JUL / AGO / SET 2013 • No 3 • ANO XXXVII Editorial “P ai, afaste de mim este cálice... Mesmo calada a boca resta o peito... Silêncio na cidade não se escuta...”. Foi-se o tempo em que podíamos nos expressar apenas através de músicas e artistas, como outrora cantaram Milton Nascimento e Chico Buarque. Assim esperamos que seja. Como médicos, pela primeira vez conseguimos realmente nos unir em busca de um único propósito: a saúde do nosso país. Melhores condições de trabalho, plano de carreira, remuneração digna, graduação e residência médica de qualidade e investimentos em pesquisas foram algumas pautas levantadas, ainda que com certa distância de se tornarem realidade. Mas, “E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou”. Esperamos que não. Muito ainda há por fazer. Momento único para repensarmos conceitos de liderança, união, valores e nos tornarmos exemplos dentro dos nossos lares, trabalhos e nossas sociedades. Difundir o conhecimento entre a população das causas do descaso com a saúde pública no país é nossa obrigação. Trazemos, escritos especialmente para o nosso boletim, posicionamentos oficiais do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e da Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR) acerca das recentes medidas governamentais. Na coluna de Rheuma & Ethos, a ética e a responsabilidade social são enfoques de como o médico deve portar-se em períodos de manifestações sem infringir a ética médica. Esta edição também traz o novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para artrite reumatoide e trabalhos com autores brasileiros apresentados no European League Against Rheumatism 2013 (Eular). Na Profissão Reumato, a arquiteta Denise Xavier nos dá dicas de como deixar o consultório médico mais acolhedor e agradável. E por último, mas não menos importante, vamos querer saber sua opinião sobre o Boletim da SBR, que é de todos! Você vai receber, por e-mail, uma pesquisa com resposta em apenas um clique para avaliar e dar sugestões para o seu Boletim. Aproveitem bastante e esperamos seus votos e sugestões! Edgard Reis SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA Presidente Walber Pinto Vieira – CE Tesoureiro José Eyorand Castelo B Andrade – CE Secretário Geral Francisco José Fernandes Vieira – CE Vice-Tesoureiro José Roberto Provenza – SP 1º Secretário Lauredo Ventura Bandeira – SP Diretor Científico Mittermayer Barreto Santiago – BA 2a Secretária Rosa Maria Rodrigues Pereira – SP Presidente eleito Cesar Emile Baaklini Boletim da Sociedade Brasileira de Reumatologia Av. Brig. Luís Antônio, 2.466, conjuntos 93 e 94 01402-000 – São Paulo - SP – Tel.: (11) 3289-7165 / 3266-3986 www.reumatologia.com.br Coordenação editorial Kaline Medeiros Costa Pereira Edgard Torres dos Reis Neto Editores Tania Caroline Monteiro de Castro Frederico Augusto Gurgel Pinheiro Colaborador Plinio José do Amaral @ [email protected] Jornalista responsável Maria Teresa Marques Layout Sergio Brito Impressão Gráfica e Editora SJS Tiragem: 2.000 exemplares BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 Representante junto à Panlar Adil Muhib Samara – SP Antonio Carlos Ximenes – GO Fernando Neubarth – RS Maria Amazile Ferreira Toscano – SC Representante junto ao Ministério da Saúde Ana Patrícia de Paula – DF Mário Soares Ferreira – DF Representante junto à AMB Eduardo de Souza Meirelles – SP Gustavo de Paiva Costa – DF Morton A Scheinberg – SP 4 Notas 6 SBR.doc / Agenda 7 Reumato.com 8 O melhor do Brasil 10Baluartes da Reumatologia 12Matéria de capa 14Rheuma & Ethos 16Espaço do residente 17 Primeira fila 18 Profissão Reumato 20 Coluna Seda 22Além da Reumatologia ÍNDICE Diretoria Executiva da SBR – Biênio 2012-2014 Índice 3 Notas Eular 2013 Fisioterapeuta Marcelo Cardoso e dr. Fábio Jennings N o período de 12 a 15 de junho de 2013 foi realizado na cidade de Madrid, Espanha, o European League Against Rheumatism Congress (Congresso Europeu de Reumatologia), que contou com cerca de 14 mil participantes e mais de 4 mil trabalhos submetidos, entre apresentações orais e pôsteres. Segundo dados do próprio congresso, havia 373 brasileiros presentes, sendo a décima nacionalidade com maior número de inscritos, mostrando a importância dos reumatologistas nacionais no cenário mundial. Além disso, vários estudos do Brasil mereceram destaque. O trabalho de tese de doutorado do fisioterapeuta Marcelo Cardoso, realizado na Universidade Federal de São Paulo/ Unifesp, Benefits of progressive muscle strengthening using a swiss ball in patients with ankyloing spondylitis: a randomized trial, orientado pelo dr. Jamil Natour e co-orientado pelo dr. Fábio Jennings, foi agraciado entre os três melhores estudos com prêmio de 1 mil euros do Healthy Professional Awards. Este foi o único trabalho da América Latina premiado em todas as categorias. Parabéns a todos os pesquisadores brasileiros! TRABALHOS Universidade Federal de São Paulo /Unifesp • BENEFITS OF PROGRESSIVE MUSCLE STRENGTHENING USING A SWISS BALL IN PATIENTS WITH ANKYLOSING SPONDYLITIS: A RANDOMIZED CONTROLLED TRIAL. M. Souza, H. Morimoto, F. Jennings, J. Natour. • ENTHESES ULTRASOUND IN PATIENTS WITH ANKYOSING SPONDYLITIS: A CONTROLLED STUDY WITH HEALTHY SUBJECTS. S. Narimatsu, A. Rosenfeld, G. B. Q. Estrela, J. E. Proglhof, R. N. V. Furtado, J. Natour. • GLOBAL POSTURAL REEDUCATION TO TREAT CHRONIC LOW BACK PAIN: RANDOMIZED, CONTROLLED TRIAL. P. A. Lawand, A. Jones, C. C. Sardim, L. H. Ribeiro, I. Lombardi, J. Natour. • EFFECTIVENESS OF INSOLE USE ON RHEUMATOID FEET: A RANDOMIZED CONTROLLED TRIAL. E. Moreira, A. Jones, H. V. Oliveira, F. Jennings, A. Fernandes, J. Natour. • TRANSLATION, CULTURAL ADAPTATION AND THE REPRODUCIBILITY OF THE OXFORD SHOULDER SCORE QUESTIONNAIRE FOR BRAZIL. E. S. Lima, J. Natour, E. Moreira, A. Jones. • PAINLESS SYNOVITIS – A SILENT ENEMY? A CONTROLLED, ULTRASOUND, RADIOGRAPHIC, CLINICAL TRIAL. D. F. Pereira, J. Natour, A. L. Buosi, F. Ferreira, A. Fernandes, R. N. Furtado. • PERSONALITY TRAITS IN PATIENTS WITH FIBROMYALGIA USING PROJECTIVE TEST. A. M. Canzonieri, D. F. Polack, J. Natour. • NAILFOLD CAPILLAROSCOPY IN PATIENTS WITH EARLY SYSTEMIC SCLEROSIS: LESS SEVERE MICROANGIOPATHY COMPARED TO PATIENTS WITH DEFINITE DISEASE. C. Z. Camargo, J. Y. Sekiyama, L. E. C. Andrade, C. Kayser. Universidade de São Paulo /USP • ALPHA-MELANOCYTE STIMULATING HORMONE ANALOGUE: BENEFICIAL EFFECT IN MURINE LUPUS ACTIVITY. D. Botte, I. Noronha, D. Malheiros, S. Mello. • POSITIVE EFFECTS OF ANTI-MELANOCYTE STIMULATING HORMONE IN MURINE PRISTANE-INDUCED LUPUS. T. V. Peixoto, S. B. Mello, D. A. Botte, S. Carrasco, M. B. Vendraminni, C. Goldenstein-Schainberg. • BENEFITS OF STRENGTHENING EXERCISES WITH THE AID OF SWISS BALL IN PATIENTS WITH FIBROMYALGIA: A RANDOMIZED CONTROLLED TRIAL. J. S. Arakaki, F. Jennings, G. Q. Estrela, V. da Cruz, J. Natour. • HLA-B27 ANALYSIS BY FLOW CITOMETRY IN BRAZILIAN PATIENTS WITH ANKYLOSING SPONDYLITIS AND PSORIATIC ARTHRITIS. C. Goldenstein-Schainberg, S. Carrasco, C. Saad, C. Goncalves, P. Sampaio-Barros, E. Parra. • SWIMMING IS AS EFFECTIVE AS WALKING FOR TREATING FIBROMYALGIA: A RANDOMIZED CONTROLLED TRIAL. G. Fernandes, F. Jennings, A. L. Buosi, M. Nery, J. Natour. • SPINAL LESIONS DUE TO TOPHACEOUS GOUT – A DIFFERENTIAL DIAGNOSIS NOT RELATED TO SYMPTOMS. F. M. Mello, C. Goldenstein-Schainberg, R. Fuller, A. S. Halpern. • DOUBLE-BLIND RANDOMIZED CONTROLLED PROSPECTIVE TRIAL ASSESSING THE EFFECTIVENESS OF ORAL CORTICOIDS IN THE TREATMENT OF LUMBAR-CANAL STENOSIS IN SYMPTOMATIC PATIENTS. L. C. L. Rodrigues, J. Natour. • BEHCET´S DISEASE ACTIVITY: AN IMPORTANT FACTOR FOR IMMUNOGENECITY OF UNADJUVANTED INFLUENZA A/H1N1 VACCINE. L. L. Prado, C. G. S. Saad, J. C. B. Moraes, A. C. M. Ribeiro, N. E. Aikawa, C. A. Silva, C. G. Schainberg, P. D. Sampaio-Barros, A. R. Precioso, M. A. Ishida, E. Bonfa, C. R. Goncalves. • EFFECTIVENESS OF TOTAL CONTACT INSOLE ON PLANTAR FASCIITIS. H. V. Oliveira, A. Jones, E. Moreira, F. Jennings, J. Natour. • INTERPHALANGEAL INTRA-ARTICULAR INJECTION WITH TRIAMCINOLONE HEXACETONIDE: ASSESSMENT OF EFFECTIVENESS IN HAND OSTEOARTHRITIS. N. D. O. Spolidoro, F. S. Machado, H. A. V. Oliveira, J. Natour, R. N. V. Furtado. 4 • STATIC AND DYNAMIC POSTURAL CONTROL IN INDIVIDUALS WITH CHONDROMALACIA PATELLAE. A. P. M. C. Carvalho E Silva, G. Leão, M. Magalhães, A. P. Marques. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 • PAIN, FUNCTION AND QUALITY OF LIFE IN DIFFERENT DEGREES OF KNEE OSTEOARTHRITIS: IS THERE A DIFFERENCE? S. Meneses, S. Dreyer, P. Alfredo, A. P. Marques. • FUNCTIONAL REEDUCATION PROGRAM ASSOCIATED WITH BACK SCHOOL IMPROVE FUNCTIONAL DISABILITY AND PAIN IN WORKERS WITH CHRONIC LOW BACK PAIN: A PILOT STUDY. D. M. Meira. Universidade Federal do Espírito Santo / UFES e Universidade Vila Velha / UVV • CROSS-CULTURAL ADAPTATION AND PSYCHOMETRIC PROPERTIES OF THE “EULAR SJÖGREN’S SYNDROME PATIENT REPORT INDEX” FOR PORTUGUESE LANGUAGE. M. Paganotti, V. Valim, E. V. Serrano, S. T. Miyamoto, R. Altoé, M. C. S. Santos. Universidade Federal de Pernambuco / UFPE • HIGH FREQUENCY OF ASYMPTOMATIC PRIMARY HYPERPARATHYROIDISM IN PATIENTS WITH FIBROMYALGIA: A FORTUITOUS ASSOCIATION OR A MISDIAGNOSIS? J. M. D. F. Trindade, A. Ranzolin, C. A. D. C. da Costa Neto, C. D. L. Marques, A. L. B. P. Duarte. • CHILDREN HAVE A LONGER DELAY IN DIAGNOSIS OF TAKAYASU ARTERITIS THAN ADOLESCENTS: LACK OF AWARENESS ABOUT THE DISEASE?. G. Clemente1, C. Len1, C. A. Silva2, S. Sachetti3, V. Ferriani4, F. Sztajnbok5, S. Oliveira6, B. Bica7, A. Cavalcanti8, T. Robazzi9, M. Bandeira10, M. O. Hilário1, M. T. Terreri1. 1 Universidade Federal de São Paulo; 2Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 3Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; 4Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto; 5Universidade Estadual do Rio de Janeiro; 6Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro; 7Universidade Federal do Rio de Janeiro; 8Universidade Federal de Pernambuco; 9Universidade Federal da Bahia; 10Hospital Pequeno Príncipe, Curitiba. • SUBCUTANEOUS ABATACEPT: LONG-TERM DATA FROM THE ACQUIRE TRIAL. R. Alten, C. Pacheco-Tena, A. Covarrubias, G. Leon, E. Mysler, M. Keiserman1, R. Valente, P. Nash, J. Simon-Campos, J. Box, C. Legerton III, E. Nasonov, P. Durez, I. Delaet, M. Genovese. 1 Pontificial Catholic University School of Medicine, Porto Alegre. • CLINICAL AND RADIOGRAPHIC OUTCOMES AT TWO YEARS AND THE EFFECT OF TOCILIZUMAB (TCZ) DISCONTINUATION FOLLOWING SUSTAINED REMISSION IN THE SECOND YEAR OF THE ACT-RAY STUDY. T. W. J. Huizinga, T. Donka, P. G. Conaghan, E. Martin-Mola, G. Schett, H. Amital, R. M. Xavier1. 1 Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Porto Alegre, Rio Grande do Sul • CASE REPORT OF ALLOGENEIC UNRELATED-DONOR MESENCHYMAL STEM CELLS (MSC) INFUSION IN SYSTEMIC SCLEROSIS (SSC). R. Chakr, T. Pavan, I. Siqueira, D. Zanchet, N. Calegaro, N. Andrade, G. Neto, M. Neves, M. Bredemeier, P. Palominos, C. Kohem, B. Amorin, V. Valim, A. Alegretti, L. Silla, O. Monticielo, C. Brenol, R. Xavier, J. Brenol. Trabalhos multicêntricos com autores do Brasil • BIOLOGICAL AGENTS SURVIVAL COMPARISONS AMONG DIFFERENT RHEUMATIC DISEASE - BRAZILIAN REGISTER OF BIOLOGICAL AGENTS IN RHEUMATIC DISEASES – BIOBADABRASIL. B. Fafá1, V. Valim1, P. Peçanha1, I. Laurindo2, A. Ranzolin3, A. Hayata4, Â. Duarte3, C. Brenol5, H. Carvalho6, G. C. Pinheiro7, I. Silveira8, I. A. Pereira9, I. Costa10, J. Macieira11, J. R. Miranda12, J. C. Moraes2, L. S. G. Barbosa13, M. Bértolo14, M. Sauma15, M. Silva16, M. Freire17, M. Scheinberg18, P. L. Júnior19, R. Toledo20, R. Ranza21, S. Oliveira22, V. Fernandes23, W. Bianchi24, D. Titton25, BiobadaBrasil 1 UFES, Vitória; 2USP, São Paulo; 3UFPE, Recife; 4CRO, Osasco. 5 HCPA, Porto Alegre; 6HBDF, Brasilia; 7UERJ, Rio de Janeiro; 8PUC, Porto Alegre; 9 UFSC, Florianópolis; 10UFMS, Campo Grande; 11UFS, Aracaju; 12ArtroCenter, Taubaté; 13UFMT, Cuiabá; 14UNICAMP, Campinas; 15UFPA, Belém; 16HUE, Curitiba; 17 UFTM, Uberaba; 18AACD, São Paulo; 19USP, Ribeirão Preto; 20FUNFARP, São José do Rio Preto; 21UFU, Uberlândia; 22IPPMG, Rio de Janeiro; 23 HGU, Cuiabá; 24SCM, Rio de Janeiro; 25UFP, Curitiba. • TRANSLATION, CULTURAL ADAPTATION AND REPRODUCIBILITY OF THE MICHIGAN HAND OUTCOMES QUESTIONNAIRE (MHQ) FOR BRAZIL. S. M. M. Adolph1, J. Natour1, D. A. Batista2, M. Lopes2, T. L. Skare2. 1 Universidade Federal de São Paulo, São Paulo; 2Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, Brazil. • MOLECULAR CHARACTERIZATION OF COMPLEMENT C1Q, C2, AND C4 GENES IN JUVENILE SYSTEMIC LUPUS ERYTHEMATOSUS. B. L. Liphaus1, N. Umetsu1, S. Bando1, A. A. Jesus1, L. E. C. Andrade2, C. A. Silva1, M. Carneiro-Sampaio1. 1 Faculdade de Medicina - Universidade de São Paulo; 2Universidade Federal de São Paulo. • PREVALENCE OF PSORIATIC ARTHRITIS IN A LARGE COHORT OF BRAZILIAN PSORIATIC PATIENTS. R. Ranza1, C. Goldenstein-Schainberg2, S. Carneiro3, G. Martins4, J. J. Rodrigues1, R. Romiti2, T. M. Bitar Barros2, J. Carneiro4, A. L. Sampaio3, R. Grynspan3, J. Markus1, R. Melo Costa Pinto1. 1 Universidade Federal de Uberlândia; 2Universidade de São Paulo; 3 Universidade Federal do Rio de Janeiro; 4Universidade de Brasilia. • URINARY HMGB1 LEVELS ARE ASSOCIATED WITH CD4+ T-CELLS IN URINE IN PATIENTS WITH ANCA-ASSOCIATED VASCULITIS AND ACTIVE NEPHRITIS. A. W.S De Souza1, W. Abdulahad1, J. Westra1, P. Sosicka1, P. Limburg2, M. Bijl3, C. A. Stegeman1, C. G. M. Kallenberg1. 1 University of Groningen Medical Center; 3Martini Hospital. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 • SUMMACTA: A RANDOMIZED, DOUBLE-BLIND, PARALLEL GROUP STUDY OF THE SAFETY AND EFFICACY OF TOCILIZUMAB SC VERSUS TOCILIZUMAB IV, IN COMBINATION WITH TRADITIONAL DMARDS IN PATIENTS WITH MODERATE TO SEVERE RA. G. R. Burmester, A. Rubbert-Roth, A. Cantagrel, S. Hall, P. Leszczynski, D. Feldman1, M. J. Rangaraj, G. Roane, C. Ludivico, E. Mysler, L. Rowell, I. Vranic. 1 Universidade Federal de São Paulo. • EFFECTS OF BLISIBIMOD, A SUBCUTANEOUS INHIBITOR OF B CELL ACTIVATING FACTOR, IN PATIENTS WITH SLE. R. Furie, M. Scheinberg1, G. Leon, E. B. Ramiterre, M. Thomas, A. D. Chu, C. Hislop, R. S. Martin, M. A. Petri. 1 Rheumatology Hospital Abreu Sodre Pesquisa Clínica, São Paulo. • EFFECTS OF BLISIBIMOD, AN INHIBITOR OF B-CELL ACTIVATING FACTOR, ON MARKERS OF RENAL DISEASE IN PATIENTS WITH SLE. R. Furie, M. Scheinberg1, G. Leon, E. B. Ramiterre, M. Thomas, A. D. Chu, C. Hislop, R. S. Martin, M. A. Petri. 1 Rheumatology Hospital Abreu Sodre Pesquisa Clínica, São Paulo. • IMMUNOLOGIC RESPONSE TO LONG-TERM EPRATUZUMAB TREATMENT IN SL0008, AN OPEN-LABEL LONG-TERM EXTENSION STUDY IN PATIENTS WITH MODERATE-TO-SEVERE SYSTEMIC LUPUS ERYTHEMATOSUS. V. Strand, P. Leszczynski, M. Keiserman1, B. Kilgallen, S. Bongardt, D. J. Wallace, C. Gordon. 1 Hospital San Lucas Da Pucrs, Porto Alegre. • BONE HISTOLOGY AND HISTOMORPHOMETRY: EFFECTS OF 5 YEARS OF DENOSUMAB IN THE FREEDOM STUDY EXTENSION. J. P. Brown, R. B. Wagman, D. W. Dempster, D. Kendler, P. Miller, M. Bolognese, I. Valter, J.-E. Beck Jensen, C. Zerbini1, J. R. Zanchetta, N. Daizadeh, I. Reid. 1 Hospital Heliopolis, Sao Paulo. • VALIDATION OF EULAR PRIMARY SJÖGREN’S SYNDROME DISEASE ACTIVITY AND PATIENT INDEXES. R. Seror, E. Theander, J. Brun, M. Ramos-Casals, V. Valim1, T. Dörner, X. Mariette, H. Bootsma, A. Tzioufas, R. Solans-Laqué, T. Mandl, J.-E. Gottenberg, E. Hachulla, W.-F. Ng, S. Bombardieri, R. Gerli, T. Sumida, A. Saraux, M. Tomsic, R. Caporali, R. Priori, K. Moser, A. A. Kruize, C. Vollenweider, P. Ravaud, S. Praprotnik, H. Scofield, G. Valesini, C. Montecucco, A. L. Fauchais, C. Vitali, S. Bowman. 1 Rheumatology, University, Espirito Santo. • MINIMUM DIAGNOSTIC STANDARDS FOR CHILDREN WITH RAYNAUD’s PHENOMENON - RESULTS OF THE CONSENSUS MEETING IN HAMBURG (GERMANY) ON DECEMBER 9, 2012. T. Constantin, C. Pain, N. Toplak, M. Moll, C. Iking-Konert, D. Piotto1, N. Aktay, D. Nemcova, P. Hoeger, M. Cutolo, V. Smith, I. Foeldvari, for the Juvenile Scleroderma Working Group of PReS. 1 Universidade Federal de São Paulo. 5 SBR.doc Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Artrite Reumatoide Uma grande conquista para o tratamento da doença no Brasil Dra. Licia Maria Henrique da Mota Coordenadora da Comissão de Artrite Reumatoide da Sociedade Brasileira de Reumatologia E m 27 de junho de 2013, foi aprovado o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para artrite reumatoide, sob a Portaria no. 710 – Protocolo no. 123, publicado no Diário Oficial do país na sexta-feira, dia 28 de junho. Nesse documento, o secretário de Atenção à Saúde considera a necessidade de estabelecer diretrizes nacionais para diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos indivíduos com diagnóstico de artrite reumatoide no Brasil. A aprovação aconteceu após estudo e consenso técnico-científico, formulado dentro de parâmetros de qualidade e precisão de indicação e avaliação técnica da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema Único de Saúde (Conitec), do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF/SCTIE/MS) e do Departamento de Atenção Especializada (DAE/SAS/MS). O que você acha do nosso boletim? É muito importante saber a opinião de nossos leitores, por isso os membros da SBR irão receber um e-mail com uma pesquisa sobre o nosso boletim e espaço para qualquer comentário. É só votar e clicar em “Enviar”. Estamos aguardando seu voto! Agenda www.reumatologia.com.br EVENTO INTERNACIONAL ACR/ARHP 2013 Annual Meeting Data: 25/10/2013 até 30/10/2013 Email: [email protected] Local: San Diego Convention Center, San Diego, Califórnia. Website: www.acr-cmrglobalgroupservices.com/pages/Info. aspx?AnnualMeeting Contato: [email protected] Telefones: +1(415) 839-6461; Fax: +1(305) 865-4382 EVENTOS NACIONAIS 2013 - XXX Congresso Brasileiro de Reumatologia Data: 20/11/2013 até 24/11/2013 Telefone: (85) 3416-0075 Contato: Dra. Lilian David de Azevedo Valadares Local: Centro de Convenções de Pernambuco, Recife (PE) Website: www.sbr2013.com.br Informações SBR 2013 Gerenciamento Grupo GT5 Brasil – Planet Events SER [email protected]; Tel: 11 3141-0707 O PCDT contém conceitos gerais da doença, incluindo critérios de diagnóstico, informações sobre tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação. Tal documento é de caráter nacional e deve ser utilizado pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para a regulação do acesso assistencial, autorização, o registro e ressarcimento dos procedimentos correspondentes. Embora haja algumas diferenças, o texto do PCDT se assemelha em vários aspectos, e está, de forma geral, alinhado com as mais recentes publicações da Comissão de Artrite Reumatoide da Sociedade Brasileira de Reumatologia sobre o assunto, incluindo os consensos e diretrizes para diagnóstico e tratamento da doença. Trata-se de uma conquista pleiteada há muito tempo pela Sociedade Brasileira de Reumatologia e pelas associações de pacientes, e, portanto, um grande avanço para garantir o acesso a medicações que anteriormente não estavam disponíveis pelo Sistema Único de Saúde do Brasil. 6 ReumaRio 2013 Data: 11 e 12/10/2013 Local: Hotel Windsor, Copacabana – Rio de Janeiro (RJ) Inscrições: http://reumatorj.org.br.nrserver24.net/2013/reumario/ FichaInscricaoReumaRio2013.pdf BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 Reumato.com Convidamos os reumatologistas a acessarem o portal da sociedade - http://www.reumatologia.com.br - , em que vários temas de interesse da área estão à disposição para consulta. DEU NA MÍDIA REVISTA RBR DESTAQUES Edição mais recente da Revista Brasileira de Reumatologia, editada pela Sociedade Brasileira de Reumatologia • Tratamento da obesidade é tema de nova comissão na AMB Foi criada a Comissão de Prevenção e Tratamento da Obesidade, idealizada pelo diretor de Proteção ao Paciente da Associação Médica Brasileira, Rogério Toledo Jr., e com participação de representantes de diversas sociedades médicas do país. http://www.reumatologia.com.br/index. asp?Perfil=&Menu=DoencasOrientacoes &Pagina=noticias/in_noticias_resultados. asp&IDNoticia=266 • XXX Congresso Brasileiro: veja os prêmios que serão oferecidos Obtenha todas as informações sobre os prêmios oferecidos pela SBR no XXX Congresso Brasileiro de Reumatologia, a ser realizado de 20 a 23 de novembro de 2013 em Recife /PE. Veja como funciona o concurso, quais categorias são oferecidas e como se candidatar. http://www.reumatologia.com.br/index. asp?Perfil=&Menu=DoencasOrientacoes &Pagina=noticias/in_noticias_resultados. asp&IDNoticia=265 RBR - vol 53 - Mai/Jun 2013 http://www.reumatologia.com.br/PDFs/RBR533PT.pdf DESTAQUES • Gota axial Revisão de literatura sobre as manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento do envolvimento da coluna vertebral pela gota. • Doença de Mucha-Habermann (DMH) Relato de caso sobre um paciente que apresentou DMH associada à provável síndrome de ativação macrofágica (SAM). Trata-se de doença rara com graves complicações sistêmicas e potencialmente fatal. • Recomendações sobre diagnóstico e tratamento da artrite psoriásica Estabelecer as recomendações para o diagnóstico (critérios classificatórios e avaliação clínica) e o tratamento da artrite psoriásica. • Recomendações sobre diagnóstico e tratamento da espondilite anquilosante Estabelecer as recomendações para o manejo (critérios classificatórios e avaliação por ressonância magnética e genética) das espondiloartrites e para o tratamento da espondilite anquilosante. Um presente para todos os profissionais da saúde A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em parceria com o Ministério da Saúde, possibilita aos profissionais da área da saúde o acesso a diversas fontes fidedignas de pesquisa e estudo, com informações científicas e tecnológicas atualizadas de alto nível. Basta acessar o endereço eletrônico: http://aplicacao.periodicos.saude.gov.br e efetuar um breve cadastro gratuito. Na página Portal da Saúde – SUS, serão apresentadas várias caixas que, ao clicar, encaminharão a páginas específicas, onde ressaltamos: • Access Medicine: permite acesso integral de livros clássicos como Harrison’s Principles of Internal Medicine, CURRENT Medical Diagnosis & Treatment 2013, Fitzpatrick’s Dermatology in General Medicine, Goodman & Gilman’s The Pharmacological Basis of Therapeutics, Adams and Victor’s Principles of Neurology, Williams Hematology. E na reumatologia, o novo CURRENT Diagnosis & Treatment: Rheumatology, 3ª edição. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 abr/mai/jun/2013 • Best Practice - British Medical Journal (BMJ): é possível conseguir uma segunda opinião, com significância clínica e científica em poucos instantes, fornecendo informações precisas e bem estruturadas em torno da consulta do paciente. Menu de navegação fácil e intuitivo. • Micromedex 2.0: acesso a várias informações sobre os fármacos. • BMJ Learning: um valioso recurso on line de aprendizagem internacional. 7 O melhor do Brasil Notícias das regionais Rio de Janeiro Clube do Reumatismo em pleno funcionamento A Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro (SRRJ) anuncia que está em pleno funcionamento o Clube do Reumatismo, atividade científica mensal que está em seu 28º ano, sempre na última quinta-feira do mês, de 19h às 21h. São apresentados casos dos serviços de reumatologia de todo o Estado, com frequência média de 120 participantes. Antes das sessões relativas ao Clube do Reumatismo, há reuniões científicas mensais, que já são realizados há quatro anos, de 18h às 18h40, com apresentação das sessões “Perguntas e respostas”, “Cá entre nós” e “Revisão de grandes temas”, com frequência média de cem participantes. A SRRJ realizou ainda a XX Jornada Rio-São Paulo de Reumatologia, de 11 a 13 de abril, no Hotel Windsor Copacabana . E já está programado para outubro, nos dias 11 e 12, o 7º ReumaRio, no mesmo hotel. A sociedade comunica também que criou um canal de contato aberto no Facebook: https://pt-br.facebook.com/ pages/Sociedade-de-Reumatologia-do-Rio-de-Janeiro/537660566273979. Paraná Mato Grosso Jornada em Curitiba - PR C om o objetivo de discutir as doenças reumáticas e dividir experiências, a Sociedade Paranaense de Reumatologia (SPR) realizou a 4ª Jornada Para­ naense de Reumatologia, nos dias 26 e 27 de julho, no Mabu Royal e Premium (Praça Santos Andrade, 830), em Curitiba. O evento, voltado para médicos e acadêmicos, abordou diversos temas, como espondiloartrites, esclerose sistêmica, lúpus e síndrome antifosfolípide. Imagenologia - Nos dias 9 e 10 de agosto, foi realizado pela Sociedade Paranaense de Reumatologia, em parceria com o Laboratório Abbott do Brasil, o 1º Curso de Imagenologia do Interior, na cidade de Maringá/PR. Coordenado pelo dr. Marco Antonio Rocha Loures, o curso abordou temas como espondiloartrites, tumores ósseos e ressonância magnética. Presentes na 4ª Jornada no Paraná: Carolina Müller, diretora científica SPR; Scheila Fritsch, comissão científica SPR; Eduardo S. Paiva, presidente SPR; Eloisa Dobrawa, Reumatologista de Jaraguá do Sul-SC; Cristiane E. dos Santos, Reumatologista de Curitiba-PR; Antônio Carlos Ribas, vice- presidente da SPR; Tiago Malucelli, Reumatologista de Francisco Beltrão-PR. 8 XIX Jornada Centro-Oeste de Reumatologia Em meio ao clima de hospitalidade cuiabana, transcorreu a XIX Jornada Centro-Oeste de Reumatologia, em Cuiabá - MT, no mês de abril. Com expressivo número de participantes e com programação científica cuidadosamente selecionada, o evento permitiu adquirir e reforçar conhecimentos, rever colegas de todo o Centro-Oeste e visitar, conhecendo ou revendo, o Santuário Ecológico do Pantanal, a Chapada dos Guimarães e outras belezas naturais do Mato Grosso. Parabéns a todos os idealizadores e gestores deste evento! BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 Santa Catarina Estado terá a primeira residência em reumatologia A Sociedade Catarinense de Reumatologia anuncia com satisfação que o Estado passará a contar com sua primeira residência em reumatologia a partir de 2014. O projeto recebeu parecer favorável do Ministério de Educação e será baseado no Hospital Universitário da UFSC e no Hospial Go- vernador Celso Ramos. A residência contará com preceptores altamente qualificados – Adriana Zimmermann, Ivanio Pereira, Gláucio Castro, Sônia Fialho, Fabrício Neves, Giovana Ribeiro, Nadyesda Brandao e Juliane Paupitz – e deverá contribuir muito para a reumatologia de Santa Catarina. Goiás Sociedade realizou IV Encontro Goiás - DF F oi realizado na cidade de Pirenópolis, Goiás, o IV Encontro Goiás-DF de Reumatologia, de 16 a 18 de agosto de 2013, com participação de reumatologistas das Sociedades Goiana de Reumatologia e Sociedade de Reumatologia de Brasília. Na ocasião, o dr. Francisco Aires Corrêa Lima, um dos pioneiros da reumatologia do Centro-Oeste e criador do primeiro serviço de residência de Reumatologia do Distrito Federal, foi homenageado por seu exemplo e dedicação à especialidade. Em sua homenagem, foi instituído o prêmio Francisco Aires de Reumatologia, que será entregue anualmente ao reumatologista brasiliense que se destacar na área científica, de assistência e/ou divulgação da especialidade local ou nacionalmente. Participantes do IV Encontro, realizado em Pirenópolis, Goiás Mato Grosso do Sul Ex-residentes participam do I Encontro em Campo Grande - MS A conteceu em Campo Grande ( MS), o I Encontro de Ex-residentes do Serviço de Reumatologia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (HU-UFMS). A residência em reumatologia foi idealizada e criada pelo prof. dr. Izaias Pereira da Costa, em 2003, e em dez anos foram foram formados 14 reumatologistas e três residentes BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 vão concluir o processo nos próximos dois anos. A residência em reumatologia do HU-UFMS conta ainda com a colaboração de mais cinco preceptores que foram homenageados: dra. Lidia Aracaqui Ayres; dra. Erica Naomi Naka Matos; dr. Marcio Reis Da Costa, dr. Alex Magno Coelho Horimoto; e dr. Leandro Tavares Finotti. 9 Baluartes da Reumatologia “Reumatologia atual não é carreira solo” Caio Moreira, com 42 anos de profissão, dá um recado aos recém-formados, incentivando o trabalho em grupo, e fala sobre outros fatos que marcaram sua carreira Caio Moreira: do cotidiano atual fazem parte a leitura, a vida repousante em casa e o acompanhamento do envelhecimento do fiel companheiro canino, Xuxú, que está com 14 anos 10 J ovens reumatologistas, reúnam seus colegas afins de uma mesma cidade e formem uma clínica multidisciplinar, com referências seguras, o que certamente lhes dará uma contrarreferência cada vez maior e melhor. Este é um dos sábios conselhos de quem sabe muito bem do que está falando: o reumatologista Caio Moreira. Em entrevista a nosso boletim, ele dá ainda outras recomendações, do alto de sua experiência, aos jovens médicos, fala sobre o tempo em que foi presidente da SBR e o atual mercado de trabalho médico. Em que ano o senhor se formou e em qual instituição? Na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (FMUFMG) de Belo Horizonte em 1971. Por que escolheu a reumatologia? Pelo fascínio pela imunologia. A história é a seguinte: fui professor de Biologia de colégios e cursos pré-vestibulares em Belo Horizonte, desde o segundo ano médico até dois anos depois de formado em Medicina. Escolhi inicialmente a parasitologia médica para minha pós-graduação. Obtive o título de Especialista em 1973. Como não havia vaga disponível no Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, e eu já estava casado, precisando tocar a vida e sem pretensão de sair da capital, escolhi uma segunda especialidade médica relacionada à patologia clínica e imunologia, que me permitisse utilizar os ricos conhecimentos já adquiridos. Então optei pela reumatologia. Ainda se lembra do caso mais complicado que pegou? Por volta de 1980, quando ainda não existiam CTIs públicos com tratamentos de alta complexidade e não se sabia bem como proceder com o sangramento pulmonar agudo em portadoras de lúpus eritematoso sistêmico, nem como investigar a síndrome de anticorpos antifosfolípides (SAF), perdi de modo dramático, duas jovens com esta manifestação, fato que me marcou profundamente e me fez entender bastante a necessidade do aprimoramento e da humildade no exercício profissional. Como foi ser presidente da SBR? Do que sente falta e do que não sente falta? Sinto falta do convívio enriquecedor frequente com os colegas dos vários Estados e não sinto falta da pressão do cargo, que nos obriga muitas vezes a ceder a pressões referentes a fatos de que discordamos e nada podemos fazer, por ferir alianças necessárias à sobrevivência, até mesmo do programa científico bianual da SBR traçado pela diretoria. Como o senhor vê a carreira universitária (acadêmica) e a de reumatologista no mercado médico de trabalho? Os reumatologistas recém-formados têm receio de ingressar no inevitável mercado de trabalho por inúmeras razões conhecidas, tais como a hostilidade do mercado de trabalho proporcionado pelos convênios de saúde em relação à boa BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 prática médica; o faturamento mensal, de clínico, que não “dá para sustentar família” e manter condições de vida ambicionadas desde a escolha da profissão; a necessidade da interiorização e o medo de seu alijamento das atividades científicas, apesar de que a internet seja acessível a todos e atinja um fantástico universo bibliográfico, não disponível até tempos muito recentes. Mas, convenhamos, a universidade brasileira não pode abrigar todos os novos reumatologistas e, com exceção de poucas unidades da Federação, também não oferece uma remuneração adequada, até mesmo para um professor novato com dedicação exclusiva à reumatologia. Hoje vejo os recém-formados em reumatologia gravitarem em torno dos serviços de onde são oriundos, com a ideia de que uma pós-graduação seria um “meio tempo”, até sua decisão de ingressar no mercado de trabalho. Adquirem títulos acadêmicos que nada irão lhes adiantar na vida prática, ocupam vagas dos verdadeiros futuros pesquisadores e professores e ficam com a ilusão de que este “cordão umbilical” não seccionado poderá lhes dar uma sobrevida indeterminada no universo acadêmico (que, às vezes, é exercido em cursos de extensão de “universidades piratas”) que o explora tanto quanto os convênios de saúde (ou “de doença”?). Só deveriam ficar na universidade nos disputados e caros “ Hoje vejo os recémformados em reumatologia gravitarem em torno dos Serviços de onde são oriundos, com a ideia de que uma pós-graduação seria um meio tempo até sua decisão de ingressar no mercado de trabalho”. cursos de mestrado e doutorado aqueles com talento verdadeiro para a pesquisa ou ensino, não aqueles que querem adiar o inicio de uma vida profissional liberal, sem qualquer “cacoete” para a pesquisa e o ensino da reumatologia. O que o senhor diria para quem está começando na reumatologia? Sigam as orientações de quem os formou nas universidades brasileiras. Eles são, em sua maioria, na verdade tão competentes quanto aqueles de países desenvolvidos, apesar de que, por nossa baixa estima e pouco conhecimento do ensino da especialidade fora do país, achemos que elas não estão nos formando de modo adequado. Prezem e aperfeiçoem a relação médico-paciente estudando psicologia e ética médica; reúnam seus colegas afins de uma mesma cidade e formem uma clínica multidisciplinar, com referências seguras, o que certamente lhes dará uma contrarreferência cada vez maior e melhor. A reumatologia de hoje não pode mais ser carreira solo, como fiz e se fazia habitualmente no passado. Tentem a clínica privada, não se deixando escravizar pelos convênios de saúde, oferecendo consultas com preços razoáveis que façam a diferença quando comparadas com as rotineiras consultas de 15 minutos com o paciente assentado à frente do médico, que não lhe faz um exame físico adequado. A população está cansada disto e reconhecerá a relação custo-benefício que estão lhes oferecendo. Se estiverem no Serviço público de saúde, lutem para explicar a seus superiores a complexidade de um paciente reumático, e tentem atender corretamente um número menor de pacientes, mostrando que o que vale é a qualidade e não a quantidade de atendimentos feitos num só dia. Tendo competência, não tenham medo de se lançar no mercado de trabalho e cortar o cordão umbilical com o Serviço de Reumatologia que cuidou de sua formação acadêmica. Conheço exemplos felizes de todos os “conselhos” que enumerei aqui. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 Como é seu cotidiano atualmente? Hoje só atuo no consultório privado, não atendendo convênios (há pelo menos 30 anos aboli esta prática). O trabalho, claro, é menos intenso, mas traz-me imensa satisfação, atendendo com atenção e executando todas as etapas previstas numa consulta médica, inclusive tendo tempo para aquele final difícil que é a explicação, para o paciente, do que ele é portador e quais as medidas que ele poderia tomar, junto conosco, para obtermos uma boa adesão. Sinto que a remuneração do meu trabalho é justa, o que me dá muita satisfação. Ouço músicas dos anos 80, tenho um encontro mensal com meus ex-alunos de 1986, leio revistas semanais e dois livros por mês. Acompanho juntamente com minha mulher, Inez, a evolução de nossos filhos e neto, assim como a vida de nossa casa de final de semana, que é repousante, e o envelhecimento de nosso cão de estimação, o Xuxú; estou com 67 anos e ele com 14 anos, já com costumes bastante característicos de um idoso (nós dois), mas ainda uma ótima companhia. CURRÍCULO Caio Moreira Reumatologista e Preceptor de Residência em Medicina Interna do Hospital Júlia Kubitschek (antigo INAMPS) até 1997; Reumatologista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais de 1998 a 2006; Preceptor de Residência em Reumatologia do Serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas de Minas Gerais de 1998 a 2006; Consultor da Revista da Associação Médica de Minas Gerais, 2002; Presidente da Sociedade Mineira de Reumatologia, 1991- 92; Presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, 2002-04; Membro do Conselho Fiscal da Sociedade Brasileira de Reumatologia, 2006-08 Publicações Autor de três livros (Noções Práticas de Reumatologia; Reumatologia, Diagnóstico e Tratamento; e Reumatologia Essencial, artigos na RBR (em tempos sem indexação) e de inúmeros capítulos publicados em livros médicos e de ciências básicas. 11 Capa Mais médicos: equí v Programa, do governo federal, desconsidera as reais causas do verdadeiro caos em que Marco Tadeu Moreira de Moraes Médico reumatologista e conselheiro do Cremesp – Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo N “ Fica claro que a resposta dada pelo governo ao anseio da voz das ruas por uma medicina de qualidade não é aquela que a população e aqueles comprometidos com a assistência médica gostariam de ouvir”. 12 não só no processo de prevenção e de tratamento, mas também no controle de doenças crônicas não transmissíveis diminuindo, assim a morbimortalidade. os últimos meses, mais precisamente em São Paulo no dia 6 de junho de 2013, começaram as manifestações de rua que se vêm repetindo por todo o país. O desencadeante teórico foi o reajuste do preço do transporte público. Inicialmente, o caráter foi pacífico, porém, principalmente devido à falta de habilidade da polícia militar de diversos Estados em lidar com a situação, ocorreram verdadeiras batalhas campais. Ficou clara a insatisfação da população com o sistema político e econômico, bem como com os serviços prestados pelos órgãos públicos. Tais manifestações, seguidas de depredações e atos de vandalismo contra órgãos públicos e privados, têm levado a respostas inadequadas das autoridades que, em alguns momentos, reagem com força desmedida e, em outros, com total complacência. Os políticos, de maneira geral, sejam de direita ou de esquerda, reagem com perplexidade ao clamor popular. A impressão geral é de que as respostas têm sido inadequadas, por exemplo, a suspensão do aumento do preço do transporte público acarretará alteração no orçamento geral de Estados e Municípios. Os protestos que se expandem pelo país demonstram que importantes setores como a educação e a saúde pública deixam muito a desejar. A educação, que é fundamental para o progresso de uma nação, quando avaliada de maneira objetiva, revela índices sofríveis mesmo nas regiões mais ricas. Nós, que trabalhamos com saúde, sabemos o quanto é importante e fundamental a educação, Contraste A saúde em nosso país é um dos maiores exemplos do gritante contraste em que vivemos. Temos uma medicina de ponta comparável à dos melhores centros mundiais para uma parcela restrita da população e uma medicina extremamente precária, comparável àquela que é praticada em regiões paupérrimas de países africanos. A meu ver, fica claro que a resposta dada pelo governo federal – através da presidente Dilma e dos ministros Alexandre Padilha, da Saúde, e Aloizio Mercadante da Educação – ao anseio da voz das ruas por uma medicina de qualidade não é aquela que a população e aqueles comprometidos com a assistência médica gostariam de ouvir. A resposta do governo federal tem como sua principal característica o marketing político. O programa “Mais Médicos” do governo federal desconsidera as reais causas do verdadeiro caos em que se encontra a saúde brasileira, desviando o foco do problema. A má gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), associada ao subfinanciamento crônico da saúde, é deixada de lado e os médicos passam a ser considerados os responsáveis por todas as mazelas do atendimento . O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) tem buscado avaliar de maneira isenta e com metodologia adequada a qualidade da formação médica em nosso Estado, realizando, anualmente, o exame dos egressos do 6º ano das escolas médicas. Em 2012, o Cremesp passou a exigir, como documento necessário para obtenção do registro profissional, a comprovação da realização BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 uí voco ou solução? s em que se encontra a saúde brasileira, desviando o foco do problema da prova, o que aumentou significativamente o número de alunos avaliados. O resultado, infelizmente, não foi satisfatório e menos de 50% dos alunos obtiveram acerto maior ou igual a 60% das questões. Tal fato aponta para as seguintes questões: é razoável aumentar o número de vagas nas faculdades de medicina e abrir novas escolas sem a preocupação de qualificar o ensino já existente? Há realmente falta de médicos no Brasil? Distribuição desigual Pesquisa realizada pelo CREMESP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina, avaliou a demografia médica e demonstrou claramente que não há falta de médicos em nosso país. O estudo aponta que a distribuição se dá de maneira desigual, com grande concentração dos profissionais nas regiões mais prósperas e que possuem condições razoáveis de trabalho. O governo federal com o programa “Mais Médicos” peca gravemente quando propõe a chamada “importação de médicos”. A proposta da colocação de médicos estrangeiros no atendimento à atenção básica é extremamente perversa, pois é justamente na atenção básica que o médico tem que desempenhar uma estreita relação com o paciente e esta,, com certeza, será prejudicada devido às diferenças culturais e à dificuldade de comunicação. É, ainda, inadmissível que médicos estrangeiros sejam habilitados ao atendimento das populações mais pobres, já penalizadas por outras carências, sem que sejam submetidos ao exame de revalidação de diploma realizado de forma plena que abrange não só o conhecimento técnico, mas também o domínio do idioma. Além disso, chama atenção a forma injusta de contratação desses médicos que serão “bolsistas”, opção que não respeita as leis trabalhistas e não contribui para a criação de uma carreira de estado semelhante àquelas do Judiciário e de outros setores da administração pública, o que permitiria fixar os médicos aos postos de trabalho. Temos, ainda, como cenário desfavorável a total falta de infraestrutura à qual esses médicos estarão expostos. Quanto à ampliação dos números de vagas de residência médica, consideramos uma medida louvável, porém os residentes não devem, sob qualquer pretexto, ser vistos como complementação de mão de obra, devendo para a sua formação estar sob supervisão de preceptoria qualificada, pois só dessa forma conseguirão atingir a devida qualificação. Por fim, uma carreira em que o governo federal, governos estaduais e municipais estejam empenhados em financiar de forma adequada a saúde, fornecendo condições de trabalho minimamente razoáveis, é a única maneira verdadeira de implantar um sistema de saúde eficiente em nosso país. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 “ A proposta da colocação de médicos estrangeiros no atendimento à atenção básica é extremamente perversa, pois é justamente na atenção básica que o médico tem que desempenhar uma estreita relação com o paciente e esta, com certeza, será prejudicada devido às diferenças culturais e à dificuldade de comunicação”. 13 Rheuma & Ethos “ Todos nós sabemos da importância da profissão médica no desenvolvimento cultural e tecnológico de uma nação e do intrínseco caráter social de nossa profissão”. José Marques Filho Membro da Comissão de Ética da SBR e SPR A ética e a responsabilidade so A s manifestações populares de protestos ocorridas em todo o território brasileiro no mês de junho de 2013 foram intensamente divulgadas na mídia internacional. Quase que simultaneamente, a presidente do Brasil e os Ministérios da Saúde e da Educação divulgaram medidas para “resolver” os problemas de atendimento à saúde dos brasileiros. Essas drásticas medidas, entre outras ações, incluíam a “importação” de médicos estrangeiros para trabalhar em áreas periféricas de nosso território e a ampliação do curso de Medicina de seis para oito anos. Essas iniciativas levaram às ruas um grande número de médicos em protesto veemente contra as intervenções do governo. O que chamou a atenção de todos nas passeatas foi a presença de profissionais mais experientes, inclusive vários professores titulares de nossas faculdades de Medicina. As medidas, à primeira vista, têm caráter claramente político-eleitoral, mas ambas comportam um conteúdo técnico para o qual poucos de nós estamos preparados para uma discussão mais profunda. Essa introdução nos remete a uma importante reflexão que nós, profissionais da Medicina, de tempos em tempos temos que fazer – a dimensão ética da responsabilidade social do médico. 14 Dimensão essa que alcança tanto o conhecimento atualizado de dados sociais do país onde vivemos, quanto os dados estatísticos de nossa própria profissão. E diante de dados tão graves quanto os encontrados relativos ao atendimento publico à saúde do povo brasileiro, uma postura crítica e fundamentada dos médicos se impõe, lembrando aqui a frase de Desmond Tutu, citada pelo professor Miguel Srougi em artigo recente: “Se ficarmos neutros numa situação de injustiça, teremos escolhido o lado do opressor”. Atentado aos direitos humanos Atualmente, com raras “ilhas de excelência”, as condições oferecidas para atenção à saúde de nossa população em instituições públicas são um verdadeiro atentado aos direitos humanos básicos, principalmente se considerarmos a vulnerabilidade de grande parte de nossa gente. Sem dados confiáveis e atualizados, não é possível fazermos uma discussão técnica em alto nível, nem fundamentarmos adequadamente nossas opiniões. Nesses momentos críticos, o que se espera de um médico é uma postura ética, compatível com sua importância na sociedade, conhecimento técnico sobre o assunto em pauta e procedimentos den- tro do padrão preconizado pelo Código de Ética Médica. Vale lembrar que uma regra ética pétrea de nossa profissão é jamais deixar de atender às urgências e emergências em um movimento grevista e que o dever de se empenhar para melhorar os padrões dos serviços médicos e assumir a responsabilidade em relação à saúde pública é um postulado ético clássico. Todos nós sabemos da importância da profissão médica no desenvolvimento cultural e tecnológico de uma nação e do intrínseco caráter social de nossa profissão. O médico, além de sua atividade no cuidado à saúde de seu paciente, tem fundamental papel didático na educação sanitária e, por que não, política, da população. Na história da Medicina não faltam exemplos de grandes médicos que, além das atividades médica e cientifica, tiveram participação e liderança na vida política de seu país. Podemos citar como exemplo “o pai” e fundador da Patologia moderna, catedrático de Anatomia Patológica da Universidade de Berlin - Rudolf Ludwig Karl Virshow (1821-1902). Além de médico, foi antropólogo, político atuante e também é considerado “ o pai” da medicina social. Político liberal (Partido Progressista Alemão), foi ferrenho opositor do chanceler Oto von Bismark. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 de social do médico Durante a guerra franco-prussiana, liderou pessoalmente a instalação do primeiro hospital móvel para atender os soldados no front. Além disso, envolveu-se em diversas atividades sociais como saneamento básico, arquitetura na construção de hospitais, melhoramento da inspeção de carnes e higiene escolar. Mas, afinal, faltam médicos em nosso país? A resposta mais adequada para essa pergunta é: ninguém sabe. Certamente não faltam faculdades de Medicina. “ Vale lembrar que uma regra ética pétrea de nossa profissão é jamais deixar de atender às urgências e emergências em um movimento grevista e que o dever de se empenhar para melhorar os padrões dos serviços médicos e assumir a responsabilidade em relação à saúde pública é um postulado ético clássico”. Atualmente, o Brasil tem 196 dessas instituições, só perdendo no ranking mundial para a Índia, que tem 272. Aqui vale a pena compararmos com números norte-americanos: os EUA têm atualmente 125 faculdades de Medicina para uma população de 330 milhões de pessoas. Infelizmente e, isso tem sido demonstrado na literatura brasileira, boa parte das nossas faculdades de Medicina não têm a menor condição de formar médicos minimamente preparados, sendo que muitas carecem de hospital-escola para que seus alunos aprendam e ganhem habilidades no contato diuturno com os pacientes. Uma falácia, repetida frequentemente por muitos, é que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma taxa de um médico para cada mil habitantes. Não só a OMS não faz essa recomendação, como orienta que não se utilize essa taxa para avaliação da qualidade do atendimento médico em determinado país. As variáveis são inúmeras e a avaliação deve ser particularizada, dependendo da extensão e da população do país, das políticas de saúde adotadas e das características sociais da população. brasileiras, assim como as entidades médicas, têm produzido e publicado pesquisas sobre a demografia médica brasileira. A Demografia Médica no Brasil e em São Paulo, publicações dos Conselho Federal de Medicina (CFM) e Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), demonstram enormes distorções na distribuição dos médicos pelo país. Vale a pena citarmos alguns dados: • O número de médicos registrados no CFM em outubro de 2012 era de 388.015. • A taxa médico/habitantes brasileira é de 1,95, variando de 0,98 na região Norte até 2,61 na região Sudeste. • Em relação aos Estados, varia de 0,68 no Maranhão a 4,02 no Distrito Federal. • Um dado fundamental para uma análise mais precisa é a taxa de médicopostos de trabalho/habitantes. Nesse sentido, esse índice no setor público é de 1,95 enquanto no setor privado é de 7,60. Esses dados demonstram a absoluta inadequação da distribuição dos médicos pelo território nacional e, principalmente entre o setor público e privado. Essa desigualdade mantém-se nas diversas especialidades. São Paulo, por exemplo, concentra 31% dos reumatologistas brasileiros. A solução é complexa, mas depende fundamentalmente de políticas voltadas para aumento do custeio do setor público, gestão competente na área da saúde, investimento na melhor formação dos profissionais e na criação da carreira de médico no setor público. Referências 1 – Conselho Federal de Medicina. Demografia Médica no Brasil. Dados gerais e descrição de desigualdades. vol. I, 2011. 2 – Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. Demografia Médica no Estado de São Paulo, 2012. 3 – Conselho Federal de Medicina. Demografia Demografia Médica no Brasil – Cenários e Nos últimos anos, as universidades indicadores de distribuição. Vol II, 2013. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 15 espaço do Residente E a residência médica, como fica? Medidas do governo federal pecam por envolver providências que não irão solucionar, e sim apenas aumentar, os problemas estruturais do trabalho dos jovens médicos *Janaina Oliveira Bentivi Pulcherio E stamos vivendo um momento de muita turbulência na saúde pública do Brasil. As últimas medidas do governo federal, ditas “emergenciais”, curiosamente referem-se a problemas crônicos, que só agora ganharam a devida atenção, mas foram tomadas de maneira irresponsável. Tais medidas afetam diretamente não somente a qualidade da assistência em saúde prestada à população, mas também a residência médica. Uma das medidas foi o lançamento do Programa de Valorização dos Profissionais de Atenção Básica (Provab), que oferece bônus nas concorridas provas de residência médica para aqueles que trabalharem por um ou dois anos nos programas de assistência básica. Grande parte destes médicos é recém-formada e foi alocada em regiões sem estrutura e sem supervisão, além de não terem garantias de remuneração. Esta medida, aliás, eliminou a meritocracia dos concursos de residência médica e também não fixou médicos nestas regiões. A extensão do curso de Medicina para oito anos foi uma medida descabida do governo federal, além de ter essência ditatorial, uma vez que entidades médicas não foram consultadas. Obrigaria novos estudantes de medicina a atuar por mais dois anos na assistência básica, quando já o fazem no chamado “internato”. Entretanto, diante das contradições deste projeto, existe a proposta de aumentar todos os programas de residência médica em um ano para este fim. A formação de um médico especialista no Brasil dura de 8 a 11 anos, sendo a maior parte deste período já inserida no Sistema Único de Saúde (SUS). Mais uma vez, o governo federal quer usar a residência médica como moeda de troca eleitoreira e como mão de obra barata, em vez de sanar as questões que tornam a assistência básica cada vez menos atrativa. Novas vagas O subfinanciamento e a má gestão do SUS estão levando ao sucateamento dos hospitais e das demais unidades de saúde onde estão instalados os programas de residência. A falta de concursos públicos dignos para a contratação de médicos assistentes e preceptoria agrava ainda mais o quadro. Historicamente, sabemos que a residência médica sempre pautou pela qualidade da assistência e dos avanços 16 nas pesquisas em saúde. Mas como ter qualidade de formação nestas condições? Então, é com muita preocupação que recebemos a notícia da abertura indiscriminada de novas vagas de residência médica. Se diversos programas que hoje existem estão passando por dificuldades, como garantir a qualidade de formação de mais médicos residentes? Entendemos que é preciso melhorar profundamente os programas que já estão funcionando para racionalmente pensar em sua ampliação. Mais especialistas sem condições de formação podem ser extremamente danosos para a população. Existem ainda, por parte da ANMR, as reivindicações pela regulamentação do auxílio moradia, reajustes salariais regulares, fim da carência do INSS para residentes do primeiro ano, valorização da preceptoria e nova configuração da CNRM (Comissão Nacional de Residência Médica) para que haja uma composição paritária e justa entre entidades médicas e governo, com o fim da Câmara Recursal. A ANMR segue na luta pela melhoria da residência médica e da assistência pelo SUS. Apenas com o melhor financiamento e gestão eficiente do Sistema Único de Saúde é que podemos iniciar os passos para qualificar os programas de residência médica, garantir a boa formação de especialistas e, consequentemente, oferecer assistência em saúde com qualidade para a população brasileira. “ O subfinanciamento e a má gestão do SUS estão levando ao sucateamento dos hospitais e das demais unidades de saúde onde estão instalados os programas de residência”. *Secretária-geral da ANMR; residente em Otorrinolaringologia (RJ); ex-presidente da Associação Maranhense de Médicos Residentes A ANMR (Associação Nacional dos Médicos Residentes) é a entidade máxima de representatividade dos médicos residentes do Brasil, fundada na década de 1970 BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 Primeira fila Aumento dos níveis séricos de interleucina-9 na artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico: papel patogênico ou apenas um epifenômeno? Andréa Tavares Dantas1,2*,Claudia Diniz Lopes Marques2*, Laurindo Ferreira da Rocha Junior1,2, Mariana Brayner Cavalcanti1, Sayonara Maria Calado Gonçalves1, Pablo Ramon Gualberto Cardoso1, Henrique de Ataide Mariz1,2, Angela Luzia Branco Pinto Duarte2, Maira Galdino da Rocha Pitta1 Algumas evidências sugerem que a produção de interleucina-9 (IL-9) pelas células Th17 tem possível papel patogênico no desenvolvimento da autoimunidade, incluindo participação na fisiopatologia de doenças reumáticas autoimunes como lúpus eritematoso sistêmico (LES) e artrite reumatoide (AR). Em estudo realizado na Universidade Federal de Pernambuco /UFPE, apresentado durante o 10th International Congress on SLE, realizado em Buenos Aires /Argentina de 18 a 21 de abril deste ano, foram avaliados os níveis séricos de IL-9 (ELISA) em 117 pacientes com LES, 67 pacientes com AR e 24 controles sadios, assim como também a possível associação dos níveis desta citocina com características clínicas e parâmetros laboratoriais. Os níveis séricos de IL-9 foram significativamente maiores em pacientes com AR (4,77 ± 3,62 pg/mL) e em pacientes com LES (12,26 ± 25,23 pg/mL) quando comparados a indivíduos saudáveis (1,22 ± 0,71 pg/mL) (p <0,001). Nos pacientes com LES, não houve associação significativa entre os níveis de IL-9 e SLEDAI, número de critérios do ACR, dano de órgãos, manifestações clínicas, consumo de complemento e positividade de anticorpos anti-DNA ou anticorpos antinúcleo. Houve apenas uma fraca correlação negativa entre tempo de doença e os níveis de IL-9 (r=-0,19, p=0,0378). Nos pacientes com AR, não foi observada correlação significativa com nenhuma variável analisada, incluindo duração da doença, DAS28, HAQ, fator reumatoide e erosões na radiografia. Poucos estudos avaliaram a expressão de células Th17 ou os níveis de IL-9 em pacientes com doenças autoimunes e ainda não está claro se existe uma associação entre esta citocina e a patogênese dessas doenças ou se trata apenas de um epifenômeno. Estes dados demonstraram aumento dos níveis séricos de IL-9 em pacientes com LES e AR, embora mais estudos sejam necessários para melhor avaliação do papel preciso desta citocina e seu potencial como possível alvo terapêutico. Laboratório de Imunomodulação e Novas Abordagens Terapêuticas (LINAT), Núcleo de Pesquisas em Inovação Terapêutica Suely Galdino (Nupit SG), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 2 Serviço de Reumatologia, Hospital das Clínicas, UFPE. 1 BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 17 Profissão Reumato A arquitetura que enfoca o Homem, seu bem-estar e conforto, não precisa parecer bela; ela simplesmente o é, pois é nesse ponto que a ética e a estética se fundem. Denise Xavier Mestre em Teoria e História da Arquitetura pela USP de São Carlos. Professora do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, onde ministra disciplina de Projeto e Acessibilidade. Consultório médico: por uma arqu ite P rofissionais arquitetos muitas vezes se perdem com os deliciosos jogos de tendências estilísticas e negligenciam aquilo que é mais essencial à profissão - dotar os espaços de humanidade. A reflexão sobre esse tema se torna mais evidente e urgente quando enfocamos os espaços voltados à assistência à saúde. Aqui a preocupação em projetar uma arquitetura mais generosa, inclusiva e acessível, não deve ser encarada como uma questão acessória ou complementar à forma, mas sim ser a premissa que a gera Um arquiteto que se debruça sobre o tema do espaço para a saúde, deve ter claro que os efeitos provocados por um ambiente confortável, saudável e harmonioso, embora sejam dados coadjuvantes nas terapêuticas médicas, podem significar um forte apoio ao seu desempenho e sua eficácia. Dentre os assuntos em voga hoje em dia, existe um, que embora seja de interesse a toda a sociedade, é particularmente cara à área médica - a acessibilidade. Desde 2004, quando a Norma Brasileira de Acessibilidade, a NBR9050, foi efetivada com caráter de lei pelo Decreto Lei 5296/04, a garantia desse direito vem tomando bastante espaço na agenda da arquitetura. A partir deste momento 18 “ Um consultório médico deve ser generoso em sua arquitetura, fornecendo um ambiente amistoso e favorável à sociabilidade, um cenário que seja capaz de suspender o paciente do seu estado de estresse – muitas vezes provocado pelo simples fato de ele estar ali”. todos os estabelecimentos de caráter público ficaram submetidos aos novos parâmetros de projetação. Adveio, então, a isso uma quantidade significativa de obras de adequação ou adaptação em infraestruturas, espaços urbanos, edifícios públicos e de uso comum. Isso sinaliza uma importante mudança de compromisso da sociedade para que o atendimento do direito básico do homem de ir e vir seja estendido a todo e qualquer cidadão e não apenas aos individuas saudáveis. Transformando espaços Apesar de recente, a norma brasileira de acessibilidade já exibe seus efeitos positivos na transformação de espaços e equipamentos de uso de interesse públicos da cidade. Se ela é clara sobre a conduta dos espaços de uso comum ou público, a norma ainda não aponta como os espaços de uso privado devam ser formatados. Nesse sentido, por exemplo, se equipamentos como o de hospitais já se encontram totalmente submetidos à normativa, espaços como consultórios médicos particulares ficam desobrigados do cumprimento das mesmas regras e para se situarem de maneira favorável aos princípios de inclusão devem contar com a boa vontade do BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 em sua arquitetura, fornecendo um ambiente amistoso e favorável à sociabilidade, um cenário que seja capaz de suspender o paciente do seu estado de estresse – muitas vezes provocado pelo simples fato de ele estar ali. qu itetura mais amistosa arquiteto na utilização da NBR 9050 como um balizador das decisões do desenho. Paralelamente a isso, temos mais um fator que corrobora para a não efetivação de regras inclusivas nesses espaços – que é a tipologia de imóveis para fins de atividade médica oferecida pelo mercado. Um dos primeiros problemas a serem enfrentados seria o desenvolvimento de uma nova cultura que rejeitasse a adoção de espaços adaptados para essa função. Uma cultura que exigisse do mercado imobiliário uma diversidade de produtos – para além da grande oferta de edifícios comerciais com seus diminutos conjuntos de características programáticas genéricas – em que as necessidades especificas desta área pudessem ocorrer sem constrangimentos. Mas enquanto esse cenário não se altera, vamos ter que continuar a conviver com espaços não plenamente adequados e onde as adaptações encontram a medida do possível. Assim, pensar o espaço do consultório médico requer alguns cuidados básicos para torná-lo inclusivo. A título de sugestão, algumas medidas simples mencionadas abaixo podem contribuir para a concepção de espaços mais acessíveis e confortáveis, como: • Um consultório médico deve ser generoso “ Dentre os assuntos em voga hoje em dia, existe um, que embora seja de interesse a toda a sociedade, é particularmente cara à área médica - a acessibilidade”. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 • O arquiteto deve prever áreas de circulação generosas, procurando eliminar a presença de obstáculos que possam constranger pessoas com mobilidade reduzida. A iluminação deve ser abundante, mas sem provocar ofuscamentos, dando preferência a uma iluminação difusa e adotando lâmpadas com temperaturas de luz quentes (entre 3000 e 3500 k) com boa reprodutibilidade de cores. Esse tipo de iluminação dá à imagem das pessoas aspecto mais saudável e ao ambiente um clima mais acolhedor. • Nos sanitários, toda vez que a estrutura do local permitir, prever espaço necessário para o acesso e manobra de cadeirantes. O uso de barras de apoio e assentos sanitários mais altos pode ajudar na autonomia por parte de idosos e pessoas com mobilidade reduzida. • A legibilidade do espaço deve ter prioridade em relação aos aspectos estilísticos. • Espelhos e outras estratégias para falsear as dimensões e limites espaciais devem ser evitados. • O uso de cores nos ambientes deve ser criterioso e ponderado. Nesse contexto nenhuma cor deve ser eliminada ou eleita como correta ao desempenho do programa. Ao contrário disso, conhecer suas propriedades pode nos dar importantes argumentações para dirigir seus efeitos a um determinado propósito perceptivo, que pode ser exclusivamente plástico ou ainda terapêutico. A adoção dessas medidas não garante a qualidade do projeto, pois arquitetura é a conjunção de estratégias e elementos muito mais complexos do que os poucos itens abordados acima. No entanto, a reflexão sobre esse universo pode nos auxiliar na consolidação de uma arquitetura mais acolhedora e humana para os espaços destinados à promoção da saúde. 19 Coluna Seda Aspectos reumatológicos na arte brasileira - II Hilton Seda Dedicado à dra. Francinne Machado Ribeiro N a arte brasileira, foi possível identificar com frequência significativa nódulos de Heberden e Bouchard, tanto na escultura como na pintura. Santo Inácio de Loyolla (Azpeitia, 1491; Roma, 1556), criador da Companhia de Jesus e que participou das Missões Jesuíticas no Sul do Brasil, mostra nítidos nódulos de Heberden e Bouchard em imagem de autor desconhecido(1) (fig. 1). No quadro “Interior Italiano” de Henrique Bernardelli que se encontra no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, a mão sobre o muro mostra-se caracteristicamente artrósica (fig. 2). Henrique Bernardelli nasceu em Valparaiso, no Chile, em 15 de julho de 1857, mas veio menino para o Brasil. Faleceu no Rio de Janeiro em 6 de abril de 1936. Foi aluno da Academia Imperial de Belas Artes, onde ingressou em 1870. Aperfeiçoou-se, por conta própria, em Roma, lá permanecendo de 1878 até 1886. Lecionou na Escola de Belas Artes (1891 a 1905). Era irmão do grande escultor Rodolfo Bernardelli(2). Mais nódulos de Heberden e Bouchard podem ser observados na obra de Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho) “Cristo Pregando” (fig.3), nos púlpitos da Igreja de São Francisco, em Ouro Preto(3). Antônio Francisco Lisboa nasceu em Vila Rica no dia 29 de agosto de 1730 e faleceu, nessa mesma cidade, a 18 de novembro de 1814. Era filho do arquiteto e mestre de obras português Manuel Francisco Lisboa com uma de suas escravas. O pai deu-lhe gosto artístico. O Aleijadinho era arquiteto, escultor, entalhador e ornamentista. Pertenceu ao apogeu do barroco mineiro. Entre suas obras principais estão os Passos da Paixão e Profetas do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, e Igrejas de Ouro Preto e São João del Rei. Seu estilo, com tendência expressionista, abrange o barroco e o rococó. Aos 47 anos, surgiu-lhe misteriosa doença que lhe deformou o corpo. Para trabalhar, mantinha o cinzel amarrado ao que lhe restava das mãos. Várias hipóteses foram levantadas sobre sua enfermidade, mas nenhuma ficou estabelecida com certeza. A mais provável seria porfiria cutânea tarda(4). Gaspar Frois Machado (c. 17591796), desenhista e gravador português, em sua gravura em buril feita em 1793 e intitulada “Serenissimus conjugibus lusitaniae delicius Joanni et Carlotae”, uma alegoria alusiva aos príncipes do Brasil, D. João e D. Carlota, que se encontra no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, nos mostra um velho sentado com a mão direita apoiada no chão na qual são observados nódulos de Heberden e Bouchard (fig.4) (5). Samson Flexor Típica rizartrose pode ser observada na tela de Samson Flexor em sua fase europeia (fig.5). O pintor nasceu na Romênia, em Soroca, em 1907 e faleceu em São Paulo em 1971. Estudou na Escola Superior de Belas Artes e na Academia Ranson em Paris. A partir de 1920 aproximou-se Matisse, Léger e André Lote. Veio para o Brasil em 1946, Fig. 1 Fig. 3 Fig. 2 20 BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 Fig. 6 Fig. 7 fixando-se em São Paulo. Em 1952 fundou em São Paulo o “Atelier Abstração”. Foi precursor da pintura abstrata no Brasil, marcando forte presença na vanguarda internacional. Participou da Bienal de Veneza de 1954 e de várias Bienais em São Paulo(2). Em 2003, o Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro dedicou-lhe uma retrospectiva. Na imagem de Nossa Senhora do Rosário (fig.6), que se encontra no Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro(6), observa-se uma deformidade na interfalangiana distal do segundo dedo da mão direita, talvez para expressar o constante uso do rosário. Esta obra é atribuída a Frei Ricardo do Pilar que nasceu em Colônia, na Alemanha, entre 1630 e 1640. Frei Pilar chegou ao Brasil em meados da década de 1660, fixando- -se no Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, onde permaneceu até morrer em 1702. Fez promessa de obediência, castidade e pobreza, segundo as regras de São Bento. Deve ter aprendido sua arte de pintor em algum ateliê alemão ou flamengo antes de vir para o Brasil. Sua obra é influenciada pela Escola de Colônia e por Rembrandt, seu contemporâneo. Sua obra-prima, Senhor dos Martírios – que tem parentesco estilístico com pintores portugueses dos séculos XV e XVI – é de 1690. Encontra-se no centro do altar da sacristia do Mosteiro de São Bento(6). Uma pura especulação pode ser feita com o quadro sem título de Dora Basílio (fig. 7), onde a mão, em tom vermelho sobre um desenho, mostra dedos fusiformes sugerindo um quadro reumatoide. Dora de Sá Freire Basílio nasceu no Rio de Janeiro em 1924 e vive em Londres. Fez exposições individuais na Inglaterra, em Portugal, na Itália, no Chile e Brasil. Estudou gravura e desenho no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM). Cursou a Slade School of Arts e o Royal College of Arts de Londres(2). Referências Civita V: Arte no Brasil, Abril Cultural, São Paulo, 1979, volumes 1 e 2. 2 Wikipedia, a Enciclopedia Livre. 3 Pianzola M: Brasil Barroco, Distribuidora Record, Rio de Janeiro-São Paulo, 1975. 4 Seda H: Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, in Medicina, Literatura e arte, Viana de Quairoz A, Seda H (eds.), Lidel, Lisboa, 2011. 5 O Museu Histórico Nacional, Banco Safra, São Paulo, 1989. 6 O Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, 1590/1990, Studio HMF, Rio de Janeiro, 1991. 1 Fig. 4 Fig. 5 BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 21 Além da Reumatologia Foco nos pés, nas castanholas e na emoção A reumatologista gaúcha Aline Ranzolin dedica-se há vários anos à dança flamenca, que lhe exige total concentração e age como válvula de escape do cotidiano médico O corpo em movimento e a mente totalmente centrada nos sons, no ritmo, nos gestos. É assim que a reumatologista gaúcha Aline Ranzolin faz sua “fuga” do cotidiano médico para entregar-se à dança flamenca. A dança, aliás, surgiu muito cedo em sua vida. Mais precisamente aos 6 anos, quando, em Porto Alegre, um ortopedista sugeriu à sua mãe que a menina fizesse balé clássico para corrigir um defeito nos pés. A recomendação médica acabou por trazer à vida de Aline algo que ela adorou. Tanto que ficou no balé clássico até os 16 anos, quando, em 1994, os estudos e a Em Porto Alegre, a reumatologista, com dez amigas, formou um grupo que dançava em um asilo de idosos entrada para a faculdade interromperam a prática. Mas a parada não seria para sempre. Dois anos depois, descobriu, próxima à faculdade, uma escola de dança flamenca. “Eu passei por lá e pelas janelas abertas pude ouvir os sons. Me atraí e entrei para me informar”, lembra Aline. E foi amor à primeira vista. Era a escola Tablado Andaluz, na qual Aline, além de aprender, também chegou a ensinar. Anos depois, em 2009, já morando em Recife, Aline tentou achar uma escola de dança flamenca, mas em foi em vão. Porém um ano depois, seu marido, aliás Por vezes, quando encontra tempo, Aline apresenta-se em shows Duas vezes por semana, corpo e mente são da dança flamenca 22 seu principal apoiador no hobby, veio com a notícia desejada: havia descoberto uma escola administrada por uma professora espanhola. E lá se foi Aline fazer sua matrícula para voltar a dedicar-se à sua paixão. E por indicação da professora espanhola, entrou para a escola Studio Karina Leiro, onde tem aulas até hoje. Espaços na agenda Como médica, seu cotidiano é bem puxado e é preciso achar espaços para a dança. Aline trabalha em três lugares: no IMIP (Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira), no Hospital das Clínicas de Pernambuco e no consultório. E a isso tudo juntam-se os cuidados com a filha, que hoje tem três anos e que a obriga a acordar diariamente às 6 da manhã. No entanto, o encaixe para a amada dança, Aline consegue fazer duas vezes por semana, à noite. E há também, por vezes, chance de apresentar-se no palco, em shows. Aliás, ela lembra com carinho que teve, ainda em Porto Alegre, uma plateia especial: um asilo em que idosos recebiam seu grupo composto por ela e dez amigas dançarinas (o “Por Alegrias”, nome tirado de um ritmo flamenco chamado “alegrías”) sempre com muito entusiasmo. Dança flamenca é difícil, diz Aline. “Exige muita concentração, porque envolve perceber muito bem os sons e o ritmo, acompanhado de sapateado, castanholas e palmas”, explica. É muita coisa para dar-se ao luxo de não se concentrar. E essa alta concentração é justamente o que a livra, enquanto dança, de pensar em outra coisa que não seja o flamenco: “É minha válvula de escape, com certeza”. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2013 H ou ta ca (d la ad do co az de he tra de o m é e gl re ór he ne an po po vi A c a Re Fin A C 0 w Anu 21x29 HUMIRA, 10 6 1-3 ANOS DE DADOS DE EFICÁCI EFICÁCIA1-3 12 INDICAÇÕES APROVADAS NO BRASI BRASIL 1-3 23.000 MAIS DE PACIENTES EM ESTUDOS CLÍNICOS GLOBAIS 1-3 71 ANOS DE EXPERIÊNCIA EM ENSAIOS CLÍNICOS1-3 ENSAIOS CLÍNICOS PUBLICADOS NA MAIOR BASE DE DADOS SOBRE INDICAÇÃO-CRUZADA EM SEGURANÇA DE UM ANTI-TNF 1-3 1 HUMIRA® (adalimumabe) – MS: 1.0553.0294. Indicações: Artrite reumatóide, Artrite psoriásica, Espondilite Anquilosante, Doença de Crohn, Psoríase em placas, Artrite Idiopática Juvenil Poliarticular. Contraindicações: pacientes com conhecida hipersensibilidade ao adalimumabe ou quaisquer componentes da fórmula do produto. Advertências e Precauções: Infecções: foram relatadas infecções graves devido a bactérias, micobactérias, fungos, vírus, parasitas ou outras infecções oportunistas. Pacientes que desenvolvem uma infecção fúngica grave são também advertidos a interromper o uso de bloqueadores de TNF até que a infecção seja controlada. O tratamento com HUMIRA® (adalimumabe) não deve ser iniciado ou continuado em pacientes com infecções ativas, até que as infecções estejam controladas. Recomenda-se cautela ao uso em pacientes com histórico de infecções de repetição ou com doença de base que possa predispor o paciente a infecções. Tuberculose: foram relatados casos de tuberculose incluindo reativação e nova manifestação de tuberculose pulmonar e extrapulmonar (disseminada). . Antes de iniciar o tratamento todos os pacientes devem ser avaliados quanto à presença de tuberculose ativa ou inativa (latente).Se a tuberculose ativa for diagnosticada, o tratamento com HUMIRA® (adalimumabe) não deve ser iniciado. Se for diagnosticada tuberculose latente, o tratamento apropriado deve ser iniciado com profilaxia antituberculose. Reativação da Hepatite B: o uso de inibidores de TNF foi associado à reativação do vírus da hepatite B (HBV) em pacientes portadores crônicos deste vírus podendo ser fatal. Deve-se ter cautela ao administrar inibidores de TNF em pacientes portadores do vírus da hepatite B. Eventos neurológicos: com exacerbação de sintomas e/ou evidência radiológica de doença desmielinizante, Deve-se ter cautela ao considerar o uso de HUMIRA® (adalimumabe) em pacientes com doenças desmielinizantes do sistema nervoso periférico ou central. Malignidades: foi observado maior número de casos de linfoma entre os pacientes que receberam antagonistas de TNF. Malignidades, algumas fatais, foram relatadas entre crianças e adolescentes que foram tratados com agentes bloqueadores de TNF. A maioria dos pacientes estava tomando concomitantemente imunossupressores. Casos muito raros de linfoma hepatoesplênico de células T, foram identificados em pacientes recebendo adalimumabe. O risco potencial com a combinação de azatioprina ou 6-mercaptopurina e HUMIRA® (adalimumabe) deve ser cuidadosamente considerado. Alergia: durante estudos clínicos, reações alérgicas graves foram relatadas incluindo reação anafilática. Se uma reação anafilática ou outra reação alérgica grave ocorrer, a administração de HUMIRA® (adalimumabe) deve ser interrompida imediatamente e deve-se iniciar o tratamento apropriado. Eventos hematológicos: raros relatos de pancitopenia, incluindo anemia aplástica. A descontinuação da terapia deve ser considerada em pacientes com anormalidades hematológicas significativas confirmadas. Insuficiência cardíaca congestiva: Casos de piora da ICC também foram relatados Processos autoimunes: pode ocorrer a formação de anticorpos autoimunes. Se um paciente desenvolver sintomas que sugiram síndrome Lúpus símile, o tratamento deve ser descontinuado. Uso em idosos: a frequência de infecções graves entre pacientes com mais de 65 anos de idade tratados com HUMIRA® (adalimumabe) foi maior do que para os sujeitos com menos de 65 anos de idade. Deve-se ter cautela quando do tratamento de pacientes idosos. Uso na gravidez: este medicamento só deve ser usado durante a gravidez quando, na opinião do médico, os benefícios potenciais claramente justificarem os possíveis riscos ao feto. Mulheres em idade reprodutiva devem ser advertidas a não engravidar durante o tratamento com HUMIRA® (adalimumabe). A administração de vacinas vivas em recém-nascidos expostos ao adalimumabe no útero não é recomendada por 05 meses após a última injeção de adalimumabe da mãe durante a gravidez. Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista. Uso na lactação: recomenda-se decidir entre descontinuar o tratamento com HUMIRA® (adalimumabe) ou interromper o aleitamento, levando em conta a importância do medicamento para a mãe. O aleitamento não é recomendado por pelo menos 05 meses após a última administração de HUMIRA® (adalimumabe). Interações Medicamentosas: Metotrexato: não há necessidade de ajuste de doses de nenhum dos dois medicamentos. Outras: o uso concomitante de HUMIRA® (adalimumabe) e outros DMARDs (por exemplo, anacinra e abatacepte) não é recomendado. Vacinas vivas não devem ser administradas concomitantemente a HUMIRA® (adalimumabe). Não foram observadas interações com DMARDs (sulfassalazina, hidroxicloroquina, leflunomida e ouro parenteral), glicocorticóides, salicilatos, antiinflamatórios não esteroidais ou analgésicos. Reações Adversas: infecções no trato respiratório, leucopenia, anemia, aumento de lipídeos, dor de cabeça, dor abdominal, náusea, vômito, elevação de enzimas hepáticas, rash, dor músculo-esquelética, reação no local da injeção, infecções, neoplasia benigna , câncer de pele não melanoma, trombocitopenia, leucocitose, hipersensibilidade e alergia, urticária, insuficiência renal, alterações da coagulação e distúrbios hemorrágicos, teste para autoanticorpos positivo, linfoma, neoplasia de órgãos sólidos, melanoma, púrpura trombocitopênica idiopática, arritmia, insuficiência cardíaca congestiva, oclusão arterial vascular, tromboflebite, aneurisma aórtico, doença pulmonar obstrutiva crônica, pneumopatia intersticial, pneumonite, pancreatite, aumento da bilirrubina, esteatose hepática, rabdomiólise, lúpus eritematoso sistêmico, pancitopenia, esclerose múltipla, parada cardíaca, cicatrização prejudicada. Reações adversas de pós comercialização: diverticulite, linfoma hepatoesplênico de células T, leucemia, carcinoma de células de Merkel (carcinoma neuroendócrino cutâneo), anafilaxia, sarcoidose, doenças desmielinizantes, acidente vascular cerebral, embolismo pulmonar, derrame pleural, fibrose pulmonar, perfuração intestinal, reativação da hepatite B, insuficiência hepática, vasculite cutânea, síndrome de Stevens-Johnson, angioedema, novo aparecimento ou piora da psoríase; eritema multiforme, alopecia, síndrome lúpus símile, infarto do miocárdio, febre. Posologia: Artrite Reumatóide, Artrite Psoriásica, Espondilite Anquilosante: a dose para pacientes adultos é de 40 mg, administrados em dose única por via subcutânea, a cada 14 dias. Doença de Crohn: início do tratamento – Semana 0: 160 mg por via subcutânea ; Semana 2: 80 mg; Manutenção do tratamento: a partir da Semana 4, 40 mg a cada 14 dias. Psoríase: para pacientes adultos é de uma dose inicial de 80 mg por via subcutânea, seguida de doses de 40 mg administradas em semanas alternadas, começando na semana seguinte à dose inicial. Artrite idiopática juvenil poliarticular: para pacientes com idade superior a 13 anos é de 40 mg solução injetável, administrados em dose única por via subcutânea, a cada 14 dias. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Registrado por: Abbott Laboratórios do Brasil Ltda.- Rua Michigan, 735 – São Paulo – SP - CNPJ: 56.998.701/0001-16. ABBOTT CENTER: 0800 703 1050. Assim como observado com outros antagonistas de TNF, foram relatados casos de tuberculose associados ao Humira® (adalimumabe). A administração concomitante de antagonistas de TNF e abatacept tem sido associada a aumento do risco de infecções, incluindo infecções sérias, quando comparada a antagonistas de TNF isolado. Referências: 1. Burmester GR et al. Ann Rheum Dis 2012. doi:10.1136/annrheumdis-2011-201244. 2. Bula do produto HUMIRA® (adalimumabe). 3. Keystone E, Van der Heijde D, Kavanaugh A, et al. Effective Disease Control Following Up to 10 Years of Treatment with Adalimumab in Patients with Long-Standing Rheumatoid Arthritis and an Inadequate Response to Methotrexate: Final 10 -Year Results of the DE019 Trial. Ann Rhe um Dis 2012;71(Suppl3):513. Abbott Center Central de Relacionamento com o Cliente 0800 703 1050 www.abbottbrasil.com.br Anu 21x297 - 10 anos 4947.indd 2 Material destinado a profissionais da saúde prescritores. Reprodução proibida. Produzido em Setembro/13. 17/09/2013 16:12:03 www.reumatologia.com.br