UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO REINALDO DO NASCIMENTO SILVEIRA EFEITOS DE DIFERENTES TEMPOS DE ALONGAMENTO MUSCULAR NOS NÍVEIS DE FORÇA DE MEMBROS SUPERIORES EM PRATICANTES DE TREINAMENTO DE FORÇA CRICIÚMA, JULHO DE 2009 REINALDO DO NASCIMENTO SILVEIRA EFEITOS DE DIFERENTES TEMPOS DE ALONGAMENTO MUSCULAR NOS NÍVEIS DE FORÇA DE MEMBROS SUPERIORES EM PRATICANTES DE TREINAMENTO DE FORÇA Monografia apresentada para obtenção do grau de Especialista em Fisiologia do Exercício no curso de Pós- Graduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientador: Prof. MSc.Joni Marcio de Farias CRICIÚMA, JULHO DE 2009 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a meu avô Antonio Ignácio da Silveira (in memorian) e avó Maria Delurdes Barros da Silveira, que sempre incentivaram a buscar o conhecimento. me 4 Agradeço a Deus todo poderoso e soberano por me dar força nos momentos de dificuldades e por ter guiado meus caminhos na construção deste sonho. Agradeço a minha família, em especial a meus avôs Antonio Ignácio e Maria Delurdes por me apoiarem em todos os momentos de dificuldade. Agradeço aos mestres do curso de Especialização em Fisiologia do exercício da UNESC que mediaram a minha formação e a de meus colegas. Agradeço ao professor Joni Marcio de Farias por ter me orientado na realização deste trabalho. Agradeço a todos os amigos que torceram pela realização desta conquista. 5 “A instigação do pesquisador é passo essencial para evolução da humanidade”. Reinaldo do Nascimento da Silveira 6 RESUMO Investigar os efeitos do alongamento muscular na resposta aguda neural tornou-se foco bastante atrativo de pesquisas atuais quando se considera que o desempenho da força esta diretamente relacionada a alterações dos níveis de ativação muscular. Este estudo avaliou os efeitos de 10 a 40 segundos de alongamento estático na ativação muscular e no desempenho da força precedido ao teste de repetição máxima de sujeitos treinados. Foram avaliados 20 homens com idade média 21,75 (+3,49) randomizados em 4 grupos de acordo com os seguintes tempos de alongamento, (TF10s.), (TF20s.), (TF30s), (TF40s), TF corresponde a Treinamento de Força. Na etapa Controle (C) os sujeitos foram submetidos ao teste de repetição máxima no exercício de supino com halteres. Na etapa Experimental (E) foram submetidos ao alongamento estático com intensidade de 10% de 1RM, seguidamente realizaram o teste de repetição máxima. Nas duas etapas foram realizadas as análises da ativação muscular com eletromiografia de superfície. Como procedimento estatístico utilizou-se Anova One-Way comparando características antropométricas e funcionais dos grupos, o teste “t” foi utilizado para amostras pareadas, comparando controle e experimental, (p< 0,05). Resultados: Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativa (p > 0,05); no desempenho da força e nos níveis de ativação agonista comparando os diferentes tempos de alongamento da etapa (E) ao experimento sem alongamento da etapa (C). Concluímos com este trabalho que o exercício de alongamento nos tempos e intensidades estudados parecem não exercer efeito agudo sobre os níveis de ativação a ponto de potencializar o desempenho da força em teste de repetições máxima. Desta forma, outras intensidades de alongamento podem ser investigadas buscando modular positivamente estes resultados. Palavras chave: alongamento estático, ativação muscular, força, desempenho. 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Representação dos tipos de Unidades Motoras.......................................15 Figura 2 – Representação dos tipos da junção muscular..........................................17 Figura 3 – Representação do ciclo da contração muscular.......................................18 Figura 4 – Representação do procedimento em (EMG) de superfície.......................20 Figura 4 – Representação de um indivíduo avaliado em (EMG) de superfície..........21 Figura 5–Representação dos picos do Sinal Retificado ...........................................26 Figura 6 - Alocação dos eletrodos de superfície, configuração bipolar.....................29 Figura 7 - Execução do teste de RPM com análise eletromiográfica........................29 Figura 8 - Execução do alongamento estático em decúbito ventral..........................30 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - caracterização dos sujeitos.......................................................................32 Tabela 2 - resultados do desempenho da força máxima (C) x (E )............................33 Tabela 3- resultados do desempenhos dos níveis de ativação (C) x (E ).................34 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ATP - Trifosfato de Adenosina. ATPase - Enzima da miosina o deslocamento das pontes transversas em que sua cadeia apresenta-se como um dos fatores que determinam a velocidade de contração muscular. 2a. - Fibra de contração rápida intermediária 2b - Fibra de contração rápida. (C) - grupo controle CEP - Comissão de ética em Pesquisa UNESC - Universidade do Extremo Sul Catarinense (E ) - grupo Experimental (EMG) - Eletromiografia FNP – Alongamento Neuromuscular Propioceptivo Na. - sódio K - Potássio. 1RM- Uma repetição máxima RMS - Sinal Eletromiográfico Retificado (TF10s.), - Grupo Treinamento Força alongamento 10 segundos (TF20s.), - Grupo Treinamento Força alongamento 20 segundos (TF30s), - Grupo Treinamento Força alongamento 30 segundos (TF40s),- Grupo Treinamento Força alongamento 40 segundos Tipo 1 - Fibra de Contração Lenta UNESC - Universidade do Extremo sul Catarinense µV. - micro Voltz 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................13 2.1 Aspectos Fisiológicos do Alongamento Muscular. .......................................13 2.2 Treinamentos de Força .....................................................................................14 2.3 Tipos de Força Muscular ..................................................................................17 2.4 Eletromiografia de Superfície e Recrutamento Muscular ..............................19 2.5 Adaptações Fisiológicas do Treinamento De Força ......................................21 3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS...............................................................24 3.2 População ..........................................................................................................24 3.4 Aspectos Éticos ................................................................................................25 3.5 Critérios de Inclusão.........................................................................................25 3.6 Critérios de Exclusão........................................................................................25 3.7 Procedimentos de Pesquisa e Instrumentos ..................................................25 3.8 Análise e Tratamento dos Dados.....................................................................29 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS....................................................30 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................36 REFERÊNCIAS.........................................................................................................37 11 1 INTRODUÇÃO As orientações para realização de seções de exercício físico por muito tempo foram orientadas por experiências aleatórias, que acabaram de certa forma, constituindo-se em dogmas, onde, por muitas vezes, pouco corroboravam com explicações de cunho científico. Neste contexto, o exercício de alongamento muscular como estratégia de preparação para realização das seções de exercício físico tornou-se uma comum, e que no campo prático, muitas qualidades lhe foram atribuídas. Com a evolução no campo científico no âmbito do treinamento físico, algumas questões acabaram atraindo mais significamente a atenção dos pesquisadores, tanto para rendimento físico quanto profilaxia e tratamento clínico, onde se obteve um grande avanço, quanto a adaptações agudas e crônicas aos exercício aeróbios, resistidos, diferentemente dos exercícios de alongamento, que foram pouco investigados. Nas ultimas décadas, as adaptações agudas entre diferente formas de exercício físico realizados em mesma seção de treinamento passou a ser melhor investigada. Esses estudos apresentaram resultados bastante controversos, quando buscou avaliar o alongamento muscular como finalidade de melhorar o desempenho, principalmente relacionados a seções de treinamento para força e potência muscular (FLECK, KRAEMER, 2004). Em alguns estudos foi verificado efeito negativo do alongamento muscular no desempenho da força e potência muscular, sugerindo alguns fatores intervenientes, como alterações nas propriedades visco elásticas das unidades músculo-tendíneas, redução da ativação de unidades motoras e aumento da complacência músculo-tendínea (YOUNG, BEHM, 2002). Outros estudos não apresentam nenhum efeito, seja ele deletério ou positivo para o ganho de força muscular (CHURCH, WIGGINS, 2001). Contudo, a utilização de exercícios de alongamento muscular como ação responsável para se alcançar maiores níveis de ativação muscular e conseqüentemente aumentar a produção de força nos exercícios resistidos ainda é pouco explorado. Neste sentido, apontamos o tema deste estudo: Efeitos de diferentes tempos de alongamento muscular nos níveis de força de membros superiores em praticantes de treinamento de força. 12 1.1 PROBLEMA: Diferentes tempos de alongamento muscular interfere nos níveis de força de membros superiores em praticantes de treinamento de força? 1.: OBJETIVOS Para responder o problema proposto, estabeleceram-se os seguintes objetivos: 1.2.1 Objetivo Geral: Analisar os efeitos de diferentes tempos de alongamento muscular nos níveis de força de membros superiores em praticantes de treinamento de força. 1.2.2 Objetivos Específicos: Identificar os efeitos de 10, 20, 30, e 40 segundos de alongamento muscular estático nos níveis de força de membros superiores em praticantes de treinamento de força; Comparar os desempenhos obtidos na produção de força com diferentes tempos de alongamento muscular estático com desempenhos obtidos sem exercício de alongamento estático; Avaliar os efeitos do alongamento muscular estático no padrão de recrutamento muscular e seus efeitos no desempenho da força. Verificar se existe um ponto de coorte entre os tempos de alongamento muscular e o melhor desempenho da força. O trabalho está estruturado com os seguintes capítulos: capitulo 1 introdução onde realizamos uma breve apresentação do trabalho; capitulo 2 apresentamos a fundamentação teórica com uma sucinta revisão dos autores que fundamentam o estudo; capitulo 3 procedimentos metodológicos descrevemos as etapas da pesquisa de campo; capitulo 4 cronogramas em que apresentamos os prazos estimados para realização de cada etapa do estudo; capitulo 5 referencias onde registramos as literaturas revisadas. 13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capitulo será abordado os aspectos fisiológicos do alongamento muscular e do treinamento de força descrevendo suas principais adaptações fisiológicas agudas e crônicas, destacando a utilização da Eletromiografia de superfície como método para análise do padrão de recrutamento muscular nos estudos que avaliam fatores neurais relacionados ao desempenho no treinamento de força. . 2.1 Aspectos Fisiológicos do Alongamento Muscular. Em termos gerais o alongamento muscular pode ser entendido como movimento articular que afasta os pontos de origem e inserção de um determinado músculo ou grupo muscular, tendo como resposta o alongamento das fibras musculares e o aumento na amplitude de articular (SHRIER, 1999). De modo mais específico, o American College Of Sports Medicine, (1998) descreve que o alongamento pode ser classificado como estático, dinâmico, passivo e proprioceptivo (FNP). No alongamento estático o sujeito permanece na posição de alongamento que individualmente pode sustentar; dinâmico em que realiza movimentos sistemáticos sobre o músculo que deseja alongar; passivo onde o sujeito permanece na posição de alongamento administrada por um segundo sujeito ativo que realiza e sustenta o movimento; e proprioceptivo (FNP) em que o sujeito também permanece na posição de alongamento administrada por um segundo sujeito ativo que realiza e sustenta o movimento, mas porem, seguido por períodos de alongamento + contração isométrica + alongamento. Os exercícios de alongamento apresentam efeitos agudos e crônicos sobre o tecido muscular e conjuntivo que podem ocorrer com maior magnitude dependendo da técnica utilizada. Os efeitos agudos parecem ser comuns em sua magnitude em todas as técnicas descritas pela literatura sendo identificada como as alterações fisiológicas em resposta a realização dos exercícios de alongamento, onde podem ser 14 observadas mudanças na amplitude de movimento em que se realizou o exercício de alongamento. No entanto, os efeitos crônicos, definidos como a resposta de adaptação às seções de treinamento, podem demonstrar nas mudanças da composição do tendão podendo ocorrer mudanças nas propriedades viscoelásticas e nas unidades músculo-tendínea, onde a grande maioria dos autores descreve ser um efeito comum a todas as técnicas, mas que ocorre como maior eficiência quando se utiliza as técnicas de alongamento estático, passivo e proprioceptivo (FNP) (ACMS, 1998). Diversas pesquisas têm procurado identificar os possíveis efeitos do alongamento na melhora do desempenho e prevenção de lesões. Estudos realizados por Taylor et. al. (1990); Magnusson et. al, (1996) e Jonathan et. al., (2002) testando animais após um rotina de alongamentos realizada durante 12 dias avaliando a redução nos riscos de lesões musculares em movimentos concêntricos ou excêntrico não encontraram evidências significativas. Da mesma forma, Pope et al. (1998) publicaram um estudo envolvendo 1.538 recrutas militares com idades entre 17-35 anos, com uma rotina de alongamento estático previamente a prática desportiva para o grupo experimental comparado a prática esportiva sem alongamento para o grupo controle durante 12 semanas. Os autores não demonstraram redução estatística significativa na incidência de lesões, sugerindo que a incidência de lesão está estritamente ligada à idade e ao nível de condicionamento físico, e não à prática de alongamento estático antes da atividade física. Outro efeito do alongamento está relacionado ao desempenho da força. Estudos realizados (in vitro) por Niedergerke (1954) demonstraram aumentar a força de contração quando se aumenta o espaçamento longitudinal entre actina e miosina sendo limitados pelo maior ponto de ativação das pontes transversas. Pesquisadores atuais têm investigado estratégias a partir do exercício de alongamento buscando atingir uma maior ativação das pontes transversas. 2.2 Treinamentos de Força As variáveis utilizadas para prescrever, e monitorar o volume e a intensidade do treinamento de força com pesos são: número de repetições, número de série, velocidade do movimento, intervalo entre as séries e quantidade de peso 15 (ZATSIORSKY, 1999; VERKHOSHANSKI, 2001). Junto a essas variáveis a freqüência semanal e os exercícios escolhidos serão ajustados na periodização, para otimização dos resultados (VERKHOSHANSKI, 2001). Os tipos de sobrecarga utilizada são: tensional e metabólica, onde cargas maiores com intervalos maiores caracterizam sobrecarga tensional, e cargas menores com intervalos menores caracterizam sobrecarga metabólica (FLECK, KRAEMER, 1997). Sempre que os músculos esqueléticos são contraídos contra alguma resistência ocorrem graus variáveis de tensão nas estruturas musculares, proporcionais à resistência. A solicitação da função contrátil do músculo caracteriza uma sobrecarga de tensão (BADÍLLO, AYSTARÁN, 2001). Durante o treinamento de força, unidades motoras são recrutadas de acordo com a intensidade do treinamento para a realização da contração muscular e execução do trabalho mecânico. Essas unidades motoras são formadas por neurônios motores alfa, e as fibras musculares por ele inervado (FLECK, KRAEMER, 1999). O recrutamento pode seguir o princípio do tamanho, em contrações que tem um aumento progressivo da tensão muscular produzida, ou também podem seguir o princípio da seletividade em movimentos explosivos recrutando, predominantemente, as fibras 2b (BADÍLLO, AYSTARÁN, 2001). O número de repetições, os percentuais de carga máxima, e a velocidade do movimento caracterizam o tipo de força aplicada e a predominância de fibras musculares utilizadas, onde cargas acima de 90% caracterizam força máxima tendo predominância no recrutamento de fibras do tipo 2b. Cargas de 65% a 90% caracterizam força dinâmica com predominância no recrutamento de fibras 2a, e cargas abaixo de 65% caracterizam resistência muscular com predominância no recrutamento de fibras do tipo 1 (FLECK, KRAEMER, 1999). As fibras musculares se diferenciam por sua velocidade de contração, capacidade de produzir força, e resistência de contração. Essas características são determinadas por fatores como velocidade de condução do potencial elétrico pelo axônio motor, e do tipo de miosina ATPase existente dentro da fibra muscular (WILMORE, COSTIL, 2001). A miosina ATPase de cadeia leve é capaz de hidrolisar ATP rapidamente, aproximadamente 600 vezes por segundo, o dobro da miosina ATPase pesada que 16 é capaz de hidrolisar ATP em 300 vezes por segundo (BADILLO, AYSTARÁN, 2001). Desta forma, as fibras 2b são as mais fortes, pois possui maior velocidade de contração e capacidade de produzir força, do que as do tipo 2a e tipo 1, por serem inervadas por axônios de calibre mais espesso e por possuírem miosina ATPase leve (WILMORE, COSTIL, 2001). . As fibras do tipo 1 são as que produzem menos força e menor velocidade de contração, pois são inervadas por axônios de calibre fino e por possuírem miosina ATPase de cadeia pesada, no entanto são as que possuem maior resistência de contração, por possuir alta capacidade oxidativa, alta concentração de mioglobina e alta densidade de membrana mitocôndrial (POWERS, HOWLEY, 2000). As fibras 2a são conhecidas como intermediárias, pois produzem maior velocidade de contração e mais força do que as do tipo 1, no entanto não são tão fortes quanto à do tipo 2b, já que seus axônios não conduzem um potencial de ação tão rápido quanto à do tipo 2b e sua miosina ATPase é capaz de hidrolisar ATP em 450 vezes por segundo (FLECK, KRAEMER 1997). Para que um músculo seja ativado um impulso nervoso é conduzido em forma de energia elétrica por meio do axônio alfa. Nesse momento ocorre uma despolarização de potencial de ação onde o sódio (Na), íon de carga positiva, que se localiza predominantemente fora da membrana celular do neurônio desloca-se para dentro e o potássio (k), íon de carga negativa que se localiza dentro do neurônio, desloca-se para fora, produzindo o potencial de ação e a condução nervosa (HUXLEY, 1954). A velocidade do impulso aumenta de acordo com o diâmetro do axônio e a forma de condução do potencial de ação, em que a condução saltatória de nervos mielínicos permite um potencial de ação de saltos entre os nódulos de Ranvier, aumentando a velocidade de condução de 5 a 50 vezes, quando comparando com nervos amielínicos que realizam condução local (FLECK, KRAEMER 1997). Quando o impulso atinge o final da parte neuronal da junção neuromuscular ocorrendo a sinapse, este provoca a liberação de acetilcolina (neurotransmissor estimulador da ação muscular) que se une a receptores específicos criando um potencial de ação nesta membrana, e que será conduzido 17 até o centro da fibra muscular por meio do sistema dos túbulos transversos (HUXLEY, 1954) (FIGURA 2). Figura 2 - Representação da junção muscular Fonte: Robert & Robers (2002) O potencial de ação promove uma corrente iônica dentro da membrana, que envolve a fibra muscular, provocando à liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático no citoplasma (HUXLEY, 1972). O cálcio liberado quebra uma molécula de ATP, localizada na cabeça da ponte transversa, ativando a enzima miozina ATPasse, que faz com que as pontes transversas desloque a actina sobre miosina (PARRY, SQUIRE, 1973 ) (FIGURA 3). Figura 3 - Representação do ciclo da contração muscular. Fonte: Robert & Robers (2002) Os eventos de energia química e elétrica utilizada para o trabalho da contração muscular podem ser potencializados com adaptações proporcionadas pelo treinamento de força (BADÍLLO, AYSTARÁN 2001). 2.3 Tipos de Força Muscular 18 A força muscular é apresentada por alguns autores com uma definição geral, entre eles Barbanti, (1979) define força muscular como a capacidade de exercer tensão muscular contra uma resistência, envolvendo fatores mecânicos e fisiológicos que determinam a força em algum movimento particular. Para Zatsiorsky (1999) força é a capacidade de exercer tensão muscular contra uma resistência, superando, sustentando ou cedendo à mesma. O princípio da definição geral fundamenta-se nos eventos fisiológicos da contração muscular e de que forma esta exerce tensão contra uma resistência. Quando entendida nas suas diversas manifestações esta se sustenta nas potencialidades em que estes eventos fisiológicos da contração muscular podem ser realizados (VERKOSHANSKI, 2001). Desta forma, toda manifestação reflete a tensão muscular produzida, sendo definida como a capacidade das pontes cruzadas em ativar-se para produzir força, com isso, os músculos apresentam diferentes formas de transformar sua própria tensão em força (BADÍLLO, AYSTARÁN 2001). Neste sentido, outros autores definem força muscular quanto às suas manifestações, apresentadas em: força máxima, força explosiva e força de resistência (BOMPA, 2002). No qual força máxima: é a maior força que o sistema neuromuscular pode mobilizar através de uma contração máxima voluntária, ocorrendo dinâmica ou estática (WEINECK, 1999;). A força explosiva é definida como a força produzida na unidade de tempo (BADILLO, AYESTÄRAN, 2001). Por fim se define a força de resistência como a capacidade do sistema neuromuscular sustentar níveis de força moderados por intervalos de tempo prolongado (BOMPA, 2002). No âmbito esportivo estas manifestações são entendidas como valências físicas, que se caracterizam pela especificidade de cada modalidade. Em busca da melhora dessas valências os atletas realizam o treinamento de força, onde as variáveis e os fatores que intervem na melhora das diferentes manifestações da força são organizados e estruturados nos métodos do planejamento, para o melhor desenvolvimento da manifestação (VERKOSHANSKI, 2001). da força que se deseja alcançar 19 2.4 Eletromiografia de Superfície e Recrutamento Muscular Sendo um dos instrumentos de crescente adesão nos estudos atuais em treinamento de força, a técnica de captar o potencial elétrico gerado nos músculos, atualmente é conhecida como Eletromiografia (EMG), forma esta obtida por fisiologistas ingleses e norte-americanos (KUMAR, MITAL, 1996). A EMG pode ser divida em dois tipos: Eletromiografia de Profundidade, onde os eletrodos são colocados no interior do músculo em contato direto com as fibras musculares; e Eletromiografia de Superfície, quando os eletrodos são colocados sobre a pele captando a soma da atividade elétrica de todas as fibras musculares ativas (FLECK e KRAEMER, 1997). (FIGURA 4). A configuração desses eletrodos pode ser Monopolar e Bipolar. Na Monopolar um eletrodo é colocado sobre a fibra muscular de interesse, e o outro que é chamado de referência é colocado num ponto não afetado pela atividade do feixe muscular de interesse, medindo-se a diferença de potencial entre estes dois pontos (THOMAS, 199 apud RODRIGUEZAÑS, s/d). Na Bipolar, os dois eletrodos são colocados sobre o feixe muscular que se deseja estudar, e o terceiro, chamado terra, é colocado em uma região não afetada medindo-se a diferença de potencial elétrico dos dois eletrodos que estão sobre a região de interesse, tendo-se como referência o eletrodo terra (THOMAS, 199 apud RODRIGUEZAÑS, s/d). Figura 4 - Representação dos eletrodos sobre o feixe muscular que se deseja estudar. Os sinais nervosos emitidos por potenciais de ação são desencadeados por uma freqüência de estimulações por meio das unidades motoras, que 20 potencializarão a contração muscular. Durante esses eventos é gerada uma descarga elétrica identificada pelos eletrodos de superfície (KUMAR, MITAL, 1996). Figura 5 - Representação de um indivíduo avaliado em EMG de superfície. Dessa forma, a Eletromiografia (EMG), possibilita o estudo da função neuromuscular a partir da detecção da atividade elétrica produzida expressa pelo Sinal Médio Retificado (RMS) que tem com unidade de medida o micro Volts (µV). (POLLOCK, 2000). O registro da atividade elétrica nos músculos pode ser utilizado para avaliação da quantidade ou forma de recrutamento das fibras musculares, que representam, proporcionalmente, pela amplitude do Sinal Retificado, a participação de unidades motoras recrutadas (LUNDY-E KAN, 2000; EMG SYSTEM DO BRASIL, 2002). A atividade elétrica é detectada por meio de eletrodos de superfície sobre o músculo em contração, e o método de análise realiza-se através da média da amplitude e dos picos do Sinal Retificado expresso no monitor conforme (Figura 5), em que a atividade elétrica é proporcional a tensão muscular produzida durante a contração muscular (ROBERT & ROBERGS, 2002). Figura 6 - Representação dos picos do Sinal Retificado expresso no monitor em EMG de superfície. 21 As unidades motoras para se ativarem obedecem a “lei do tudo ou nada”, ou seja, elas se ativam ou não se ativam. Quando a tensão muscular aumenta, a atividade elétrica também aumenta, pois aumentam o número de unidades motoras ativas. Para que esses eventos ocorram com estas potencialidades, os potenciais de ação emitidos pelo axônio motor aumentam a sua intensidade e a sua freqüência (POLLOCK, 2000; POWERS, HOWLEY, 2000). A melhora neste grau de recrutamento, e no aumento da freqüência dos potenciais elétricos, são potencializado por meio dos estímulos do treinamento contra resistência, e refletem um aumento da tensão muscular produzida e automaticamente um aumento da força traduzida de acordo com a sua manifestação (BADILLO, AYSTARÁN, 2001). No entanto, quando se atinge uma força máxima (100%), a freqüência de potenciais de ação pode continuar aumentando, isso implicaria em uma melhora no intervalo de tempo para se atingir a força máxima, muito visada nos protocolos de treinamento atuais, pois refletem uma manifestação de força na forma de potência ou força explosiva (WEINECK, 1999 BELL, 2000; FLECK, KRAEMER, 1999). 2.5 Adaptações Fisiológicas do Treinamento De Força Algumas adaptações promovidas pelo treinamento de força já estão bastante esclarecidas há algum tempo na literatura como o aumento da força e da massa muscular, outras são bastante recentes como adaptações vasculares proporcionando aumentos na capacidade de vasodilatação, redução da resistência a insulina, e até mesmo aumento no número de mitocôndrias. Estudos recentes afirmam também ocorrer biogênese mitocondrial decorrente do treino de força, esta adaptação é sinalizada inicialmente via AMP Kinase (AMPK), que induz que aumenta o NFR, um fator transcricional que se liga ao promotor da ALA sintase e mTFA que aumenta a transcrição de (AMPK) e conseqüentemente aumentos de citocromo c e mitocôndrias (HOOD, 2001; GORDON, et. al., 2001; BERGERDON, et al., 2001). O endotélio vascular por sintetizar e liberar óxido nítrico (NO) para dilatação fluxo-dependente das artérias em períodos de incremento do trabalho cardíaco, efeito que ocorre durante a realização dos exercíos físicos aeróbios e resistidos, é um importante modulador do tônus e da função vasomotora. 22 Diante a esta evidencias, o treinamento de força tem se mostrado bastante eficiente em reverter adquiridos por sujeitos pouco ativos com quadros de lipemia pós-prandial, hiperglicemia, estresse e níveis de expressão de (NO), o que promove disfunção endotelial que contribui para o início de aterosclerose, onde em indivíduos sedentários observou-se aumentos do fluxo sanguíneo pelas células endoteliais estimulando a atividade da enzima óxido nítrico sintase (NOS) e conseqüentemente aumentos na produção de (NO) (ABRU et al., 2001; KELM, 2002, GIELEN et al., 2001). Desta forma aumentos no diâmetro dos vasos podem ser observados onde estudos sugerem que o (NO) é um dos sinais cruciais para as mudanças adaptativas na expressão gênica conduzindo ao aumento do fluxo coronariano diminuindo riscos de isquemia miocárdica (WROBLEWSKI, COOKE, 2000). Outros fatores além da vasodilatação foram associados como antiaterogênicos sendo, inibição da agregação plaquetária, a proliferação celular e adesão as células leucocitárias ( WROBLEWSKI, COOKE, 2000) Já as adaptações da força nas primeiras seções de treinamento ocorrem prioritariamente por ajustes neurais da coordenação intramuscular ocorrendo aumento do recrutamento de unidades motoras, maior sincronização das unidades motoras recrutadas. (SALE, 1990; CARVALHO, SILVEIRA, 2007). Os aumentos do recrutamento ocorrem devido aos novos estímulos proporcionados pelo treinamento de força, que passam a ativar unidades motoras anteriormente não estimuladas, especialmente as 2a e 2b, demonstrado em pesquisas com Eletromiografia de Superfície (EMG), sendo observados aumentos da amplitude do Sinal Médio Retificado (SILVEIRA, FARIAS, 2007). Com a melhora do sincronismo, ocorre um recrutamento de unidades motoras de modo mais coordenado, e dessa forma necessitando de uma freqüência de estímulos menor para uma mesma ou maior produção de força (SILVEIRA, FARIAS, 2007). A melhora da força por meio do mecanismo da coordenação intermuscular ocorre devido à melhora de ajustes neurais dos músculos agonista e antagonista, onde os músculos antagonistas contraem-se menos, produzindo menor co-ativação para o trabalho do músculo agonista, onde este mecanismo parece ser mais eficaz quando com músculo antagonista treinado. (SILVEIRA, FARIAS, 2008). 23 Apesar de estudos recentes com células em cultura terem demonstrado aumentos na transcrição gênica de proteínas envolvidas nos mecanismos de hipertrofia muscular com apenas uma seção de eletro estimulações, estudos (in vivo) têm demonstrado que a cinética da adaptação promove hipertrofia em períodos superiores a 12 semanas de treinamento, mecanismo que também explicada melhora da força como adaptação ao treinamento (JOZI, et al., 2000). A melhor coordenação muscular e a hipertrofia resultam em aumento nos níveis de força muscular (SALE, 1990). Desta forma, a produção de força máxima pode ser entendida como um resultado de estimulação neural, ativação muscular e energia disponível para contração muscular (FLECK, KRAEMER, 1999). Um planejamento adequado e uma ótima manifestação de força nas seções de treinamento constituem requisitos fundamentais para evolução do praticante, visto que este é o principal estímulo que potencializará as adaptações fisiológicas ao treinamento de força (VERKOSHANSKI, 2001). Neste sentido, estratégias que buscam aperfeiçoar a força durante as seções de treinamento, por exemplo, uso de suplementação alimentar, tempo de recuperação fisiológica adequados, uso de exercício de alongamento estático realizados em série única, precedido da realização do exercício de força passaram a ser investigados por diversos pesquisadores. Especificamente o uso do exercício de alongamento buscando potencializar a força (in vivo) se sustenta no pressuposto de se tentar atingir uma amplitude ideal para ativação das pontes transversas, visto que experimentos (in vitro) como realizados por Huxley e Niedergerke (1954); Huxley e Handson (1954); Huxley (1957) demonstrarem aumentar a força de contração quando se aumenta o espaçamento longitudinal entre actina e miosina até determinados pontos. No entanto, apesar deste conhecimento estar disseminado há algum tempo, a dificuldade de se medir e quantificar este estágio anatômico (in vivo) tem limitado bastante a maioria dos estudos. Sendo assim, buscar uma estratégia aplicável nas seções de treinamento apresenta-se bastante relevante para o treinamento de força. Desta forma buscamos entender se existe um ponto de corte entre os tempos de alongamento que potencializem uma amplitude ótima para produção de força em músculo esquelético. 24 3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS Os estudos de campo controlados e randomizados são estudos descritivos que de característica experimental onde se busca comparar o efeito de uma intervenção entre grupos, ou diferentes etapas de um mesmogrupo, denominadas controles e experimental em seres humanos, no qual o investigador distribui o fator de intervenção a ser analisado de forma aleatória através da técnica da randomização; dessa forma, o grupo experimental e de controle são formados por um processo aleatório de decisão, podendo se referir a fármacos, técnicas ou procedimentos (PEREIRA, 1995) Desta forma, esta pesquisa se caracteriza como de campo do tipo descritiva a qual tem como propósito principal utilizar os dados para avaliar prática, programa e eventos (ESCOSTEGUY, 1999; THOMAS E NELSON, 2002; PEREIRA, 1995). 3.2 População A população do presente estudo foi formada por alunos da Academia Super Shape – Criciúma - SC, do sexo masculino, voluntários, praticantes de treinamento de força. Para recrutamento da população realizou-se divulgação por email no qual se encaminha um convite para participar do estudo, divulgando-se o horário e a freqüência semanal, e ainda com comunicativos fixados no mural da própria academia. 3.3 Amostra A seleção da amostra foi realizada por meio de um questionário, conforme apêndice A, no qual foram avaliados os consumos de suplementos nutricionais de qualquer natureza, e lesões neuromusculares. Foram avaliados 20 sujeitos do sexo masculinos idade média 21,75 (+3,49), com experiência de 2 a 3 meses de treinamento que não faziam uso suplemento de qualquer natureza. Foram randomizados em 4 grupos de acordo com 25 os seguintes tempos de alongamento para o treinamento de força 10, 20, 30 e 40 segundos respectivamente (TF10s), (TF20s), (TF30s), (TF40s). Todos os indivíduos foram informados detalhadamente sobre os procedimentos utilizados no estudo mediante termo de consentimento informado conforme apêndice B. As imagens (fotos) somente foram utilizadas mediante declaração individual de cada voluntário conforme apêndice C. 3.4 Aspectos Éticos O protocolo experimental foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade do Extremo Sul Catarinense – (UNESC) em decorrência de envolver seres humanos conforme parecer anexo a este estudo. 3.5 Critérios de Inclusão Fizeram parte do estudo indivíduos praticantes de treinamento de força com tempos de treinamentos de 2 a 3 meses, com idade superior a 18 anos, que apresentarem o termo de consentimento informado livre e esclarecido assinado, conforme apêndice B. 3.6 Critérios de Exclusão Foram excluídos do estudo indivíduos que não concluíram todas as etapas propostas pelo estudo; que utilizavam algum efeito ergogênico farmacológico ou suplementação alimentar; e que seja portadores de algum tipo de lesão ou alteração neuromuscular. 3.7 Procedimentos de Pesquisa e Instrumentos No primeiro encontro os indivíduos foram esclarecidos sobre todas as etapas da pesquisa verbalmente pelo pesquisador, e pôr meio do preenchimento do termo de consentimento livre informado. 26 Posteriormente foram acordadas as datas para realização das avaliações pertinentes ao estudo, bem como, horários das seções de treinamento de cada grupo. Divididos em quatro grupos randomizadamente passaram por duas etapas determinadas como etapa controle e etapa experimental respeitando um intervalo de 48 horas de descanso entre as respectivas seções de avaliação de cada etapa. Na etapa controle os sujeitos realizaram as avaliações: antropométricas que obedeceram à padronização segundo Petroski (2007) para cálculo da densidade corporal, modelo matemático de Siri (1961) para estimativa do percentual de gordura, procedimento descrito pôr Armantrout et al. (2008) para análise eletromiográfica, e teste de repetições máxima segundo Guedes (2006). Para realização da análise Eletromiográfica foi utilizada configuração Bipolar, onde os dois eletrodos são alocados sobre o feixe muscular que se deseja estudar, e o terceiro, chamado terra, é alocado em uma região não afetada (tornozelo direito) medindo-se a diferença de potencial elétrico dos dois eletrodos e captando a soma da atividade elétrica de todas as fibras musculares ativas do músculo peitoral maior tomando como valor de análise o Sinal Médio Retificado (RMS), tendo-se como referência o eletrodo terra. 27 Figura 6 - Alocação dos eletrodos de superfície, configuração bipolar. No teste de Repetições Máximas os sujeitos foram orientados a realizar o máximo de repetições suportável até fadiga muscular identificada pôr ineficiência mecânica para realização do movimento em uma única série no exercício de supino horizontal com halteres calculando-se a força máxima produzida segundo Guedes (2006), que propõe modelo matemático: Força Máxima = carga / 100% - (2 x n° Repetições realizadas) Figura 7 - Execução do teste de RPM com análise eletromiográfica. A etapa experimental foi realizada após 48 horas onde foram submetidos ao alongamento estático com adução do ombro em decúbito ventral com braços totalmente estendidos tendo como músculo agonista o peitoral maior em que a amplitude respeitou o grau máximo de desconforto realizado em um único movimento mantendo-se estaticamente pelo tempo previamente determinado. Para avaliar a resistência foi utilizado dois alteres correspondendo a 10% de 1RM do exercício resistido de adução abdução do ombro em decúbito ventral com cotovelo semi-flexionado calculado segundo protocolo Guedes (2006). 28 Figura 8 - Execução do alongamento estático em decúbito ventral. O tempo de permanência estática de alongamento pertinente a cada grupo nos experimentos foi: (TF 10seg) 10 segundos, (TF 20seg) 20 segundos, (TF 30seg) 30 segundos, e (TF 40seg) 40 segundos. Posteriormente os sujeitos foram submetidos ao teste de repetições máxima no exercício supino horizontal com halteres e análise eletromiográfica que obedeceram aos mesmos critérios da etapa controle, realizando 30 segundos de intervalo entre o exercício de alongamento e o teste. A condução dos experimentos nas etapas controle e experimental de avaliação foram conduzidas pelos mesmos avaliadores (três), as avaliações foram individuais, ou seja, avaliadores e o avaliado, nos mesmos horários no laboratório de biomecânica da Clinica de Fisioterapia da UNESC, não era permitido realizar aquecimento prévio. Os Instrumentos utilizados na pesquisa foram: A) um cronômetro da marca Texano, para monitoramento dos intervalos de descanso entre as series de exercício. B) uma barra de 12 kg e anilhas de 1 kg a 10 kg Righetto, que serão utilizados para a realização das séries de repetição máxima do exercício supino reto. C) um aparelho de supino livre da marca Plematletic. D) uma sala de avaliação física disponibilizada pela Academia Super Shape. E) um eletromiógrafo e Biofeedback - EMG System, que foi utilizado para análise do nível de atividade elétrica muscular e co-ativação muscular utilizando a eletromiografia de superfície com configuração dos eletrodos Bipolar. 29 F) eletrodos da marca Biologic System, que foram utilizados para captar nível de atividade elétrica muscular e co-ativação muscular utilizando a eletromiografia de superfície com configuração dos eletrodos Bipolar. 3.8 Análise e Tratamento dos Dados Os dados descritivos foram apresentados com média e desvio-padrão. Após randomização das características antropométricas, o desempenho da força e dos níveis de ativação na fase controle foram comparadas pelo teste (One way) ANOVA. O desempenho da força e dos níveis de ativação na fase controle e experimental foram comparados pelo teste “t” para amostras pareadas com nível de significância (p<0,05). 30 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A tabela 1 apresenta a caracterização dos sujeitos quanto: idade (anos) , estatura (Cm), peso corporal (Kg). Massa Magra Corpórea (MMC) em (Kg), percentual de gordura corpórea (G%), desempenho da força e níveis de ativação em RMS expresso em micro Voltz (µV) na fase controle. Tabela - 1 Variáveis TF10 TF20 TF30 TF40 (p>0,05) Idade 22,8+3,49 24,2+3,96 19,6+1,51 20,4+3,28 0,10 Peso 69,18+9,05 70,52+11,78 68, 26+9,46 71,38+9,13 0,89 Estatura 173+4,38 174+7,4 177+6,11 178+6,43 0,58 MMC 59,63+5,03 59,71+6,30 61,03+7,26 61,33+6,78 0,99 G% 13,4+4,25 14,8+6,14 10,7+3,63 14+2,25 0,41 Força 76,03+15,48 91,12+34,13 88,29+44,89 80,79+44,70 0,9) RMS 11.489,2+2.522 13.367,4+7.310 14.440,2+ 6.653 13.476,8+4.932 0,80 Os dados são apresentados em média + desvio padrão. Abreviaturas: Treinamento de Forca 10, 20, 30, 40 segundos respectivamente, (TF10s), (TF20s.), (TF30s.), (TF40s.). (MMC) Massa corpórea magra, (G%) percentual de gordura corpórea. (RMS) Sinal médio Retificado. Os resultados obtidos na caracterização da amostra não apresentam diferença estatística significante (p>0,05) sugerindo homogeneidade entre os grupos o que qualifica a comparação dos resultados entre fase controle a experimental dos grupos. Esses resultados classificam o perfil antropométrico da amostra como dentro da média para o sexo e idade apresentados quanto a distribuição do percentual gordura, onde se obteve uma amplitude média de (13,4% +4,25%) a (14% +2,25%), segundo classificação proposta por Pollock & Wilmore,1993. Na tabela 2 são apresentados os resultados do desempenho da força máxima nas etapas controle e experimental em Kgf. 31 Tabela - 2 Grupo Força controle Força experimental (p > 0,05) TF10 76, 03 +15, 48 76, 02 +25, 29 (p > 0, 99) TF20 91, 12 +34, 13 76, 47 +25, 87 (p > 0, 50) TF30 88, 29 +84, 49 70, 97 +14, 92 (p > 0, 45) TF40 80, 79 + 40, 70 66, 83 +23, 65 (p > 0, 53) Treinamento de Forca 10, 20, 30, 40 segundos respectivamente, (TF10s), (TF20s.), (TF30s.), (TF40s.) Comparando o desempenho da força na etapa controle com a experimental não se observou diferença estatística significante, sugerindo que o exercício de alongamento estático não teve efeito sobre o desempenho da força nos tempos de alongamento estudados. Em estudo semelhante Fermino et. al. (2005) avaliou a produção de força após exercícios de alongamento passivo de 20 segundos e aquecimento específico com volume de 15 repetições com 50% da carga de 10 RM, análise realizada através do volume de repetições em três séries não encontrando diferença estatística entre os protocolos de alongamento e aquecimento Efeito agudo aproximado foi demonstrado por Fermino et. al (2005) avaliando 11 sujeitos submetidos ao alongamento de 30 segundos estático para membros inferiores na fase experimental e ao aquecimento isolado realizado através de 20 repetições do próprio exercício com carga leve na fase controle, previamente a realização de um teste de 10 RM no exercício leg press 45°, sendo respeitadas 48 horas de intervalo entre a aplicação dos testes. Os resultados não apresentaram diferenças estatística entre o exercício de alongamento e o aquecimento específico prévio ao teste. Em outro estudo Francisco et. al. (2004) também avaliaram volumes maiores de repetições e não encontraram diferenças significativas no número máximo de repetições no exercício supino horizontal com 80% de 1 RM utilizando dois protocolos distintos. O primeiro foi caracterizado pela execução de 15 repetições com 40% da carga de 1 RM do próprio exercício, e o segundo constituído de três exercícios de alongamento para os músculos envolvidos no supino em uma série, com tempo de tensão de 20 segundos. 32 Este efeito também foi verificado por Simão et. al (2004) em dois protocolos de aquecimento comparado ao exercício de alongamento estático isolado em um teste de 1 RM no exercício leg press, onde utilizaram para grupo1: 10 minutos de exercício aeróbico com intensidade de 60-80% da freqüência cardíaca máxima, grupo 2: aquecimento específico com 20 repetições com cargas leves e grupo 3: seis exercícios de alongamento de uma série de 10 segundos até o limiar de dor para os grupos musculares envolvidos no teste. Em conclusão, não foi observada diferença significativa da força nos diferentes protocolos estudados. No entanto, outros autores observaram efeito agudo deletério dos exercícios de alongamento muscular no desempenho da força comparando o aquecimento sem alongamento na fase controle, e alongamento estático associado ao processo de aquecimento na fase experimental sendo: alongamento estático + corrida; alongamento estático + exercícios específicos na fase experimental. Os resultados demonstraram que os menores valores na produção de força explosiva foram encontrados quando antecedidos de exercícios de alongamento estático no processo de aquecimento, porém, quando comparados os resultados da fase experimental os maiores valores no desempenho força explosiva foram encontrados em alongamento + exercícios específicos (YOUNG, BEHM 2002; CHURCH, et. al 2001; TRICOLI ; PAULO ,2002; MAREK et. al 2005; WALLMANN et. al 2005). A comparação de diferentes formas de alongamento apresentou menores valores para o alongamento com facilitação neuro-muscular propioceptiva (FNP) do que para o alongamento estático. O FNP foi realizado permanecendo passivamente em posição estático por 20 segundos, seguido de contração isométrica máxima durante 10 segundos, após realizava-se uma séries de alongamento buscando amplitude até o limiar de dor máxima, sendo assim, um com de alta intensidade (CHURCH, et. al 2001). Em outro estudo para o teste de 1 RM no exercício leg press, encontram resultados significativamente menores para os indivíduos que realizaram antecipadamente ao teste, uma sessão de alongamento estático com duração de 20 minutos, em comparação aos indivíduos que realizaram o teste nenhum tipo de protocolo de alongamento (TRICOLI ; PAULO ,2002). 33 Apesar de os estudos realizados pôr Young, Behm (2002); Church, et. al (2001); Marek et. al (2005); Wallmann et. al (2005) avaliarem potência muscular e o presente avaliar força dinâmica, e este fator diferenciar significativamente os mecanismos de ativação muscular, chama-se atenção para intensidade do alongamento em que os autores utilizaram parâmetro subjetivo de desconforto máximo suportável, o que sugere tensão máxima sobre uma amplitude máxima de alongamento. Diferentemente do presente estudo que foi conduzido quantificando-se a intensidade em 10% de 1 RM do exercício resistido crucifixo com mesma biomecânica na fase excêntrica do exercício de alongamento estático utilizado. Desta forma sugere-se que controlar a intensidade a partir de resultados percentuais de 1RM possa ser uma estratégia com papel importante na modulação dos resultados para força dinâmica e que podem ser investigados em estudos futuros avaliando potência muscular. No entanto, quando se analisa a variável tempo de alongamento os resultados sugerem não ser um fator determinante quando realizados entre 10 e 40 segundos com seção única, pois neste estudo não se observou diferença entre os grupos. Esta análise se reforça quando se compara o protocolo dos estudos realizados por Young, Behm (2002), Church, et. al (2001); Tricoli ; Paulo (2002) que utilizaram diferentes tempos de alongamento e intensidade semelhantes apresentaram resultados aproximados. Em contrapartida, o tempo da seção bem como o numero de séries de alongamento parece exercer influencia negativa ao desempenho da força como demonstrado no estudo realizados pó Sale, (2002) que demonstrou efeito deletério ao desempenho da força após uma seção de 30 minutos de alongamento muscular. A tabela 3 apresenta resultados do desempenhos dos níveis de ativação em RMS expresso em micro Voltz (µV) na fase controle e experimental . 34 Tabela – 3 Grupo RMS controle RMS experimental (p > 0,05) TF10 11.489,2 +2.522, 7 12.311,2 +4.269, 8 (p > 0, 72) TF20 13.367,4 +7.310, 9 13.033,2 (+5.758) (p > 0, 75) TF30 14.440, 2 +6.653, 1 14.356,8 +5.320, 7 (p > 0, 77) TF40 13.476,8 4.932, 4 15.715 +11.341, 7 (p > 0, 83) Treinamento de Forca 10, 20, 30, 40 segundos respectivamente, (TF10s), (TF20s.), (TF30s.), (TF40s.) Comparando os resultados do desempenho dos níveis de ativação na fase controle e experimental não se observou diferença estatisticamente significante sugerindo que o exercício de alongamento estático na intensidade realizada não apresentou efeito sobre os níveis de ativação muscular em nenhum dos tempos estudados. Os resultados do presente estudo estão de acordo com os achados descritos por parte da literatura que não apresentaram diferença significativa quando realizado alongamento muscular em diferentes protocolos de avaliação do desempenho da força dinâmica. Resultados controversos ao presente estudo foram descritos por Wallmann (et. al 2005) que demonstram atenuação no desempenho dos saltos vertical quando o mesmo era antecedido de exercícios de alongamento estático. Da mesma forma, Marek (et. al 2005) verificaram efeito deletério sobre respostas eletromiográficas nos extensores do joelho quando antecedidos do método de alongamento estático e de facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) quando avaliaram o torque e a potência muscular. Já Simão et. al. (2003) investigaram a influência alongamento FNP comparado ao aquecimento específico no desempenho da força muscular através do teste de 1 RM no exercício supino horizontal. O aquecimento específico foi realizado com duas séries de 20 repetições com cargas leves adotando 30 segundos entre as séries. O alongamento FNP conduziu-se o movimento no limite máximo sustentando por 6 segundos, seguido de 5 segundos de contração isométrica e posterior alongamento por 6 segundos no limite máximo sustentado. 35 Não foram observadas diferenças significativas nas cargas mobilizadas no teste de 1RM entre o alongamento FNP e o aquecimento específico. Resultados aproximados foram encontrados por Young e Elliott (2001) não encontrando diferenças no desempenho do salto utilizando o alongamento FNP e o alongamento estático, onde o FNP foi realizado com uma contração isométrica submáxima de 5 segundos do músculo agonista seguida de alongamento passivo de 15 segundos. Portanto, existem evidencias sugestivas de que a variável intensidade possa ser capaz de modular os resultados dos níveis de ativação muscular, pois grande parte dos estudos que apresentaram efeito deletério não controlaram esta varaável, porém, os estudos até o presente momento são insuficientes para descrever uma estratégia de alongamento capaz de alterar os fatores neurais a ponto de se atingir níveis de ativação que se reflita em melhora no desempenho da força muscular e da potência muscular. 36 5 CONCLUSÃO Os resultados apresentados no presente estudo demonstram que o exercício de alongamento estático não altera negativamente os níveis de ativação e o desempenho da força em teste de repetições máxima quando se controla a intensidade no alongamento estático. Esses resultados não apresentaram um ponto de coorte entre os tempos de alongamento 10, 20, 30, e 40 segundos para a melhora no desempenho da força e alteração dos níveis de ativação muscular. Essas evidências sugerem ser necessária realização de estudos adicionas avaliando diferentes intensidades de alongamento, pois, esse pode ser um fator, que venha a modular os resultados negativos para potência muscular apresentado por outros autores. Estes resultados não devem contra-indicar a realização do alongamento estático nas seções de treinamento de força e potência muscular, pois grande parte da literatura avaliou o desempenho em situações de teste para força dinâmica e potência muscular, e desta forma, não são conclusivos para uma seção de treinamento ficando em aberto para estudos futuros avaliar este efeito. Os resultados da literatura atual apesar de conflitantes até o presente momento parecem apontar para um consenso, o exercício de alongamento muscular estático parece não alterar o desempenho da força dinâmica e alterar negativamente o desempenho da potência muscular. . 37 REFERÊNCIAS AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. 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( ) Sim ( ) Não Se sim, qual ---------------------4 ) Você utiliza algum tipo de farmacológico? ( ) Sim ( ) Não Se sim, qual ---------------------Você possui alguma alteração ou lesão neuromuscular? ( ) Sim ( ) Não ______________________________ Assinatura do participante Criciúma (SC)_ __de ______________de 2008. 45 Apêndice B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO PARTICIPANTE Estamos realizando um projeto para o Trabalho de Conclusão de Curso em Fisiologia do Exercício (TCC) intitulado’ EFEITOS DE DIFERENTES TEMPOS DE ALONGAMENTO MUSCULAR NOS NÍVEIS DE FORÇA DE MEMBROS SUPERIORES EM PRÁTICANTES DE MUSCULAÇÃO ”. O (a) sr(a). foi plenamente esclarecido de que participando deste projeto, estará participando de um estudo de cunho acadêmico, que tem como um dos objetivos AVALIAR OS EFEITOS DE DIFERENTES TEMPOS DE ALONGAMENTO MUSCULAR NOS NÍVEIS DE FORÇA DE MEMBROS SUPERIORES EM PRÁTICANTES DE MUSCULAÇÃO. Embora o (a) sr(a) venha a aceitar a participar neste projeto, estará garantido que o (a) sr (a) poderá desistir a qualquer momento bastando para isso informar sua decisão. Foi esclarecido ainda que, por ser uma participação voluntária e sem interesse financeiro o (a) sr (a) não terá direito a nenhuma remuneração. Desconhecemos qualquer risco ou prejuízos por participar dela. Os dados referentes ao sr (a) serão sigilosos e privados, preceitos estes assegurados pela Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, sendo que o (a) sr (a) poderá solicitar informações durante todas as fases do projeto, inclusive após a publicação dos dados obtidos a partir desta. Autoriza ainda a gravação da voz na oportunidade da entrevista. A coleta de dados será realizada pelo pesquisador Reinaldo do nascimento da Silveira (fone: 99274823) do 7ª curso de especialização em Fisiologia do Exercício da UNESC e orientado pelo professor Joni Marcio de farias(99781088). O telefone do Comitê de Ética é 3431.2723. ______________________________________________________ Assinatura do Participante Criciúma (SC)_ __de ______________de 2008. 46 Apêndice C – Declaração para uso de imagens (foto) UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE Curso de Especialização em Fisiologia do Exercício DECLARAÇÃO Eu_____________________________________________ declaro para devidos fins deste estudo liberar a utilização de minhas imagens (fotos) para contribuir a realização desta pesquisa podendo ser publicado como material científico. ______________________________________________________ Assinatura do Participante Criciúma (SC)_ __de ______________de 2008.