MESA REDONDA II – EDUCAÇÃO AMBIENTAL POPULAR REDATATORA: Michele da Conceição (Grupo de Educação Ambiental UNISINOS) A Palestra realizada teve como tema Educação Ambiental Popular. O Professor José Matarezi abordou o assunto de seu trabalho em Santa Catarina (Reservas Extrativistas Resex, Zona Costeira, Marinha composta por baía, estuário e manguezais, tendo como principal recurso explorado o molusco bivalve berbigão,) com as comunidades de pescadores que apresenta crescimento exponencial do extrativismo. Seu projeto com as comunidades tem o objetivo principal de resgatar a identidade socioambiental através da Trilha da Vida, sendo uma ferramenta de percepção ambiental com proposta de educação ambiental comunitária e unidades de conservação. Esse instrumento não deve ser confundido como mera atividade de sensibilização, pois ultrapassa em muito esta dimensão, apontando para objetivos educacionais, conservacionistas, terapêuticos e com foco na utilização dos principais sentidos humanos. "É uma forma contundente de transmitir noções de conservação e educação ambiental, baseado na histórica evolução material e ambiental do ser humano" (José Matarezi). A Trilha da vida atualmente está sendo implementada em diversos locais através de uma rede de núcleos disseminadores da metodologia. Este processo exige uma formação continuada para as equipes executoras em cada um dos seus núcleos disseminadores. A Professora Isabel Cristina Carvalho abordou o assunto Educação Popular em aspectos sociais, ambientais e psicossociais. Segundo ela, a Educação Ambiental está associada com a tradição da educação popular que compreende o processo educativo como um ato político no sentido amplo, isto é, como prática social de formação de cidadania. A EA popular compartilha com essa visão a idéia de que a vocação da educação é a formação de sujeitos políticos, capazes de agir criticamente na sociedade. O destinatário desta educação são os sujeitos históricos, inseridos numa conjuntura sociopolítica determinada, cuja ação, sempre intrinsecamente política, resulta de um universo de valores construído social e historicamente, não se apaga a dimensão individual e subjetiva, mas esta é vista desde sua intercessão com a cultura e a história, ou seja, o indivíduo é sempre um ser social. Assim, o foco de uma EA popular não são exclusivamente os comportamentos, embora em certa educação popular também exista uma herança racionalista que se expressa principalmente no conceito de conscientização. A EA popular, por sua vez, age dentro de um universo onde a educação é uma prática de formação de sujeitos e produção de valores, comprometida com uma idéia emancipatória e, ao enfatizar a dimensão ambiental, amplia a esfera pública, incluindo nesta o debate sobre o acesso e as decisões relativas aos recursos ambientais.