A QUESTÃO DA DIVERSIDADE LINGUÍSTICA Fernando Kovaleski UNEMAT Andréia Kovaleski UNEMAT O presente texto apresenta as diversas facetas da diversidade linguística no âmbito educacional no ensino de Língua Portuguesa tanto na forma escrita quanto na forma oral. Barzotto expõe ainda considerações acerca de algumas formas verbais relevantes para o ensino das variedades linguísticas da Língua Portuguesa. Palavras-chave: Diversidade linguística, variedade lingüística, formas verbais, ensino, oralidade, escrita, Língua Portuguesa. Negar que existe variedade é impossível, pois em todas as línguas há variedade, principalmente num território tão vasto como o Brasil, onde muitos falares se destacam em meio à língua oficial do país. Dentre estas variedades agrupam-se os fatores classe social, sexo, faixa etária, etc. Todavia, a multiplicidade de dialetos existentes torna a “língua padrão” mais complexa, visto que a interação entre os indivíduos de um dado grupo social fundamentalmente ocorre por meio da linguagem oral. Diante desses apontamentos, é válido mencionar que o debate sobre as variedades lingüísticas da Língua Portuguesa propiciou que viessem à tona três verbos: respeitar, valorizar e adequar. No entanto, Barzotto, nos mostra que mais caberia uma reflexão acerca desses “termos” do que encará-los sob uma forma contrária a estabelecida pelo dicionário. Os termos adequar, valorizar e respeitar são pretextos para em hipótese alguma, rejeitar, repudiar e/ou desconsiderar a produção do educando, seja ela calcada ou não nos princípios da Gramática Tradicional. Barzotto aponta que dentre essa gama de verbos, o verbo incorporar seria o mais viável, não apenas por erradicar alguns equívocos como de que a Lingüística aceita tudo, como também sanar algumas deficiências quanto à utilização dos outros verbos mencionados, uma vez que os significados do verbo incorporar presentes no dicionário são mais plausíveis, pois dão a entender que recebendo ou admitindo a diversidade lingüística em sala de aula, sem idéia de valor, respeita-se melhor a Constituição, e conseqüentemente evitam-se danos e ajuizamentos precipitados e inadequados que acabam por denegrir a “língua modelo”. Reflexões e reformulações da estrutura educacional no Brasil, em todos os níveis seriam importantes, visto que a verba destinada à educação não contempla todos os alunos, pois em algumas localidades elas nunca chegam e consequentemente não são aplicadas. Dessa forma, é notável que a escola não tem condições de desempenhar todo e qualquer papel sozinha, pois muitos pais esquecem-se de que são responsáveis pelo acompanhamento de seus filhos durante o período escolar e até antes disso, colocandoos em contato com livros, revistas, quadrinhos, gibis e inclusive contando histórias a fim de instigar a leitura desde a infância. A Sociolingüística tem um papel muito relevante sobre o ensino, especialmente o de Língua Portuguesa, pois permite que os educandos tomem conhecimento que a diversidade lingüística existe, portanto é aceitável, mas não significa que seja em qualquer tempo e espaço. Contudo, se os educandos não dominam a norma idealizada, sobretudo na comunicação escrita, dominam eles perfeitamente a norma de seu grupo social. Eles apenas não dominam as normas idealizadas arbitrariamente e impostas, porém conseguem perfeitamente falar sobre o que conhecem e o que lhes interessa. De fato, é válido mencionar que a Sociolingüística exerceu e ainda exerce um papel relevante sob a utilização da linguagem perante o ensino. A Sociolingüística contribuiu grandemente para sanar algumas deficiências no campo da linguagem, como se afastar da afirmação de que nesse ramo, se aceita tudo. É importante salientar que através do verbo incorporar, permite-se pensar que a unidade da Língua portuguesa é garantida pela sua diversidade. É a Sociolingüística a grande responsável por evidenciar que a língua varia e que, portanto, existe variação na linguagem, pois os diferentes modos de falar empregados num mesmo espaço é prova viva de que não falamos “errado” e sim sob regras e princípios distintos, portanto as pessoas não falam igualmente, há sempre algo que está posto em variação, o que predomina são as imposições da Gramática Tradicional, que não aceita em hipótese alguma, que se fuja às concepções ditadas por ela. À luz da diversidade lingüística, a Sociolingüística para o ensino é inquestionável, pois além dela quebrar alguns mitos até então existentes, ainda pauta-se na tese de que as diferenças existem, e se existem diferenças raciais, por que não na linguagem? Muitos fatores fazem desse emaranhado de idéias uma enorme complexidade, mas é na escola que se enfrenta a maioria dos problemas, quando inúmeros alunos passam durante anos ouvindo diversos professores falarem que somente a linguagem ditada pela Gramática Tradicional é exemplo de boa linguagem, o que sobra é insignificante, impróprio e vulgar, e por outro lado, a Sociolingüística assevera que trabalhar com a língua pressupõe que a fala e a escrita possuem valores, mas que em nenhum dos casos uma é mais “pobre” do que a outra. É nessa corrente que os alunos se vêem incapazes de lidar com a linguagem, pois passam grande parte de seu tempo em contato direto com ela, mas que ao final uma derruba a outra, ou pelo menos não se aceitam. Portanto, a língua desempenha sempre um papel preponderante, seja na sua forma oral, seja através de seu código substitutivo escrito, e mesmo sabendo das variações apenas e unicamente a Sociolingüística encara as variações da linguagem como um dado constitutivo do fenômeno lingüístico. Em contrapartida, a Gramática Tradicional não aceita nada além daquilo que um dia fora estabelecido como código padrão e, portanto oficial. Abstract: This paper presents current crisis Linguistic diversity in educational field in Portuguese Language Teaching as writing manner as oral manner. Barzotto shows some considerations about important verbal forms for teaching of Linguistic variety of Portuguese Language. Key words: Linguistic Diversity, Linguistic Variety, verbal forms, speaking, writing, teaching, Portuguese Language. Referências Bibliográficas BARZOTTO, V. H. Nem respeitar, nem valorizar, nem adequar as variedades linguísticas. In. Revista ECOS - Variantes linguísticas e literaturas regionais. Cáceres: UNEMAT, 2004. FERREIRA, A. B. DE H. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Nova Fronteira, 1986.