UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE Faculdade de Letras e Ciências Sociais Departamento de Arqueologia e Antropologia Licenciatura em Antropologia Disciplina: Teorias Clássicas da Antropologia 2013 / 2º Semestre Docente: José Pimentel Teixeira Endereço Electrónico: [email protected] O blog Teorias Clássicas da Antropologia [http://www.hantuem2011.wordpress.com/] inclui o programa, material bibliográfico recomendado e recursos audiovisuais e bibliográficos complementares. Introdução: Esta disciplina abordará algumas das grandes correntes teóricas que se instituíram no seio da Antropologia ao longo do século XX, um contexto ao qual poderemos chamar “Antropologia Clássica”. Nesta abordagem será privilegiada a apreensão dos seus conteúdos intelectuais, uma “história das ideias” da disciplina. Não se quer com isso isolar a produção científica dos seus contextos sociais e políticos, apenas se considera que neste momento do processo de aprendizagem se torna fundamental uma apreensão dos conteúdos da disciplina, cabendo a momentos posteriores a sua necessária contextualização histórica. Sucintamente, pretende-se que no final da disciplina os discentes possam: a) reconhecer os conteúdos conceptuais, as problemáticas, as metodologias fundamentais, e os principais autores, das principais correntes teóricas abordadas; b) entender as rupturas e interacções existentes entre estas “escolas teóricas”; c) percepcionar, de um modo geral, as formas diversas “escolas teóricas” dialogaram com os discursos contemporâneos nas outras disciplinas das ciências sociais; d) reconhecer as múltiplas formas como as múltiplas abordagens da antropologia actual dialogam, mesmo que de modo distante, com a tradição científica da disciplina. Metodologia: A disciplina será leccionada através de aulas expositivas e práticas. Nas aulas expositivas servirão para apresentação dos conceitos e problemáticas fundamentais em discussão para cada bloco da disciplina. Para cada uma dessas aulas serão indicados textos contextualizadores, de leitura recomendável. Nas aulas práticas, grupos de alunos apresentarão e discutirão textos indicados, de leitura obrigatória. Nesse sentido deverão ser constituídos grupos de trabalho, algo a ocorrer na primeira aula. Avaliação: A avaliação realizar-se-á através da realização de dois trabalhos individuais sobre temas indicados e de uma apresentação oral, em regime colectivo (em grupos constituídos por três elementos), dedicada a um dos textos do programa. O primeiro ensaio será entregue no dia 23 de Setembro, o segundo no dia 4 de Novembro. 1 Programa das Aulas 1ª aula: Enquadramento da perspectiva de Franz Boas BOAS, F. [1893], “The Limitations of the Comparative Method of Anthropology” BOAS, F. [1920], “The Methods of Ethnology” BOAS, F. (1996) “The Study of Geography” in G. Stocking (ed.) Volkgeist as Method and Ethic, Madison, The University of Wisconsin Press, pp. 9-16 KUPER, A. (2008), A Reinvenção da Sociedade Primitiva. Transformações de Um Mito, Recife, Editora Universitária, pp. 161-186 2ª aula: O advento do trabalho de campo no Pacífico Sul KUPER, A. 1973. Antropologia y Antropologos. La Escuela Britanica, 1972-1973, Barcelona, Anagrama, pp. 15-39 KUPER, A. 2008. A Reinvenção da Sociedade Primitiva. Transformações de Um Mito, Recife, Editora Universitária, pp. 187-220 3ª aula: A abordagem funcionalista: Malinowski e o advento do trabalho de campo como identidade da antropologia. Suas implicações teóricas MALINOWSKI, B [1922], “Introduction: the subject, method and scope of this inquiry”, The Argonauts of Western Pacific (excerto em MALINOWSKI, B [1922], “Introduction to The Argonauts of Western Pacific: the method and scope of anthropological fielwork”, in SLUKA, J. & ROBBEN, A (eds.) (2006), Fieldwork in Cultural Anthropology: an Anthology, Blackwell, pp. 47-57) KABERRY, P. 1970 [1957], “Malinowski’s Contribution to Field-Work Methods and the Writing of Ethnography””, in FIRTH, R. (ed.) Man and Culture, London, Routledge & Kegan Paul, pp. 71-91 LEACH, Edmund 1970 [1957], “The Epistemological Background to Malinowski’s Empiricism”, in FIRTH, R. (ed.) Man and Culture, London, Routledge & Kegan Paul, pp. 119138 4ª aula: Conceitos de cultura e de organização social sob o funcionalismo FORTUNE, R. B. 1977 [1963] Os Feiticeiros de Dobu. Lisboa, Bertrand, 36-111 RICHARDS, Audrey (1957) “The Concept of Culture in Malinowski’s Work”, in FIRTH, R. (ed.) Man and Culture, London, Routledge & Kegan Paul, pp. 15-32 5ª aula: Radcliffe-Brown e o estruturo-funcionalismo. A a abordagem antropológica a sociedades africanas GOODY, J. (1995), “The economic and organisational basis of Bristish social anthropology in its formative period: 1930-1939: social reform in the colonies”, in The Expansive Moment. Anthropology in Britain and Africa, 1918-1970, Cambridge University Press, pp. 7-25 KUPER, A. (1973), Antropologia y Antropologos. La Escuela Britanica, 1972-1973, Barcelona, Anagrama, pp. 78-88 6ª aula: Artefactos teóricos da “escola” estruturo-funcionalista - os conceitos de função, estrutura social e processo social em Radcliffe-Brown 2 RADCLIFFE-BROWN, A.R. 1979 [1952] “On the concept of function in social science”. In Structure and Function in Primitive Society. London, Routledge & Kegan RADCLIFFE-BROWN, A.R. 1979 [1952] “On Social Structure”. In Structure and Function in Primitive Society. London, Routledge & Kegan 7ª aula: Artefactos teóricos da “escola” estruturo-funcionalista - os conceitos de função, estrutura social e processo social em Radcliffe-Brown RADCLIFFE-BROWN, A.R. 1979 [1952] “The Mother’s Brother in South Africa”. In Structure and Function in Primitive Society. London, Routledge & Kegan RADCLIFFE-BROWN, A.R. 1979 [1952] “On Joking Relationships”. In Structure and Function in Primitive Society. London, Routledge & Kegan 8-9ª aulas: Parentesco e Política nas sociedades africanas na escola estruturo-funcionalista DURKHEIM, Émile (s/d) A Divisão do Trabalho Social. Lisboa: Editorial Presença RADCLIFFE-BROWN, A. R. 1982 [1950] “Introdução”, Sistemas Políticos Africanos de Parentesco e Casamento. Lisboa. Fundação Calouste Gulbenkian 10ª aula: o conceito de Descendência FORTES, Meyer (1982 [1950]) “Parentesco e Casamento entre os Ashanti”. In RADCLIFFEBROWN & FORDE (eds.) Sistemas Políticos Africanos de Parentesco e Casamento. Lisboa. Fundação Calouste Gulbenkian 11ª aula: os sistemas políticos linhageiros EVANS-PRITCHARD, E.E (1981 [1940]) “Os Nuer do Sul do Sudão”, In FORTES & EVANSPRITCHARD (orgs.) Sistemas Políticos Africanos, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian 12ª aula – Cosmologias em sistemas linhageiros EVANS-PRITCHARD, E.E. (1965 [1937]) “The Notion of Witchcraft Explains Unfortunate Events”, Witchcraft, Oracles and Magic Among the Azande. Oxford, Clarendon Press 13ª aula:– A “Escola de Manchester”: Inflexão processualista nos estudos “africanistas” KUPER, A. (1973) Antropologia Y Antropologos. La Escuela Britanica, 1922-1972. Barcelona, Editorial Anagrama, pp. 175-200 GLUCKMANN, M. (1940) “The “Bridge”: Analysis of a Social Situation in Zululand”, in VINCENT, J. (ed.) (2002) The Anthropology of Politics. A Reader in Ethnography, Theory and Critique, Oxford, Blackwell, pp. 53-58 (há tradução portuguesa disponível) 14ª: aula: a escola culturalista americana - a formação social do indivíduo BENEDICT, R. (s/d), Padrões de Cultura, Lisboa, Livros do Brasil, pp. 13-32, 276-304 15ª aula – O conceito de Cultura e as suas relações com a linguística LEE WHORF, B. (1971 [1939]) “La rélacion del pensamiento y el comportamento habitual com el lenguage”, Lenguaje, Pensamiento Y Realidade. Barcelona, Barrau 3 16ª aula: Articulação indivíduo-sociedade e estudos de género. MEAD, M. (1949), Male and Female. A Study of Sexes in a Changing World, London, Victor Gollancz, pp. 245-263 17ª aula – Padrões e transformações como abordagem KROEBER, A. (1948; 1937) “The Nature of Culture”,“Patterns”, “Cultural Intensity and Clímax”, MEAD & BUNZEL (eds.) (1960) The Golden Age of American Anthropology. New York, George Braziller 18ª aula: A Escola Sociológica Francesa, sua influência. O legado de Marcel Mauss LÉVI-STRAUSS, Claude. 1985 [1950]. “Introduction à l’oeuvre de Marcel Mauss”, in Marcel Mauss. Sociologie et Anthropologie. Paris; Quadrige / Presses Universitaires de France OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. 1979. “Introdução a uma leitura de Mauss”. In Mauss. Org. Roberto Cardoso de Oliveira. Editora Ática MAUSS, M., 1924. “Essai sur le Don. Forme et raison de l’échange dans les sociétés archaiques.” In: M. Mauss. 1985. Sociologie et Anthropologie. 9ª ed. Paris: Quadrige / Presses Universitaires de France, pp. 146-171 (“Introdução”, “1º capítulo”) MAUSS, M., 1931. “La cohesión social en las sociedades polisegmentarias.” In: M. Mauss, Sociedad y Ciencias Sociales. Obras III. Traduzido por Juan Antonio Matesanz. Barcelona: Barral, pp. 13-26 19ª aula: Levi-Strauss: a abordagem estruturalista e o conceito de reciprocidade KUPER, A. (2008), A Reinvenção da Sociedade Primitiva. Transformações de Um Mito, Recife, Editora Universitária, pp. 245-272 LÉVI-STRAUSS, Claude, As Estruturas Elementares do Parentesco, cap. 1, Rio de Janeiro, Martins Fontes 20ª aula: A abordagem estruturalista às modalidades de pensamento LÉVI-STRAUSS, Claude (1986) “A ilusão totémica”, O Totemismo Hoje. Lisboa, Edições 70 21ª aula: Interpretação de áreas culturais e de universais inconscientes LÉVI-STRAUSS, Claude (1981) “Os Segredos de Uma Máscara”, A Via das Máscaras, Lisboa, Presença 22ª aula: Edmund Leach, a releitura do estruturalismo na Antropologia. LEACH, Edmund (1961), Rethinking Anthropology, cap. I 23ª aula: a recuperação do conceito de Evolução. STEWARD, Julien [1968] “Causal Factors and Processes in the Evolution of Pre-Farming Societies”, LEE & DEVORE (eds) (1968) Man the Hunter. Chicago, Aldine Publishers STEWARD, J, (1958), "Problems of Cultural Evolution", Evolution, vol. 12, nº2, 206-210 4