REABILITAÇÃO NEUROPSICOMOTORA DE UMA JOVEM PORTADORA DE SEQÜELA DE TRAUMATISMO CRÂNIO ENCEFÁLICO GRAVE – ESTUDO DE CASO HARDT, Jenifer Grosse1; VIDAL, Laura da Rosa²; CUNHA, Aime Arruda³; KOHL,Leandro de Moraes 4; COSTA, Lia da Porciúncula Dias da 5. Palavras Chave: Fisioterapia, Qualidade de Vida, Lesão Neurológica. Introdução Traumatismo Crânio Encefálico (TCE), é uma patologia não degenerativa e não congênita, que pode ser originada por uma força física externa tendo como conseqüência lesão anatômica como fratura de crânio ou lesão do couro cabeludo ou ainda comprometimento funcional do cérebro, resultando em um estado alterado de consciência e comprometimento das habilidades cognitivas e funcionamento físico, podendo ser classificado como leve, moderado e grave de acordo o escore da Escala de Coma de Glasgow (JONES, 2006). Sendo estabelecido em três divisões “[...]traumatismo craniano fechado, fratura com afundamento do crânio e fratura exposta do crânio” (CAMBIER et ai., 2005). Paralelo a isso Smith & Winkler (2007), reforça que os distúrbios causados pelo TCE podem ser permanentes ou temporários, com comprometimento funcional parcial ou total. As principais causas de TCE incluem, nessa ordem, acidentes automobilísticos, quedas, assaltos e agressões, esporte e recreações e, projétil por arma de fogo (JONES, 2006). O TCE constitui a principal causa de morte e de seqüelas irreversíveis nos politraumatizados, e tem custo muito elevado para o poder público, o que o coloca entre os principais problemas de saúde pública no Brasil. É a primeira causa de mortalidade dos 15 aos 24 anos, sendo os homens acometidos o dobro ou o triplo em relação às mulheres (CAMBIER et al., 2005). 1 Fisioterapeuta, [email protected] Acadêmico do Curso de Fisioterapia, UNICRUZ, [email protected] 3 Acadêmico do Curso de Fisioterapia, UNICRUZ, [email protected] 4 Professor do Curso de Fisioterapia, UNICRUZ, [email protected] 5 Professora do Curso de Fisioterapia, UNICRUZ, [email protected] 2 Nesta perspectiva, considera-se que o período prolongado no leito e a falta de estímulos sensoriais inibem e retardam o processo de evolução neuropsicomotor (STOKES, 2000). Metodologia A pesquisa caracteriza-se por se um estudo de caso de abordagem qualitativa e quantitativa, teve como sujeito de estudo uma jovem, 19 anos, genero feminino, com seqüelas neurológicas graves após Traumatismo Cranioencefálico (TCE) e diagnóstico de lesão cerebral frontotemporoparietal à direita. O objetivo do estudo foi promover um tratamento fisioterapêutico imediato e continuo ao paciente com diagnóstico de traumatismo crânio encefálico grave. O programa fisioterapêutico baseou-se no manuseio geral, alongamentos, mobilização, posicionamento, cinesioterapia, bandagem funcional, mecanoterapia e da eletroterapia. Para coleta e análise dos dados foi realizada avaliação inicial e final através da ficha de Avaliação Neurológica Funcional, padrão utilizado no curso de Fisioterapia da Universidade de Cruz Alta, diários de campo elaborado através dos relatos dos atendimentos e fotos. Para a validade e fidedignidade do estudo, durante a evolução do tratamento foi efetuado ao final de cada sessão a anotação das experiências vivenciadas durante o atendimento fisioterápico pela pesquisadora. Também um segundo exame neurológico foi realizado após 90 dias após o inicio da Fisioteapia e outro ao final do estudo para verificação dos progressos obtidos com a paciente. Ao término do período do estudo a paciente foi encaminhada ao médico responsável por seu acompanhamento clínico para realizar uma avaliação final de sua condição geral de saúde. As atividades foram desenvolvidas no período de um ano, tendo sido realizadas semanalmente com tempo de duração de aproximadamente uma hora e meia. Ao término do estudo foram somados cento e quarenta atendimentos. A pesquisa contou com a assinatura de um termo de consentimento livre e esclarecido para realização do mesmo, assinado pela família da paciente, seus representantes legais. Resultados O aumento da força muscular foi notado no decorrer do tratamento a medida que era possível visualizar a contração dos músculos que no inicio do tratamento eram paralisados e hipotônicos. E na seqüência, com a evolução da força muscular, os movimentos que antes eram ausentes, começaram a se tornar mais freqüentes e contínuos, assim os exercícios eram realizados com maior facilidade, sendo possível aumentar o numero de repetições, ficado evidente a evolução da força muscular. Grandes progressos foram obtidos em relação ao controle motor do Membro Superior Direito, que evoluiu de uma Amplitude de Movimento Incompleta para uma Motricidade Normal, aonde a paciente era capaz de realizar movimentos e preensão de objetos de maneira correta, sem desencadear o clônus. No decorrer dos atendimentos resultados positivos foram encontrados em relação ao controle cervical e percebeu-se uma melhora significativa no controle do tronco. Progresso que também deve ser ressaltado, devido a maneira integral como foi realizada a reabilitação, é o fato de a paciente interpretar comandos verbais simples como reconhecer objetos, identificar cores, realizar os comandos verbais solicitados de maneira correta e também fazer sinais simples com a mão direita. E, a melhora na disfagia, onde a paciente começou a ingerir via oral uma maior quantidade e variedade de alimentos pastosos. Isto tudo em momentos de vigília. Conclusão Conclui-se que ocorreu uma interação entre as técnicas fisioterapêuticas, proporcionando resultados positivos, mostrando-se essa intervenção eficaz, mesmo frente à gravidade do caso. Fica a convicção de que este estudo alcançou seus objetivos. Referências Bibliográficas BANDY, W; SANDERS, B. Exercícios terapêuticos – Técnicas de intervenção. São Paulo. Editora Guanabara Kogan, 2003. BRACCIALLI, L M. Postura corporal: reflexões teóricas. Fisioterapia em movimento. 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