693 IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação PUCRS EJA, Ensino de Matemática e Inserção Digital: o desafio da Integração Mirela Stefânia Pacheco, Lucia Maria Martins Giraffa (orientador) Mestrado em Educação em Ciências e Matemática, Faculdade de Física, PUCRS Introdução Desde 1998, têm ocorrido nos Encontros Nacionais de Educação Matemática (ENEM’s), discussões e produções de conhecimento, ainda que relativamente pequenas, que contemplam a Educação de Jovens e Adultos (EJA) em suas sessões especiais. Demonstrando o atendimento a uma demanda que vem se reconfigurando nos últimos anos, ditada pela preocupação social das instituições civis ou governamentais para a elevação das taxas de escolarização da população (FONSECA, 2002). No entanto, os métodos de ensino utilizados para a aprendizagem de Matemática não valorizam como deveriam os conhecimentos prévios dos alunos jovens e adultos que estudam na modalidade EJA. O ensino de Matemática fica desconectado da realidade onde estão inseridos e a aprendizagem fica prejudicada pela falta de associação entre o que é ensinado e a sua utilização na solução de problemas do cotidiano destes alunos. Como conseqüência desta dissociação aprender Matemática é algo penoso e complicado. Quando na realidade é justamente o oposto, a Matemática faz parte do seu dia-a-dia, especialmente daqueles que trabalham na construção civil e no comércio. Busca-se, também, com esta investigação discutir de forma indireta a questão da Inclusão Digital dos alunos do EJA, através da utilização de recursos computacionais como suporte ao seu processo de aprendizagem. Em tempos de cibercultura a opção por desconsiderar o uso de recurso de tecnologias condena o aluno a uma situação de exceção que certamente dificultará sua inclusão no mercado de trabalho e impactará suas relações sociais prejudicará (LEVY, 1999). A importância da associação da aprendizagem de Matemática com uso de recursos computacionais objetiva discutir dois aspectos importantes na formação destes alunos EJA: necessidade de melhorar a auto-estima destes discentes e auxiliar a aumentar suas possibilidades no mercado de trabalho, através de uma formação integrada que resgate aspectos cognitivos e de cidadania. Uma vez que estes alunos sofrem ou sofreram um processo de exclusão social que retardou sua entrada no sistema formal de ensino. A proposta metodológica em desenvolvimento busca auxiliar a compreensão dos conteúdos de Geometria Plana destes alunos suportada nas idéias de Paulo Freire (FREIRE, 2005), utilizando softwares de simulação para construção de plantas arquitetônicas IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009 694 denominado XHOME 3D e o programa Paint (Integrante do ambiente Windows) na organização das atividades com os alunos. O referencial teórico é baseado na literatura da Educação de Jovens e Adultos, tendo como principal representante Paulo Freire (2001, 2002, 2005, 2006), e nos autores Fonseca (2002), Duarte (1995), Lévy (1996, 1999), Moran (2003). Metodologia A pesquisa em desenvolvimento é de cunho sócio-empírico-naturalística, que utiliza como base o pensamento de Paulo Freire, o qual possui características de trabalho qualitativo. Na pesquisa qualitativa, utiliza-se o método indutivo, onde se parte dos dados para a teoria, por definições que envolvem o processo, pela intuição e criatividade durante o processo de pesquisa, por conceitos que se explicitam via propriedades e relações, pela síntese holística e análise comparativa e por uma amostra pequena escolhida seletivamente (SANTOS FILHO, 2002, p. 45). No planejamento das atividades com os alunos da VI fase da EJA, sujeitos desta pesquisa, se utiliza a Metodologia de Paulo Freire, que valoriza o nível de compreensão inicial dos educandos, a partir da concepção problematizadora e libertadora da educação, em oposição à educação bancária (FREIRE, 2005), que é o ato de depositar, de transferir, de transmitir valores e conhecimentos. Como instrumento de coleta de dados serão utilizadas atividades para identificar os conhecimentos prévios dos alunos em relação aos conteúdos de Geometria Plana e atividade para determinar indicadores de novas competências desenvolvidas, em relação aos conteúdos de Geometria Plana, após o desenvolvimento do projeto com o software simulador. Posteriormente, para o tratamento dos dados, serão feitas análises a partir das constatações obtidas, levantando indicadores que deles emergirem. Resultados e Discussão A partir da atividade de coleta inicial, onde os 46 alunos escolhidos resolviam atividades contextualizadas de Geometria Plana, constatou-se que em torno de 91,3% tinham pouco conhecimento de Geometria Plana e não aplicam esses conhecimentos na resolução de seus problemas diários. Partindo dessa etapa, ocorreu a construção de conceitos de Geometria Plana com auxílio do software Paint, onde os alunos desenharam a planta baixa da sala, calcularam perímetro e área, utilizaram conhecimentos de retas paralelas e perpendiculares. IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009 695 Posteriormente realizaram atividades contextualizadas sobre o tema, explorando o mapa do bairro onde se localiza a escola. A próxima fase, ora em curso, se refere à construção da Planta Baixa da escola no software simulador XHOME3D, onde se verificou um grau de compreensão e aplicação dos conhecimentos de Geometria Plana, demonstrando a conexão existente entre a Matemática escolar com aquela usada na resolução das situações cotidianas. Conclusão A pesquisa encontra-se em fase final de implementação, onde os alunos estão montando a maquete da escola a partir da construção da planta baixa. Busca-se como resultado desse trabalho subsidiar os professores de Matemática e os alunos da Modalidade EJA, por meio de uma proposta metodológica de ensino, condizente com as necessidades e desafios da Sociedade da Aprendizagem, usando como referencial teórico a proposta de Paulo Freire, possibilitando reflexão e renovação de suas práticas pedagógicas. Referências DUARTE, Newton. O ensino de Matemática de adultos. 7. Ed. São Paulo: Cortez, 1995. FONSECA, Maria da Conceição F. R. 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