1 Traumatismo Cranioencefálico: Fisioterapêutica Aspectos Clínicos e Abordagem Traumatic Brain Injury: Clinical Aspect and Physiotherapeutic Treatment Joanita Coelho de Figueiredo1, Letícia Lopes Caetano2, Randolph Max de Miranda Magalhães Filho3, Sabrina Gomes de Morais4. 1-Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade Vale Valadares- MG. E-mail: [email protected] 2-Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade Vale Valadares- MG. E-mail: [email protected] 3-Acadêmico do curso de Fisioterapia da Universidade Vale Valadares- MG. E-mail: [email protected] 4-Orientadora Professora Especialista da Universidade Vale Valadares – MG. E-mail: [email protected] do Rio Doce (UNIVALE) – Governador do Rio Doce (UNIVALE) – Governador do Rio Doce (UNIVALE) – Governador do Rio Doce (UNIVALE) – Governador RESUMO: No conjunto de lesões decorrentes de causas externas, o Traumatismo Cranioencefálico (TCE) destaca-se em termos de magnitude e, sobretudo como causa de morte e incapacidade. Por ano, cerca de 1,5 milhões de pessoas morrem e centenas de milhões requerem tratamento emergencial em todo o mundo devido ao TCE. O objetivo deste estudo foi revisar os aspectos clínicos e as formas de tratamento fisioterapêutico em indivíduos acometidos por TCE. Trata-se de uma revisão de literatura sobre o tema. Foi realizado levantamento bibliográfico de 1996 a 2009, tendo como referência artigos dispostos nas bases de dados BIREME, LILACS, SciELO, MEDLINE, Google acadêmico, Google acadêmico español e pesquisa em livros da área disponíveis na Biblioteca da UNIVALE. Foram analisados os aspectos gerais epidemiológicos, o diagnóstico e prognóstico, a classificação e fisiopatologia e o tratamento pré-hospitalar, intra-hospitalar e ambulatorial. Por meio da análise dos artigos, identificou-se o TCE como um dos principais responsáveis por elevadas taxas de letalidade e seqüelas em todo mundo, acometendo principalmente indivíduos jovens e previamente sadios. O tratamento fisioterapêutico deve ser realizado de forma a manter estável o quadro clínico do paciente e prevenir complicações pulmonares, favorecendo o retorno deste indivíduo a sociedade, tornando-o mais funcional e independente para realizar suas Atividades de Vida Diária (AVD’s) e para o trabalho. São necessárias ações preventivas e o aprimoramento no atendimento primário de vítimas de TCE e há necessidade de elaboração de estudos experimentais de tratamento fisioterapêutico com maior numero de sujeitos. Palavras-chave: Traumatismo cranioencefálico. Tratamento clínico. Fisioterapia. Reabilitação. ABSTRACT: With in the numbers of injuries resulting from external causes, Traumatic Brain Injury (TBI) stands out in terms of magnitude and, in particular, as motive of death and disability. Every year, about 1.5 million people die and other hundreds of millions require emergency treatment throughout the world due to TBI. This study aimed to review clinical aspects and forms of physiotherapy treatment in individuals affected by TBI. This is a literature review on the subject. It was accomplished with literature from 1996 to 2009, with in reference to articles prepared in databases BIREME, LILACS, SciELO, MEDLINE, Academic Google, Google Spanish and research into books available in the UNIVALE Library. Was analyzed the general aspects of epidemiology, diagnosis and prognosis, classification and pathophysiology and treatment pre-hospital, in-hospital and outpatient care. Through analysis of the articles, we identified the TBI as the main responsible for the high rates of mortality and sequel in the world, mainly affecting young individuals and previously healthy. The physiotherapy treatment must be performed to avoid maintaining a stable clinical condition of the patient and preventing pulmonary complications,make the individual more functional and independent to perform their Daily Life Activities (DLA’s) and work, contributing to improve the quality of life. It’s necessary to have preventive actions and improve in primary care for TBI victims and there is more need for development of experimental studies of physiotherapy treatments with a higher number of subjects. Keywords: Traumatic brain injury. Clinical treatment. Phisiotherapy. Rehabilitation. 2 GUTIÉRREZ, KOIZUMI, 1998; SILVA et al., 1.0 INTRODUÇÃO 2008; HORA, SOUSA, 2005). O Traumatismo Cranioencefálico (TCE) é Estima-se que nos Estados Unidos, caracterizado como um insulto ao cérebro, ocorram aproximadamente 500 mil novos casos causado por uma força externa, que pode de TCE por ano. Destes, 50 mil morrem antes de produzir ou chegar ao hospital, cerca de 15 a 20 mil falecem comprometimento funcional do couro cabeludo, após atendimento hospitalar e outros 50 mil irão crânio, meninges ou encéfalo (HORA, SOUSA, evoluir com sequelas neurológicas de maior e 2005). O estado de consciência pode ser menor gravidade (ANDRADE et al.,2009). uma lesão anatômica alterado ou diminuído, podendo resultar em deficiência da funcionamento emocional capacidade físico, Na de todos os do internamentos pediátricos são por TCE e cerca comportamental ou de 3.000 crianças por ano permanecem com 2004; JAKAITIS, sequelas neurológicas (LOHR JR, 2002). GUAZZELLI, 2005). No Brasil, a incidência cresce a cada dia, Entre as diversas causas de TCE, as podem 5% cognitiva, (UMPHRED, principais Inglaterra, ser agrupadas entre sendo a maior causa de morte entre indivíduos os na faixa etária de 10 a 29 anos. Em todo país, acidentes com meios de transporte (acidentes são mais de 100 mil vítimas fatais, com automobilísticos, motociclísticos, atropelamentos estimativa de 1 morte para cada 3 sobreviventes, e acidentes ciclísticos), agressões físicas (com que evoluem com sequelas graves (JAKAITIS, ou sem o uso de armas) e as quedas (MELO, GUAZZELLI, 2005). LEMOS JR, MATOS, 2005; PEREIRA, DUARTE, SANTOS, 2006). O tratamento do TCE envolve vários componentes, como a organização e qualidade No conjunto de lesões decorrentes de da conduta pré-hospitalar na cena do trauma, o causas externas, o TCE destaca-se em termos transporte e admissão no hospital adequado, o de magnitude e, sobretudo como causa de morte diagnóstico e incapacidade (HORA, SOUSA, 2005; SOUSA, (PEREIRA, DUARTE, SANTOS, 2006). 2006; SOUSA et al., 2004). A Por ano, cerca de 1,5 milhões de pessoas morrem e centenas de milhões e procedimentos abordagem terapêuticos fisioterapêutica em pacientes vítimas de TCE deve ser global, visando assim, o alcance do grau de requerem tratamento emergencial em todo o funcionalidade mundo devido ao TCE (TOLEDO et al., 2008). cognitivo e prognóstico relacionado a este Em indivíduos entre 1 e 44 anos é o principal (SUGAWARA et al., 2004). determinante de morbidade, incapacidade e mortalidade (OLIVEIRA, IKUTA, REGNER, 2008). esperado para cada nível O objetivo deste estudo foi revisar os aspectos clínicos e as formas de tratamento fisioterapêutico em indivíduos acometidos por Em função das morbidades e TCE. incapacidades geradas, há um alto custo com a recuperação, além de muitas vezes comprometer a qualidade de vida das vítimas (WHITAKER, 2.0 METODOLOGIA Foi realizado levantamento bibliográfico dos últimos 13 anos, de 1996 a 2009, tendo 3 como referência artigos dispostos nas bases de hematoma e lesões extracranianas associadas dados BIREME, LILACS, SciELO, MEDLINE, (PEREIRA, DUARTE, SANTOS, 2006). Google acadêmico, Google acadêmico español e O pior prognóstico em vítimas de TCE pesquisa em livros da área disponíveis na está relacionado a indivíduos pertencentes ao Biblioteca Central e Setorial da Universidade gênero masculino, pontuação ≤ 8 na ECG na Vale do Rio Doce (UNIVALE). admissão hospitalar, faixa etária da vítima acima Identificaram-se as palavras-chaves e de 60 anos, achados tomográficos evidenciando termos descritivos que fossem abrangentes para lesão axonal difusa ou edema cerebral, pupilas o tema estudado. As palavras-chaves utilizadas com foram: traumatismo cranioencefálico, tratamento verificada na admissão hospitalar e febre (MELO clínico, fisioterapia e seus similares em inglês e et al., 2005). reflexo fotomotor abolido, hipotensão O pior prognóstico no sexo masculino espanhol. O resultado desta busca é representado pode ser atribuído às taxas de testosterona e por 32 artigos obtidos nas bases de dados aspectos quanto à imunidade, existindo porém, citadas anteriormente. inúmeras controvérsias sobre o assunto (MELO et al., 2005). No entanto, há relatos de que indivíduos 3.0 REVISÃO DE LITERATURA do sexo propensos a sofrer predisposição 3.1 Diagnóstico e Prognóstico do TCE deste masculino são mais TCE, devido a maior sexo aos acidentes (PEREIRA, DUARTE, SANTOS, 2006). Para auxiliar no diagnóstico e estabelecer um prognóstico, os pacientes com lesão pós-TCE com frequência realizam numerosos testes especiais, além do exame neurológico padrão. Entre eles estão a tomografia computadorizada (TC), a ressonância magnética (RM), o eletroencefalograma e o mapeamento do fluxo 3.2 Classificação e Fisiopatologia sanguíneo cerebral (O’SULLIVAN, SCHMITZ, 2004). O TCE pode ser classificado quanto ao mecanismo de lesão, gravidade da lesão ou morfologia (CARVALHO et al., 2007). De acordo com o mecanismo da lesão, o TCE pode ser classificado de forma ampla, como fechado A TC é o exame de imagem de escolha ou penetrante. geralmente O associado a colisões automobilísticas, emergência. Através desse exame, hematomas penetrante resulta habitualmente de ferimento podem por projétil de arma de fogo e por arma branca. A rapidamente diagnosticados, e está no manejo da vítima de TCE na sala de ser quedas fechado agressões. O tratamento penetração através da dura-máter é o que cirúrgico precoce (OLIVEIRA, IKUTA, REGNER, determina se a lesão é fechada ou penetrante 2008). (CERQUEIRA NETO, 2006). favorecendo, quando indicado, O prognóstico do TCE depende de vários A avaliação da gravidade do TCE é fatores como: duração do coma, escore da baseada na ECG, sendo que na literatura, há Escala de Coma de Glasgow (ECG), duração da uma variação quanto à pontuação dessa escala. amnésia pós-traumática, localização e volume do Alguns autores classificam o TCE leve com ECG 4 de 13 a 15, moderado ECG de 9 a 12 e grave As lesões encefálicas secundárias ECG de 3 a 8 (OLIVEIRA, IKUTA, REGNER, decorrem de agressões que iniciam após o 2008; SOUSA, KOIZUMI, 1996; DANTAS FILHO momento do acidente e podem ser ocasionadas et al., 2004; GIUGNO et al., 2003; PEREIRA, por DUARTE, SANTOS, 2006). Outros, no entanto, intracranianas classificam o TCE leve com ECG 14 e 15, hipotensão arterial, e distúrbios hidroeletrólicos moderado ECG 9 a 13 e grave ECG 3 a 8 (ANDRADE et al., 2009; LOHR JR, 2002; (CARVALHO et al., 2007; MARCHIO et al., CARVALHO et al., 2007; GIUGNO et al., 2003). desordens sistêmicas como e desordens hipóxia, hipercapnia, 2006). Quanto a morfologia, o TCE pode ser classificado em lesões 3.3 Tratamento Fisioterapêutico extracranianas, intracranianas e fraturas de crânio. As lesões extracranianas são determinadas pelas Durante as últimas quatro décadas, o tratamento do TCE avançou em muitos aspectos. lacerações do couro cabeludo, podendo ser fonte A importante hematomas transporte e o advento de centros específicos de subgaleais. As lesões intracranianas podem ser atendimento contribuiu para a redução da focais, compostas por hematomas extradural, morbimortalidade desses pacientes (SABACK, sub-dural ou intra-parenquimatoso; ou difusas ALMEIDA, composta pela concussão, lesão axonal difusa DUARTE, SANTOS, 2006). ou de edema sangramento e e ingurgitamento implementação de sistemas ANDRADE, de 2007; rápido PEREIRA, cerebral Muitos esforços têm sido dispendidos (CARVALHO et al., 2007; ANDRADE et al., para minimizar o impacto social do TCE, visando 2009). Já as fraturas de crânio podem ser melhorar a prevenção, o atendimento pré- lineares, e hospitalar, o tratamento intra-hospitalar e a geralmente estão associadas com lesão da dura- reabilitação desses pacientes (DANTAS FILHO máter e do parênquima cerebral ou com lesões et al., 2001). cominutivas, com afundamento diastáticas (CARVALHO et al., 2007). Sendo assim, o tratamento A lesão encefálica definitiva que se fisioterapêutico é realizado em dois estágios: estabelece após o TCE, é resultado dos inicial ou intra-hospitalar e tardio ou ambulatorial. mecanismos fisiopatológicos que se iniciam com O os acidentes e se estendem por dias a semanas. imediatamente a vida do paciente, verificando a Desta são permeabilidade das vias aéreas, assistindo a secundárias ventilação e a circulação corpórea do mesmo, forma, classificadas as em lesões primárias cerebrais e (ANDRADE et al., 2009). tratamento visando à inicial focaliza-se estabilização do em salvar paciente. O As lesões primárias são aquelas que tratamento tardio consiste na detecção mais ocorrem no momento do trauma e determinam a precoce das complicações neurológicas e na sua severidade da lesão. Podem ser ocasionadas por reabilitação, favorecendo o retorno do paciente à mecanismos de aceleração e desaceleração do sociedade encéfalo em relação ao crânio (ANDRADE et al., 2006). 2009; LOHR JR., 2002; CARVALHO et al., 2007; PEREIRA, DUARTE, SANTOS, 2006). (PEREIRA, DUARTE, SANTOS, 5 3.3.1 Tratamento Fisioterapêutico Intra- arterial, débito cardíaco, consumo de oxigênio e produção de CO2. hospitalar Em estudo feito por Thiesen et al., Os pacientes com TCE grave, são geralmente submetidos (2005), foi aplicado um protocolo de fisioterapia à monitorização da respiratória utilizando manobras fisioterapêuticas pressão intracraniana (PIC) e da pressão arterial como pressão manual expiratória com vibração média (PAM), sendo tratados de acordo com um manual costal protocolo rígido com sedação, elevação ventilação de assistência, de mecânica que inclui postural do leito, expiratória cabeceira otimizada, fisioterapia e tapotagem, com diafragmática, drenagem pressão descompressão respiração costal contrariada e al., 2005). pacientes com TCE grave, objetivando verificar a o é evitar atendimento mantendo principal a objetivo em do influência de tais manobras na PIC, PAM e secundária, pressão de perfusão cerebral (PPC). A aspiração hemodinâmica, alterou a PIC nos grupos estudados, com injúria estabilidade endotraqueal e localizada UTI, aspiração manual respiratória e motora, entre outras (THIESEN et Na e diafragmática, metabólica e respiratória, com o intuito de manter recuperação uma adequada oferta de oxigênio e de nutrientes procedimento. Já as manobras fisioterapêuticas ao tecido cerebral. Sendo assim, a ventilação e a não afetaram de modo clinicamente significativo oxigenação encefálica em neuroemergência são a PPC, com valores da PIC até 30 mmHg, prioridades no atendimento de pacientes com podendo assim serem usadas com segurança TCE (PASINI et al., 2007; TOLEDO et al., 2008). em pacientes portadores de TCE grave, com PIC Para a manutenção da boa condição rápida um minuto após o menor que 30 mmHg. respiratória na fase aguda do trauma, o suporte Ainda no hospital, após o período de ventilatório artificial é necessário, já que a instabilidade do quadro clínico, os indivíduos capacidade de manter a permeabilidade das vias portadores de TCE iniciam a reabilitação motora aéreas e a troca gasosa é deficiente nesse (PEREIRA, DUARTE, SANTOS, 2006). momento (PASINI et al., 2007; SABACK, ALMEIDA, ANDRADE, 2007). 3.3.2 Segundo Toledo et al., (2008), são Tratamento Fisioterapêutico Ambulatorial medidas fundamentais durante a recuperação do paciente com TCE a ventilação mecânica e a Dando continuidade a reabilitação sedação profunda, sendo que nessas condições iniciada no ambiente hospitalar, após a alta são é grande o risco de complicações pulmonares. A estabelecidas estratégias de recuperação para fisioterapia respiratória faz parte do arsenal pacientes com TCE, que enfatizam o uso de terapêutico com técnicas com a finalidade de estimular as manutenção das complicações. importante vias Em papel aéreas, pacientes na prevenindo perceptivas afetadas pela lesão, sedação baseada no princípio de recuperação do sistema de fisioterapia nervoso central e a estimulação de novas determinar aumentos conexões neuronais para o restabelecimento da significativos na frequência cardíaca, pressão função. O tratamento vai variar de acordo com as insuficiente, as manobras respiratória podem com funções 6 manifestações apresentadas pelo paciente (PEÑA, CABEZA, 2004). apresentava dor, a um acompanhamento fisioterapêutico por sete meses, onde associado De acordo com Scherer (2007), as a cinesioterapia domiciliar era realizado bloqueio pessoas vítimas de TCE podem apresentar paraespinhoso dificuldades na marcha, instabilidade postural, eletroacupuntura, déficits de coordenação, função e controle motor, acompanhar o processo de reabilitação foram espasticidade e encurtamentos. A restauração utilizados parâmetros para avaliar amplitude de da marcha é um dos principais objetivos da movimento (ADM), espasticidade e dor, por meio reabilitação destes pacientes, sendo que para tal de goniometria, Escala Modificada de Ashworth e tarefa, é necessário controle postural, equilíbrio e Escala Visual Analógica (EVA), respectivamente. coordenação uma Ao final de 56 sessões a paciente apresentou deambulação segura, com o mínimo de risco de melhora do quadro álgico, contribuindo para o quedas. aumento da ADM, diminuição da espasticidade, suficientes para permitir Pacientes vítimas de TCE além de apresentar desordens apresentar também (REINTHAL, motoras, alterações MANSOUR, na pela técnica visando de Fisher analgesia. e Para melhora da marcha e da capacidade funcional. podem Além da fisioterapia convencional, uma fala outra forma de intervenção fisioterapêutica é a GREENWALDO, 2004). reabilitação aquática, que associa as propriedades físicas da água com os métodos de Em seu estudo Reinthal, Mansour, Greenwaldo (2004), realizaram um programa de tratamento aquático (GIMENES et al., 2005; BIASOLI, 2006; JAKAITIS, GUAZZELLI, 2005). fisioterapia associado à fonoaudiologia, com uma Um programa de fisioterapia aquática foi paciente com lesão pós-TCE, que apresentava realizado com um indivíduo com sequelas dificuldades na marcha e na fala. A terapia deu neurológicas ênfase mobilizações, estimulação vestibular, adequação do tônus, alongamentos, movimentos de rotação de tronco relaxamentos globais, estimulação das etapas associado à expiração profunda, em conjunto posturais, estimulação cognitiva e adequação com a função oro-motora. A paciente foi tratada ambiental. Após 18 meses de tratamento, com 3 1 vez por semana com duração de 1 hora, por sessões semanais de 45 minutos de duração, dois anos, apresentando melhora no padrão houve melhora na percepção sensorial, na postural, conscientização espacial e cognitiva e melhora no controle postural, observando-se que um menor pós-TCE, baseando-se em enrijecimento compensatório da musculatura do oral, foi necessário para manter uma posição significativa na espasticidade, no entanto, não se ereta da coluna vertebral contra a gravidade para desenvolveram encurtamentos e deformidades, a realização da função da marcha. permitindo A dor é um outro fator que pode estar presente em indivíduos que sofreram TCE, podendo complicar o processo da reabilitação (SUGAWARA et al., 2004). uma paciente postural. que Não este houve melhora indivíduo possa posteriormente realizar movimentação voluntária (JAKAITIS, GUAZZELLI, 2005). Além dos comprometimentos motores citados, os indivíduos que sofreram TCE podem Em seu estudo Sugawara et al., (2004), submeteu padrão pós-TCE que apresentar alterações neuropsicológicas, que constituem um dos principais fatores que 7 determinam o futuro das vítimas de TCE, pois Quanto ao tempo decorrido entre o TCE condiciona de forma notável, tanto o grau de e a admissão ao programa de reabilitação, os independência funcional alcançado e retorno ao indivíduos trabalho, como também o estabelecimento de iniciaram a reabilitação mais precocemente do relações familiares e sociais satisfatórias (HORA, que aqueles que não retornaram a produtividade SOUSA, 2005). (Silva et al., 2008) que retornaram a produtividade Durante a reabilitação das alterações neuropsicológicas, as intervenções devem-se 4.0 CONCLUSÃO focar na melhora cognitiva, aprendizagem e O TCE pode ser considerado um dos memória (REES et al., 2007). Rees et al., (2007), realizou um estudo principais responsáveis por elevadas taxas de com um grupo de 60 pacientes que sofreram letalidade e sequelas TCE. Eles foram submetidos a 30 minutos de acometendo principalmente indivíduos jovens e reabilitação, cinco vezes por semana por 18 previamente sadios. O tipo de lesão e sua sessões, onde foram realizadas tarefas como severidade repetições diárias das AVD’S, formulação de um prognóstico, estabelecendo relação direta com a diário autoinstrucional, aparelho de celular pré- função e a qualidade de vida desses indivíduos. são em todo o mundo, fatores relevantes para o individualizados O tratamento fisioterapêutico deve ser (compromissos, lembretes com horários de realizado de forma a manter estável o quadro medicamentos, datas de clínico do paciente e prevenir complicações gravadores mão, com programado com de eventos aniversário) o e objetivo de pulmonares, favorecendo o retorno deste armazenar informações. Ao final do tratamento indivíduo a sociedade, tornando-o mais funcional foi observado diminuição dos problemas de e independente para realizar suas AVD’s e para memória e melhora na aprendizagem e AVD’s. o trabalho. Ressalta-se também a importância de Um tratamento bem planejado levando em consideração todas as variáveis já citadas ações preventivas oferece ao indivíduo oportunidade de voltar a atendimento primário de vítimas de TCE e a vida social. Em um estudo feito por Silva et al., necessidade (2008) através da análise de prontuários de 60 experimentais de tratamento fisioterapêutico com indivíduos pós-TCE que passaram por um maior número de sujeitos. de e o aprimoramento elaboração de no estudos programa de reabilitação, verificou-se que 71,7% dos indivíduos retornaram à produtividade 5.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (estudo, trabalho ou ambos). Em outro estudo realizado por Sousa, Koizumi (1996) foi relatado que 1 ano após o trauma, 63,9% dos indivíduos retornaram a produtividade mantendo o mesmo nível de desempenho nas atividades que exerciam, 19,4% tiveram as atividades alteradas devido ao trauma e 16,7% tiveram as suas atividades ocupacionais interrompidas. ANDRADE, A. F.; PAIVA, W. S.; AMORIM, R. L .O. et al. Mecanismo de lesão cerebral no traumatismo cranioencefálico. Revista Associação Medica Brasileira, vol. 55, n. 1, p. 75-81, 2009. BIASOLI, M. C. Hidroterapia: aplicabilidades clínicas. Revista Brasileira de Medicina, vol. 63, n. 5, p. 225-237, 2006. 8 CARVALHO, L. F. A.; AFFONSECA, C. A.; GUERRA, S. D. et al. Traumatismo crânioencefálico grave em crianças e adolescentes. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, vol. 19, n. 1, p. 98-106, 2007. CERQUEIRA NETO, M. L. Efeito das manobras fisioterapêuticas respiratórias sobre a hemodinâmica cerebral. 2006. 85p. 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