Programa de Teorias Clássicas da Antropologia.

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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
Faculdade de Letras e Ciências Sociais
Departamento de Arqueologia e Antropologia
Licenciatura em Antropologia (4º semestre)
Disciplina: Teorias Clássicas da Antropologia
2014 / 2º Semestre
Docentes: Johane Zonjo / José Pimentel Teixeira
Endereços Electrónicos: [email protected] / [email protected] /
O blog Teorias Clássicas da Antropologia [http://www.hantuem2011.wordpress.com/] inclui o
programa, material bibliográfico recomendado e recursos audiovisuais e bibliográficos complementares.
Introdução:
Esta disciplina abordará algumas das grandes correntes teóricas que se instituíram no seio da
Antropologia ao longo do século XX, um contexto ao qual poderemos chamar “Antropologia
Clássica”. Nesta abordagem será privilegiada a apreensão dos seus conteúdos intelectuais, uma
“história das ideias” da disciplina. Não se quer com isso isolar a produção científica dos seus
contextos sociais e políticos, apenas se considera que neste momento do processo de
aprendizagem se torna fundamental uma apreensão dos conteúdos da disciplina, cabendo a
momentos posteriores a sua necessária contextualização histórica.
Sucintamente, pretende-se que no final da disciplina os discentes possam:
a) reconhecer os conteúdos conceptuais, as problemáticas, as metodologias fundamentais, e os
principais autores, das principais correntes teóricas abordadas;
b) entender as rupturas e interacções existentes entre estas “escolas teóricas”;
c) percepcionar, de um modo geral, as formas diversas “escolas teóricas” dialogaram com os
discursos contemporâneos nas outras disciplinas das ciências sociais;
d) reconhecer as múltiplas formas como as múltiplas abordagens da antropologia actual
dialogam, mesmo que de modo distante, com a tradição científica da disciplina.
Metodologia:
A disciplina será leccionada através de aulas expositivas e práticas. Nas aulas expositivas
servirão para apresentação dos conceitos e problemáticas fundamentais em discussão para cada
bloco da disciplina. Para cada uma dessas aulas serão indicados textos contextualizadores, de
leitura recomendável. Nas aulas práticas, grupos de alunos apresentarão e discutirão textos
indicados, de leitura obrigatória. Nesse sentido deverão ser constituídos grupos de trabalho, algo
a ocorrer na primeira aula.
Avaliação:
A avaliação realizar-se-á através da realização de dois trabalhos individuais sobre temas
indicados e de uma apresentação oral, em regime colectivo (em grupos constituídos por três
elementos), dedicada a um dos textos do programa.
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Programa das Aulas
1ª aula: Enquadramento da perspectiva de Franz Boas
BOAS, F. [1893], “The Limitations of the Comparative Method of Anthropology”
BOAS, F. [1920], “The Methods of Ethnology”
BOAS, F. (1996) “The Study of Geography” in G. Stocking (ed.) Volkgeist as Method and Ethic,
Madison, The University of Wisconsin Press, pp. 9-16
KUPER, A. (2008), A Reinvenção da Sociedade Primitiva. Transformações de Um Mito, Recife,
Editora Universitária, pp. 161-186
2ª aula: O advento do trabalho de campo no Pacífico Sul
KUPER, A. 1973. Antropologia y Antropologos. La Escuela Britanica, 1972-1973, Barcelona,
Anagrama, pp. 15-39
KUPER, A. 2008. A Reinvenção da Sociedade Primitiva. Transformações de Um Mito, Recife,
Editora Universitária, pp. 187-220
3ª aula: A abordagem funcionalista: Malinowski e o advento do trabalho de campo como
identidade da antropologia. Suas implicações teóricas
MALINOWSKI, B [1922], “Introduction: the subject, method and scope of this inquiry”, The
Argonauts of Western Pacific (excerto em MALINOWSKI, B [1922], “Introduction to The
Argonauts of Western Pacific: the method and scope of anthropological fielwork”, in SLUKA, J.
& ROBBEN, A (eds.) (2006), Fieldwork in Cultural Anthropology: an Anthology, Blackwell, pp.
47-57)
KABERRY, P. 1970 [1957], “Malinowski’s Contribution to Field-Work Methods and the
Writing of Ethnography””, in FIRTH, R. (ed.) Man and Culture, London, Routledge & Kegan
Paul, pp. 71-91
LEACH, Edmund 1970 [1957], “The Epistemological Background to Malinowski’s
Empiricism”, in FIRTH, R. (ed.) Man and Culture, London, Routledge & Kegan Paul, pp. 119138
4ª aula: Conceitos de cultura e de organização social sob o funcionalismo
FORTUNE, R. B. 1977 [1963] Os Feiticeiros de Dobu. Lisboa, Bertrand, 36-111
RICHARDS, Audrey (1957) “The Concept of Culture in Malinowski’s Work”, in FIRTH, R.
(ed.) Man and Culture, London, Routledge & Kegan Paul, pp. 15-32
5ª aula: Radcliffe-Brown e o estruturo-funcionalismo. A a abordagem antropológica a
sociedades africanas
GOODY, J. (1995), “The economic and organisational basis of Bristish social anthropology in its
formative period: 1930-1939: social reform in the colonies”, in The Expansive Moment.
Anthropology in Britain and Africa, 1918-1970, Cambridge University Press, pp. 7-25
KUPER, A. (1973), Antropologia y Antropologos. La Escuela Britanica, 1972-1973, Barcelona,
Anagrama, pp. 78-88
6ª aula: Artefactos teóricos da “escola” estruturo-funcionalista - os conceitos de função,
estrutura social e processo social em Radcliffe-Brown
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RADCLIFFE-BROWN, A.R. 1979 [1952] “On the concept of function in social science”. In
Structure and Function in Primitive Society. London, Routledge & Kegan
RADCLIFFE-BROWN, A.R. 1979 [1952] “On Social Structure”. In Structure and Function in
Primitive Society. London, Routledge & Kegan
7ª aula: Artefactos teóricos da “escola” estruturo-funcionalista - os conceitos de função,
estrutura social e processo social em Radcliffe-Brown
RADCLIFFE-BROWN, A.R. 1979 [1952] “The Mother’s Brother in South Africa”. In Structure
and Function in Primitive Society. London, Routledge & Kegan
RADCLIFFE-BROWN, A.R. 1979 [1952] “On Joking Relationships”. In Structure and Function
in Primitive Society. London, Routledge & Kegan
8-9ª aulas: Parentesco e Política nas sociedades africanas na escola estruturo-funcionalista
DURKHEIM, Émile (s/d) A Divisão do Trabalho Social. Lisboa: Editorial Presença
RADCLIFFE-BROWN, A. R. 1982 [1950] “Introdução”, Sistemas Políticos Africanos de
Parentesco e Casamento. Lisboa. Fundação Calouste Gulbenkian
10ª aula: o conceito de Descendência
FORTES, Meyer (1982 [1950]) “Parentesco e Casamento entre os Ashanti”. In RADCLIFFEBROWN & FORDE (eds.) Sistemas Políticos Africanos de Parentesco e Casamento. Lisboa.
Fundação Calouste Gulbenkian
11ª aula: os sistemas políticos linhageiros
EVANS-PRITCHARD, E.E (1981 [1940]) “Os Nuer do Sul do Sudão”, In FORTES & EVANSPRITCHARD (orgs.) Sistemas Políticos Africanos, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian
12ª aula – Cosmologias em sistemas linhageiros
EVANS-PRITCHARD, E.E. (1965 [1937]) “The Notion of Witchcraft Explains Unfortunate
Events”, Witchcraft, Oracles and Magic Among the Azande. Oxford, Clarendon Press
13ª aula:– A “Escola de Manchester”: Inflexão processualista nos estudos “africanistas”
KUPER, A. (1973) Antropologia Y Antropologos. La Escuela Britanica, 1922-1972. Barcelona,
Editorial Anagrama, pp. 175-200
GLUCKMANN, M. (1940) “The “Bridge”: Analysis of a Social Situation in Zululand”, in
VINCENT, J. (ed.) (2002) The Anthropology of Politics. A Reader in Ethnography,
Theory and Critique, Oxford, Blackwell, pp. 53-58 (há tradução portuguesa disponível)
14ª: aula: a escola culturalista americana - a formação social do indivíduo
BENEDICT, R. (s/d), Padrões de Cultura, Lisboa, Livros do Brasil, pp. 13-32, 276-304
15ª aula – O conceito de Cultura e as suas relações com a linguística
LEE WHORF, B. (1971 [1939]) “La rélacion del pensamiento y el comportamento habitual com
el lenguage”, Lenguaje, Pensamiento Y Realidade. Barcelona, Barrau
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16ª aula: Articulação indivíduo-sociedade e estudos de género.
MEAD, M. (1949), Male and Female. A Study of Sexes in a Changing World, London, Victor
Gollancz, pp. 245-263
17ª aula – Padrões e transformações como abordagem
KROEBER, A. (1948; 1937) “The Nature of Culture”,“Patterns”, “Cultural Intensity and
Clímax”, MEAD & BUNZEL (eds.) (1960) The Golden Age of American Anthropology.
New York, George Braziller
18ª aula: A Escola Sociológica Francesa, sua influência. O legado de Marcel Mauss
LÉVI-STRAUSS, Claude. 1985 [1950]. “Introduction à l’oeuvre de Marcel Mauss”, in Marcel
Mauss. Sociologie et Anthropologie. Paris; Quadrige / Presses Universitaires de France
OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. 1979. “Introdução a uma leitura de Mauss”. In Mauss. Org.
Roberto Cardoso de Oliveira. Editora Ática
MAUSS, M., 1924. “Essai sur le Don. Forme et raison de l’échange dans les sociétés
archaiques.” In: M. Mauss. 1985. Sociologie et Anthropologie. 9ª ed. Paris: Quadrige / Presses
Universitaires de France, pp. 146-171 (“Introdução”, “1º capítulo”)
MAUSS, M., 1931. “La cohesión social en las sociedades polisegmentarias.” In: M. Mauss,
Sociedad y Ciencias Sociales. Obras III. Traduzido por Juan Antonio Matesanz. Barcelona:
Barral, pp. 13-26
19ª aula: Levi-Strauss: a abordagem estruturalista e o conceito de reciprocidade
KUPER, A. (2008), A Reinvenção da Sociedade Primitiva. Transformações de Um Mito, Recife,
Editora Universitária, pp. 245-272
LÉVI-STRAUSS, Claude, As Estruturas Elementares do Parentesco, cap. 1, Rio de Janeiro,
Martins Fontes
20ª aula: A abordagem estruturalista às modalidades de pensamento
LÉVI-STRAUSS, Claude (1986) “A ilusão totémica”, O Totemismo Hoje. Lisboa, Edições 70
21ª aula: Interpretação de áreas culturais e de universais inconscientes
LÉVI-STRAUSS, Claude (1981) “Os Segredos de Uma Máscara”, A Via das Máscaras, Lisboa,
Presença
22ª aula: Edmund Leach, a releitura do estruturalismo na Antropologia.
LEACH, Edmund (1961), Rethinking Anthropology, cap. I
23ª aula: a recuperação do conceito de Evolução.
STEWARD, Julien [1968] “Causal Factors and Processes in the Evolution of Pre-Farming
Societies”, LEE & DEVORE (eds) (1968) Man the Hunter. Chicago, Aldine Publishers
STEWARD, J, (1958), "Problems of Cultural Evolution", Evolution, vol. 12, nº2, 206-210
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