WENDT – Cap 7: Process and structural changes

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WENDT – Cap 7: Process and structural changes
-O núcleo da estrutura de um sistema internacional é formado pelos
entendimentos comuns que governam a violência organizada, os quais são o
elemento chave da sua cultura.
-Por processos, entende-se o modo como agentes estatais e culturas sistêmicas,
são mantidas pelas práticas de política externa e, algumas vezes, transformada.
-Estruturas e agentes são efeitos de ações práticas. Logo, agentes e estruturas
são, eles mesmos, processos. Agente só se torna agente quando executa uma
função.
-A importância da relação depende da facilidade e da extensão com as quais os
agentes e estrutura podem ser modificados.
-Há certa negligência por parte dos neo-realistas no entendimento dos
processos e mudanças estruturais. A teoria materialista da estrutura (neorealista) ignora aquilo que realmente determina a lógica da anarquia, a sua
cultura.
-Na linha histórica da evolução da cultura no cenário político internacional, a
estrutura anárquica foi contida, contudo foi mantida, tendo em conta que os
agentes periodicamente fizeram da anarquia algo novo.
-Visão estruturalista do construtivismo: Traz a importância das idéias comuns na
construção de fatos sociais. Fala das dificuldade de executar mudanças em níveis
estruturais.
-Visão racionalista do processo: as preferências são formadas exogenamente, em
seguida ocorre interação entre agentes e dados. O resultado é determinado pelos
diferentes valores atribuídos aos comportamentos. Mudanças nas preferências
ocorrem anteriormente à interação.
-Visão construtivista do processo: a reprodução dos agentes e suas identidades e
interesses são interiores ao processo. Estados são efeitos da interação, causados
e constituídos por ela.
-Cooperação interestatal e o problema do carona: Segundo a ótica racionalista, a
interação não modifica os Estados, portanto, durante a cooperação, eles não
variam suas identidades, e assim, não resolvem o problema do carona.
-Abordagem interacionista: toda teoria estrutural pressupõe uma teoria do
processo social. Até mesmo Waltz possui uma teoria nesse sentido, por
mecanismos de competição e socialização. Mas tal teoria não é bem
desenvolvida, pois procura justificar a dimensão construtivista por meio de um
processo darwinista de seleção natural.
-Wendt propõe uma abordagem evolutiva, que tem que ser pautada em: explicar
o movimento de variáveis no decorrer do tempo; deve especificar meios de gerar
mudanças na variável dependente e um mecanismo de transmitir os efeitos
dessa variações através da população; e deve incorporar tendências que
estabilizem as mudanças na população.
-A segunda premissa trata da transmissão dos efeitos da variação na unidade
para o nível macro, e para isso, há dois: seleção natural e seleção cultural
(institucionalistas)
-A seleção natural (neorrealistas, darwinistas heterodoxos) trata a seleção das
peculiaridades dos Estados como decorrentes da própria sobrevivência do
Estado. O processo é mecânico e as características do aprendizado social e de
socialização não podem ser transmitidos.
-Críticas de Wendt (Descrédito do processo de seleção natural): um Estado não
pode ser egoísta por si mesmo (só existe um interesse se houver outro). Logo, o
interesse só surge durante a interação. AS preferência de si sobre os demais não
leva necessariamente à agressão intergrupal.
-A seleção cultural é um mecanismo evolutivo, envolvendo transmissão do
comportamento de individuo para indivíduo e de geração a geração, por
aprendizado social, imitação ou processos similares.
-Atores adotam auto entendimento dos outros atores que eles consideram bem
sucedidos (imitação). Há sucesso material ou de status (prestigio). Esses
processos levam à tendência homogeneizante, porque um ator que adotar o
mesmo comportamento do ator prestigiado.
-Apesar da capacidade explicativa do processo natural, ele demora muito tempo
para acontecer. Já, a seleção cultural explica todo o processo em apenas uma
geração.
-O que os atores trazem consigo para a interação? Há duas bagagens, uma
material (inerente) e outra representacional (idéias de cada um). A partir disso,
Alter e Ego, antes de se encontrarem, assumem um papel (roll taking). A partir
do momento que assumo um papel, determino o papel do outro (altercating) e
assim, se define a situação.
-Como os atores apreendem as identidades durante ainteração?
Primeiramente, ocorre um encontro entre os dois atores, Alter e Ego.
Cena 1 - Ego, a partir do papel que assume de si mesmo, age.
Cena 2 - Alter interpreta a ação de Ego.
Cena 3 – A partir do novo papel que adquire, Alter age.
Cena 4 - Ego interpreta a ação de Alter, em processos semelhantes.
E o ciclo continua a ocorrer, a não ser que um dos dois mate o outro, ou
acabe a interação. Na interação, ocorre uma distribuição de
conhecimentos, gerando idéias compartilhadas, e gerando uma cultura.
-O poder também tem influencia na interação. Por exemplo, se Ego tem mais
poder, talvez ele tenda a puxar Alter para que ele siga o papel desejado.
-Identidades e interesses são aprendidos durante a interação.
-Identidades e interesses são reproduzidos pela interação.
-Racionalistas e Construtivistas:
-Semelhanças: Ambos aceitam que novas informações e aprendizado
social durante a interação leva a revisar as definições da situação. E
ambos acreditam que se pode assumir o ponto de vista do outro a partir
do processo de aprendizado social.
-Diferenças fundamentais:
-Causal: para racionalistas, identidades e interesse são dados
exógenos e imutáveis. Já, os construtivistas acham que identidades e
interesses mudam de acordo com a forma com que se vê o outro e se
redefinem com interação.
- Efeitos constitutivos (o papel que as representações têm): Os
racionalistas dizem que a representação que um ator tem do objeto não
influencia o objeto. Construtivistas dizem que a representação que se tem
do outro pode gerar efeitos sobre o outro.
-Identidade coletiva e mudança estrutural
-Identidades e interesses constituem variáveis endógenas do modelo.
-Identidades são definidas coletivamente. Mudança estrutural pode
ocorrer quando atores redefinem quem são e o que querem.
-Três problemas/dificuldades relacionados à identidade coletiva:
-as identidades coletivas são específicas para cada relacionamento,
-as identidades coletivas são específicas para estimulo e/ou ameaças,
-identidades coletivas não excluem que atores ainda apresentem
identidades egoístas.
-A formação de uma identidade coletiva plena é muito improvável no sistema
internacional.
-Existem complicações internas (nível do estado; tendência a preferir a ordem e
a previsibilidade) e complicações externas (nível da estrutura; instituições que
restringem o comportamento dos Estados).
-Uma mudança estrutural requer revisões da identidade coletiva.
-Wendt abandona o processo de seleção natural na construção de identidades
coletivas, prefere focar na cultura lockeana (em que não há risco de extinção); e
abandona o processo de seleção cultural (não o ignora, mas prefere deixá-lo de
fora), em lugar da imitação, para focar no processo de aprendizado social.
-O aprendizado social está centrado no mecanismo de “apreciação refletida” (o
processo de construção de identidade coletiva a partir da apreciação do
entendimento que os atores constroem um do outro).
-O mecanismo que produz imagens de inimigos é típica da realpolitik, e
condiciona o comportamento individualista e egoísta.
-O mecanismo que produz imagens de amigos, faz o comportamento pró-social,
que permite a construção de identidades coletivas.
- Há quatro variáveis mestres que permitem que os Estados, em uma cultura
lockeana, formem identidades coletivas que permitam a cooperação e que, no
longo prazo, levem à formação de uma cultura kantiana. As 4 variáveis são:
interdependência, destino comum, homogeneidade, e auto-contenção.
-As três primeiras são variáveis ativas, e a outra é permissiva. Não é necessário
que as quatro estejam presentes no processo de formação da identidade coletiva,
mas sim que haja pelo menos uma variável causativa, combinada com a
permissiva.
-Interdependência: Wendt traz o modelo de Axelrod, mas o critica em dois
pontos: na afirmação de que a comunicação é não verbal , e de que os atores não
se engajam em aprendizado complexo. Para Wendt, existem aprendizados que
se reproduzem, permitindo a construção de uma identidade coletiva. Há o
mecanismo de reprodução da ação coletiva.
-Destino Comum: tanto a interdependência, quanto o destino comum são
fatores objetivos, uma vez que a percepção subjetiva desses fatores é um
resultado e não causa da identidade coletiva. Mas, interdependência e destino
comum diferem, visto que a primeira deriva da interação entre dois agentes,
enquanto a segunda é constituída por um terceiro, que define os dois agentes
como um grupo.
A teoria da seleção grupal, dos sócio-biólogos, é usada por Wendt para explicar
que há formação de grupos altruístas que levam vantagem sobre os egoístas. Isso
ocorre porque os grupos altruístas podem promover a ação coletiva mais
facilmente e podem policiar seus membros com menos recursos.
Essa teoria ainda não responde como surge o altruísmo dentro dos grupos.
O mecanismo comportamental do aprendizado complexo pode resultar no
altruísmo somente através da repetição contínua do comportamento coletivista.
E a comunicação prévia entre atores pode resultar em altruísmo como resposta
a estímulos como por exemplo, a ameaça militar de um terceiro Estado.
-Homogeneidade: Razão de ser de cada grupo. Prejuízo da divisção do
trabalho. Desestimula interdependência e diminui o destino comum. É uma
causa eficiente, mas não suficiente, devido à falta de auto contenção.
-Auto-contenção: Necessidade de respeitar interesses particulares e
individualidades de cada grupo, naturalmente distintos. A auto contenção é
difícil, mas imprescindível. Pois tem que se deixar que o outro dê o primeiro
passo; para ver se você se identifica coma ação do ator e dá o passo seguinte e
gera reciprocidade essencial para a cooperação. E deve haver crença na
sabedoria humana, possibilitando sociedades. Só auto contenção não é suficiente
para a cooperação. Deve haver reconhecimento da vontade do outro;
comportamento repetitivo e aquiescência (cria legitimidade) ; transposição de
auto-restrições da política doméstica para a política externa.
Self binding: atos unilaterais, tentando transparecer confiança para estabelecer a
ligação, mesmo através de sacrifícios. É um Estado mostrando ao outro que vai
se sacrificar, para convencer o outro de que ele vai cooperar.
-EMPECILHOS GERAIS à formação de uma identidade coletiva perfeita a um nível
estrutural: variáveis atuam de forma distinta no interior de cada um dos grupos
que interagem; variáveis influenciando unidades, e não macroestrutura;
identidade coletiva perfeita é algo raro.
-Mudanças de identidade individual não geram mudanças na estrutura, pois
depende de todo um processo.
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