ (12) ∂ ln wi* ∂ ln wi* ∂ ln wi* ∂ ln wi* ou ainda: η ii = − S i − 1 − γ ii (13) Si A elasticidade-preço cruzada da demanda de X i com relação ao preço do insumo h ( wh ) também é obtida através da equação (11). ηih = ∂ ln X i ∂ ln π * ∂ ln ∂ ln π * − = + ∂ ln wh* ∂ ln wh* ∂ ln wh* ∂ ln wi* η ih = − S h − com i ≠ h . γ ih (14) (15) Si A elasticidade da demanda pelo insumo X i com relação ao preço do produto é obtida de forma semelhante. ∂ ln X i ∂ ln π * ∂ ln wi* ∂ ln ∂ ln π * − = − + (16) ηiy = ∂ ln Py ∂ ln Py ∂ ln Py ∂ ln Py ∂ ln wi* n γ ih ∂ ln π * ∂ ln wi* − ( − 1 ) − (−1) ∑ * i =1 ∂ ln wi ∂ ln Py h =1 S i em que i = 1,..., n e . n η iy = ∑ n n η iy = ∑ S h + 1 + ∑ (17) γ ih (18) Si A última elasticidade da demanda é em relação à quantidade de fatores fixos, obtida da seguinte forma: i =1 h =1 8 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" ηik = ∂ ln X i ∂ ln π * ∂ ln wi* ∂ ln = − + ∂ ln zk ∂ ln zk ∂ ln z k ∂ ln zk ∂ ln π * − * ∂ ln wi n m δ ik i =1 j =1 Si η ik = ∑ δ ik ln wi* + β k + ∑ φ kj ln z j − (19) (20) As elasticidades de oferta do produto, da mesma forma que as elasticidades de demanda, podem ser expressas como funções lineares dos parâmetros da função lucro restrita2. Pelo enfoque dual apresentado por Lau e Yotopoulos (1972, p.12), a equação de oferta pode ser obtida a partir de: n V = π + ∑ wi X i i =1 (21) com V = py . As estimativas das várias elasticidades de oferta podem ser derivadas dessa equação. Reescrevendo-na com o auxílio da equação de demanda: n ∂ ln π V = π + ∑ π − (22) i =1 ∂ ln wi ou: n ∂ ln π V = π 1 − ∑ (23) i =1 ∂ ln wi na forma logaritimizada e normalizada: n ∂ ln π * ln V * = ln π * + ln1 − ∑ (24) * i =1 ∂ ln wi Então, a elasticidade-preço direta da oferta ε vv é dada por: ε vv = ∂ ln V * ∂ ln π * ∂ ln = + ∂ ln Py ∂ ln Py ∂ ln Py n ∂ ln π * 1 − ∑ * i =1 ∂ ln wi (25) Ou, para o caso da função lucro translog, a equação pode ser reescrita como: ε vv n n γ ∑∑ n ∂ ln π * ∂ ln w* i i =1 h =1 ih =∑ . + * n ∂ ln Py i =1 ∂ ln wi 1 + Sh ∑ h =1 (26) ε vv n n ∑∑ γ ih n = ∑ S i + i =1 h =n1 i =1 1 + ∑ S h h =1 (27) 2 É comum representar a oferta apenas em termos do preço do produto, porém, como visto anteriormente o preço dos insumos também são argumentos da função oferta V ( p, w) . 9 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" A elasticidade de oferta ε vi com respeito ao preço do i-ésimo insumo variável é dado por: n ∂ ln V * ∂ ln π * ∂ ln ∂ ln π * ε vi = = + 1 − (28) ∑ ∂ ln wi* ∂ ln wi* ∂ ln wi* h =1 ∂ ln wh* em que i = h = 1,..., n. n ε vi = − S i − ∑γ h =1 hi n 1 + ∑ S h h =1 (29) E finalmente, a elasticidade da oferta de produto com relação a quantidade de insumo fixo zk é dada por: ∂ ln V * ∂ ln π * ∂ ln = = + ∂ ln z k ∂ ln z k ∂ ln z k n ∂ ln π * ε vk 1 − ∑ ∂ ln w* i h =1 n ∑ δ ik n m ε vk = ∑ δ ik ln wi* + β k + ∑ φ kj ln z j − i =1 n i =1 j =1 1 + ∑ S h h =1 (30) (31) A partir dos resultados estimados a significância dos valores obtidos para as elasticidades é avaliada pelos erros-padrões (s) para cada elasticidade, conforme definido por Binswanger (1974). s (β ij ) s (η ij ) = (32) Si t= η ij epηij (33) em que t é o valor da estatística t de Student. 3.3 MODELO ANALÍTICO Para a análise, consideram-se quatro fatores de produção variáveis, quais sejam, químicos (q), trabalho (l), operações com máquinas (m) e sementes (s) e wq* , wl* , wm* , ws* como seus respectivos preços normalizados pelo preço do produto. Além disso, S q , S l , S m e S s referem-se as parcelas dos gastos com os respectivos fatores de produção. Por se tratar de dados de corte seccional o fator terra (t) foi considerado como insumo fixo, com z t representando a quantidade de terra utilizada na produção. Outro fator mantido fixo no trabalho foi o custo do capital z cc , utilizado aqui como uma variável de controle. Optou-se 10 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" por fixar o custo do capital, uma vez que em várias observações constatou-se lucro negativo quando este era incluído no modelo na forma de custo variável. Uma das possíveis explicações para a ocorrência de lucros baixos ou lucros negativos poderia ser a ineficiência técnica e alocativa3. Como mencionado anteriormente, as parcelas S i e S v somam a unidade. Assim, segundo Greene (2000) o procedimento mais adequado para evitar o problema de singularidade da matriz de variância e covariância é suprimir uma das equações de parcelas. Optou-se por excluir a parcela de oferta S v , sendo que, como demonstrado anteriormente, seus parâmetros podem ser obtidos residualmente. Entretanto, cabe ressaltar que qualquer parcela poderia ser retirada da estimação, pois segundo Greene (2000), os parâmetros obtidos são invariantes em relação à equação a ser suprimida, desde que seja estimada pelo método de máxima verossimilhança. Assim, o sistema de equações a ser estimado pode ser representado por: 1 ln π * = α 0 + α q ln wq* + αl ln wl* + α m ln wm* + α s ln ws* + γ qq ln wq* ln wq* + 2 1 1 1 1 γ ll ln wl* ln wl* + γ mm ln wm* ln wm* + γ ss ln ws* ln ws* + γ ql ln wq* ln wl* + 2 2 2 2 1 1 1 1 γ qm ln wq* ln wm* + γ qs ln wq* ln ws* + γ lm ln wl* ln wm* + γ ls ln wl* ln ws* + 2 2 2 2 (34) 1 γ ms ln ws* ln ws* + δ qt ln wq* ln zt + δ lt ln wl* ln zt + δ mt ln wm* ln zt + δ st ln ws* ln zt + 2 δ qcc ln wq* ln zcc + δ lcc ln wl* ln zcc + δ mcc ln wm* ln zcc + δ scc ln ws* ln zcc + 1 2 1 2 1 2 βt ln zt + βcc ln zcc + φtt ln zt ln zt + φcccc ln zcc ln zcc + φcct ln zcc ln zt As parcelas para o modelo analítico são representadas da seguinte forma: wq* X q Sq = − = α q + γ qq ln wq* + γ qm ln wm* + γ ql ln wl* + γ qs ln ws* + * π δ qt ln z t + δ qcc ln z cc Sm = − wm* X m = α m + γ mq ln wq* + γ mm ln wm* + γ ml ln wl* + γ ms ln ws* + π δ mt ln z t + δ mcc ln z cc * (35) wl* X l = α l + γ lq ln wq* + γ lm ln wm* + γ ll ln wl* + γ ls ln ws* + π* δ lt ln z t + δ lcc ln z cc Sl = − 3 Segundo Ali e Flinn (1989), a função lucro combina o conceito de eficiência técnica e alocativa e erros de decisão relacionados aos insumos são os causadores dos baixos lucros ou dos lucros negativos. Sendo assim, a eficiência no lucro é definida como a habilidade de obter o maior lucro possível dados os preços e os níveis dos fatores fixos. E a ineficiência é definida como a perda de lucro por não operar na fronteira de produção. Para maiores detalhes sobre esse enfoque consultar também Huang (2000) e Mullineaux (1978). 11 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Ss = − ws* X s = α s + γ sq ln wq* + γ sm ln wm* + γ sl ln wl* + γ ss ln ws* + π δ st ln z t + δ scc ln z cc * O procedimento de estimação segue o descrito em Greene (2000), estimando-se conjuntamente a função lucro translog e as equações de parcelas de lucro como um sistema de “regressão multivariada”. Como os erros destas equações podem estar contemporaneamente correlacionados, o método utilizado na estimação deste sistema é o proposto por Zellner (1962) para equações aparentemente não-correlacionadas (Seemingly Unrelated Regression-SUR)4. Este procedimento também foi utilizado por Sidhu e Baanante (1981), Antle (1984), Sharma (2002) e Huang (2000). A estimação é realizada utilizando o SUR por máxima verossimilhança através do software STATA versão 9. 3.4 FONTE DE DADOS E VARIÁVEIS Os dados foram obtidos através de uma pesquisa de campo realizada por Conte (2006) no período de agosto a dezembro de 2005, para o levantamento de dados do sistema de produção de soja em grãos no Brasil, referentes à safra 2004/2005. A amostra da pesquisa é composta de 218 produtores das regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil5. A variável dependente lucro foi construída pela diferença entre receita e custo. Para o cálculo da receita, foram utilizados o preço de venda do produto por estado e a quantidade total produzida pelo produtor i em sacas. Para o custo de produção, foram considerados os custos variáveis incorridos desde o preparo do solo para o plantio até a colheita. Como visto, os insumos variáveis utilizados no trabalho foram químicos, mão de obra, operações com máquinas e sementes, com as quantidades de terra e capital mantidas fixas. As parcelas no lucro dos fatores de produção variáveis foram calculadas dividindose as despesas totais com cada um deles pelo lucro total da propriedade. Para o cálculo das elasticidades definidas na metodologia será utilizada a média aritmética de S i . Os preços dos fatores foram obtidos diretamente, através da pesquisa, ou pela razão entre a despesa com o fator e a quantidade utilizada do mesmo. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Como mencionado anteriormente, o fator de produção capital foi mantido fixo em virtude do número de propriedades que apresentaram lucro negativo quando este fator foi considerado variável. No entanto, mesmo após este procedimento, cinco propriedades continuaram a apresentar lucro negativo e, portanto, foram suprimidas da análise, restando desta forma 213 observações. Os parâmetros estimados para a função lucro translog e para 4 Segundo Zellner (1962), sob condições geralmente encontradas na prática, as estimativas dos coeficientes das regressões através de um sistema de equações são assintoticamente mais eficientes do que aquela obtida por mínimos quadrados para cada equação separadamente. 5 Para maiores detalhes sobre a pesquisa de campo, ver Conte (2006). 12 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" as equações de químicos, mão-de-obra, operações com máquinas e sementes são apresentados nas tabelas de 1 a 5 a seguir.6 TABELA 1 – Coeficientes estimado da Função lucro translog restrita normalizada para soja no Brasil ErroVariáveis Coeficiente padrão intercepto -17,7883c (9,98737) wq 7,846805a (2,465296) wl 0,452611 (0,91627) wm -0,73483 (1,69730) ws 1,030256 (1,167014) wqwq -0,556c (0,326324) wlwl 0,048384 (0,083999) wmwm 0,229654 (0,224966) wsws -0,19608 (0,18927) wqwl 0,221239 (0,291702) wqws -0,3515 (0,328085) wqwm 1,393933a (0,534833) wlws 0,004003 (0,132073) wlwm -0,03268 (0,224752) wmws 0,179256 (0,252086) t 0,011214 (0,789983) tt 0,009488 (0,06713) wqt 0,069469 (0,117296) wlt 0,027133 (0,044932) wmt -0,06988 (0,085018) wst -0,03155 (0,063496) cc 2,478208c (1,454392) cccc -0,10673 (0,127549) wqcc -0,68653a (0,222568) wlcc -0,0742 (0,080797) wmcc -0,08381 (0,136139) wscc -0,11931 (0,094944) tcc 0,123078 (0,161905) Fonte: Resultados da pesquisa a = significativo a 1%, b = significativo a 5% e c = significativo a 10%. TABELA 2 – Coeficientes estimados para a Parcela de químicos ( S q ) Intercepto wq wl wm ws t cc b c a 5,905853 1,916099 -0,161341 1,282666 1,543091 0,1715993 -0,5963404 (6,676568) (1,007841) (0,451599) (0,731595) (0,5234302) (0,407259) (0,6236472) Fonte: Resultados da pesquisa (erro-padrão entre parênteses) a = significativo a 1%, b = significativo a 5% e c = significativo a 10%. TABELA 3 – Coeficientes estimados para a Parcela de mão de obra ( S l ) 6 Este modelo considera soja convencional e transgênica como um mesmo produto. Diversos modelos alternativos com variáveis dummies foram utilizados para diferenciar estes produtos. No entanto, os resultados não apresentaram diferenças significativas. Isso se deve, em parte, ao fato das binárias captarem não apenas diferenças entre as sementes, mas também características regionais, visto que apenas o Rio Grande do Sul produz a soja transgênica. Assim, optou-se por utilizar o modelo mais parcimonioso. 13 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Intercepto wq wl wm ws t cc c a c b 0,390861 0,233873 0,200612 0,085427 0,138234 -0,1142 0,035919 (0,9748205) (0,147151) (0,065936) (0,106817) (0,0764241) (0,059462) (0,091056) Fonte: Resultados da pesquisa (erro-padrão entre parênteses) a = significativo a 1%, b = significativo a 5% e c = significativo a 10%. TABELA 4 – Coeficientes para a Parcela de Operações com máquinas ( S m ) Intercepto wq wl wm ws t cc c a a 1,491439 0,45399 -0,04561 0,605070 0,402345 0,0603533 -0,1593169 (1,657922) (0,250267) (0,112141) (0,1816693) (0,1299779) (0,1011303) (0,1548638) Fonte: Resultados da pesquisa (erro-padrão entre parênteses) a = significativo a 1%, b = significativo a 5% e c = significativo a 10%. TABELA 5 – Coeficientes estimados para a Parcela de Sementes ( S s ) Intercepto wq wl wm ws t cc 0,9486647 0,233192 -0,0306 0,154663 0,344645a 0,001492 -0,03874 (1,04971) (0,158456) (0,071002) (0,115024) (0,0822952) (0,064031) (0,098052) Fonte: Resultados da pesquisa (erro-padrão entre parênteses) a = significativo a 1%, b = significativo a 5% e c = significativo a 10%. O valor do teste Breusch-Pagan χ 2 =1404,976 evidencia a existência de correlação contemporânea entre as equações do modelo e reforça a justificativa apresentada por Greene (2000) de utilização do método SUR para modelos com essas características. A análise dos resultados parte do cálculo das elasticidades e de seu respectivo desvio padrão7. As elasticidades-preço diretas e elasticidades-preço cruzadas da demanda pelos insumos fornecem uma descrição da estrutura da demanda por fatores na produção da soja. Os valores das elasticidades são calculados a partir das estimativas dos parâmetros das equações de parcela de lucro. Como pode ser visto na tabela 6, a grande maioria das elasticidades calculadas foram estatisticamente significativas, exceto a elasticidade cruzada entre químicos e mãode-obra, entre operações com máquinas e mão-de-obra, entre sementes e mão-de-obra e a elasticidade do produto em relação ao preço da mão-de-obra. TABELA 6: Elasticidade de Oferta, Elasticidade-preço direta e Elasticidades-preço Cruzadas medidas na função lucro Preço da soja Qtde soja Qtde de químico Qtde da mão de obra Qtde de maquinário Qtde de 7 Preço de Preço da mão químico de obra Preço de maquinário Preço de sementes Terra (área) Capital 4.731a -2.483a -0.245 -1.081a -0.922a 2.795a 3.078a (1.111) (0.413) (0.185) (0.300) (0.214) (0.167) (0.255) a a -0.162 a a a 3.221a (1.565) (0.581) (0.260) (0.422) (0.302) (0.235) (0.360) a a a b a a 2.736a 6.430 6.372 -3.839 -2.652 (1.555) (0.577) a a 6.517 -2.609 -2.042 -1.259 -0.854 -1.171 -0.824 2.727 3.275 (0.259) (0.419) (0.300) (0.233) (0.357) -0.167 a a a 3.184a -2.685 -1.056 2.710 (1.298) (0.482) (0.216) (0.350) (0.250) (0.195) (0.298) 6.286a -2.564a -0.146 -1.069b -2.507a 2.821a 3.015a Para o cálculo do desvio padrão estimado utilizou-se a metodologia proposta por Binswanger (1974). 14 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" sementes (1.518) (0.564) (0.253) (0.409) (0.293) (0.228) (0.349) Fonte: Resultados da pesquisa (erro-padrão entre parênteses) a = significativo a 1%, b = significativo a 5% e c = significativo a 10%. De maneira geral, as elasticidades estimadas apresentaram valores elevados, o que é esperado quando se utiliza uma análise do tipo cross-section8. Segundo Pesaran e Smith (1995), a utilização de dados de corte seccional fornece estimativas consistentes de efeitos de longo prazo. A alta elasticidade estimada reflete, em parte, a variabilidade dos dados da amostra (BOWLES, 1970), que no caso do presente trabalho são caracterizados por diferenças regionais e tecnológicas. Para visualizar tais diferenças, a tabela 7 mostra a produtividade média obtida dentro de cada estado amostrado e por faixa de área plantada. Tabela 7: Produtividade média (sc/ha) por estado amostrado e por área plantada (ha) de soja. Área PR 0 ≤ 10 61.98 51.83 10 ≤ 50 49.06 50 ≤ 100 51.01 100 ≤ 500 51.97 500 ≤ 1000 48.35 1000 ≤ 5000 . 5000 ≤ 10000 > 10000 . Fonte: Resultados da pesquisa RS 45.00 45.05 43.77 45.14 48.67 . . . MS . . . 48.81 48.86 51.20 . . MT . . . . 55.80 56.03 52.57 51.60 GO . 44.00 53.33 53.11 49.17 50.00 47.00 . Pode-se observar que existe uma significativa diferença entre os níveis de produtividade tanto entre regiões como entre diferentes tamanhos de propriedade. Os maiores níveis de produtividade e área plantada foram observados no estado do Mato Grosso. E o oposto foi encontrado no Rio Grande do Sul, com as menores propriedades e os menores níveis de produtividade. Além disso, nas regiões caracterizadas por grande propriedade o preço pago pelos insumos é relativamente mais baixo, o que também confere significativa variabilidade à amostra. Como esperado, a elasticidade de oferta de soja é positiva e estatisticamente significativa, indicando uma significativa relação de longo prazo entre a quantidade produzida e preço do produto, enquanto que, as elasticidades-preço diretas da demanda por insumos são todas negativas, o que garante localmente a concavidade da função lucro em p e em w. Todas as elasticidades dos insumos em relação ao preço da soja apresentam sinal positivo indicando que estes insumos podem ser considerados normais em termos de produção, ou seja, um aumento na produção causa um aumento na demanda por todos os 8 Atkeson e Kehoe (1999) verificaram que as elasticidades de demanda estimadas em cross-section foram maiores que as estimadas utilizando dados de séries temporais. Pesaran e Smith (1995) e Bowles (1970) também justificam os altos valores de elasticidades estimadas como sendo inerentes a uma análise com dados cross-section. 15 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" insumos. Teoricamente, se determinado insumo é considerado normal, a elasticidade de oferta em relação ao preço do insumo deve ser negativa, ou como denotado por Chambers (1988) a oferta deve ser regressiva em termos do preço do insumo. Isso pode ser verificado nos resultados a partir do sinal negativo das elasticidades de oferta em relação ao preço do insumo ( ε vi ). Em outras palavras, um aumento no preço de qualquer um dos insumos variáveis tem efeito negativo, no longo prazo, sobre a produção de soja. Destaca-se a forte sensibilidade da oferta em relação ao preço dos químicos, o que pode ser explicada pela importância deste insumo na produção e sua significativa participação na estrutura de custos. Na amostra, o custo com químicos representa em média 60% do custo com os insumos considerados variáveis. No que tange aos insumos mantidos fixos, pode-se verificar que um aumento tanto da quantidade de terra, quanto um aumento no capital tem efeitos positivos sobre a oferta de soja e, de modo semelhante, a elevação na quantidade destes insumos implica a necessidade de aumentos na quantidade demandada dos insumos variáveis, visto que estas variáveis estão relacionadas a aumentos da capacidade de produção da propriedade. Antes de proceder à análise das elasticidades-preço diretas e elasticidades-preço cruzadas da demanda, cabe lembrar que estes valores referem-se a elasticidades no conceito bruto, ou seja, medidos em termos da função lucro. Como mostrado na equação (4), estas elasticidades apresentam embutidos dois componentes distintos, um efeito substituição puro, avaliado ao longo da isoquanta, e um movimento entre isoquantas, associado a mudanças na quantidade de produto induzidas por mudanças nos preços dos fatores. Como mencionado anteriormente, todas as elasticidades-preço diretas das demandas por insumos apresentam sinal negativo como teoricamente previsto. Ademais, destaca-se a sensibilidade de longo prazo da demanda por químicos a variações no seu preço ( η qq = −3,839 ). Os demais insumos apresentaram elasticidades-preço diretas próximas a 2,5 indicando também significativa sensibilidade da demanda pelos mesmos. No que se refere às elasticidades-preço cruzadas, pode-se verificar que todos os insumos variáveis apresentaram relação de complementaridade entre si na produção, ou seja, um aumento no preço de um insumo causa uma redução na quantidade utilizada dos demais. Assim, uma elevação do preço da soja, implicaria aumentos de produção no longo prazo, o que por sua vez, só seria possível se a quantidade de todos os insumos aumentasse. Esta análise fica mais completa quando adicionamos as elasticidades-preço diretas e elasticidades-preço cruzadas medidas na função custo indireta (elasticidade de demanda derivada), recuperadas a partir da equação (4) e apresentadas na tabela 8. TABELA 8: Elasticidade de demanda derivada estimadas com base na Função Custo Preço de químico Qtde de químico Qtde da mão de obra Qtde de maquinário Qtde de sementes Preço da mão de obra Preço de maquinário Preço de sementes -0.464 0.171 0.210 0.082 0.693 -1.712 0.601 0.418 0.812 0.171 -1.196 0.214 0.180 0.367 -1.282 0.736 Fonte: Resultados da pesquisa 16 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" De modo semelhante, as elasticidades-preço diretas medidas na função custo indireta apresentaram sinal negativo, garantindo a concavidade da função custo. Além disso, como pode ser verificada na tabela 8, a soma das elasticidades é igual à zero, em conformidade com o grau de homogeneidade zero das funções demanda. No entanto, diferentemente do caso da função lucro, as elasticidades-preço cruzadas para todos os insumos apresentaram sinais positivos, o que implica a relação de substituibilidade entre os fatores de produção. Assim, quando o nível de produção é mantido constante, é necessária alguma substituição entre os insumos quando o preço de um fator de produção varia. Notase que as elasticidades apresentam valores menores que 1% refletindo a dificuldade de se substituir os insumos na produção de soja brasileira. Isso também foi verificado por Parré e Ferreira Filho (1998), que analisaram a tecnologia na produção de soja no estado de São Paulo através da estimação de uma função Custo Tranlog a partir de dados relativos ao período 1974-1997. Esses autores argumentam que por ser uma cultura geralmente de grandes áreas, altamente mecanizada e dependente de defensivos, praticamente inexistem sistemas de produção alternativos ou equivalentes. Desta forma, quando o efeito da variação no preço dos insumos sobre o nível de produção é considerado (caso da função lucro), a relação entre os insumos passa a ser de complementaridade. Intuitivamente, para se aumentar a produção de soja é necessário aumentar a quantidade de todos os insumos. Teoricamente, dois insumos só podem ser complementares brutos dado que são substitutos quando medidos na função custo, se e somente se, os efeitos de mudanças na oferta induzidas por mudanças nos preços dos fatores são maiores que os efeitos de substituição puro, avaliado ao longo da isoquanta e se estes insumos forem ambos normais ou ambos inferiores. Como visto neste caso, todos os insumos são considerados normais. Assim, o aumento no preço do insumo j, causa um aumento da quantidade demandada do insumo i (efeito substituição puro). Adicionalmente, esse aumento causa uma redução no produto o que por sua vez causa uma redução na quantidade demandada de i, pois este insumo é normal. No presente caso, este segundo efeito é maior que o primeiro o que implica, em termos brutos, que aumento no preço do insumo j tem efeito negativo sobre o insumo i, o que caracteriza a complementaridade. Isso poderia ser decorrência do fato de não existirem sistemas de produção substitutos ou equivalentes para a soja. TABELA 9: Elasticidade de Substituição de Allen Qtde de químico Qtde da mão de obra Qtde de maquinário Qtde de sementes Preço de químico Preço da mão de obra Preço de maquinário Preço de sementes -0.761 1.579 1.123 0.870 -15.778 3.212 4.415 -6.392 2.257 -13.536 Fonte: Resultados da pesquisa A tabela 9 apresenta as elasticidades de Substituição de Allen, calculadas a partir dos valores apresentados da tabela 8 e das médias amostrais das parcelas de custo, quais sejam: S q = 0,61 , S m = 0,19 , S s = 0,09 e S l = 0,11 . Como mencionado na metodologia, as elasticidades de Allen guardam os mesmos sinais das elasticidades-preço diretas e elasticidades-preço cruzadas observadas na função custo, porém apresentam simetria, visto que são divididas pelas respectivas parcelas no custo. Assim, no conceito de Allen todos os 17 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" insumos variáveis são substitutos entre si na sojicultura brasileira. A tabela 10 apresenta o cálculo das elasticidades de Morishima para os fatores de produção considerados variáveis na análise. TABELA 10: Elasticidade de Substituição de Morishima Preço de químico Preço da mão de obra Preço de maquinário Preço de sementes 0 1.883 1.406 1.364 1.156 0 1.797 1.700 1.276 1.883 0 1.496 1.200 Fonte: Resultados da pesquisa 1.892 1.563 0 Qtde de químico Qtde da mão de obra Qtde de maquinário Qtde de sementes Como todos os insumos são substitutos no conceito de Allen, estes também apresentam a relação de substituição no conceito de Morishima. Esse resultado também corrobora os encontrados por Parré e Ferreira Filho (1998). A elasticidade de Morishima mede como varia a razão das quantidades dos insumos quando o preço de um insumo varia. Dessa forma, um aumento no preço das sementes aumenta a razão químicos/sementes em 1,364%, visto que reduz a demanda por sementes e aumenta a demanda por químicos. Por outro lado, um aumento de 1% no preço dos insumos químicos utilizados na produção de soja, aumenta a relação sementes/químicos em 1,2%. Esse aumento na quantidade de sementes talvez seja a estratégia para garantir um stand satisfatório em face de uma redução esperada na utilização de químicos. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo do presente trabalho foi utilizar a função lucro translog para recuperar informações sobre estrutura de demanda e de oferta e as possibilidades de substituição dos fatores produtivos na sojicultura brasileira. Por se tratar de uma análise com dados cross section, as elasticidades de oferta de soja e também as de demanda por insumos apresentaram valores elevados, dado a variabilidade da amostra, e refletem relações de longo prazo entre as variáveis consideradas. Adicionalmente, os resultados mostram que uma variação positiva na quantidade de terra e de capital, insumos mantidos fixos, beneficiaria a produção. Quando as elasticidades preços-cruzada da demanda são medidas a partir da função lucro, todos os insumos apresentam certo grau de complementaridade. Já quando estas elasticidades são medidas na função custo, todos os insumos apresentam relação de substituibilidade. Esse resultado é justificado pelo fato de todos os insumos serem considerados normais na produção e o efeito substituição puro, avaliado ao longo da isoquanta, é menor que os movimentos entre isoquantas. Como decorrência teórica da substituibilidade entre todos os insumos quando medidos em termos da função custo indireta, essa substituição também é verificada nos conceitos de Allen e Morishima. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALI, M ; FLINN, J.C. Profit Efficiency among Basmati Rice Producers in Pakistan Punjab. American Journal of Agricultural Economics, Malden, v. 71, N. 2, p. 303-310 Maio, 1989. 18 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" ANTLE, J.M. The structure of U.S. Agricultural Technology, 1910-78. American Journal of Agricultural Economics, Malden, v. 66, N. 4, p. 414-421, novembro, 1984. ATKESON, A.; KEHOE, P.J. Models of Energy Use: Putty-Putty versus Putty-Clay. The American Economic Review, v. 89, n. 4, p. 1028-1043, setembro, 1999. BINSWANGER, H.P. 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