IDENTIDADE E LINGUAGEM Rubens Dias Maia Valdemir Miotello Linguagem e Discurso Identificar, ou a procura da identidade, parece ser uma preocupação da linguagem e do conhecimento. Conhecemos quando identificamos as coisas e as nomeamos. Dar nomes é revelar existências, é exercer domínio e manifestar conhecimentos. São essas algumas atividades culturais que se exercem pela linguagem. As identidades sempre foram discutidas, identidades culturais, raciais, ou as mais diversas identidades. O presente trabalho, no entanto, procura, antes de tudo, saber o que é a identidade em si mesma, e qual a origem desse termo. O lingüista, para ser filósofo, procura investigar os termos e conceitos fundamentais que encontra em uso na linguagem. Ao lado da observação de identidades várias, ele pretende simplesmente definir identidade. O que é identificar lingüisticamente? Por isso começamos por uma reflexão sobre o próprio conceito de identidade. Depois veremos que a narrativa mítica foi uma tentativa de identificação do mundo. Desde a filosofia grega, encontramos reflexões sobre a identidade do indivíduo singular e do conceito universal, este homem e o homem, sobre a identidade e as diferenças, pois definir identidade é mostrar diferenças. Está implícito no conceito de identidade o conceito de diferença. Assim, por esse aspecto de unidade e diferença, definiam os escolásticos o indivíduo. Já pela língua latina, indivíduo é individuum, isto é, aquilo que é indiviso em si e dividido de todo o resto, idêntico consigo mesmo e diferente dos outros. Importa também verificar se a identidade permanece, se as transformações que sofre o indivíduo destroem ou não sua identidade. Sendo o indivíduo uno e incomunicável, como definir a individualidade. Desde Duns Scotus temos a polêmica sobre o princípio da individuação e o termo haecceitas para designar essa individuação singular ou ipseidade. Este homem aqui. Os demonstrativos são de uso comum e necessário na linguagem cotidiana e coloquial, e constituem o primeiro instrumento de reconhecimento e de identificação, juntamente com as formas finitas do verbo e os pronomes pessoais. O próprio termo identidade tem sua origem, de formação erudita para uso filosófico, no demonstrativo latino idem. Dessa identificação demonstrativa, nasce a definição ostensiva, que mostra e dá nome, onde já encontramos um princípio de aprendizagem das línguas. Wittgenstein no início de Investigações filosóficas fala de “ensino ostensivo das palavras”. Mostrar e falar. Falar, denominar, designar e definir são formas de identificar. No ato de designar encontramos alguns elementos para análise: o nome, a referência, e o objeto, também chamado de referente. O nome designa um objeto mediante uma referência ou conceito. Se o conceito for o sentido do referente, podemos admitir vários sentidos para um mesmo referente. Eis uma questão da identidade discutida por Frege. Leibniz discutiu também o princípio da individuação, a identidade dos indiscerníveis. Ao lado do conceito de designação podemos discutir o problema da nomenclatura ou da motivação lingüística. Palavras-chave: Identidade; definição; denominação; motivação lingüística.