RELATÓRIO DE POLÍTICA MONETÁRIA

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RELATÓRIO DE POLÍTICA MONETÁRIA
(ao abrigo do nº 3 do art.º 18.º da Lei Orgânica do BCV)
Março de 2016
Banco de Cabo Verde
RELATÓRIO DE POLÍTICA MONETÁRIA
(ao abrigo do n.º 3 do art.º 18º da Lei Orgânica)
Banco de Cabo Verde
Março de 2016
BANCO DE CABO VERDE
Avenida Amílcar Cabral, 27
CP 7600-101 - Praia - Cabo Verde
Tel: +238 2607000 / Fax: +238 2607197
http://www.bcv.cv
Relatório de Política Monetária
Índice
Sumário Executivo
I. Estado da Economia Nacional em 2015
3
5
1. Enquadramento Externo da Economia Cabo-Verdiana
6
2. Oferta e Procura
9
3. Inflação
11
4. Contas Externas
13
5. Situação Monetária e Financeira
16
6. Finanças Públicas
18
II. Perspetivas de Evolução da Economia no Curto Prazo
20
7. Hipóteses de Enquadramento das Projeções
21
8. Projeção dos Principais Indicadores Económicos e Financeiros
24
9. Política Monetária para os Próximos Meses
27
III. Anexo Estatístico
28
Relatório de Política Monetária
Sumário Executivo
O enquadramento externo da economia cabo-verdiana permaneceu ligeiramente favorável ao longo
de 2015, ainda que a atividade económica mundial tenha abrandado, beneficiando a evolução da
procura externa dirigida à economia nacional e as transferências privadas para apoio familiar e
compensando, em certa medida, alguma pressão inflacionista interna.
As estimativas das contas nacionais trimestrais, produzidas pelo Instituto Nacional de Estatística,
apontam para um crescimento real na ordem dos 0,8 por cento em termos homólogos, nos primeiros
nove meses de 2015, suportado pela recuperação da atividade de alojamento e restauração e dos
impostos líquidos de subsídios.
O crescimento da economia nacional desacelerou, contudo, comparativamente ao desempenho
registado até setembro de 2014 (2,2 por cento). Para este comportamento contribuíram, em larga
medida, do lado da oferta, a contração da atividade dos ramos de comércio, agricultura e indústria
extrativa, bem como a desaceleração do crescimento das atividades de construção, pesca e
administração pública.
Do lado da procura, até ao terceiro trimestre, o desempenho menos conseguido terá resultado da
contração dos investimentos, relacionada sobretudo com os constrangimentos na execução do
“Programa Casa para Todos”, a implementação mais lenta de projetos financiados com investimento
direto estrangeiro, a diminuição dos investimentos do Governo Central e a redução do crédito ao
sector privado.
Os indicadores de procura, acompanhados pelo Banco de Cabo Verde, apontam para um contributo
negativo da procura interna para o crescimento em 2015, entretanto, marginalmente superado pelo
contributo positivo da procura externa líquida (em resultado, sobretudo, da queda das importações
de bens e serviços).
A inflação média anual infletiu em abril a tendência decrescente, fixando-se em 0,1 por cento em
dezembro.1 Os efeitos da redução dos preços das matérias-primas energéticas e não energéticas nos
mercados internacionais, bem como dos índices de preços no produtor e no consumidor nos
principais mercados fornecedores do país, compensaram em larga medida a tendência ascendente
dos preços de bens alimentares produzidos internamente (devido à seca de 2014 e à pressão
exercida pelo aumento da taxa de imposto sobre o valor acrescentado de 15 para 15,5 por cento nas
diversas classes de bens e serviços) favorecendo o rendimento disponível bruto real das famílias
cabo-verdianas.
O défice da balança corrente reduziu em mais de 50 por cento, refletindo, por um lado, a redução
das importações de bens e serviços e, por outro, o aumento das remessas de emigrantes, das
1
Em inícios de 2016, os preços no consumidor retomaram a tendência descendente, tendo a inflação média anual se fixado em -0,1 por
cento em fevereiro.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
3
Relatório de Política Monetária
Quadro 1: Indicadores Económicos Selecionados
Sector Real
PIB real
Índice de Preços no Consumidor
Sector Externo
Défice Corrente
RIL/Importações
Sector Monetário
Ativo Externo Líquido
Crédito à Economia
Massa Monetária
Unidade
2013E
2014E
Dezembro/15
2015P
2016P
variação em %
v.m.a. em %
0,8
1,5
1,8
-0,2
[1,0 2,0] [2,5 3,5]
[0,0 0,2] [0,6 1,1]
em % do PIB
meses
5,8
4,8
9,1
5,4
5,6
5,2
variação em %
variação em %
variação em %
38,1
2,0
11,0
21,8
-0,2
7,3
-1,4
2,0
4,1
Março/16
2015E
2016P
0.8*
0,1
[1,5 2,5]
[0,0 1,0]
7,5
4,9
4,4
6,4
7,1
6,0
-1,2
2,9
4,0
13,4
2,7
5,9
-2,3
3,4
3,7
Fonte: Instituto Nacional de Estatística e Banco de Cabo Verde.
Nota: E – Estimativas; P – Projeções; v.m.a. – Variação média anual; * - estimativa de crescimento real até setembro de 2015, de acordo
com o Instituto Nacional de Estatística. Os valores do PIB de 2013 e 2014 correspondem a estimativas das contas nacionais trimestrais
produzidas pelo Instituto Nacional de Estatística.
transferências oficiais e das receitas de turismo.
O investimento direto estrangeiro inverteu, a partir do terceiro trimestre, a tendência de
recuperação, contribuindo, a par da redução dos desembolsos líquidos da dívida pública externa e do
aumento das aplicações dos bancos no exterior, para a redução do excedente da balança financeira
que, entretanto, foi suficiente para garantir um aumento das reservas internacionais líquidas do país
na ordem dos 32 milhões de euros.
Para 2016, a perspetiva de arranque de importantes empreendimentos financiados com
investimento direto estrangeiro, de evolução relativamente favorável do enquadramento externo, de
contínua melhoria do balanço dos bancos e de maior efetivação, na economia real, das medidas de
política monetária que vêm sendo implementadas desde maio de 2013, suportam as expectativas de
um maior dinamismo da atividade económica.
O cenário central das projeções macroeconómicas para 2016 aponta para um intervalo de
crescimento real do PIB de 1,5 a 2,5 por cento. A revisão em baixa comparativamente ao antecipado
em dezembro traduz os desenvolvimentos macrofinanceiros internos e internacionais recentes, num
contexto de aumento de incertezas.
Nos próximos meses, a política monetária deverá manter-se centrada na preservação das reservas
externas em níveis adequados ao perfil de risco e à estabilidade macroeconómica e financeira do
país. O Banco de Cabo Verde permanecerá, contudo, atento a eventuais necessidades de intervenção
para estimular a economia real.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
4
Estado da Economia Nacional em 2015
Banco de Cabo Verde / Novembro de 2015
5
Relatório de Política Monetária
1. Enquadramento Externo da Economia Cabo-Verdiana
Enquadramento externo da economia cabo-verdiana marcado pela recuperação modesta dos
principais parceiros do país, num contexto de abrandamento da economia global.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia global terá crescido 3,1 por
cento em 2015, menos 0,3 pontos percentuais que em 2014.
Numa conjuntura de modesta recuperação das economias avançadas, o abrandamento do
crescimento económico mundial foi determinado pela menor dinâmica das economias emergentes e
em desenvolvimento (cresceram quatro por cento em 2015, menos 0,6 pontos percentuais que em
2014), sobretudo relacionada com o rebalanceamento do modelo económico chinês. 2 A
desaceleração da economia chinesa afetou o comércio externo global, o investimento, em especial
na indústria extrativa, os preços das commodities e a estabilidade dos mercados financeiros.
Acresce-se que o processo de gradual normalização da política monetária nos Estados Unidos,
restringindo em certa medida o financiamento externo de economias emergentes, contribuiu
igualmente para o seu desempenho menos conseguido.3
A economia dos principais parceiros económicos do país manteve a trajetória de recuperação,
crescendo 1,5 por cento (0,9 e -0,4 por cento, respetivamente em 2014 e 2013). A melhor
performance da economia da Área do Euro foi impulsionada pelas condições de financiamento
excecionalmente acomodatícias, numa conjuntura de algum alívio na política de consolidação
Figura 1: Evolução do Produto Interno Bruto e Desemprego nos principais parceiros económicos do país.
13,0
EUA
2,5
1,5
Área do Euro
0,5
-0,5
Área do Euro
11,0
9,0
7,0
5,0
Reino Unido
EUA
3,0
1ºT 11
2ºT 11
3ºT 11
4ºT 11
1ºT 12
2ºT 12
3ºT 12
4ºT 12
1ºT 13
2ºT 13
3ºT 13
4ºT 13
1ºT 14
2ºT 14
3ºT 14
4ºT 14
1ºT 15
2ºT 15
3ºT 15
4ºT 15
-1,5
Mar-11
Jun-11
Set-11
Dez-11
Mar-12
Jun-12
Set-12
Dez-12
Mar-13
Jun-13
Set-13
Dez-13
Mar-14
Jun-14
Set-14
Dez-14
Mar-15
Jun-15
Set-15
Dez-15
Produto Interno Bruto (t.v.h. em %)
Reino Unido
Desemprego (% da população ativa)
3,5
Fonte: Eurostat; US Department of Labor; Officer for National Statistic.
Nota: t.v.h. – taxa de variação homóloga.
2
A economia chinesa está transitando benignamente, na perspetiva do FMI, de um modelo dependente de investimentos e exportações
para outro mais centrado no consumo e procura interna.
3
O comportamento favorável do mercado de trabalho nos Estados Unidos, num contexto de baixas pressões inflacionistas, viabilizou o
início do ciclo de normalização da taxa de juro dos fed funds. Pela primeira vez em uma década, a Reserva Federal subiu, em dezembro, o
intervalo de variação da sua taxa de referência de 0-0,25 para 0,25-0,50 por cento.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
6
Relatório de Política Monetária
Figura 2: Evolução das Taxas de Juro de Referência da Área do Euro, dos EUA e do Reino Unido, das Taxa Euribor e do
Câmbio do EUR.
1,6
1,80
1,45
1,40
1,2
1,40
1,20
1,35
1,0
1,00
0,20
Set-15
Mai-15
Set-14
Jan-15
Mai-14
Set-13
Jan-14
1,00
Mai-13
1,05
-0,40
Set-12
Set-15
Mai-15
Set-14
Jan-15
Mai-14
Set-13
Jan-14
Mai-13
Set-12
Jan-13
Mai-12
Set-11
Jan-12
Jan-11
Mai-11
0,0
1,10
-0,20
Jan-13
0,2
1,15
Euribor 3 meses
0,00
Mai-12
fed funds rate (FED)
Set-11
0,4
1,20
0,40
Jan-12
0,6
1,25
0,60
Jan-11
bank rate (Bank of England)
1,30
0,80
Mai-11
0,8
Média Mensal
Média Mensal
1,4
1,50
Câmbio Euro/Dólar (eixo dto.)
1,60
refi rate (BCE)
Fonte: Eurostat; Federal Reserve, Bank of England.
orçamental, de redução dos preços das matérias-primas e de aumento do emprego.4
Os Estados Unidos, outro importante parceiro do país, registou, de acordo com a segunda estimativa
do US Bureau of Economic Analysis, um crescimento económico real de 2,4 por cento (2,4 por cento
em 2014), sustentado sobretudo no dinamismo do consumo das famílias (numa conjuntura de queda
do desemprego para 5,3 por cento da população ativa e de redução da inflação), no fortalecimento
dos investimentos no sector imobiliário e na moderação da restritividade orçamental.5
O crescimento económico do país líder do mercado turístico nacional, o Reino Unido, desacelerou de
2,9 para 2,2 por cento em 2015, em resultado do enfraquecimento da atividade dos sectores de
manufaturas, construção e energia.
Numa conjuntura de abrandamento da procura e do comércio global, mas de aumento da oferta,
os preços das matérias-primas nos mercados internacionais registaram quedas expressivas em
2015.
O preço das matérias-primas energéticas reduziu 47 por cento, enquanto o das matérias-primas não
energéticas 17 por cento, beneficiando, por um lado, os importadores líquidos e condicionando, por
outro, o orçamento e as perspetivas de crescimento dos exportadores, agravados pela depreciação
cambial. Consequentemente, a inflação pelos custos e os preços no consumidor, particularmente
influenciados pela redução dos preços do preço de petróleo, mantiveram globalmente uma
tendência descendente.6
4
Registe-se que o Banco Central Europeu reforçou, num contexto de pressões deflacionistas, a sua política acomodatícia. Alargou, em
março, o seu programa de aquisições mensais de ativos aos bancos, para incluir os títulos soberanos, e em dezembro, além de estender o
prazo de aplicação da medida não convencional a março de 2017, reduziu em dez pontos base as suas taxas de juro de referência, fixando
as taxas refi, de facilidade de cedência e de facilidade de absorção de liquidez, respetivamente em 0,05, 0,3 e -0,3 por cento. A transmissão
monetária contudo permaneceu condicionada pelo elevado nível de endividamento dos agentes económicos das economias mais
vulneráveis.
5
Não obstante, a queda dos preços do petróleo refletiu-se negativamente na atividade industrial e no investimento, dado o peso das
petrolíferas neste agregado, e as exportações abrandaram significativamente, com a apreciação do dólar e a moderação da procura global.
6
O preço do barril de brent, petróleo de referência para o mercado nacional, registou uma queda acumulada de 44 por cento em termos
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
7
Relatório de Política Monetária
60,0
Brent
30,0
FAO Food
Price Index
15,0
0,0
-15,0
-30,0
-45,0
Taxa de Inflação Homóloga (%)
5,0
45,0
4,0
3,0
EUA
2,0
1,0
0,0
Área do Euro
-1,0
Cabo Verde
Set-15
Mai-15
Set-14
Jan-15
Mai-14
Set-13
Jan-14
Mai-13
Set-12
Jan-13
Mai-12
Set-11
Jan-12
Jan-11
Mai-11
-2,0
-60,0
Mar-11
Jun-11
Set-11
Dez-11
Mar-12
Jun-12
Set-12
Dez-12
Mar-13
Jun-13
Set-13
Dez-13
Mar-14
Jun-14
Set-14
Dez-14
Mar-15
Jun-15
Set-15
Dez-15
Preço de Matérias-Primas (t.v.h. em %)
Figura 3: Preços das Matérias-Primas e no Consumidor dos EUA, Área do Euro e Cabo Verde
Fonte: FAO; Bloomberg; Eurostat; US Department of Labor.
Nota: t.v.h. – taxa de variação homóloga.
A melhoria das condições macroeconómicas e financeiras dos principais parceiros do país, bem como
a redução da sua inflação, favoreceu a recuperação das exportações de turismo do país, o
crescimento das remessas dos emigrantes, a diminuição da fatura das importações e a contenção dos
preços no consumidor, beneficiando consequentemente o rendimento disponível das famílias
cabo-verdianas.
homólogos de janeiro a dezembro de 2015 (menos seis por cento em 2014). De registar, igualmente, a queda em 18,7 por cento do índice
de preços dos alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
8
Relatório de Política Monetária
2. Oferta e Procura
Estatísticas disponíveis apontam para uma desaceleração do ritmo de crescimento da economia
nacional em 2015.
As estimativas das contas nacionais trimestrais apontam para um crescimento económico real de 0,8
por cento até setembro (2,2 por cento em período homólogo).
O abrandamento do económico nos primeiros três trimestres do ano é explicado, sobretudo, pela
contração da atividade dos ramos do comércio, agricultura e indústria extrativa, bem como pela
desaceleração do crescimento das atividades da construção, da pesca e da administração pública.
Realce-se, contudo, a forte recuperação da atividade de alojamento e restauração e dos impostos
líquidos de subsídios.
Do lado da procura, a contração da formação bruta de capital fixo estará a explicar, em larga medida,
o desempenho menos conseguido da economia. Note-se que até ao final do terceiro trimestre
persistiram os condicionamentos à execução do “Programa Casa para Todos”, uma dinâmica aquém
das expetativas na implementação de projetos financiados com investimento direto estrangeiro e
uma tendência de redução dos investimentos do Governo Central.
Os indicadores quantitativos da atividade económica apontam para uma ligeira recuperação da
procura interna no quarto trimestre, em resultado de um desempenho menos desfavorável do
indicador de formação bruta de capital fixo, numa conjuntura de algum alívio nas condições de
financiamento às empresas (ainda que os critérios se tenham agravado) e de contínua diferenciação
dos clientes da banca nacional em função do seu perfil de risco.7
60,0
7,5
Indicador de Procura Externa Líquida
5,0
40,0
-20,0
Indicador de Procura Interna
-40,0
Dez-15
Set-15
Jun-15
Dez-14
Mar-15
Set-14
Jun-14
Mar-14
Set-13
-60,0
Dez-13
3ºT 15
0,0
Jun-13
Agricultura e Pesca
Construção
Outras Indústrias
Serviços
Impostos Líquidos de Subsídios
PIB (variação trimestral em volume)
2ºT 15
1ºT 15
4ºT 14
3ºT 14
2ºT 14
1ºT 14
4ºT 13
3ºT 13
2ºT 13
-7,5
Mar-13
-5,0
20,0
Dez-12
0,0
-2,5
t.v.h. de mm3 em %
2,5
1ºT 13
Contributos para o crescimento real do PIB
(pontos percentuais)
Figura 4: Contributos para o Crescimento Económico e Evolução dos Indicadores da Procura Agregada
Fonte: Instituto Nacional de Estatística; Direção Geral das Alfândegas. Cálculos do Banco de Cabo Verde.
7
De acordo com o inquérito à política de crédito realizado trimestralmente junto a seis bancos nacionais, a maior restrição aplicada ao
longo do ano nos critérios de acesso ao financiamento das empresas foi motivada sobretudo pelo nível de incumprimento dos clientes,
pelo aumento da sua perceção de riscos macroeconómicos e pelo perfil dos clientes (nomeadamente, empresas com contabilidade não
organizada).
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
9
Relatório de Política Monetária
Figura 5: Evolução das Taxas de Juro e do Crédito à Economia
6,0
-2,0
Out-15
Jul-15
Jan-15
Abr-15
Out-14
Jul-14
Abr-14
-4,0
Jan-14
Set-15
Taxa de Juro Média Efetiva dos Depósitos
Taxa de Juro Média Efetiva do Crédito ao Sector Privado
Taxa Diretora do Banco de Cabo Verde
Dez-15
Jun-15
Mar-15
Set-14
Dez-14
Jun-14
Mar-14
Set-13
Dez-13
Jun-13
Mar-13
Set-12
Dez-12
Jun-12
Mar-12
3,0
0,0
Out-13
5,0
2,0
Jul-13
7,0
4,0
Jan-13
9,0
Abr-13
variação homóloga em %
taxas de juro em %
11,0
Crédito a Empresas não Financeiras
Crédito a Particulares
Fonte: Bancos Comerciais. Cálculos do Banco de Cabo Verde.
Não obstante, em termos acumulados, a evolução dos indicadores de procura agregada,
acompanhados pelo Banco de Cabo Verde, aponta para um contributo negativo da procura interna
para o crescimento (pese embora o aumento estimado do consumo privado), marginalmente
superado pelo contributo positivo da procura externa líquida (resultado, sobretudo, da queda das
importações de bens e serviços).
Refira-se que o consumo privado terá sido beneficiado pela melhoria do rendimento disponível bruto
das famílias, em função do aumento das remessas dos emigrantes (21,8 por cento) e dos benefícios
sociais (8,8 por cento), bem como pela evolução contida da inflação e aumento do crédito bancário a
particulares.
A evolução dos indicadores quantitativos é corroborada pela evolução dos indicadores de confiança
dos agentes económicos, produzidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Com efeito, o clima económico manteve uma tendência desfavorável ao longo do ano, refletindo as
apreciações negativas dos operadores de todos os ramos de atividade, com exceção dos da indústria
transformadora e do comércio em feira. O indicador de confiança do consumidor manteve
igualmente uma trajetória descendente, refletindo a perceção dos agentes quanto à sua situação
financeira atual e às perspetivas de evolução da economia nos próximos 12 meses.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
10
Relatório de Política Monetária
3. Inflação
Preços no consumidor evoluíram favoravelmente em 2015.
Depois de infletir a tendência descendente em abril, a inflação média anual fixou-se em 0,1 por cento
em dezembro de 2015 (-0,2 por cento em dezembro de 2014).
O comportamento dos preços no consumidor ao longo do ano refletiu, essencialmente, o aumento
da pressão inflacionista na classe de bens alimentares e bebidas não alcoólicas (aumento médio
anual de 1,5 por cento, que compara a -1,2 por cento registado em período homólogo), em resultado
da redução de produção local de frescos. O aumento da taxa do imposto sobre o valor acrescentado,
em 0,5 pontos percentuais, para cofinanciar o apoio às vítimas e a reconstrução das infraestruturas
destruídas pela erupção do Pico do Fogo, igualmente contribuiu para o aumento dos preços na
generalidade das classes do índice de preços no consumidor (IPC).
A pressão mais altista dos preços de produtos locais e serviços foi, em larga medida, compensada
pela redução da inflação importada (de bens energéticos e outros bens e serviços), em resultado da
evolução muito contida dos preços no consumidor e produtor dos principais fornecedores do país.
Em particular, a redução do preço de petróleo de referência para Cabo Verde na ordem dos 44 por
cento determinou direta e indiretamente a deflação na ordem dos seis e três por cento,
respetivamente, das classes de rendas de habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis e
de transportes, ao ser repassado aos preços máximos de combustíveis e às tarifas de fornecimento
de água e eletricidade.8
Quadro 2: Contributos para a Variação da Inflação Homóloga
Peso
Contributos para a
Inflação Média Anual (%)
no
variação da inflação
Cabaz Mar-14 Jun-14 Set-14 Dez-14 Mar-15 Jun-15 Set-15 Dez-15 nos últimos 12 meses
Inflação Média Anual
C1. Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas
0,8
0,3
-0,1
-0,2
-0,4
-0,2
0,0
0,1
100%
41%
-0,2
-0,8
-1,4
-1,2
-1,0
-0,4
0,9
1,4
291,2%
C2. Bebidas alcoólicas e tabaco
2%
3,3
2,5
1,7
1,3
1,2
1,4
1,7
1,7
2,4%
C3. Vestuário e calçado
6%
1,5
1,5
1,3
1,5
1,6
1,4
1,2
0,9
-8,4%
C4. Rendas de habitação, àgua, eletricidade,…
16%
3,2
2,3
1,2
-0,2
-1,2
-2,6
-4,5
-6,0
-250,4%
C5. Acessórios, equipamentos domésticos…
6%
3,3
2,4
1,7
1,2
1,5
2,5
3,8
5,6
75,4%
C6. Saúde
2%
0,8
1,1
1,3
1,3
1,4
1,4
1,1
1,0
-1,1%
C7. Transportes
11%
-3,7
-3,2
-2,6
-1,8
-2,5
-2,4
-2,4
-2,6
-25,3%
C8. Comunicações
4%
4,1
2,9
1,8
0,7
0,0
0,0
0,0
0,0
-7,9%
C9. Lazer, recreação
3%
-5,5
-3,2
-2,1
-1,2
0,2
-0,2
0,5
1,0
19,4%
C10. Ensino
1%
0,1
0,0
-0,3
-0,7
-1,2
-1,4
-1,3
-0,9
-0,6%
C11. Hotéis, restaurantes,…
3%
3,3
0,6
-0,3
-0,1
0,7
1,1
1,1
1,2
10,3%
C12. Bens e serviços diversos
6%
5,0
4,9
5,2
4,8
4,8
4,8
4,5
4,5
-4,9%
Fonte: Instituto Nacional de Estatística.
8
Em termos agregados, a Agência de Regulação Económica reduziu os preços administrados de combustíveis e as tarifas de eletricidade e
água em 15, 20 e 12 por cento, respetivamente, em 2015.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
11
Relatório de Política Monetária
Figura 6: Evolução do Índice de Preços no Consumidor, da Inflação Homóloga em Cabo Verde e Área do Euro e do
Índice de Câmbio Efetivo Real
inflação homóloga em %
6,0
4,5
1,5
0,0
118
4,0
116
3,0
2,0
114
1,0
112
0,0
110
-1,0
Set-15
Taxa de variação homóloga
Taxa de variação média 12 meses
IPC excluindo energia e bens alimentares não transformados (t.v.h.)
Dez-15
Jun-15
Mar-15
Set-14
Dez-14
Jun-14
Mar-14
Set-13
Dez-13
Jun-13
Mar-13
Set-12
Dez-12
Jun-12
Dez-11
Mar-12
-1,5
-2,0
108
Jan-11
Abr-11
Jul-11
Out-11
Jan-12
Abr-12
Jul-12
Out-12
Jan-13
Abr-13
Jul-13
Out-13
Jan-14
Abr-14
Jul-14
Out-14
Jan-15
Abr-15
Jul-15
Out-15
em %
3,0
120
5,0
Índice
6,0
Área do Euro
Cabo Verde
Índice de Taxa de Câmbio Efetiva Real (eixo dto.)
Fonte: Instituto Nacional de Estatística; Eurostat; Banco de Cabo Verde. Cálculos do Banco de Cabo Verde.
Nota: IPC – Índice de Preços no Consumidor; t.v.h. – taxa de variação homóloga.
Expurgando a evolução das componentes mais voláteis do IPC, os bens energéticos e alimentares não
transformados, a inflação fixou-se em termos médios anuais em 0,9 por cento (0,1 por cento em
2014). Além de refletir o aumento do imposto indireto, a evolução da inflação subjacente ao longo
de 2015 traduziu o dinamismo moderado da procura agregada, numa conjuntura de contenção
salarial.
Além de beneficiar o poder de compra das famílias, a evolução dos preços no consumidor favoreceu
o aumento da competitividade-preço do país (conforme sugere o decréscimo do índice de câmbio
efetivo real do país em torno de dois por cento), num contexto de depreciação do euro (em dez por
cento em termos efetivos nominais), moeda à qual o escudo cabo-verdiano está indexado.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
12
Relatório de Política Monetária
4. Contas Externas
Estimativas preliminares apontam para uma performance favorável das contas externas em 2015.
O défice da balança corrente reduziu cerca de 51 por cento em 2015, depois de ter crescido 58 por
cento em 2014. A melhoria da conta corrente foi determinada pela redução das importações de
bens, em cerca de 12 por cento, pelo aumento das transferências unilaterais, na ordem dos 16 por
cento, e pela redução dos dividendos expatriados, em 48 por cento.
A evolução menos desfavorável do desequilíbrio externo do país está sobretudo relacionada a
fatores conjunturais, nomeadamente à redução dos preços no produtor e no consumidor nos
mercados fornecedores do país (o efeito preço explica em 79 por cento a redução das importações),
ao apoio às vítimas da erupção vulcânica e da seca em 2014 (que contribuiu para o aumento
exponencial dos donativos e das remessas dos emigrantes, respetivamente em 24 e 22 por cento) e à
dissipação do efeito da expatriação em 2014 de reservas constituídas por vários anos por uma
empresa com capital externo.
9
Contrariamente às balanças de bens, de rendimentos e de transferências correntes, a balança de
serviços registou um comportamento menos favorável em 2015, não obstante a recuperação das
exportações de serviços turísticos. O excedente da balança de serviços decresceu 3,6 por cento,
essencialmente explicado pela redução da exportação de serviços de comunicações, resultado da
dissipação do efeito das receitas de conetividade auferidas pelo país em 2014, na sequência da
ligação do segundo cabo submarino.
Figura 7: Evolução das Principais rubricas da Balança Corrente
40,0
Juros da Dívida (Governo,
bancos e outros sectores)
em % do PIB
20,0
Dividendos do IDE
Expatriados
0,0
Remessas de Emigrantes
-20,0
Receitas de Turismo
-40,0
Importações de Bens e
Serviços
-60,0
Balança Corrente
-80,0
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Fonte: Banco de Cabo Verde.
Nota: No gráfico foram destacadas as performances das principais rubricas da Balança Corrente.
9
As exportações de bens registaram uma redução de 27,6 por cento, determinada pela diminuição em termos de quantidade e de preço
das reexportações de combustíveis e víveres nos portos e aeroportos do país. As exportações de mercadorias, refletindo essencialmente o
efeito de crescimento significativo da procura em 2014 (+21 por cento), aumentaram um por cento.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
13
Relatório de Política Monetária
Quadro 3: Procura Turística
2013
2014
2015
valor absoluto
t.v.h. (%)
valor absoluto
t.v.h. (%)
valor absoluto
Hóspedes
502.874
4,3
493.732
-1,8
519.722
t.v.h. (%)
5,3
Dormidas
3.279.928
3,0
3.284.271
0,1
3.572.878
8,8
Estadia Média (n.º de noites)
5,9
-90,2
6,1
3,4
6,3
3,3
Taxa de Ocupação (em percentagem)
56,0
-1,8
53,0
-5,4
49,0
-7,5
Fonte: Instituto Nacional de Estatística.
Nota: t.v.h. – taxa de variação homóloga.
As receitas brutas com viagens para turismo, favorecidas, entre outros fatores, pela dissipação do
receio de contágio com o ébola, cresceram 3,3 por cento, recuperando de uma queda de 3,6 por
cento observada no ano de 2014. Não obstante a recuperação, o aumento das receitas ficou aquém
do crescimento da procura turística internacional (8,8 por cento), sugerindo uma redução dos gastos
dos turistas no país.
A contração do défice corrente refletiu-se na diminuição das necessidades de financiamento da
economia e, consequentemente, na redução dos influxos financeiros.
O excedente da balança financeira registou um decréscimo de 48 por cento, determinado
principalmente pela redução dos desembolsos líquidos da dívida pública externa (na ordem dos 46
por cento), pelo aumento das aplicações dos bancos no exterior (em 20,3 milhões de euros) e pela
diminuição do investimento direto estrangeiro (em 13,4 por cento).
O decréscimo do ritmo do endividamento externo pelo Estado traduziu a redução dos desembolsos
para o “Programa Casa para Todos”, bem como o esforço de consolidação do Orçamento.
Por seu turno, a conjuntura macrofinanceira nacional favoreceu a aplicação pelas instituições
bancárias residentes de boa parte da liquidez excendentária em ativos externos, o que contribuiu
para melhorar significativamente a sua posição face ao exterior.
Figura 8: Fluxos de Financiamento e Reservas Internacionais do país
7,0
20,0
6,0
5,0
em % do PIB
15,0
4,0
10,0
3,0
5,0
2,0
0,0
1,0
-5,0
IDE
em meses de importação
25,0
Dívida Externa Pública
Dívida Externa Privada
Ativos Líquidos de Bancos
Reservas Internacionais
Líquidas (eixo dto.)
0,0
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Fonte: Banco de Cabo Verde.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
14
Relatório de Política Monetária
O investimento direto estrangeiro inverteu a tendência de recuperação, em função da diminuição
das participações de capital e investimento imobiliário, em termos agregados na ordem dos 30 por
cento. A redução dos influxos de investimento externo refletiu a dissipação dos efeitos da finalização
do empreendimento Dunas Beach Resort em 2014, numa conjuntura de execução aquém do
antecipado de vários outros projetos de investimento no sector do turismo.
Não obstante a redução, o excedente da balança financeira mais que compensou as necessidades de
financiamento da economia nacional, resultando no aumento das reservas internacionais líquidas do
país na ordem dos 32 milhões de euros. Estas passaram a garantir, em 31 de dezembro de 2015, mais
de seis meses de importações de bens e serviços registadas no ano.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
15
Relatório de Política Monetária
5. Situação Monetária e Financeira
Melhoria da posição externa líquida do país e aumento do crédito à economia impulsionaram a
oferta monetária em 2015.
A massa monetária, o agregado M2, cresceu 5,9 por cento (7,3 por cento em 2014), refletindo a
acumulação de disponibilidades líquidas sobre o exterior (na ordem dos 13 por cento) e a
recuperação do crédito à economia (cresceu 2,7 por cento, que compara ao decréscimo de 0,2 por
cento em 2014).
Num contexto de reforço do pendor acomodatício da política monetária, o comportamento dos
ativos externos líquidos do país foi determinado, por um lado, pelo aumento das reservas
internacionais líquidas (em 32,9 milhões de euros) e, por outro, pelo aumento das aplicações dos
bancos no exterior (em 20,3 milhões de euros).
O crédito interno líquido cresceu 2,2 por cento, menos 0,2 pontos percentuais que em 2014. A
evolução do crédito interno refletiu a estabilização do crédito ao sector público administrativo, numa
conjuntura de crescimento das receitas fiscais e de donativos ao Estado cabo-verdiano.
O aumento do crédito à economia foi sobretudo determinado pela crescimento do stock da dívida
das empresas públicas na ordem dos 2.359 milhões de escudos. De realçar, igualmente, a tendência
de ligeira recuperação do crédito ao sector privado (cresceu 0,3 por cento, enquanto em 2014
reduziu 0,2 por cento), para financiar, particularmente, empresas dos ramos de indústrias
transformadoras, serviços pessoais e sociais e comércio, restaurantes e hotéis. O financiamento da
Quadro 4: Principais Indicadores da Situação Monetária
Dez-13
Dez-14 Mar-15 Jun-15
Set-15
Saldos em milhões de escudos
Dez-15 Variação homóloga
Dez-14 Dez-15
Posição Externa
36.168
44.061
46.272
44.933
43.095
49.957
21,8
13,4
Ativos Externos Líq. BCV
38.006
46.366
47.356
45.337
42.447
50.026
22,0
7,9
38.280
46.371
47.342
45.306
42.484
49.998
21,1
7,8
-1.838
-2.304
-1.084
-403
649
-69
25,4
-97,0
Reservas Internacionais Líq.
Ativos Externos Líq. Bancos Comerciais
Crédito Interno Líquido
120.790 123.689 123.164 124.658 127.322 126.420
2,4
2,2
Crédito Líquido ao SPA
26.272
29.347
29.310
31.162
33.014
29.502
11,7
0,5
Crédito à Economia
94.519
94.342
93.855
93.497
94.308
96.919
-0,2
2,7
865
840
1.856
2.234
2.476
3.153
-2,9
275,4
93.654
93.502
91.999
91.262
91.832
93.766
-0,2
0,3
Massa Monetária
136.080 146.005 145.945 147.558 148.980 154.586
7,3
5,9
Base Monetária
38.427
45.778
44.559
42.193
41.132
46.784
19,1
2,2
Inflação (var. média anual IPC em %)
1,5
-0,2
-0,4
-0,2
0,0
0,1
Tx. dos BT (a 91 dias, média em %)
2,13
1,44
1,44
0,81
0,75
0,75
TRM (14 dias em %)
0,57
0,56
0,38
0,31
0,31
0,31
Crédito às Empresas Públicas N/Financeiras
Crédito ao Sector Privado
Memo Itens
Fonte: Bancos Comerciais; Banco de Cabo Verde.
Notas: IPC- Índice de Preços no Consumidor; BT – Bilhetes do Tesouro; TRM – Título de Regularização Monetária.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
16
Relatório de Política Monetária
construção/aquisição de habitação, bem como o financiamento do consumo contribuiu igualmente,
em boa medida, para a recuperação do crédito ao sector privado.
A redução dos custos de financiamento interno do sector privado (as taxas de juro ativas reduziram
em termos médios anuais 0,51 pontos percentuais), não obstante o agravamento dos critérios de
aprovação de empréstimos às empresas não financeiras, terá contribuído para dinamizar a procura
de crédito, que vem registando uma tendência positiva desde o quarto trimestre de 2014. Registe-se
que a oferta de crédito continua condicionada pelos elevados níveis de incumprimento e pela
ilegibilidade de parte considerável da procura, de acordo com o inquérito à política de crédito
realizado pelo Banco de Cabo Verde, trimestralmente, a seis dos maiores bancos nacionais.10
Os depósitos, o principal funding dos bancos nacionais, registaram um aumento de cerca de seis por
cento, em função, principalmente, do crescimento dos depósitos a prazo e de poupança dos
residentes e emigrantes, respetivamente em nove e seis por cento, pese embora a redução da taxa
média de juros de depósitos em 0,36 pontos percentuais. O aumento tendencialmente superior dos
depósitos a prazo e de poupança (7,6 por cento, que compara ao aumento de quatro por cento dos
depósitos à ordem e de 2,7 por cento da moeda em circulação) sugere alguma poupança
precaucional dos agentes económicos, em linha com a sua perceção de riscos macrofinanceiros.
10
Além de apontarem os riscos associados às empresas sem contabilidade organizada como condicionante à satisfação da procura, os
bancos também reportaram que grande parte da procura continua sendo motivada pela necessidade de reestruturação de dívidas.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
17
Relatório de Política Monetária
6. Finanças Públicas
Situação orçamental melhora, em 2015, com o aumento das receitas orçamentais e a redução de
investimentos.
O défice orçamental, medido pelo saldo global incluindo donativos, reduziu 44,8 por cento, para
6.491 milhões de escudos, o valor mais baixo desde 2008. O comportamento das finanças públicas
foi determinado pelo aumento das receitas fiscais, outras receitas e donativos, na ordem dos 12, 25 e
19 por cento, respetivamente, bem como pela redução da aquisição de ativos não financeiros em 24
por cento.
O melhor desempenho das finanças públicas reflete, em larga medida, os efeitos das reformas fiscais
e na administração tributária, em implementação desde 2013, bem como algum esforço de
consolidação das despesas de correntes (nomeadamente com a aquisição de bens e serviços).11
O aumento dos rendimentos de propriedade, sobretudo relacionado à distribuição de dividendos de
uma empresa participada do Estado, e a contínua integração de fundos autónomos na conta caixa do
Tesouro, no quadro do projeto de bancarização do Tesouro, determinaram a evolução de outras
receitas.
Quadro 5: Situação Orçamental
2013
Receitas de Impostos
das quais:
Imposto s/ Valor Acrescentado
Cobrado pela DGA
Cobrado na DGCI
Imposto sobre o Rendimento
Pessoas Singulares
Pessoas Coletivas
Donativos
2014
Março
2015
Junho Setembro Dezembro
Junho Setembro Dezembro
taxa de variação homóloga em percentagem
1,2
-2,9
-3,7
12,0 11,0
9,3
1,9
0,3
1,1
1,3
0,8
-0,2
-4,0
5,0
-4,3
5,8
-2,3
16,9
-8,5
1,7
-19,6
-46,1
0,6
-6,9
12,6
-0,8
6,8
-10,0
-45,6
-3,4
-6,4
1,3
-4,9
7,3
-19,4
-5,4
-3,4
-5,3
-0,1
-9,9
4,3
-27,7
-30,7
Despesas Correntes Totais
das quais:
Despesas com Pessoal
Transferências Correntes
Benefícios Sociais
2,9
2,5
3,9
5,1
4,5
0,4
5,9
4,2
-3,0
3,3
7,5
1,9
3,8
Despesas com Aq. de Ativos não Financeiros
dos quais:
Programa de Investimento
-6,4
-25,2
-6,3
-25,3
Saldo Global (incluindo Donativos)
Saldo Primário (incluindo Donativos)
Março
11,8
8,9
11,1
3,3
5,7
15,4 18,3
25,9 11,2
10,8
5,8
46,7 19,0
182,0 137,9
10,0
1,8
22,2
15,9
4,4
34,1
70,1
11,0
1,7
25,7
23,4
4,5
57,9
17,1
6,0
14,5
13,9
12,2
5,7
10,3
-0,4
4,8
3,4
7,7
4,8
2,3
19,7
7,8
1,6
18,7
9,0
0,3
18,1
8,7
-3,6
10,6
8,8
-25,6
-11,3
-40,7
-51,1
-20,6
-25,4
-23,6
-26,4
-11,7
-26,4
-23,8
-14.308 -1.498 -4.156
-10.993 -755 -2.379
-41,4
-52,5 -22,1
milhões de escudos
-7.815
-11.756 -539 -2.844
-5.198
-8.328
464 -650
-5.566
-2.435
-6.491
-2.386
Fonte: Ministério das Finanças e do Planeamento. Cálculos do Banco de Cabo Verde.
Notas: Dados provisórios sujeitos a alterações; DGA – Direção Geral das Alfândegas: DGCI - Direção Geral das Contribuições e Impostos.
11
No âmbito das reformas implementadas, foram aprovados desde 2013: os novos Códigos Geral Tributário, do Processo Tributário, das
Execuções Tributárias, do Rendimento de Pessoas Coletivas, do Rendimento de Pessoas Singulares e dos Benefícios Fiscais; o Regulamento
do Código Aduaneiro; a Retificação do Regime das Retenções na Fonte; o Regime das Citações e Notificações Eletrónicas; o Regime
Excecional de Regularização de Dívidas Fiscais; o Aditamento à Lei de Base do IVA e o novo Regulamento de Reembolso do Pagamento do
IVA; entre outros. Para tornar a administração tributária mais eficiente foram levadas a cabo várias ações no sentido da modernização,
informatização e simplificação dos processos. Ainda, foi criado o Programa para a Cidadania Fiscal, que visa incutir nos cidadãos valores
cívicos de responsabilidade fiscal.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
18
Relatório de Política Monetária
De realçar na evolução das receitas fiscais, o crescimento do imposto sobre o rendimento de pessoas
coletivas e do imposto sobre o valor acrescentado arrecadado na Direção Geral das Contribuições e
Impostos na ordem dos 57,9 e 25,7, respetivamente, pese embora a conjuntura de crescimento
económico comedido.
Por seu turno, os donativos de governos e outros parceiros do Estado cabo-verdiano, sobretudo para
apoiar as vítimas e a reconstrução das infraestruturas destruídas pela erupção vulcânica,
contribuíram em cerca de dois pontos percentuais para o aumento das receitas orçamentais.
Do lado das despesas, as correntes de funcionamento e de investimento cresceram 5,7 por cento
(seis por cento em 2014), particularmente devido ao aumento de 20 por cento dos encargos com os
juros da dívida, em função da acumulação da dívida e apreciação do dólar (moeda de pagamento de
cerca de 39 por cento da carteira de dívida do Estado), de 12 por cento das transferências correntes
para a administração pública e de 8,8 por cento dos benefícios sociais (pagamento de pensões de
reforma dos regimes contributivos e não contributivos).
Registe-se, contudo, a redução das despesas com pessoal, com a aquisição de bens e serviços e
outras despesas (que comporta, entre outras, as despesas com restituições de impostos e o
pagamento de indeminizações e bolsas de estudo), respetivamente, em 3,6, 3,4 e 4,6 por cento
(+3,4, +13,5, +14 por cento, respetivamente, em 2014).
O défice orçamental foi financiado em 39 por cento com recurso ao endividamento interno que,
sendo mais oneroso que o externo, encareceu substancialmente o serviço da dívida pública.
Registe-se que a taxa média dos juros da dívida pública externa é de 1,37 por cento, enquanto a dos
juros da dívida pública interna fixou-se em 2015 em média em 4,9 por cento.
A execução do orçamento de 2015 determinou o aumento na ordem dos dez por cento do stock da
dívida pública bruta do Estado de Cabo Verde (incluindo os empréstimos retrocedidos às empresas
públicas e excluindo os títulos consolidados de mobilização financeira) para 196,8 mil milhões de
escudos.12
12
A dívida pública líquida (dívida bruta debitando os depósitos do governo central) fixou-se nos 192,3 mil milhões em 2015 (175,1 mil
milhões em 2014).
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
19
Perspetivas de Evolução da Economia no
Curto Prazo
Relatório de Política Monetária
7. Hipóteses de Enquadramento das Projeções
As atuais projeções para 2016 enquadram os desenvolvimentos macrofinanceiros recentes,
nomeadamente o desempenho da economia cabo-verdiana em 2015, bem como as hipóteses,
revisitadas, de evolução, no curto prazo, dos determinantes do crescimento económico nacional.
Enquadramento externo da economia cabo-verdiana permanece relativamente favorável para
2016.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa as suas perspetivas de crescimento da
economia global para 3,4 por cento (menos 0,2 pontos percentuais que as projeções de outubro de
2015), antecipando uma dinâmica aquém do anteriormente previsto tanto das economias
emergentes e em desenvolvimento como das economias avançadas.13
O FMI perspetiva, entretanto, que a economia dos principais parceiros económicos do país deverá
manter a trajetória de modesta recuperação, crescendo 1,7 por cento em 2016 e 2017, ancorada em
baixos preços de energia e em condições monetários e financeiras acomodatícias, que deverão
superar o efeito do enfraquecimento das exportações líquidas.
A economia dos EUA deverá manter-se relativamente dinâmica, sustentada em condições
monetárias ainda muito acomodatícias (não obstante a perspetiva de aumento gradual das taxas de
juro) e no contínuo fortalecimento do sector imobiliário e das condições do mercado de trabalho. A
apreciação do dólar e os baixos preços do petróleo deverão, contudo, condicionar a atividade
manufatureira e os investimentos em infraestruturas mineiras e em equipamentos.
O Reino Unido deverá manter o ritmo de crescimento económico de 2015. As expetativas de um
crescimento real de 2,2 por cento estão ancoradas nas perspetivas de evolução da procura interna,
em função do contínuo aumento do rendimento disponível bruto dos agentes económicos, em
particular das famílias. A par da redução da inflação, antecipa-se que o consumo privado deverá ser
estimulado pelo crescimento nominal dos salários.
A distribuição dos riscos das atuais projeções do FMI permanece negativamente enviesada. O FMI
realça que os riscos descendentes são particularmente proeminentes para as economias emergentes
e em desenvolvimento. Estas registaram em 2015, de acordo com estimativas preliminares, o
crescimento mais baixo desde 2009 (em torno dos quatro por cento) e a probabilidade de não
materializarem a perspetiva de crescimento de 4,7 por cento em 2016 é elevada.
Os riscos descendentes à materialização das atuais projeções do FMI estão relacionados à
13
Em termos individuais a revisão das projeções do FMI reflete em boa medida as perspetivas de uma recessão mais acentuada da
economia brasileira, menos otimistas quanto ao desempenho económico do Médio Oriente, em função da expetativa de uma queda mais
pronunciada dos preços do petróleo, e de um crescimento menos pujante dos EUA. As atuais projeções do FMI traduzem, igualmente, uma
revisão em baixa das perspetivas de crescimento do comércio mundial, reflexo dos desenvolvimentos macrofinanceiros mais recentes na
economia chinesa, bem como os consequentes impactos para as economias interdependentes.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
21
Relatório de Política Monetária
eventualidade: de um arrefecimento mais acentuado da economia chinesa, com impacto nos preços
das mercadorias; de uma deterioração dos balanços das empresas, em função de uma apreciação
mais marcada do dólar, e de algum aperto nas condições de financiamento, em resultado do
processo de phasing-out da política monetária excecionalmente acomodatícia dos EUA; de um
aumento da aversão aos riscos macrofinanceiros nas economias emergentes; de uma escalada das
tensões geopolíticas, com impactos na confiança dos agentes económicos, no comércio global e nos
fluxos de turismo.
Políticas macroeconómicas condicionadas pelas eleições e por algum risco à estabilidade
financeira.
O Orçamento do Estado para 2016 só deverá ser aprovado no decurso do segundo trimestre do ano,
após a tomada de posse do novo governo. Neste quadro, no exercício de atualização das projeções
para 2016 assumiu-se as linhas orientadoras do atual Medium Term Fiscal Framework, que estipulam
que a política orçamental deverá continuar centrada na contenção e otimização das despesas e
consolidação das fontes de receitas.
Num contexto de ausência de pressões iminentes e significativas na balança de pagamentos e nos
preços no consumidor, mas de persistência de um nível considerável de risco de crédito, o Banco de
Cabo Verde deverá manter as atuais orientações monetárias.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
22
Relatório de Política Monetária
Principais Hipóteses Técnicas de Enquadramento das Projeções
As principais hipóteses técnicas de enquadramento externo refletem as projeções publicadas no World
Economic Outlook UPDATE do Fundo Monetário Internacional, de 19 de janeiro de 2016, bem como as
projeções do Banco Central Europeu (BCE) de dezembro de 2015.
As projeções do FMI e do BCE, sugerindo uma modesta melhoria do enquadramento externo, assinalam
perspetivas relativamente mais favoráveis de evolução da procura externa dirigida a Cabo Verde e do
investimento no país. De realçar, as expetativas do BCE para um crescimento mais acentuado, que o previsto
nas projeções anteriores, da procura interna na Área do Euro, ancoradas nas perspetivas de um adicional
afrouxamento monetário (redução de taxas de juro e alargamento do prazo e do montante do programa de
compra de ativos), de uma baixa inflação e de algum alívio orçamental (também relacionado com as despesas
ligadas ao acolhimento dos refugiados).
A perspetiva de contínua redução dos preços das matérias-primas nos mercados internacionais deverá
manter os preços no consumidor e no produtor dos principais mercados fornecedores do país em níveis
reduzidos, com impacto na inflação importada.
As taxas de juro Euribor de curto prazo, às quais um volume considerável de dívida externa do país está
indexado, deverão manter-se em médias negativas, suportando as expectativas de melhoria das condições de
financiamento na Área do Euro, mas desincentivando e reduzindo os retornos de investimentos na região
monetária.
No que respeita ao câmbio, as hipóteses de enquadramento apontam para uma ligeira apreciação do euro
em 2016.
Relativamente à política macroeconómica interna, as projeções têm por base as linhas orientadoras do
Medium Term Fiscal Framework, entretanto ajustadas às expectativas de evolução da atividade económica e
à execução orçamental mais recente. As hipóteses técnicas não assumem nem um reforço e nem uma
inflexão nas orientações da política monetária.
Hipóteses do Exercício de Projeção
2014
2015
Dezembro/15
2016P
Março/16
2016P
Produto Interno Bruto (t.v.r. em %)
Mundo
Área do Euro
EUA
Reino Unido
3,4
0,9
2,4
2,9
3,1
1,5
2,5
2,2
3,6
1,6
2,8
2,2
3,4
1,7
2,6
2,2
Procura Externa (t.v.h. em %)
Importações da Área do Euro
4,5
5,3
5,4
4,8
Preço das Matérias-Primas (t.v.a. em %)
energéticas
não energéticas
-7,5
-4,0
-47,1
-17,4
-2,4
-5,1
-17,6
-9,5
0,6
0,1
1,2
1,1
1,1
1,0
Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (t.v.h. em %)
Portugal
-0,2
Área do Euro
0,4
Taxa de Câmbio do Euro
Efetiva do Euro (t.v.a. em %)
Euro - Dólar (v.m.a. em dólares)
2,40
1,33
-7,10
1,11
-0,20
1,10
0,10
1,09
Taxa de Juro
Curto Prazo (Euribor 3 meses - v.m.a. em %)
0,2
0,0
0,0
-0,2
-11.757
-8.328
-6.491
-2.386
-9.274
-4.227
-6.888
-2.180
Contas Públicas (em milhões de escudos)
Saldo Global
Saldo Global Primário
Fonte: Fundo Monetário Internacional (WEO de outubro de 2015 e janeiro de 2016); Banco Central Europeu
(setembro e dezembro 2015); Banco de Portugal (setembro e dezembro de 2015); Ministério das Finanças e do
Planeamento.
Notas: P - Projeções; t.v.r. - taxa de crescimento real; t.v.h. - taxa de variação homóloga; t.v.a. - taxa de variação
anual; v.m.a. - valor médio anual.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
23
Relatório de Política Monetária
8. Projeção dos Principais Indicadores Económicos e Financeiros
O cenário central das projeções macroeconómicas para 2016 aponta para um intervalo de
crescimento real do PIB de 1,5 a 2,5 por cento. A perspetiva de menor crescimento económico,
comparativamente ao antecipado em dezembro, traduz os desenvolvimentos macrofinanceiros
recentes internos e internacionais, num contexto de aumento de incertezas.
Do lado da procura, as atuais perspetivas de evolução do consumo privado são mais conservadoras,
em linha com as expectativas dos consumidores, cuja confiança mantém o perfil descendente. Não
obstante, projeta-se um crescimento ligeiramente superior ao registado em 2015, suportado pelas
perspetivas de alguma melhoria das condições do mercado de trabalho, de algum alívio nas
restrições de acesso ao crédito para consumo e de contínuo aumento, embora em desaceleração,
das remessas dos emigrantes e dos benefícios sociais.
Dissipados os efeitos da implementação dos novos códigos de imposto sobre o rendimento em 2015,
a dinâmica do consumo público deverá ser condicionada, em certa medida, pelo crescimento mais
moderado das receitas fiscais. Igualmente, perspetiva-se, em linha com o previsto no programa
plurianual de investimento público para o período 2015-2018, uma contínua diminuição das
despesas de investimento público.
A expectativa de aceleração de alguns projetos turísticos e de arranque das obras de outros
empreendimentos financiados com capital externo privado, bem como a perspetiva de uma
execução mais célere do “Programa Casa Para Todos” e de aumento do financiamento pela banca
nacional a projetos empresariais, deverão sustentar a recuperação dos investimentos de outros
setores (particulares e empresas públicas e privadas).
As importações de bens e serviços deverão crescer para satisfazer o esperado aumento da procura
interna. O efeito preço deverá, contudo, continuar a pressionar em baixa as faturas das importações
de mercadorias.
Figura 9: Evolução e Projeção das Componentes da Procura Agregada e da Balança Corrente
40,0
20,0
10,0
em % do PIB
Contributos para o crescimento do PIB a
preços do ano anterior (em p.p.)
15,0
5,0
0,0
2012
2013E
2014E
2015P
2016P
-40,0
-60,0
-80,0
-5,0
2012
-10,0
-15,0
0,0
-20,0
Consumo
Investimento
Exportações Líquidas
PIB real (t.v. %)
2013
2014
2015
2016P
Juros da Dívida (Governo, bancos e outros sectores)
Donativos
Remessas de Emigrantes
Receitas de Turismo
Importações de Bens e Serviços
Balança Corrente
Fonte: Instituto Nacional de Estatística; Banco de Cabo Verde.
Nota: E – Estimativas; P – Projeções; p.p.- pontos percentuais; t.v.- taxa de variação.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
24
Relatório de Política Monetária
A atual projeção das exportações de bens e serviços é mais conservadora, por acomodar, por um
lado, o aumento das incertezas quanto à evolução da procura externa dirigida a Cabo Verde, devido,
entre outros fatores, à epidemia do vírus Zika. Por outro lado, a projeção também acomoda a
perspetiva de redução das exportações de serviços de transporte aéreo, relacionada aos
desenvolvimentos mais recentes no sector.
Do lado da oferta, antecipa-se uma recuperação da agricultura e do comércio, bem como alguma
aceleração do crescimento do valor acrescentado bruto da construção e da imobiliária e outros
serviços.
A evolução prevista da procura externa líquida deverá resultar num agravamento da balança de
bens e serviços em 2016, o que, a par da redução do excedente da balança de transferências em
resultado da dissipação do efeito de crescimento excecional dos donativos e remessas dos
emigrantes para apoiar as vítimas da erupção vulcânica, deverá traduzir-se no aumento do défice da
balança corrente para cerca de sete por cento do PIB.
Pese embora o previsto aumento do investimento direto estrangeiro, perspetiva-se que o aumento
da amortização de dívida externa de outros sectores deverá determinar a redução do excedente da
balança financeira. Neste cenário, a balança de pagamentos será deficitária, mas as reservas
internacionais líquidas do país deverão manter-se num nível confortável, garantindo mais do que
cinco meses das importações de bens e serviços projetadas para o ano.
Em linha com os desenvolvimentos nas contas externas, os ativos externos líquidos do país
deverão decrescer cerca de dois por cento em 2016. O crédito à economia deverá crescer em torno
de três por cento, sobretudo impulsionado pelo financiamento de projetos empresariais (incluindo o
cofinanciamento de alguns empreendimentos turísticos de promotores estrangeiros).
Quadro 6: Programação Monetária
Milhões de CVE
2013
2014
2015
Variação Homóloga em %
2016P
2013
2014
2015
2016P
Ativos Externos Líquidos
36.168
44.061
49.957
48.801
38,1
21,8
13,4
-2,3
Banco de Cabo Verde
RIL
Bancos Comerciais
38.006
38.280
-1.838
46.366
46.371
-2.304
50.026
49.998
-69
48.470
48.437
331
17,7
16,8
-69,8
22,0
21,1
25,4
7,9
7,8
-97,0
-3,1
-3,1
-582,8
Ativo Interno Líquido
Crédito Interno Total
Crédito Líquido ao SPA
Crédito à Economia
Outros Ativos Líquidos
M2
99.912
101.944
104.629
111.580
3,7
2,0
2,6
6,6
120.790
26.272
94.519
-20.878
123.689
29.347
94.342
-21.745
126.420
29.502
96.919
-21.791
133.372
33.142
100.229
-21.791
3,7
10,5
2,0
4,1
2,4
11,7
-0,2
4,2
2,2
0,5
2,7
0,2
5,5
12,3
3,4
0,0
136.080
146.005
154.586
160.382
11,0
7,3
5,9
3,7
1,5
-0,2
0,1
[0,0 1,0]
Memo Itens
Inflação (var. média anual IPC em %)
Fonte: Banco de Cabo Verde.
Nota: P – Projeções de Março de 2016.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
25
Relatório de Política Monetária
Perspetiva-se um maior recurso do Estado ao financiamento interno, para fazer face à moderação
das receitas orçamentais, num contexto de eventual aumento das despesas com a materialização de
alguns riscos financeiros contingenciais.
A inflação média anual deverá situar-se entre zero e um por cento em 2016. A projeção da inflação
foi revista em baixa, em função da revisão das expectativas de evolução dos preços das
matérias-primas nos mercados internacionais, bem como dos preços no consumidor e no produtor
dos principais parceiros comerciais do país. A atual projeção acomoda, igualmente, a perspetiva de
contínua descida dos preços dos produtos agrícolas nacionais.
Os riscos à materialização das atuais projeções macroeconómicas são sobretudo descendentes,
estando relacionados principalmente com a probabilidade de uma evolução aquém do esperado da
procura externa dirigida à economia de Cabo Verde e de um agravamento da confiança dos
consumidores. Eventuais constrangimentos administrativos, decorrentes dos processos eleitorais de
2016, constituem igualmente um risco à execução prevista dos empreendimentos financiados com
investimento direto estrangeiro.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
26
Relatório de Política Monetária
9. Política Monetária para os Próximos Meses
A política monetária de Cabo Verde objetiva a estabilidade de preços, uma condição necessária para
a estabilidade macroeconómica. Em termos estratégicos, orienta-se para a manutenção de um nível
de reservas externas adequado ao perfil de risco do país e consistente com o imperativo de garantir a
credibilidade do regime de peg unilateral ao euro, enquanto pilar da estabilidade macrofinanceira do
país.
Numa conjuntura de ausência de pressões iminentes e significativas sobre a balança de pagamentos
e sobre os preços no consumidor, mas de enfraquecimento da dinâmica da atividade económica, o
Banco de Cabo Verde vem adotando, desde 2013, medidas de afrouxamento monetário. Na sua
última intervenção, em fevereiro de 2015, o Banco de Cabo Verde baixou em 0,25 pontos base as
suas taxas de juro referência e em três pontos base o coeficiente das disponibilidades mínimas de
caixa.
As medidas implementadas terão contribuído para uma redução das taxas de juro praticadas nos
empréstimos bancários em 0,86 pontos percentuais, em termos médios, e
para um aumento do
stock do crédito ao sector privado na ordem dos 0,3 por cento (-0,2 por cento em 2014), entre
fevereiro e dezembro de 2015.
A transmissão monetária permanece condicionada, entre outros fatores, pela persistência de
elevados níveis de aversão aos riscos macroeconómico e de crédito, pelo relativo
sobre-endividamento de empresas e famílias com acesso ao crédito bancário e pelo balanço algo
deteriorado de boa parte das instituições bancárias.
Neste quadro, o Banco de Cabo Verde permanecerá atento a eventuais necessidades de intervenção
para estimular a economia real.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
27
Anexo Estatístico
Relatório de Política Monetária
1. Economia Internacional
Perspetivas de Evolução da Economia Global (em percentagem)
Cresc. real do PIB (%)
Economias Avançadas
EUA
Zona Euro
Alemanha
França
Portugal
Reino Unido
Japão
Eco. Emergentes e em Desenv.
Brasil
Rússia
Índia
China
África Sub-Sahariana
Cabo Verde
Inflação (t.v.h. Dez %)
Balança Corrente (% PIB)
Taxa de Desemprego (%)
2014E
2015P
2016P
2014E
2015P
2016P
2014E
2015P
2016P
2014E
2015P
2016P
1,8
2,4
0,9
1,6
0,2
0,9
2,9
0,0
4,6
0,1
0,6
7,3
7,3
5,0
1,8
1,9
2,5
1,5
1,5
1,1
1,6
2,2
0,6
4,0
-3,8
-3,7
7,3
6,9
3,5
3,5
2,1
2,6
1,7
1,7
1,3
1,5
2,2
1,0
4,3
-3,5
-1,0
7,5
6,3
4,0
3,7
1,4
1,6
0,4
0,8
0,6
-0,2
1,5
2,7
5,1
6,3
7,8
5,9
2,0
6,4
-0,2
0,3
0,1
0,2
0,2
0,1
0,6
0,1
0,7
5,5
8,9
15,8
5,4
1,5
6,9
1,0
1,1
1,1
1,0
1,2
1,0
1,3
1,5
0,4
5,6
6,3
8,6
5,5
1,8
7,3
2,5
0,4
-2,2
2,0
7,4
-0,9
0,6
-5,9
0,5
0,5
-4,4
3,2
-1,3
2,1
-4,1
-7,6
0,5
-2,6
3,2
8,5
-0,2
0,7
-4,7
3,0
-0,1
-4,0
5,0
-1,4
3,1
-5,7
-9,7
0,3
-2,9
3,0
8,0
-0,4
1,6
-4,3
3,0
-0,2
-3,8
5,4
-1,6
2,8
-5,5
-6,6
10,2
6,2
11,6
5,0
10,3
13,9
3,6
6,2
4,8
5,2
4,1
12,0
9,6
5,3
11,0
4,7
10,2
12,3
3,5
5,6
6,6
6,0
4,1
10,0
9,2
4,9
10,5
4,7
9,9
11,3
3,5
5,5
8,6
6,5
4,1
9,0
Fonte: Fundo Monetário Internacional.
Notas: P- Projeções. A balança corrente está expressa em percentagem do PIB e o desemprego em termos da população ativa. A inflação corresponde à variação homóloga do
índice de preços no consumidor.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
29
Relatório de Política Monetária
Indicadores de Atividade, Mercado de Trabalho e Inflação
Zona Euro
Indicadores de Atividade
Índice de Produção Industrial (t.v.h.)
Total (exclui construção)
Indicadores de Confiança (v.c.s.)
Indicador de Sentimento Econ. (1990-2012 = 100)
Indicador de Confiança dos Consumidores (s.r.e.)
Indicador de Confiança na Indústria (s.r.e.)
Indicador de Confiança na Construção (s.r.e.)
Mercado de Trabalho
Taxa de desemprego (v.c.s.)
Inflação
Índice Harmonizado de Preços no Consumidor-Total
Taxa de variação homóloga
EUA
Indicadores de Atividade
Índice de Produção Industrial (t.v.h.)
Vendas no Comércio a Retalho (t.v.h.)
Mercado de Trabalho
Taxa Desemprego (v.c.s.)
Inflação
Índice de Preços no Consumidor
Taxa de variação homóloga
Taxa de variação média anual
Índice de Preços no Consumidor Core (t.v.h.)
Índice de Preços no Produtor (t.v.h.)
Reino Unido
Indicadores de Atividade
Índice de Produção Industrial (t.v.h.)
Vendas no Comércio a Retalho (t.v.h.)
Mercado de Trabalho
Taxa Desemprego (v.c.s.)
Inflação
Índice de Preços no Consumidor
Taxa de variação homóloga
Taxa de variação média anual
Índice de Preços no Consumidor Core (t.v.h.)
Índice de Preços no Produtor (t.v.h.)
2013
2014
2015
-0,7
0,6
93,8
-19
-9
-30
2015
Mar
Jun
Set
Dez
1,4
2,1
1,5
1,7
1,4
101,6
-10
-4
-24
104,3
-6
-3
-23
103,9
-4
-3
-24
103,5
-6
-3
-24
105,6
-6
-3
-20
106,0
-6
-3
-18
12,1
11,6
10,9
11,2
11,1
10,8
10,5
1,4
0,4
0,0
-0,1
0,2
-0,1
0,1
2,9
4,3
4,1
3,9
1,3
2,2
2,0
1,7
1,5
1,4
1,6
2,2
1,6
2,2
7,4
6,2
5,3
5,5
5,3
5,1
5,0
1,2
1,8
1,2
0,7
1,7
1,6
0,1
1,8
-0,9
-0,1
2,9
1,8
-0,9
0,1
3,9
1,8
-0,7
0,0
-1,8
1,9
-1,1
0,5
0,1
2,0
-1,1
-0,8
1,4
1,3
3,9
1,0
4,6
1,2
4,4
1,5
4,1
1,4
6,3
-0,1
2,6
7,8
6,3
5,4
5,5
5,6
5,3
5,1
2,6
1,5
0,0
0,0
0,0
-0,1
0,2
2,1
1,7
1,0
1,0
0,8
1,0
1,4
2,4
-4,5
0,0
-13,1
-13,0
-13,4
-10,4
Fonte: Banco de Portugal;Federal Reserve Board of Governors; US Department of Labor; Office for National Statistics.
Notas: t.v.h.- taxa de variação homóloga; v.c.s.- valores corrigidos da sazonalidade; s.r.e. - saldo das respostas extremas.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
30
Relatório de Política Monetária
2. Indicadores de Tendência da Atividade Económica
Indicadores de Confiança
2013
2014
2015
2015
1º Tri
2º Tri
3º Tri
4º Tri
Indicadores de Confiança (média móvel dos s.r.e)
Indicadores de Confiança na Indústria Transformadora
12,4
19,1
23,0
19,0
20,0
29,0
22,0
Indicadores de Confiança na Construção
-23,1
-38,7
-37,0
-34,0
-30,0
-34,0
-37,0
Indicadores de Confiança no Comércio em Feira
3,3
3,1
3,0
-3,0
7,0
-5,0
10,0
Indicadores de Confiança no Turismo
-3,3
-28,3
-38,3
-38,0
-46,0
-49,0
-35,0
Indicadores de Confiança nos Transportes
-6,1
-1,4
-3,0
-7,0
1,0
-3,0
-4,0
Indicadores de Confiança no Comércio em Estabelecimento
-5,3
-8,1
-6,5
-11,0
-9,0
-5,0
-7,0
Fonte: Instituto Nacional de Estatística.
Nota: s.r.e. - saldo de respostas extremas (quociente entre a diferença entre as respostas positivas e as respostas negativas e o número total de respostas).
Indicadores de Consumo e Investimento (em percentagem)
2013
2014
2015
4,1
-18,7
-4,3
21,8
-16,4
-6,1
-21,8
-27,6
-31,8
2015
Mar
Jun
Set
Dez
4,9
-3,4
2,1
29,2
12,7
-3,9
-3,3
-28,7
6,9
-2,2
17,2
6,1
-1,7
-9,1
25,4
15,4
5,8
-14,6
-21,5
-19,8
-10,5
-9,5
98,5
22,2
12,0
-37,2
10,2
15,4
25,2
80,2
-9,2
-11,5
-21,2
43,1
-71,5
-17,8
11,7
-25,6
48,7
20,3
Consumo (t.v.h.mm3)
Importações bens de consumo não duradouro
Importações bens de consumo duradouro
Investimento (t.v.h.mm3)
Construção
Importações materiais de construção
Importações de cimento
Equipamento e material de transporte
Importações de bens de equipamentos
Importações materiais de transporte
Importação de veículos automóveis
Fonte: Direcção Geral das Alfândegas, cálculos Banco de Cabo Verde.
Nota: t.v.h.mm3 - taxa de variação homóloga de média móvel dos últimos três meses.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
31
Relatório de Política Monetária
3. Inflação
Indicadores de Inflação (em percentagem)
2015
2013
2014
2015
Taxa de variação homóloga
0,1
-0,4
-0,5
-0,2
Taxa de variação média
2,2
-0,2
0,1
-0,4
Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas
0,7
-1,2
1,4
0,5
Bebidas alcoólicas e tabaco
4,3
1,2
1,7
1,7
Vestuário e calçado
1,3
1,5
0,9
Rendas de habitação, água, elet., gás e outros combustíveis
5,0
-0,2
Acessórios, equip. doméstico e manut. corrente da habitação
3,5
1,2
Saúde
0,7
Mar
Jun
Set
Dez
0,3
0,6
-0,5
-0,2
0,0
0,1
1,2
3,2
0,6
1,9
1,7
1,0
2,1
1,0
1,2
-1,0
-6,0
-3,9
-6,1
-7,8
-8,5
5,6
4,1
5,5
5,7
7,5
1,3
1,0
1,5
1,2
0,5
0,8
-3,7
-1,7
-2,6
-5,0
0,1
-1,9
-2,3
3,7
0,7
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
-5,6
-1,1
1,0
1,7
-0,2
1,8
1,7
Ensino
0,0
-0,7
-0,9
-1,7
-0,8
0,1
-0,4
Hotéis, restaurantes, cafés e similares
6,5
-0,1
1,2
1,7
0,6
1,1
2,3
Bens e serviços diversos
4,9
4,8
4,5
4,9
4,8
2,9
3,6
Índice de Preços no Consumidor
Principais Agregados do IPC (t.v.h.)
Transportes
Comunicações
Lazer, recreação e cultura
Fonte: Instituto Nacional de Estatística, cálculos Banco de Cabo Verde.
Nota: t.v.h. - taxa de variação homóloga.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
32
Relatório de Política Monetária
4. Sector Externo
Balança de Pagamentos (em milhões de escudos)
2013P
Balança Corrente
Bens
Mercadorias Gerais
Bens para Transformação
Outros Bens
Serviços
Transportes Marítimos
2014P
2015P
2015P
1º Tri
2º Tri
3º Tri
4º Tri
-8.897,6
-14.025,9
-6.857,0
-866,8
-4.545,5
-231,5
-1.213,2
-52.364,3
-51.284,3
-48.876,7
-13.201,0
-12.656,6
-10.872,6
-12.146,6
-60.560,8
-61.945,4
-55.456,6
-15.161,0
-14.511,9
-12.159,3
-13.624,4
403,2
247,2
274,9
56,2
69,4
80,5
68,7
7.793,4
10.413,9
6.305,0
1.903,8
1.785,9
1.206,2
1.409,1
26.038,5
22.911,4
22.085,8
6.903,7
4.286,1
5.700,7
5.195,3
-1.128,3
-3.711,5
-4.379,6
-4.056,4
-963,3
-1.096,2
-868,6
Transportes Aéreos
7.926,5
6.064,0
5.932,5
1.810,3
1.412,2
1.387,1
1.323,0
Viagens de Turismo
29.597,3
29.429,3
30.857,4
8.565,2
6.217,7
8.087,4
7.987,1
-5.366,8
-7.692,4
-5.731,5
-1.650,9
-1.640,0
-1.601,6
-838,9
-5.375,7
-7.625,3
-5.691,5
-1.610,0
-1.611,2
-1.624,7
-845,6
Rendimentos Investimento Direto
-1.367,8
-2.975,3
-1.539,2
-382,0
-284,4
-458,2
-414,6
Juros Dívida Externa Pública
-1.064,9
-1.145,4
-1.319,7
-466,3
-586,7
-426,9
160,2
Juros Dív. Ext. Priv. (bancos e outros sect.)
-3.077,0
-3.528,6
-2.858,5
-757,9
-764,0
-726,9
-609,7
Transferências Correntes
22.795,0
22.039,4
25.665,5
7.081,4
5.465,0
6.542,0
6.577,0
Transferências Oficiais
4.947,7
4.664,1
5.823,2
2.124,4
871,1
1.256,1
1.571,7
13.779,4
15.485,2
18.593,3
4.403,8
4.255,9
5.220,1
4.713,5
4.067,9
1.890,1
1.248,9
553,3
33796%
65,9
291,8
533,4
658,8
1.883,8
798,0
421,1
222,8
441,9
461,7
551,5
1.743,9
767,9
385,4
184,6
406,1
8.481,2
10.847,8
5.661,9
1.542,3
3.944,0
3.699,9
-3.524,3
4.627,4
10.519,2
9.113,7
2.906,3
2.593,4
1.797,9
1.816,0
Investimento de Carteira
-2.281,2
-2.001,1
-2.088,8
-521,3
-523,2
-521,1
-523,2
Outros Investimentos
11.738,9
10.174,7
2.160,6
13,1
-144,2
-385,1
2.676,8
Rendimentos
Rendimentos de Investimento
Remessas de Emigrantes
Outras Transferências Privadas
Balança de Capital
Transferências Oficiais
Balança Financeira
Investimento Direto
Créditos Comerciais
Empréstimos
Dívida Externa Pública (Governo)
Dívida Externa Privada (bancos e outros sect.)
Moeda e Depósitos
Outros Ativos Líquidos
Ativos de Reserva
Erros e Omissões
876,1
-1.109,3
371,6
133,6
205,9
-278,8
310,8
17.619,0
12.095,5
6.529,3
3.338,4
311,0
1.245,0
1.634,9
18.670,6
15.772,7
8.573,0
2.176,9
828,9
2.061,1
3.506,2
-895,0
-3.583,2
-2.009,1
1.178,5
-500,2
-816,1
-1.871,3
-5.796,3
-1.594,4
-4.613,5
-3.792,5
54,6
-2.235,8
1.360,2
-959,8
782,8
-126,8
333,6
-715,7
884,5
-629,1
-5.603,9
-7.844,9
-3.523,6
-855,9
2.018,0
2.808,2
-7.493,9
-117,0
2.519,3
-688,7
-1.473,5
180,5
-3.691,2
4.295,6
-8.364,2
-13.367,1
-4.973,2
-68,8
-4.124,4
-8,7
-771,3
Por memória
Balança Corrente + Balança Capital
Balança Corrente em % do PIB
-5,8
-9,1
-4,3
-0,5
-2,9
-0,1
-0,8
Balança Corrente (exceto Donativos) em % do PIB
-9,4
-12,4
-9,1
-2,4
-3,7
-1,1
-2,0
Fonte: Banco de Cabo Verde.
Notas: P - Provisório. O Produto Interno Bruto para 2013 e 2014 são estimativas do Banco de Cabo Verde.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
33
Relatório de Política Monetária
5. Indicadores Monetários e Financeiros
(saldos de fim de período, em milhões de escudos)
2012
Taxas de Câmbio do CVE (valores médios)
USD
Libra
Índice de Taxa de Câmbio Efetiva Nominal (2001=100)
Índice de Taxa de Câmbio Efetiva Real (2001=100)
2013
2014
2015
Mar
Jun
Set
Dez
84,1
135,8
104,3
115,1
80,5
131,9
104,8
114,5
89,4
139,8
103,6
112,8
101,6
152,4
102,2
110,3
98,4
153,0
102,5
110,0
98,3
150,9
102,5
111,2
101,5
152,2
102,2
110,4
3,3
8,8
1,0
8,8
0,5
6,8
0,3
6,5
0,3
6,5
0,3
6,5
0,3
6,5
10,1
9,3
8,8
16,3
11,2
9,0
8,9
17,9
11,3
8,5
8,8
17,8
10,0
8,7
8,8
16,9
10,2
8,8
8,8
17,4
10,6
8,6
8,7
17,0
10,5
9,3
8,5
15,9
Taxas de Juro Efet. praticadas nas Op. de Dep. de Residentes 3
31 a 90 dias
91 a 180 dias
181 dias a 1 ano
1 a 2 anos
4,1
4,1
3,8
4,9
4,3
4,2
4,3
4,9
2,9
3,5
4,3
4,7
2,9
3,4
4,3
4,7
2,8
3,6
4,3
4,6
2,7
3,4
4,2
4,6
2,6
3,1
4,0
4,6
Taxas de Juro Efet. praticadas nas Op. de Dep. de Emigrantes 3
31 a 90 dias
91 a 180 dias
181 dias a 1 ano
1 a 2 anos
5,6
4,0
3,7
5,5
4,5
4,3
4,2
5,4
3,1
3,8
4,2
5,0
3,0
3,8
4,2
4,4
3,1
3,8
4,2
4,8
3,0
3,7
4,1
4,7
2,5
3,5
4,1
4,6
Bilhetes de Tesouro 3
91 dias
182 dias
364 dias
4,1
4,0
4,5
2,1
0,9
4,5
1,4
1,6
4,5
1,4
1,4
4,5
0,8
1,0
4,5
0,8
1,0
4,5
0,8
1,0
4,5
Agregados Monetários (t.v.h. em %, fim de período) 4
Ativo Externo Líquido
Reservas Internacionais Líq. do Banco de Cabo Verde
Ativo Interno Líquido
M2
M1
14,0
14,0
2,5
6,3
5,0
38,1
16,8
3,7
11,0
16,3
21,8
21,1
2,0
7,3
13,4
24,6
25,6
-1,5
5,5
7,9
32,0
18,6
-0,7
7,4
4,5
15,6
6,1
4,1
7,1
9,0
13,4
7,8
2,6
5,9
4,2
Agregados de Crédito Bancário (t.v.h. em %, fim de período) 4
Crédito Interno Líquido
Crédito Líquido às Administrações Públicas
Crédito à Economia
Empresas Públicas não Financeiras
Empresas Privadas, Mistas e Particulares
4,6
25,2
0,3
14,7
0,2
3,7
10,5
2,0
-12,6
2,2
2,4
11,7
-0,2
-2,9
-0,2
1,1
3,5
0,3
114,1
-0,7
-0,1
-1,1
0,2
163,9
-1,3
2,6
6,0
1,5
207,0
-0,3
2,2
0,5
2,7
275,4
0,3
Taxas de Juro 1
Taxa de Absorção de Liquidez 2
Taxa de Cedência de Liquidez 2
Taxas de Juro Efetivas Praticadas nas Op. de Crédito 3
91 a 180 dias
181 dias a 1 ano
Superior a 10 anos
Descoberto
Fonte: Banco de Cabo Verde.
A partir do mês de Janeiro de 2012 incluiu-se nos cálculos das taxas de juro, para além do banco central, seis bancos comerciais que operam no país.
2
Em %, valores médios.
3
Em %, valores ponderados.
4
A partir de Janeiro de 2012 passou-se a incluir todas as instituições do sistema bancário nacional com exceção do Ecobank.
1
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
34
Relatório de Política Monetária
6. Finanças Públicas
(em milhões de escudos)
2015
2013
2014
Receitas Totais
37.716
35.328
40.410
90,9
Receitas Correntes (excluindo Donativos)
Impostos
dos quais:
Impostos s/ o Rendimento
Imposto s/ Valor Acrescentado - IVA
Impostos s/ o Consumo
Imp. s/ Transações Internacionais
Segurança Social
Transferências (donativos)
Outras Receitas
33.692
28.099
32.541
27.061
37.086
30.253
93,4
92,6
8.596
10.523
1.664
5.700
43
4.024
5.550
7.747
10.170
1.507
5.754
56
2.787
5.424
9.561
11.283
1.478
6.082
45
3.262
6.787
103,0
91,2
74,3
91,2
20,6
69,9
99,7
Despesas Totais
Dezembro
Grau de
execução (%)
-35.424
-37.297
-39.664
90,3
Despesas Correntes de funcionamento
dos quais:
Despesas c/ Pessoal
Aquisição de Bens e Serviços
Juros da Dívida Externa
Juros da Dívida Interna
Subsídios
Transferências Correntes
Beneficios Sociais
Outras Despesas Correntes
Valor a regularizar
Despesas correntes de investimento
-30.953
-32.044
-33.829
93,0
-15.097
-3.129
-1.438
-1.878
-101
-3.688
-3.864
-1.691
0
-4.471
-15.680
-3.357
-1.518
-1.910
-107
-3.508
-4.075
-1.874
0
-5.498
-15.291
-2.883
-1.734
-2.371
-136
-3.719
-4.415
-1.803
-1.440
-5.835
88,7
68,8
95,3
104,5
140,7
89,8
113,6
68,4
0,0
80,9
Ativos não Financeiros
Compra de Ativos
dos quais: Programa de Investimento
Venda de Ativos
-16.600
-16.615
-16.546
-14
-9.541
-9.850
-9.691
-310
-7.237
-7.521
-7.386
-284
54,9
56,5
56,5
221,2
Resultado global, incl. Donativos
(Em % do PIB)
Resultado global, excl. Donativos
(Em % do PIB)
Resultado global primário, incl. Donativos
(Em % do PIB)
Resultado global primário, excl. Donativos
(Em % do PIB)
Resultado corrente
(Em % do PIB)
-14.308
-9,3
-18.332
-11,9
-10.993
-7,2
-15.016
-9,8
-1.732
-1,1
-11.756
-7,6
-14.542
-9,4
-8.328
-5,4
-11.114
-7,2
-5.002
-3,2
-6.491
-4,2
-9.753
-6,3
-2.386
-1,5
-5.648
-3,6
-2.578
-1,7
14.090
-6.817
20.907
1.199
19.708
10.915
-4.736
15.652
1.045
14.607
7.117
-5.320
12.437
3.891
8.546
Financiamento
Ativos Financeiros
Passivos Financeiros
Interno Líquido
Externo Líquido
Fonte: Ministério das Finanças e do Planeamento; Banco de Cabo Verde.
Nota: t.v.h. - taxa de variação homóloga. O produto interno bruto para os anos 2013 e 2014 são estimativas do Banco de Cabo Verde.
Banco de Cabo Verde / Março de 2016
35
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