PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO CONCURSO DE MONOGRAFIA “PRÊMIO CARLOS LACERDA” TEMA: “INOVAÇÕES NA GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL” A DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICA ADMINISTRATIVA. A EXPERIÊNCIA INOVADORA DOS NÚCLEOS DE SAÚDE ESCOLAR AUTOR/PSEUDÔNIMO: HADASSA RIO DE JANEIRO DE 2007 Resumo A formulação de políticas sociais consiste na elaboração de alternativas e escolhas de uma delas e pode ser vista como um diálogo entre intenções e ações, isto é um processo contínuo de reflexão para dentro e para fora. Enquanto que a implementação é fase em que se implantam intenções, para obtenção de resultados, nem sempre efetivos, pois depende de vários instrumentos institucionais, políticos e técnicos. Para implementar é necessário implantação de ações sendo necessário reuniões técnico-politicas com a participação do público-alvo. As análises de implantação são estudos que investigam as relações entre o grau de implantação, o contexto e os efeitos das ações. São relevantes para a avaliação de programas de saúde porque permitem ao investigador estudar os processos relacionados à operacionalização dos mesmos. Possibilita elucidar problemas na execução dos programas e tem sido útil para formulação de recomendações voltadas para o aperfeiçoamento dos mesmos. O objetivo desta monografia é mostrar o processo de descentralização política administrativa a partir da experiência da implantação dos Núcleos de Saúde Escolar da CAP 3. III, que foi selecionada para 1a EXPOGEST – Mostra Nacional de Vivência Inovadores de Gestão SUS; para tanto se faz uma breve exposição sobre as principais matrizes da gestão de políticas sociais, um resumo conceitual sobre promoção da saúde, intersetorialidade e cotidiano a fim de marcar um terreno conceitual necessário em toda investigação social. Por último abordam-se os núcleos de saúde escolar: uma experiência inovadora de promoção da saúde escolar. A implantação dos Núcleos de Saúde Escolar na CAP 3.III pode ser considerada uma experiência inovadora da gestão municipal do Rio de Janeiro por trazer em seu bojo a gestão de pessoas, a formação continuada que a gerência da saúde escolar possibilitou aos profissionais da saúde e diretores, educadores, assistentes sociais que trabalhadores da rede pública municipal. Também é uma experiência de desenvolvimento social local por meio da intersetorialidade, que foi viabilizada em decorrência do incentivo a autonomia que as coordenações nas áreas da saúde, educação e assistência social tem para a formulação e implantação de experiências inovadoras locorregionais uma das dimensões descentralização política-administrativa; e ainda inspirou e incentivou a formulação e implementação da Rede de Proteção ao Educando e a Política Municipal de Saúde Escolar. A literatura indica que os efeitos de uma política de promoção da saúde só podem ser observados em longo prazo, mas são poucos os estudos que se dedicam a estudar as estratégias utilizadas, o caminho e os percalços seguidos pelos profissionais de saúde. O estudo de práticas inovadores que fortaleçam os princípios de democracia e da emancipação humana na execução de uma política pública local é uma temática importante e um campo de trabalho para os assistentes sociais na política de saúde. Nesse ínterim, consideramos que a estratégia dos Núcleos de Saúde Escolar da CAP 3.III visa o fortalecimento das políticas locorregionais de promoção da saúde através do monitoramento das práticas cotidianas de educação e saúde intersetoriais e diminuiu as ações sobrepostas em relação comunidade escolar na área. 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 04 I - As principais matrizes da gestão de políticas sociais 06 II - Política social à moda brasileira 14 III – Promoção da Saúde e cotidiano em busca da intersetorialidade 22 IV – Os núcleos de saúde escolar: uma experiência inovadora de promoção da saúde escolar 27 Considerações finais 33 Bibliografia 35 3 INTRODUÇÃO A formulação de políticas sociais consiste na elaboração de alternativas e escolhas de uma delas e pode ser vista como um diálogo entre intenções e ações, isto é um processo contínuo de reflexão para dentro e para fora. Enquanto que a implementação é fase em que se implantam intenções, para obtenção de resultados, nem sempre efetivos, pois depende de vários instrumentos institucionais, políticos e técnicos. Para implementar é necessário implantação de ações sendo necessário reuniões técnico-politicas com a participação do público-alvo. As análises de implantação são estudos que investigam as relações entre o grau de implantação, o contexto e os efeitos das ações. São relevantes para a avaliação de programas de saúde porque permitem ao investigador estudar os processos relacionados à operacionalização dos mesmos. Possibilita elucidar problemas na execução dos programas e tem sido útil para formulação de recomendações voltadas para o aperfeiçoamento dos mesmos. O objetivo desta monografia é mostrar o processo de descentralização política administrativa a partir da experiência da implantação dos Núcleos de Saúde Escolar da CAP 3. III, que foi selecionada para 1a EXPOGEST – Mostra Nacional de Vivência Inovadores de Gestão SUS; para tanto se faz uma breve exposição sobre as principais matrizes da gestão de políticas sociais, um resumo conceitual sobre promoção da saúde, intersetorialidade e cotidiano a fim de marcar um terreno conceitual necessário em toda investigação social. Por último abordam-se os núcleos de saúde escolar: uma experiência inovadora de promoção da saúde escolar. 4 A implantação dos Núcleos de Saúde Escolar na CAP 3.III pode ser considerada uma experiência inovadora da gestão municipal do Rio de Janeiro por trazer em seu bojo a gestão de pessoas, a formação continuada que a gerência da saúde escolar possibilitou aos profissionais da saúde e diretores, educadores, assistentes sociais que trabalhadores da rede pública municipal. Assim como, ser uma experiência de desenvolvimento social local por meio da intersetorialidade que foi viabilizada em decorrência do incentivo a autonomia que as coordenações nas áreas da saúde, educação e assistência social tem para a formulação e implantação de experiências inovadoras locorregionais uma das dimensões descentralização política-administrativa; e ainda inspirou e incentivou a formulação e implementação da Rede de Proteção ao Educando e a Política Municipal de Saúde Escolar1. Por último, mas não em menor importância, os núcleos de saúde escolar da experiência estão situados no complexo de Acari, que apresenta o menor Índice Desenvolvimento Humano (0,072 IDH). A maior parte da sua população está desprovida das necessidades básicas humanas, indicando que vivem em grave situação de exclusão social. Esta área é reconhecida pela mídia e pelos estudos sócio-culturais por sua violência e guerra de facções entre os tráficos de drogas; do elevado índice de gravidez na adolescência e de mortalidade materna. O texto aqui apresentado visa contribuir ainda mais para aprimoramento e aperfeiçoamento das ações públicas locorregionais implementadas no Município do Rio de Janeiro. A elaboração e o monitoramento da Política de Promoção da Saúde Escolar na CAP 3. III contou com a participação efetiva de duas assistentes sociais, almejamos 1 Política Municipal de Saúde Escolar esta em consulta pública desde agosto de 2007 5 também com isto registrar o exercício profissional na gestão de políticas locorregionais de saúde pública no Município do Rio de Janeiro. I - As principais matrizes da gestão de políticas sociais Como resposta à crise estrutural do capital iniciou-se um processo de reorganização do capital em três âmbitos: a instauração de padrão de acumulação flexível com a instauração do toyotismo, um padrão de regulação estatal neoliberal e a predominância do paradigma do gerencialismo na administração pública, com o surgimento nos últimos anos da gerência social. A acumulação flexível2 é marcada por um confronto direto com a rigidez do fordismo e se apóia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho e dos produtos e em novos padrões de consumo (Harvey 2000). Uma das conseqüências deste padrão de acumulação é o deslocamento dos investimentos da produção para o setor de serviços. As transformações ocorridas nos anos 80 com o grande salto tecnológico, a automação, a robótica e microeletrônica, invadiram o mundo fabril inserindo-se e desenvolvendo-se nas relações de trabalho e de produção do capital. O padrão do toyotismo penetrou e atingiu de fundo os direitos do trabalhador. As conquistas trabalhistas foram desregulamentadas e flexibilizadas, de modo a dotar o capital do instrumental necessário para adequar-se a sua nova fase de subsunção formal do trabalho ao capital. As estratégias de gerenciamento da força de trabalho se propõem mais consensuais, mais envolventes, mais participativas, no entanto são mais manipulatórias. 2 Contrapondo-se a verticalização fordista a produção flexível é horizontalizada/descentralizada. Nessa nova forma produtiva a uma articulação entre descentralização produtiva e avanço tecnológico. Há também uma combinação entre trabalho extremamente qualificado e desqualificado. Trata-se de terceirizar e subcontratar uma rede de pequenas/médias empresas, muita vezes com perfil semi-artesanal e familiar. A produção é 6 No universo do mundo do trabalho no capitalismo contemporâneo aumenta-se a desproletarização do trabalho industrial, a subproletarização intensificada, a precarização do trabalho, o desemprego industrial, a exploração do trabalho feminino e infantil, o trabalho a domicílio, o trabalho informal3. Com o processo de maior heterogeneização, fragmentação e complexificação da classe trabalhadora e a unificação da mais valia absoluta com a mais valia relativa, há uma banalização da questão social. A partir dos fenômenos mencionados temos o aprofundamento da desigualdade no mundo do trabalho, isto é uma tendência à qualificação e intelectualização dos trabalhadores centrais, e paralelamente, a desespecialização e desqualificação do subproletariado moderno.Tais processos abalam as condições de vida e de trabalho da classe-que-vive-para-trabalho e desencadeiam mudanças e obstáculos nas formas de sua organização política e de proteção social, dentre as quais destaca-se o projeto ideopolítico neoliberal. Todavia as medidas impostas pelo receituário neoliberal, o corte dos gastos sociais, a focalização nos grupos de extrema pobreza e a formulação de critérios de elegibilidade para recebimento de benefícios sociais somente aumentaram as desigualdades sociais. Esse quadro caótico caracteriza a população excluída das diversas formas de trabalho contemporâneo e a pobreza e a miséria crescem a longos passos. Isto mostra que o crescimento econômico não é suficiente e que o desenvolvimento político fundado no conduzida pela demanda. O just in time e o Kanban asseguram o controle de qualidade e o estoque. (Behring 2002) 3 Ver Antunes (2000) 7 neoliberalismo aprofunda a questão social em suas múltiplas manifestações – saúde da mulher, relações de gênero, pobreza, habitação popular, urbanização de favelas, etc, tal como vivenciadas pelos indivíduos sociais em suas relações sociais quotidianas, às quais correspondem ações, pensamentos e sentimentos. Nesses novos tempos se constatou a retração do Estado no campo das Políticas Sociais e a ampliação e/ou à transferência de responsabilidades para a sociedade civil no campo da prestação de serviços sociais4. A formulação e implementação de políticas de integração social5 e de inserção social6, que na essência estão as duas tentando dar respostas ao processo de exclusão integrativa. Diante de seus resultados limitados na agenda política contemporânea existe uma sensação de impotência diante da falta de respostas dos modelos que no “papel” trariam soluções efetivas. Para enfrentar a questão social se coloca a necessidade de revalorização do capital humano e do capital social, de retomar o tema da iniqüidade e procurar os meios para redistribuição equânime e a inter-relação entre desenvolvimento econômico e desenvolvimento social. 4 Observa-se também, a expansão da “filantropia empresarial” - ou “novo tipo de ação social” por parte das denominadas “empresas cidadãs” ou “empresas solidárias”, que fazem “investimento social” em projetos comunitários considerados de “interesse público”. 5 As políticas de integração são animadas pela busca de equilíbrios, pela homogeneização da sociedade a partir do centro. Exemplo: Promoção de acesso de todos os serviços públicos, redução das desigualdades sociais e melhores divisão de oportunidades, o desenvolvimento das proteções e consolidação salarial. 6 Autores consideram uma nova geração de políticas, se bem que sabemos ser parte do mesmo processo de pauperização e espoliação da força de trabalho. Mas vale explicar que as políticas consideradas de inserção obedecem a uma lógica de discriminação positiva; definem com precisão clientela e as zonas singulares do espaço social e desenvolvem estratégias específicas para elas. Podem ser compreendidas como um conjunto de empreendimentos de reequilíbrios para recuperar a distância em relação a uma completa inserção. Ex: Renda Mínima (salário mínimo; salário de equidade, salário substituto; subsídio a uma política social; subsídio de inserção, imposta de renda negativo). 8 Neste contexto de escassez de recursos públicos, da retórica do enfraquecimento do poder estatal e de avanço da ideologia privatizantes houve uma profunda crise no modelo burocrático-weberiano. Os primeiros governos a proporem reformas no antigo modelo administrativo foram os ingleses e os americanos a partir da propagação do sentimento antiburocrático que se aliava à crença de que o setor privado possui o modelo ideal de gestão. Os principais modelos de gestão pública propostos foram o gerencialismo puro, o consumerism e a public service orientation. A corrente denominada de gerencialismo é uma tendência hegemônica de mudança na administração pública, que vem se operando no setor nas duas últimas décadas, de modo a influenciar as práticas organizacionais no sentido de incorporar a lógica concorrencial, com cortes nos custos e no pessoal com ênfase na produtividade e eficiência empregando no gerenciamento da força de trabalho técnicas neotaylorista. O Consumerism uma tendência administrativa que prioriza a efetividade e qualidade dos serviços públicos, considera os cidadãos como clientes e consumidores e incentivam a competição entre as organizações públicas, ao dispensar maior recursos financeiros para a instituição que atinge o padrão de excelência estipulado pelos especialistas. Estabelece um modelo contratual dos serviços públicos descentralizados e de delegação de autoridade. Essa forma administrativa mostrou-se ineficaz, principalmente em razão dos repasses diferenciados de recursos para as instituições, pois as organizações que prestavam melhores serviços tiveram uma enorme migração de cidadãos em busca de atendimento de suas demandas e necessidades sociais, enquanto os demais serviços 9 públicos que não tinham recurso permaneceram no limbo e com dificuldades de superarem seus limites. Uma outra teoria administrativa se denomina Public Service Orientation que requer a criação de uma esfera pública e o fortalecimento do poder local baseado na participação dos cidadãos e em medidas de equidade, acccountability e empowerment. O conceito anglo-saxão de accountability resume a obrigação de gestores públicos e técnicos responsáveis pela formulação de políticas públicas ampliarem a visibilidade das ações desempenhadas, em seus múltiplos aspectos, disponibilizando informações qualificada sobre procedimentos adotados, custos, benefícios e resultados para o conjunto de atores sociais envolvidos. A transparência das ações do governo se torna a principal condição para a garantia de legitimidade no processo de construção de programas sociais. Ao mesmo tempo, os agentes públicos são responsabilizados pelos rumos da política através de diferentes arenas de negociação e deliberação. Diversos autores esclarecem que empowerment ou empoderamento é um termo que pode ter diferentes significados em contextos sociais diversos, mas sua principal característica está na expansão da liberdade de escolha e da autoconfiança nas dimensões tanto individual quanto coletiva. As suas principais estratégias são ações que possibilitem a ampliação da capacidade de organização e participação da comunidade, a viabilização de acesso à informação, o controle e acompanhamento das decisões públicas e a responsabilização social. Isto implica uma profunda inflexão nas formas de ação coletiva e gestão pública na medida em que a sociedade assume a responsabilidade pelas decisões e executam as políticas e programas sociais. 10 A bibliografia que aborda o tema informa que a contribuição do processo de empoderamento está na possibilidade de incorporar novos atores e demandas sociais e garantir interação entre cidadãos e gestores públicos no processo de tomada de decisão. Deriva desta última forma de expressão da gestão de políticas sociais a tentativa de elevar a sociedade civil a uma “esfera social-pública”, constituída a partir de idéias próprias e independentes do Estado e do mercado. A idéia de uma esfera não-estatal e nãomercantil que escape ao domínio do Estado e a da lógica de lucro. Emerge desta concepção restrita a proposta de enfrentar a questão social não só como subproduto da economia, já que requerem uma ação que vá além, daí que o Estado aparece como responsável por criar através da política social em ação conjunta entre mercado e sociedade civil estratégias e soluções com vista ao desenvolvimento local e sustentável. O problema está na primazia que a sociedade civil assume dentro desta perspectiva como executora de serviços sociais a partir de agências públicas não-estatais, como condutora de um processo de redução das desigualdades sociais; pretendo dar conta da ineficiência e ineficácia dos serviços públicos e aparecendo como um espaço que não sofre os influxos culturais e sociais do processo de produção e relações sociais da acumulação por espoliação. De acordo com Harvey (2003) a regressão dos estatutos regulatórios destinados a proteger o trabalho e o ambiente da degradação tem envolvido a perda de direitos. A devolução de direitos comuns de propriedade conseguidos durante anos de lutas de classes (aposentadoria, educação, saúde, etc) ao domínio privado é uma das flagrantes políticas de espoliação implantantadas em nome da ortodoxia neoliberal; que mistura coerção e consentimento através da prática imperialista e da hegemonia do capital financeiro. 11 Para elucidar melhor a fragmentação e despolitização da sociedade civil recorremos a concepção de Estado Liberal, que apresenta o Estado democrático como conjunto de procedimento formal, socialmente neutro, puramente técnico-jurídico. Conforme afirma Nogueira (2003) com expansão da cultura democrática e da cultura participativa cresceu também o ativismo comunitário. O autor argumenta que a democratização se combinou com uma recusa de política institucionalizada e com o elogio unilateral de uma sociedade civil que conteria toda a virtude, todo dinamismo social e se contraporia assim ao momento autoritário, repressivo e burocrático do Estado. A democratização foi inundada pelo antiestatismo neoliberal. O autor ainda explica que a sociedade civil gramsciana é o campo dos esforços societais dedicados a organizar politicamente os interesses de classe, fracionada pela própria dinâmica do capitalismo, cimenta-los entre si e projetá-los em termos de ação hegemônica. Entendemos que a sociedade civil não se sustenta fora do campo do Estado e muito menos em oposição dicotômica; ela é uma figura do Estado e modifica a natureza do fenômeno estatal, ou seja, se articula dialeticamente no e com o Estado. Estamos aqui tratando do Estado em sentido amplo, tal qual definido por Gramsci como sociedade política + sociedade civil, isto, é hegemonia escudada pela coerção. (Coutinho1994) Na atualidade há um congestionamento na sociedade civil de movimentos e organizações, que perderam em termos de unidade política; a noção de espaço dedicado à articulação e agregação política dos interesses de classe na disputa da hegemonia. Ao mesmo tempo a linguagem do planejamento e da gestão passou a valorizar fortemente a idéia de participação, levando a uma verdadeira redefinição conceitual. 12 As forças fragmentadoras da sociedade civil, a começar pela acumulação, o mercado, a concorrência e o predomínio da individualização, da cultura consumista e narcisista, do corporativismo, da despolitização se constituem em mais um impasse para gestão de políticas sociais. Segundo Nogueira (2003), a reposição da sociedade civil como um cenário de recomposição social depende de esforços políticos, dedicados a promover unificações e agregações superiores, pois o próprio governo depende hoje do esforço agregadores-politizados; os governos melhoram na medida em são articulados pela sociedade civil ao integrá-la a gestão. Temos ainda que abordar de forma resumida o enfoque da Gerência Social elaborada por Bernardo Kliksberg (2003), o autor tenta mostra que é necessário à unidade do desenvolvimento econômico combinado com o desenvolvimento social através de Estado Social com capacidade elevadas de gerência social. O enfoque da gerência social pretende ser eficiente e privilegiar a participação da comunidade, descentralizar para os municípios; propiciar formação de rede intersociais com outros atores da sociedade; praticar sistematicamente a transparência; gerar informação contínua sobre o social e levar adiante organicamente o monitoramento e a avaliação dos programas. O que pressupõe uma necessidade de capacidades, atitudes, orientação e critérios gerenciais muito particulares, onde as palavras de êxito são participação, descentralização e redes. Nesta perspectiva a política social não é vista com um paliativo, e sim é um ator fundamental para o desenvolvimento equilibrado, discute-se que o social não é um gasto, mas um investimento, uma alavanca moderna do desenvolvimento e do crescimento sadio, mas cabe lembrar que dentro desta perspectiva há uma tendência a implementação de 13 estratégias e programas fundados a partir de noções como vulnerabilidade e riscos, que se implementadas de forma satisfatória amenizam a vida da classe popular tão empobrecida; portanto o desafio é manter ou conquistar políticas sociais universais e redistributiva, pois este é o grande impasse da atualidade. Já observamos a tentativa constante do capital de buscar respostas a sua própria crise, as diversas ambigüidades e caminhos das políticas sociais, e matrizes da administração pública contemporânea. . Agora seria o momento de nos debruçarmos sobre a realidade de nosso país no tocante a política social. II - Política social à moda brasileira A historicidade da sociedade brasileira esta permeada de situações nos quais um ou mais aspectos importantes da questão social estão presentes. Um elo básico da problemática nacional sempre envolveu disparidades econômicas, políticas e culturais das classes sociais, grupos raciais e formações regionais e põe em causa as relações entre amplos segmentos da sociedade civil e do poder estatal no Brasil.(Ianni 1996) Os ingredientes cotidianos da questão social desde o declínio do regime de trabalho escravo estão em diferentes lugares da sociedade nacional, as lutas sociais a envolve, algumas medidas são adotadas enfrenta-la, pois continua a desafiar os distintos setores da sociedade, a modalidade do poder estatal tanto o autoritarismo quanto à democracia se defrontam com a questão social. Na vigência do regime do trabalho escravo a questão social estava posta de modo aberto. O escravo era expropriado no produto de seu trabalho e na sua pessoa e a contrapartida da perspectiva do escravo era a rebelião, a formação do quilombo, o suicídio. 14 Com a emergência do trabalho livre e toda a seqüência de lutas por condições melhores de vida e de trabalho se coloca a questão social. As diversidades e os antagonismos sociais começam a ser enfrentado com situações suscetíveis de debate, controle, mudança, solução ou negociação. O protesto social, sob diversas formas, no campo e na cidade, sugere tanto a necessidade de reforma como a possibilidade de revolução e para enfrentar esta situação a questão social ou é vista como problema político, ou de polícia, e na sociedade contemporânea brasileira estão postas as duas faces, já que o mercado financeiro cresce, o poder estatal se fortalece, a massa de trabalhadores padece, a pobreza e a violência urbana aumentam a cada dia. A propriedade do capital e a força do Estado estão enraizadas na exploração dos trabalhadores do campo e da cidade. Os progressos do mercado financeiro têm raízes na pauperização relativa e absoluta dos trabalhadores da cidade e do campo. Há processos estruturais que estão na base das desigualdades e antagonismos que constituem a questão social brasileira que mescla aspectos raciais, regionais e culturais, juntamente com os econômicos e políticos e se manifestam como problemas políticos ou de violência, para o primeiro são implementados os serviços sócio-assistenciais, enquanto que para o segundo as medidas de segurança e repressão. No período de 1930 -1945, o campo teórico que balizava as decisões da política social se articulava em torno da idéia de incorporação e integração social e possibilitou a formação da tecnoestrutura estatal calcado no projeto de desenvolvimento nacionalista7, 7 De acordo com Ianni, (1986) há uma unidade entre política econômica e política social; portanto para entendermos a política social brasileira faz-se necessário conhecer as proposta de desenvolvimento econômico implementado no país. O autor destacar três tendências : (1) estratégia nacionalista (1930-45, 15 que propiciou o surgimento da cidadania regulada (Santos 1979). Isto é, os direitos sociais foram conferidos aos grupos ocupacionais e esta estruturação possibilitou o desenvolvimento de um corporativismo orgânico. Nos anos 50 a política social e o projeto de industrialização pressupunham um requisito comum: o fortalecimento do Estado atuando diretamente no setor produtivo estatal ou indiretamente através do fundo público e o agente da distribuição pública. De acordo com Fleury (2002), no período da democracia populista (1943-1963) a expansão do sistema de seguro social fez parte do jogo político de intercâmbio de benefícios por legitimação dos governantes e de massificação de privilégios, e implicou no aprofundamento da crise financeira e de administração do sistema. A expansão das políticas sociais submeteu-se a uma lógica clientelista em detrimento das necessidades e demandas da população. A partir de 1964 as políticas sociais sofreram uma inflexão e obedeceram a quatro diretrizes a centralização e concentração do poder em mãos da tecnocracia com a retirada dos trabalhadores do jogo político e a passagem de administração de políticas sociais para os especialistas; o aumento de cobertura incorporando grupos e benefícios anteriormente excluídos; criação de fundos e contribuições sociais como mecanismo de autofinanciamento dos programas sociais(FGTS, 1951-54,1961-64).Tinha como pressuposto o projeto de um capitalismo nacional, como única alternativa para o progresso econômico e social; (2) estratégia desenvolvimentista dependente (1946-50,1955-60 e 1964-70) Tinha como pressuposto um capitalismo dependente como única alternativa pra o progresso econômico e social. Este projeto implicava no reconhecimento das conveniências e exigências de interdependência das nações capitalistas, sob hegemonia dos EUA. modernização conservadora, políticas sociais compensatórias e clientelista, centralizadas e com a marca pela formação de uma tecnoestrutural estatal com forte centralização de decisão no governo federal, especificamente o fortalecimento do poder executivo em detrimento do legislativo; (3) estratégia de desenvolvimento socialista os representantes dessa tendência nunca chegaram a controlar os centros de decisão. Defesa da participação aberta do Estado nas atividades econômicas, luta contra imperialismo era a mesma luta pela nacionalização e estatização das empresas estrangeiras. 16 PIS-PASEP;FAS, salário-educação); e a privatização dos serviços sociais, em especial a educação universitária e secundária e a atenção hospitalar. Nos idos de 1968/1983 os focos efetivos do debate eram os efeitos perversos das políticas não explicitamente sociais, e a política-social era definida como uma não política, uma omissão que expressava a pouca paridade conferida aos aspectos distributivos do regime. No regime burocrático-autoritário prevaleceu o Estado centralizador e fomentador da consolidação da área privada de acumulação de capital e a permanência ora da lógica clientelista, ora lógica da lucratividade, em detrimento de efetuar uma distribuição por meio das políticas sociais. O padrão de política social burocrático, privatista, centralizado, excludente e ineficaz vigente no período assinalado passa a ser questionado e inicia-se a luta pela democratização, principalmente a partir de experiências inovadoras desenvolvidas por prefeituras oposicionistas eleitas em 1974 ao colocaram em prática desenhos e modelos de gestão de políticas sociais de caráter universalista e participativa. Então, a partir de 1974 a questão central passa a ser incapacidade das políticas sociais alcançarem os segmentos sociais que configuram sua população-alvo. Nos anos 80 a valorização da democracia significou uma redefinição dos critérios de avaliação social. O eixo analítico de problematização das políticas sociais se desloca, mais uma vez, no sentido de redefinição do papel do Estado e da legitimidade desse papel. O padrão de proteção social no Brasil foi modificado a partir do processo de democratização e do pacto federativo consagrado na Constituição de 1988 que institui a 17 descentralização8 política-administrativa e a participação da comunidade na elaboração e controle das políticas sociais, na qual o papel do município tem uma dimensão crucial, transferindo-se para o âmbito local novas competências e recursos públicos capazes de fortalecer o controle social e a participação da sociedade civil nas decisões políticas, transferência fundo a fundo. Ainda na década de 80, a descentralização foi recorrentemente concebida como transferência das competências e atribuições de outras esferas para o município, instância reconhecida como o locus adequado para a concretização do controle democrático por parte dos cidadãos. De acordo com Souza in Bravo e Pereira (2000) a descentralização é vista com um instrumento adequado para o uso e a redistribuição mais eficiente dos orçamentos públicos e seus objetivos são identificados com a democratização do Estado e com a promoção de maior justiça social, através de políticas sociais mais eficientes a fim de reduzir as desigualdades sociais e promover a equidade no acesso aos serviços sociais. A partir da crise fiscal do Estado e do projeto ideopolítico neoliberal implementado no Governo de Fernando Henrique Cardoso e o projeto de Reforma Administrativa de Bresser Pereira o processo de descentralização assume uma feição desorganizada e 8 De acordo com Jacobi ( 2002) o conceito de descentralização configura uma proposta de ação políticaadministrativa dependente do enfoque ideológico pode alcançar objetivos diferentes e até contrários de reorganização institucional. O autor destaca dois enfoques: o neoliberal onde a descentralização significa a reprivatização e desregulamentação dos setores da economia diminuindo recursos e as competências dos poderes locais, os meios de autonomia de funcionamento dos serviços sociais. E o democrático onde a descentralização político-administrativa é um meio de operar trasformações do socioeconômicas, de promover a socialização dos grupos sociais mais excluídos, ampliação de direitos, a autonomia e a revalorização dos poderes locais, a participação cotidiana dos cidadãos na gestão pública e a redistribuição e o uso mais eficiente dos recursos dos públicos, incorporando na lógica da gestão os setores excluídos. ( Jacobi 2002;37) 18 fragmentada9. Jacobi (2002) indica que ocorreu no país foi uma desconcentração10 acompanhada da “prefeiturização”, entendida como o processo em que os programas sociais sob controle exclusivo do Executivo (municipal ou estadual) tornam-se alvo de barganhas eleitorais e práticas clientelistas. Simultaneamente, inicia-se o processo de americanização perversa de Seguridade Social brasileira, conforme exposto por Vianna (1998). A constituição de 1988 consagrou a expressão Seguridade Social, oficialmente inexistente, para consignar um padrão de proteção social que se queria abrangente e redistributivo. De acordo com autora o Brasil fez sua reforma inglesa – Modelo Beverdigiano ao eliminar os fundamentos de um sistema montado pós-30 com características segmentares do alemão – Modelo Bismarkiano. No entanto o modelo brasileiro na prática vem se tornando cada vez mais americano – ainda que universais as provisões públicas se resumem em parcos benefícios para os pobres, enquanto ao mercado cabe a oferta de proteção aqueles cuja situação permite obtenção de planos ou seguros privados. Ao contrário do que acontece nos EUA no Brasil, o aparente não-planejamento da evolução do sistema resultou em total desregulação das relações público/privado. Por estas razões as questões relativas à gestão participativa e controle democrático são centrais para acompanhar e definir o norte das políticas sociais, mais ainda é um impasse a clareza do financiamento e a participação nas instituições públicas. Ora o processo de descentralização não é um processo espontâneo e depende de ação deliberada dos níveis mais abrangentes de governo que deveriam enfatizar a 9 Sobre este processo ver Behring sua obra Brasil em Contra-Reforma, pp 171 a 212. De acordo com Jacobi (2002) desconcentração implica delegação de competências, sem qualquer deslocamento do processo decisório. 10 19 participação social na gestão das políticas, haja vista a essencialidade do planejamento estratégico e da fiscalização das medidas adotadas e implementadas. Bravo e Pereira (2000) apontam que com a descentralização do poder federal e democratização das políticas públicas, importantes dispositivos foram definidos no sentido da criação de um novo pacto federativo; como auxiliares e defensores dos destinatários das políticas sociais os seguintes órgãos: Ministério Público, PROCON, meios de comunicação, conselhos profissionais, conselhos gestores. As instituições assinaladas são mecanismos de resistência ao projeto privatista e neoliberal. Os conselhos, as conferências, os fóruns são espaço de tensão entre interesses contraditórios na luta por melhores condições de vida. A luta pela manutenção do caráter universalizante das políticas sociais públicas, em especial a seguridade social, no seu tripé formado pela previdência, saúde e assistência social a luta pela efetivação da democracia e da cidadania são indissociáveis da ampliação progressiva da esfera pública, onde refratam interesses sociais distintos, do primo tempo que ultrapassa a lógica privatista no trato do social, em favor dos interesses da coletividade. Ao encontro desses avanços, nos anos 90, os aparatos institucionais do Estado brasileiro também experimentaram significativa democratização na medida que no espaço público ampliou-se à participação de representantes de organizações da sociedade nas decisões de caráter coletivo. A mudança operada, na última década, articulou a existência de conselhos de repasse de recursos financeiros da esfera federal ao estadual e municipal. No que concerne ao marco conceitual, os autores brasileiros que escrevem sobre conselhos a partir da análise das políticas setoriais utilizam vários termos como definidores do espaço em questão, entre os quais destacam-se arena, arranjo institucional e esfera pública. Isto nos mostra a importância de rever criticamente o debate teórico sobre a 20 temática, que será abordada em outro momento, já que este não é nosso objeto de análise, contudo imprescindível para compreensão o debate atual dos conselhos de políticas sociais, que são espaços essenciais no processo de gestão social. Os conselhos gestores criam condições para um sistema de vigilância sobre a gestão e implica maior cobrança de prestação de contas do poder executivo, principalmente da esfera municipal. Entretanto, o fato de as decisões dos conselhos terem caráter deliberativo11 não garante sua implementação efetiva, pois não há estruturas jurídicas que dêem amparo legal e obriguem o executivo a acatar as decisões dos conselhos; este é mais um impasse. O projeto de desenvolvimento societário tem como suporte a construção de um espaço público e a participação popular a fim de alcançar-se melhor qualidade de vida e fazendo com que as prioridades centrais do Estado se voltem para as necessidades humanas, mais que para as necessidades do mercado. Neste processo os destinatários das políticas sociais colocam-se como um dos atores políticos principais, pois precisam ter uma capacidade reivindicativa e propositiva, de luta contra o autoritarismo, o clientelismo e a miséria. Diante do processo de globalização, do enfraquecimento dos sistemas políticos, é preciso que haja programas de ação política e econômica de nível regional. Por essa razão, o exercício de governabilidade no Brasil, enquanto uma capacidade essencialmente política 11 A lei federal preconiza que os conselhos tenham caráter deliberativo, parte do processo de gestão descentralizada e participativa, e os constitui como novos atores deliberativos e paritários. Há um debate acirrado acerca dos novos conselhos, sobre o seu papel se devem ser organismos consultivos e/ou deliberativos. Em relação ao caráter dos conselhos já existem duas posições: (1) Caráter consultivo - há os que defendem a circunscrição no plano da consulta, argumentando que os conselhos quem deve funcionar como auxiliares do poder legislativo. 21 de negociação, deve inovar e buscar romper com a velha ordem e formular política voltada para a democratização e transparência nas decisões a fim de proporcionar a diminuição das desigualdades sociais no país. Tal objetivo será plenamente alcançado através da prática da cidadania, da negociação entre atores coletivos sociais, que transitam das práticas reivindicativas para práticas propositivas, que controlam as ações publicas e ao mesmo tempo propõem alternativas. Para tanto é primordial a capacidade de negociação, de gerir recursos, e de manejo de métodos e técnicas de planejamento. Neste ponto é importante destacar a importância do planejamento estratégico e participativo; mas também ter claro que o processo de acumulação/equidade que permeiam a gestão de políticas sociais esta repleta de contradições, mas ainda são garantias de melhoria de condições objetivas de vida; para se ter um horizonte. Após esta breve explanação teórica sobre gestão de políticas sociais iremos focar o estudo na política de promoção da saúde, especificamente a estratégia de saúde escolar implantadas na prefeitura do Rio de Janeiro na Coordenação de Área de Planejamento 3.III III – Promoção da Saúde e cotidiano em busca da intersetorialidade Buss (2000) em seu artigo, Promoção da Saúde e qualidade de vida, pretende discutir a contribuição da promoção da saúde como campo de conhecimento e de prática visando a qualidade de vida; ou seja, o grande desafio desse campo de investigação diz respeito ás intervenções, que a partir do setor saúde, possam efetivamente influenciar de forma (2) Caráter deliberativo – segundo esta visão os conselhos são órgãos de fiscalização do executivo, conforme perspectiva e modelo de gestão descentralizada e devem tomar decisões em sua área. Para isso, é necessário que o governo tenha como diretrizes a participação e a cidadania. 22 favorável a qualidade de vida. Neste campo se pretende o desenvolvimento de promoção da saúde como campo conceitual e de prática que busca explicações e respostas pretensamente integradoras das questões postas pela intensa desigualdade social do Brasil. Gutierez apud Buss (2000) define promoção da saúde como o conjunto de atividades, processos, recursos de ordem institucional, governamental ou de cidadania, orientadas a propiciar a melhoria das condições de bem-estar e acesso a bens e serviços sociais. O Informe de Lalonde (1974) marco o movimento moderno de promoção de saúde.O documento descreve os quatro componentes determinantes da saúde: biologia humana, ambiente, estilo de vida e organização da assistência à saúde. No ano de 1978, a I Conferência Internacional de Cuidados Primários em Alma-Ata enfocou “Saúde para todos no ano 2000”. Ao tocar na questão da desigualdade social e responsabilizar os governos pela saúde dos cidadãos; e ao afirmar o direito de participação da população nas decisões no campo de saúde. Nos últimos vinte e cinco anos a promoção de saúde representa uma estratégia promissora para enfrentar os múltiplos problemas de saúde que atingem as populações humanas. Parte de uma concepção ampla de processo de saúde-doença e de seus determinantes; propõe a articulação de saberes técnicos e populares e a mobilização de recursos institucionais, comunitários, públicos e privados. O enfoque tradicional de promoção da saúde comporta níveis de prevenção centrado no indivíduo, com projeção para as famílias ou grupos, dentro de certos limites. Com a segunda revolução epidemiológica – o movimento de prevenção de doenças crônicas - a 23 promoção da saúde passou a associar-se às medidas preventivas sobre o ambiente físico e os estilos de vida, não mais voltados para indivíduos e famílias. As conceituações de promoção da saúde podem ser divididas em dois grandes grupos: (1) Individualista - Atividades dirigidas à transformação do comportamento do indivíduo, ao focar no estilo de vida e também localizar as ações preventivas no seio da família. Os programas de atividades de promoção de saúde tendem a concentrar-se em componentes educativos, primeiramente relacionados com risco de comportamento possíveis de mudança, que em parte estão sob o controle do individuo. (2) Coletivista - Sustenta o argumento que a saúde é produto de fatores e determinantes sociais e econômicos que atinge diretamente a qualidade de vida. As atividades estão mais voltadas ao coletivo de indivíduos e ao ambiente num sentido amplo através de políticas públicas e de condições favoráveis ao desenvolvimento da saúde e do reforço da capacidade dos indivíduos e das comunidades; origina-se, a proposta da promoção de saúde não somente como um conceito, mas também como estratégia no campo de intervenção publica. Mendes (1996) indica que nos países do 1º mundo a racionalização do sistema traz uma melhoria na qualidade dos serviços ofertados, mas a mesma não significa mudança no modelo de atenção. Existe uma necessidade de mudança radical, de natureza estrutural, o que foi feito no Brasil com a organização do SUS (Lei 8080/1990). Para tornar efetiva tal organização estrutural é importante a construção de uma nova concepção do processo saúde-doença, de um novo paradigma, de uma nova prática sanitária, de uma nova gestão social; conforme sumariado a seguir; 24 (1) Concepção de Saúde Positiva: Marca a ruptura da concepção de saúde negativa (ausência da doença, seqüelas e morte) para uma concepção de saúde positiva, onde a qualidade de vida, a condição de existência da humanidade no seu viver cotidiano deve ser desimpedida, um modo de andar livre, individual ou coletivamente e isto pressupõe determinado nível de acesso a bens e serviços econômicos e sociais. (2) A mudança do paradigma sanitário: Um paradigma é reconstruído por força das inovações de teoria geral de ciência. No âmbito da saúde as mudanças também ocorrem na teoria, nos métodos e práticas. No Brasil a Reforma Sanitária se preocupou com uma mudança paradigmática, ou seja, transitar do paradigma flexneriano12 para o paradigma da produção social13. (3) A mudança da prática sanitária: Prática sanitária é forma como uma sociedade a partir do conceito de saúde vigente e do paradigma sanitário hegemônico estrutura as respostas sociais organizadas ante os problemas de saúde. A raiz da crise da saúde talvez tenha com um de seus componentes o conceito negativo de saúde e o paradigma flexneriano que fundamenta a prática sanitária de atenção médica e valoriza a clínica individual em detrimento da clínica de epidemiologia, o que leva a busca de práticas alternativas na tentativa de romper a mecanização da relação médico/paciente, fundados no poder do primeiro que ordena normas e condutas ao segundo. 12 O paradigma flexneriano - A partir de Relatório de Flexner, publicado em 1910, e se expressa por meio de um conjunto de elementos que coexistem: mecanismo (medicina científica, analogia do corpo humano com uma máquina), biologismo, individualismo, a especialização, a tecnificação e curativismo. Este paradigma é coerente com o conceito de saúde com ausência de doença e uma âncora que permite sustentar a prática sanitária como atenção médica. 13 A produção social da saúde pretende dar conta de um estado de saúde em permanente transformação e permite a ruptura com a idéia de um setor de saúde, erigindo-a como produto social resultante de fatos econômicos, políticos, ideológicos e cognitivos. O que significa inscrevê-la no campo do conhecimento na ordem da interdisciplinaridade; como prática social na ordem da intersetorialidade. O que está em coerência com o conceito de saúde como expressão de qualidade de vida. 25 Por sua vez conceito positivo de saúde e o paradigma de produção social de saúde pretende levar a construção social de uma nova prática sanitária denominada Vigilância de Saúde14. A Vigilância de saúde é uma nova forma de resposta social organizada aos problemas de saúde, que organiza os processos de trabalho em saúde mediante operações intersetoriais e articuladas por diferentes estratégias de intervenção aquecida pela interdisciplinaridade. As estratégias de intervenção da vigilância de saúde resultam da combinação de três grandes tipos de ações: a promoção de saúde, a prevenção de enfermidades e acidentes e atenção curativa e requer a parceria entre governo municipal e população. Também exige combinação de três abordagens: gerencial, racionalidade, tecnocrática e participativa. Dispor os recursos para iniciar um projeto, descobrir pessoas que fazem acontecer, começar por propostas pequenas de fácil execução, trabalhar com estruturas administrativas mínimas, comemorar e difundir os resultados positivos dos serviços de saúde ao executar a promoção da saúde. Os maiores avanços no campo de saúde se conseguem por meio de uma combinação de mudanças estruturais e ações empreendidas por pessoas. Daí a importância de comunicações que versam sobre a eficácia de políticas locorregionais de promoção da saúde executados no cotidiano. O cotidiano de uma instituição de saúde é hierárquico e repetitivo, as rotinas, os procedimentos e a assistência à população se efetuam. O campo de execução de uma 14 O conceito vigilância surgiu nos anos 50, cenário da guerra fria. O termo vigilância epidemiológica foi utilizado em 1963 num documento sobre a malária produzido pela OMS. 26 política pública se cria no movimento dado pela relação profissionais/usuários. Ora o que se passa no cotidiano é a rotina, que expressa o hábito de fazer as coisas sempre da mesma maneira, por recurso a práticas sempre contrárias à inovação, do ponto de vista da regularidade, normatividade e repetividade. Daí que o cotidiano manifesta-se como um campo de ritualidades ao ter a rotina como o elemento básico das atividades sociais do dia a dia. Pais (2003), argumenta que o conceito da rotinarização reporta-se a prevalência de determinadas formas de certeza de que a realidade é o que ela aparenta ser. A etimologia da palavra rotina associa-se idéia de rota (caminho), do latim via, rupta de onde derivam as expressões “rotura” ou “ruptura”, então o cotidiano também se apresenta com duas dimensões; tanto como campo da normatividade e repetividade e como campo da ruptura, do surgimento do novo. Postas estas considerações iniciais afirmamos que foi no cotidiano ao buscar uma prática intersetorial entre as unidade de saúde e a escolas municipais do Rio de Janeiro da Área de Planejamento 3.III que trabalhamos para construção do novo, de uma concepção de saúde ampliada; com práticas de promoção da saúde na gestão de políticas locorregionais. IV – OS NÚCLEOS DE SAÚDE ESCOLAR: UMA EXPERIÊNCIA INOVADORA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE ESCOLAR. A Organização Pan-americana de Saúde – OPAS em documentos oficiais indica que a Escola Promotora da Saúde deve estimular estilos de vidas saudáveis em toda a comunidade escolar, e desenvolver ambiente saudável condizente com a promoção da saúde em três grandes áreas:ambiente saudável, oferta de serviços e educação em saúde. 27 De acordo com Silveira e Pereira (2004) a escola tem que ter poder para decidir o seu destino, traçar o objetivo pedagógico, discutir necessidades reais e estabelecer as estratégias para atende-las. Isto implica trabalho com a comunidade e ao mesmo tempo a busca de parcerias com outras instituições públicos e/ou privadas. As autoras argumentam que os serviços de saúde são mecanismos dos quais as escolas devem estar em constante relação, para assegurar a boa saúde de seus alunos, que não cabe a escola abrigar diferentes profissionais de saúde, mas manter com eles uma relação íntima e aberta, onde haja a utilização dos serviços prestados pelas unidades de saúde, o conhecimento mútuo entre os profissionais de saúde e professores seja cultivado. Informam que o grande desafio para promoção da saúde é a articulação escola e serviço de saúde. A Política Nacional de Promoção da Saúde (2002) registra que os estabelecimentos de ensino da rede pública municipal do Rio de Janeiro localizados em bolsões de pobrezas estão articulados, desde de 2000, numa rede de EPS, projeto que desenvolve estratégias para qualificar a vida da comunidade escolar e combater a violência. A experiência foi iniciada em 1988, com o título “Nessa Escola eu fico” abrangendo 11 mil crianças de 19 escolas, num processo de valorização do cotidiano escolar. Um levantamento que subsidiou a elaboração do projeto apontou como principal problema nas comunidades escolares a violência entre os próprios alunos, na sala de aula, reflexo da convivência com a violência em casa ou no bairro. A partir da implantação do projeto, os alunos passaram a ficar na escola em horário integral e os professores foram treinados para desenvolver atividades que estimulassem as relações de afeto, o diálogo, a interação e a valorização de si e do outro, visando à melhoria 28 das relações interpessoais. Da mesma forma, foram incluídas nas atividades de classe e extraclasse questões de saúde como prevenção de DST/AIDS, não uso de drogas, álcool e tabaco, gravidez precoce e nutrição. As ferramentas de trabalho com os alunos atendidos, hoje fazem parte de núcleos de adolescentes multiplicadores que reproduzem em suas comunidades o aprendizado recebido na escola. No ano de 2003 a Gerência da Saúde Escola de Secretaria Municipal do Rio de Janeiro, para fugir do foco do alunado, separou um grupo de profissionais de saúde e outros diretores de escolas municipais e ofereceu um treinamento de uma semana na cidade de Mendes/RJ; formação realizada pela ONG CEDAPS. Do treinamento foram criadas 11 EPS da AP 3.III, os diretores e profissionais formularam projetos individuais que deveriam se implementados no prazo de doze meses; contudo nem todos conseguiram executar os projetos. A assistente social/assessora da CAP 3.III compôs o núcleo de saúde escolar, e tinha como projeto a expansão dos mesmos. Diante do exposto observamos que na área em questão se conformavam sem articulação as seguintes ações; Os profissionais das unidades de saúde desenvolvendo projetos nas escolas com professores e alunos; a formação de 11 Escolas Promotoras da Saúde; a criação de um núcleo de saúde escolar na coordenação de saúde, cujo projeto principal foi à realização de exames oftalmológicos e entregas de óculos para os alunos do 1º Ciclo do ensino fundamental. Na tentativa de organizar melhor estas ações a equipe de profissionais do PAM Alberto Borgerth. Com coordenação da assistente social, recebemos o convite para integrar as ações do núcleo de saúde escolar. 29 No ano de 2004 agregaram-se sob uma coordenação para alcançar os objetivos da Política Nacional de Promoção da Saúde ao desenvolver as estratégias de promoção de ambientes seguros e saudáveis, com ênfase no trabalho com escolas e comunidades, através da formulação e implementação de uma política intersetorial entre a CAP 3.III e 6ª Coordenadoria de Educação – Assessoria de Ação Integradora elaboramos o Plano de Promoção da Saúde nas Escolas que tem como escopo apresentar, articular e agrupar os principais projetos a serem desenvolvidos na área de planejamento 3.III: Projeto de Creches/educação infantil promotora da saúde e Projeto de implantação dos núcleos de saúde escolar. A proposta da gerência de Saúde Escolar era a implantação de um núcleo de saúde escolar em cada área da Secretaria Municipal de Saúde, mas duas assistentes sociais e as duas assessores da 6ª CRE formularam e implementaram sete núcleos de saúde escolar, dado a extensão da área, com cerca de novecentos e cinqüenta e um mil cento e noventa e oito habitantes justificam duas coordenadorias regionais de educação e a descentralização das ações dos núcleos de saúde escolar. A principal missão dos núcleos de saúde escolar é possibilitar a promoção da saúde tendo por cenário a escola com atividades que discutam o cotidiano escolar e escolham caminhos para a criação de um ambiente saudável criamos sete núcleos de saúde escolar, inclusos PSF/PACS. Vale enfatizar que os núcleos visam articular e agrupar as ações do Programa Vista esta Camisinha, Sinal Verde, Saúde Mental e Dentescola; os vários programas que tem por foco as escolas, implantados pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. 30 Os objetivos dos núcleos de saúde escolar são desenvolver atividades educativas que discutam temáticas inerentes ao cotidiano escolar em relação à temática da promoção da saúde em parceria e diálogo com a comunidade escolar (professores, pais e alunos) além da participação do Conselho Distrital de Saúde da AP 3.III visando o fortalecimento o Controle Social. Criar rede de referência entre as escolas promotoras de saúde com as unidades de saúde a fim de garantir o acesso dos alunos da rede publica aos serviços de saúde. Cada núcleo tem uma equipe formada por profissionais de saúde (assistentes sociais, pediatras, enfermeiros, odontólogo, nutricionistas, psicólogos e fonoaudiólogos) e professores de cada escola. As principais estratégias de ação são encontro mensal nos centros de estudos parciais nas escolas entre os profissionais de saúde e os professores para esclarecimentos e discussão de situações problemas tanto no plano individual como comunitário; estabelecer um fluxo de acolhimento dos alunos encaminhados das escolas para as unidades básicas de saúde; desenvolver atividades educativas que contarão com a participação com uma equipe de profissionais das unidades de saúde e acompanhamento das ações por uma planilha e relatórios de avaliações mensais enviados a CAP 3.III e discutidos em reuniões mensais. Como principais resultados temos a elaboração de protocolo de encaminhamento e estabelecimento de fluxo de atendimento aos alunos da rede municipal de educação da 6ª CRE. A divisão dos núcleos a partir das reuniões com profissionais dos setores educação e saúde e participação de representantes de conselheiros possibilitou a identificação das principais demandas da comunidade escolar. Também a Organização e execução das 31 planilhas de atividades educativas executadas, mensalmente, nas escolas ao debater com a comunidade escolar os temas de promoção da saúde. Os núcleos de saúde escolar se reúnem mensalmente para estudos dos temas do cotidiano escolar e para a avaliação dos trabalhos desenvolvidos no mês anterior. Nestas reuniões mensais participam os conselheiros do Conselho Distrital de Saúde, Conselho Tutelar e Conselho Escola Comunidade da região. Este espaço é monitoramento dos núcleos de saúde e temos também os indicadores de avaliação de processos: Identificação das as principais demandas da Escola; Acesso dos alunos e o fortalecimento da comunidade escolar. Indicadores de impacto: diminuição da morbidade emergente, mobilização social, fortalecimento e acompanhamento das crianças, adolescentes e suas famílias; proposta de uma política municipal de promoção da saúde Esta experiência aqui apresentada já ganhou reconhecimento em fóruns científicos e de políticas públicas de saúde. Por ser inovadora e ter eficácia diante dos objetivos propostos15 ampliaram-se os núcleos de saúde escolar para a 5ª coordenadoria de Educação, e já temos novos desafios, nova dinâmica, a certeza que não podemos encaixar a experiência de uma 6ª CRE na 5ª CRE, mas que temos que utilizar algumas ferramentas do planejamento estratégico e aponta a competência e habilidades do assistente social na gestão de políticas de saúde. 15 Sobre este tema ver o Trabalho de Conclusão de Curso da assistente social Jandira Sousa antas. 32 Considerações finais Para lidar com os desafios e demandas contemporâneas o gestor público necessita de que as organizações públicas aperfeiçoem os mecanismos de interpretação da realidade, a capacidade de formar redes de contato, a abertura de espaço de participação social, o planejamento de estratégias e ações, tendo como objetivo central à promoção da qualidade dos serviços prestados. Para tanto é prioritário que a descentralização das políticas sociais venha acompanhada da participação dos usuários dos serviços prestados por qualquer instituição pública. Urge também que o gestor busque o diálogo, a indagação para construção de uma agenda reativa, a formação de uma rede de contatos, a revalorização dos recursos humanos, um perfil de bom negociador16, o trabalho na perspectiva da interdisciplinaridade, ter formação e informação de boa qualidade. Porém, o embate maior está ainda em fazer com que as instituições públicas alcancem um padrão de excelência. Isto significa que será preciso não só promover modernizações tecnológicas, mas, sobretudo resgatar a noção de serviço público, com suas implicações de rigor, de heterogeneidade e de honestidade da função; já que toda a imagem negativa acumulada pelos serviços públicos junto aos cidadãos é a face escancarada de um complicado processo de desgaste da legitimidade do Estado cujos desdobramentos parecem longe de se esgotar. 16 “Ser bom negociador, isto é, ter capacidade para atuar plenamente com os outros conforme um adágio milenar: O dirigente malvado é aquele a quem as pessoas desprezam;o bom dirigente é aqueles a quem as pessoas reverenciam;o grande dirigente é aquele que faz as pessoas dizerem: nós mesmos o fizemos”.(Kliskberg, 1997) 33 Por estas razões se torna necessário promover um aprimoramento radical na qualidade dos serviços prestados aos cidadãos e a participação dos mesmos nos assuntos políticos e institucionais visando o progresso da sociedade e o desenvolvimento humano. As Escolas Promotoras da Saúde ainda é um programa espelho da OMS/OPAS com iniciativas incipientes em diversos pontos do território nacional. O primeiro Seminário sobre Efetividade da Promoção da Saúde, o Grupo de Trabalho sobre Escolas Promotoras da Saúde (EPS) escreveu no relatório final os problemas que dificultam a avaliação e ações das mesmas são: dificuldade na definição de objetivos e metas comuns alcançadas em todas as iniciativas de projetos e ações integradas de acordo com a situação de cada escolar; dificuldade de interlocução e de ações integradas entre o setor saúde e setor educação, participação inexpressiva de alguns atores sociais na elaboração dos projetos e nos processos de decisão, dificuldade na escolha da metodologia da avaliação dos projetos e ações, dificuldades de financiamento. A literatura indica que os efeitos de uma política de promoção da saúde só podem ser observados em longo prazo, mas são poucos os estudos que se dedicam a estudar as estratégias utilizadas, o caminho e os percalços seguidos pelos profissionais de saúde. O estudo de práticas inovadores que fortaleçam os princípios de democracia e da emancipação humana na execução de uma política pública local é uma temática importante e um campo de trabalho para os assistentes sociais na política de saúde. Nesse ínterim, consideramos que a estratégia dos Núcleos de Saúde Escolar da CAP 3.III visa o fortalecimento das políticas locorregionais de promoção da saúde através do monitoramento das práticas cotidianas de educação e saúde intersetoriais e diminuiu as ações sobrepostas em relação comunidade escolar na área. 34 BIBLIOGRAFIA ARRETCHE, MARTA. Estado federativo e políticas sociais: determinantes da descentralização.Rio de Janeiro: Revan,São Paulo:FAPESP .2000 BRAVO, Inês Souza e PEREIRA, Potyara.A.P. Política Social e Democracia.São Paulo:Cortez; Rio de Janeiro:UERJ.2001 BEHRING, Elaine. Política Social no Capitalismo Tardio. São Paulo: Cortez.2002 ____________. Brasil em Contra-Reforma:desestruturação do Estado e perda de direitos. São Paulo, Cortez, 2003. BUSS, Paulo Marchiori, Promoção da Saúde e qualidade de vida. In: Ciência e Saúde Coletiva, ABRASCO, volume 5, nº 1, 2000. CASTEL, Robert. As metamorfoses da questão social. São Paulo: FAPESP. 2000 Carvalho, José Murilo. A cidadania no Brasil o longo caminho.Rio de Janeiro:Civilização Brasileira. 2001. FLEURY, Sônia. Políticas Sociais e democratização do poder local. In: Vergara, Silvia Constant e Vera Lúcia de Almeida Correa: Proposta para uma gestão pública municipal efetiva, Rio de Janeiro, Editora FGV. 2003 JACOBI, Pedro. Políticas sociais e ampliação da cidadania.Rio de Janeiro, Editora FGV, 2002. MENDES, Vilaça Eugenio. Um novo paradigma sanitário: a produção social as saúde.In Uma agenda para a saúde. HUCITEC,ano 1996. NOGUEIRA, Marco Aurélio. As possiblidades da Política. Idéias para a reforma democrática do Estado.São Paulo, Paz e Terra, 1998. 35 KLIKSBERG, Bernard. O desafio da exclusão.Para uma gestão social eficiente. São Paulo: FUNDAP. 1997 ________________. Falácias e Mitos do Desenvolvimento Social. São Paulo. Editora Cortez e UNESCO,2003. PAIS, José Machado. Vida Cotidiana, Enigma e Revelações. Editora Cortez, São Paulo, 2003.Política Nacional de Promoção da Saúde ( Documento para discussão). Ministério da Saúde. Brasília, 2002. SILVEIRA, Ghisleine Trigo e Pereira, Isabel Maria Teixeira Bicudo. Escolas Promotoras de saúde ou escolas promotoras de aprendizagem/educação? In. LEFEVRE, Fernando e Lefevre, Ana Maria Cavalcanti, Promoção da Saúde a negação da negação. Editora Vieira e Lent, Rio de Janeiro, 2004. VIANNA, Maria Lúcia Teixeira Werneck. A americanização (perversa) da seguridade social no Brasil: estratégias de bem-estar e políticas públicas.Rio de Janeiro, Revan,UCAN, IUPERJ,1998 36