Baixada - Unaerp

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SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA
UNAERP CAMPUS GUARUJÁ
Levantamento de dados sobre o número de apreensões do
ecstasy na baixada santista e vale do ribeira
Márcia de Mesquita Cavalcante Cecchi
Graduando do Curso de Biomedicina
Unimonte – Centro Universitário Monte Serrat – campus Vila Mathias
[email protected]
Rebeca Luciana Prado
Graduando do Curso de Biomedicina
Unimonte – Centro Universitário Monte Serrat – campus Vila Mathias
[email protected]
Larissa Santicioli Fernandes
Graduando do Curso de Biomedicina
Unimonte – Centro Universitário Monte Serrat – campus Vila Mathias
[email protected]
Jéssica Rodrigues Lima de Jesus
Graduando do Curso de Biomedicina
Unimonte – Centro Universitário Monte Serrat – campus Vila Mathias
[email protected]
Dário Bonifácio
Farmacêutico Ms. Em Saúde Publica do Instituto de Criminalista de Santos (IC )
[email protected]
Sergio de Souza Jozely
Fisioterapeuta Ms. Educação
Unimonte – Centro Universitário Monte Serrat
[email protected]
Flávio Garcia Sartori
Professor Ms. Ciências. Biomédico
Unimonte – Centro Universitário Monte Serrat
[email protected]
Inscrição: 1233
Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee
Resumo:
Popularmente conhecido como 'ecstasy', o 3,4-metilenodioximetanfetamina
(MDMA), chegou ao Brasil nos anos 90. Foi sintetizado e patenteado na
Alemanha em 1914, pelo laboratório Merck, tendo como objetivo ser um
moderador de apetite. É umas drogas derivadas da anfetamina,
psicotrópica, sintética e ilícita. O perfil do usuário é composto em sua
maioria, por jovens de classes sócio-econômica mais elevadas.
1
No período entre fevereiro a junho de 2009, foi conduzido um estudo junto
ao Instituto Criminalística de Santos (IC), apontando o número de
apreensões de 'ecstasy' na região da Baixada Santista e Vale do Ribeira,
entre os anos de 2004 a maio de 2009. No total foram 88 apreensões
realizadas, sendo que em 2006 houve o maior número de apreensões (30
apreensões) e 2005 a maior de quantidade de comprimidos apreendidos
(19,565 comprimidos).
A cidade de Santos obteve um índice elevado de apreensões por ecstasy,
seguido por Guarujá, justificando o perfil do usuário, sendo o município de
Santos, o abrigo de muitos jovens, faculdades, bares e casas noturnas, já a
cidade de Guarujá mantém um índice elevado de turistas, onde nestes
períodos foram observadas maiores apreensões. O sexo masculino
predomina nas apreensões realizadas.
Palavras – chave: 3,4-metilenodioximetanfetamina, Ecstasy, Anfetamina.
Seção 4. Curso de Biomedicina............................***
Apresentação: pôster ***
1. Introdução
O 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA), conhecido popularmente
como Ecstasy, é um derivado da anfetamina que foi sintetizado e
patenteado na Alemanha em 1914, pelo laboratório Merck, tendo como
objetivo ser um moderador de apetite. É uma droga ilegal, psicotrópica e
sintética com potencial de gerar dependência, produzida por laboratórios
clandestinos, sendo seu uso relativamente recente e esporádico no Brasil
(1994)¹. Muitos dos comprimidos de ecstasy contêm uma enorme
variedade de componentes, incluindo 3,4-metilenodioxietilanfetamina
(MDEA), 3,4-metilenodioxianfetamina (MDA), mas o principal constituinte
é o 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA). O período compreendido
entre os anos de 1977 e 1984 ficou conhecido como a época áurea do
êxtase, mas em 1985, o MDMA tornou-se restrito nos Estados Unidos,
fazendo parte das substâncias com elevado potencial de abuso, sem
benefício terapêutico e de uso inseguro, mesmo com supervisão médica ².
Embora os efeitos do ecstasy percebidos pelos usuários sejam
predominantemente positivos, como por exemplo, o bom humor, bem
estar, aumento de energia, há inúmeros relatos de reações adversas e
mortes relacionadas à sua ingestão².
Por ter seu custo elevado (de 25 á 45 reais), o consumo desta droga é
mais exacerbado entre jovens de classe alta ou média A MDMA possui
propriedades estimulantes e alucinogênicas, embora muito menos intensa
quando comparada à maioria das drogas alucinógenas. A comercialização
do ecstasy é feita na forma de comprimidos ou cápsulas. Sua via de
administração mais comum é a oral, o que pode ser um fator importante
para sua popularização ².
2
1.1 Histórico e definição
A MDMA foi testada inicialmente como moderador de apetite pelo
laboratório Merck, na Alemanha em 1914, mas devido a seus efeitos
colaterais, foi pouco utilizada e nunca comercializada, ficando esquecida e
sem uso por décadas. Em 1965, o bioquímico norte-americano Alexander
Shulgin relatou ter produzido e consumido MDMA em seu laboratório,
tendo descrito o efeito como prazeroso, mas só voltou a se interessar pela
droga no começo dos anos 70, quando tomou conhecimento de relatos de
outros pesquisadores com o uso terapêutico da MDMA. A comunidade
científica só veio a ser formalmente informada sobre a MDMA em 1978,
através de uma publicação de Alexander Shulgin e Dave Nichols, a qual
sugere que a droga poderia ser utilizada como auxiliar psicoterapêutico ¹.
Em meados dos anos 70, a MDMA começou a ser utilizada em
contexto terapêutico. Apresentava vantagens sobre seu antecessor, o LSD,
pois não provocava mudanças perceptivas nem emocionais tão intensas,
seus efeitos tinham duração mais curta e não haviam sido relatados
flashbacks, 'más viagens' nem reações psicóticas em doses terapêuticas e
em contextos controlados. Era utilizada como favorecedora da aliança
terapêutica com o profissional na medida em que aumentava a empatia, a
confiança no terapeuta e a autoconfiança, convidando à auto-análise ¹.
Em 1984, a MDMA não só era utilizada como auxiliar terapêutico,
mas também estava sendo amplamente utilizada pelos jovens norteamericanos como droga recreativa. Na Europa, a MDMA sempre foi ilegal.
Seu consumo foi introduzido com fins espirituais por discípulos de
Bhagwan Rajneesh, em meados da década de 80. Contudo, foi a partir de
um evento musical acontecido em Ibiza, Espanha, entre 1987 e 1988, no
qual muitos participantes experimentaram a MDMA, que surgiram as
festas conhecidas como raves. Com elas, o uso do ecstasy se popularizou
na Europa. Onde começaram a organizar festas em armazéns portuários
londrinos, onde centenas de pessoas pagavam um ingresso e dançavam a
noite inteira com música eletrônica ininterrupta, usando ecstasy ou, na
sua falta, LSD, passando cada vez mais a ganhar novos adeptos,
espalhando-se pelo mundo. Embora a ilegalidade tenha encerrado o uso
terapêutico da MDMA, ainda se afirma que seriam necessárias mais
pesquisas para descartar seu uso na medicina psiquiátrica ¹.
No Brasil, as primeiras remessas significativas de ecstasy chegaram a
São Paulo em 1994, vindas principalmente de Amsterdã, Holanda. Naquele
momento ainda não havia tráfico de ecstasy; algumas pessoas traziam os
comprimidos e os revendiam seletivamente a amigos em clubes noturnos.
Se na Europa o consumo de ecstasy começou nas raves e depois foi para
os clubes, em São Paulo seu percurso foi inverso. As raves, organizadas
por Djs brasileiros vindos de Londres, apareceram em 1995 depois da
introdução da droga em clubes noturnos. Nessa época, as festas eram
realizadas cada 2 ou 3 meses com um público menor e menos heterogêneo
do que hoje. Atualmente, em São Paulo, há festas-rave todos os finais de
3
semana em lugares amplos e ao ar livre, tais como praias, sítios ou
parques aquáticos. Reúnem de 3 a 5 mil pessoas e duram de 14 a 18
horas ¹.
O ecstasy é consumido por via oral em comprimidos redondos, de
várias cores e tamanhos, e em cápsulas gelatinosas, contendo 50-150 mg
de substância ativa ou em pó, misturando com bebidas, principalmente
alcoólica. As preparações de rua são consideradas 90% puras. Algumas
delas contém também a MDMA, cafeína, LSD, anfetamina, metanfetamina,
mistura de anfetaminas, paracetamol, ou ketamina (que tem efeitos
alucinógenos), precursores químicos naturais contidos em óleos de
plantas, como noz moscada, endro, cálamo, açafrão, canela, semente de
salsa ¹ e, ocasionalmente, outras substâncias não identificadas. Portanto,
como não existe controle de qualidade no mercado de drogas ilícitas os
consumidores precisam ser informados deste risco adicional ³.
1.3 Efeitos psicossomáticos e complicações no uso de ecstasy
Os efeitos estimulantes da MDMA são observados 20 a 60 minutos
após a ingestão de doses moderadas da droga (75-100mg), com duração de
2 a 8 horas. Os riscos das reações adversas pelo ecstasy são largamente
conhecidos. Os efeitos agudos são descritos na maioria das vezes como
prazerosos, embora também sejam apontados efeitos desagradáveis, quase
sempre físicos. Já os efeitos 24 horas após a ingestão são descritos como
mais negativos, tanto física quanto psicologicamente ¹,³.
Mesmo a MDMA tenha reputação de droga não apresenta perigo
físico, há inúmeros relatos de reações adversas e mortes relacionadas à
sua ingestão e, para alguns autores, ainda não há provas de que a MDMA
deixe sequelas severas em seres humanos. Há dois problemas principais
relativos à segurança ou perigo da MDMA. Um deles é a incerteza da
composição dos comprimidos. O outro é a mistura que freqüentemente os
usuários fazem com outras drogas, como outros estimulantes, opiáceos e
álcool. Essas duas questões estão diretamente relacionadas ao aumento do
potencial de perigo, toxicidade e risco de efeitos adversos agudos
relacionados a MDMA. Também é importante salientar que a toxicidade de
qualquer droga é dependente da dose, da freqüência de uso, da
vulnerabilidade individual e das condições externas ambientais,
ressaltando que, que os padrões de uso de ecstasy mudaram muito desde
o início de sua utilização com fins terapêuticos ²,³.
A morte pela overdose do MDMA normalmente é provocada por
arritmias ou hipertensão e pode estar associada com broncoespasmos
agudos, reações alérgicas, hipertermia maligna, convulsões, coagulação
intravascular disseminada, rabdomiólise e insuficiência renal aguda ou
hepatotoxicidade. O intervalo entre o uso da droga e a ocorrência de morte
pode variar de 2 a 60 horas ².
4
Com risco de hipertermia, muitos usuários de MDMA ingerem grande
quantidade de líquidos para prevenir os efeitos da desidratação. Mas, a
ingestão de grande quantidade de líquidos associada aos níveis elevados
do hormônio antidiurético (ADH), comum aos usuários do MDMA,
contribui para o aparecimento de outra complicação orgânica, uma
alteração eletrolítica conhecida como hiponatremia, por isso recomenda-se
líquidos com açúcar ou sais minerais que repõem as perdas eletrolíticas ¹ .
Os pacientes com hiponatremia geralmente apresentam confusão,
convulsão, delírios, que podem rapidamente progredir para coma e morte.
Uma intervenção adequada para a diluição hiponatrêmica é a restrição de
líquidos, que normalmente é adequada para a hiponatremia associada ao
MDMA. Em alguns casos, quando a hiponatremia vier acompanhada de
outras complicações, como instabilidade cardiovascular, é mais apropriado
o uso de solução salina isotônica ².
As insuficiências hepáticas e renais são descritas como parte da
falência múltipla de órgãos atribuída a hiperpirexia. A análise histológica
do fígado geralmente se caracteriza por necrose centrolobular e esteatose
microvascular. Os pacientes comumente apresentam icterícia, dor
abdominal, elevação das transaminases séricas, hipoglicemia e elevação do
tempo de protrombina. Nos rins, observa-se acúmulo de proteínas nos
capilares glomerulares e interstício renal, provocando glomerulonefrite e
necrose tubular ².
FORMAS DE USO
DOSES AGUDAS
Imediatos (4á 8 horas)
Loquacidade, Abertura
mental, Proximidade de
outras pessoas, Felicidade,
Bom humor, Sensualidade,
Euforia, Aumento da
autoconfiança, Aumento de
energia, Despreocupação,
Excitabilidade sexual, Leve
sensação de desrealização.
Doses
baixas
agudas
(podem durar de 24 horas a
semanas)
Reações de overdose (podem
ser por ingestão de apenas
um comprimido até 42
comprimidos)
Taquicardia, Hipertensão,
Diminuição do apetite,
tremor, Trismo, Bruxismo,
Násea, Insônia, Cefaléia ou
sudorese.
DOSES REPETIDAS
ELEVADAS
OU
Vômitos, Ataxia, Nistagmo,
Luminescência de objetos,
Alucinação visual, Aumento
da sensibilidade ao frio,
Dormência e formigamentos
nas extremidades, Hepatite
tóxica.
Arritmia cardíaca,
Taquicardia, Palpitação,
Hipertensão, Hipertemia,
Coagulação intravascular
disseminada, Insuficiência
renal aguda, Alucinação
visual, Hepatoxidade ou até
morte.
5
Efeitos residuais (dia
seguinte até duas semanas)
Insônia, Fadiga, Tontura,
Sensação de frio, Ataques
Dores musculares, Sede,
de ansiedade e pânico,
Exaustão, Depressão,
insônia persistente, Reações
Náusea, Flashback ou
de ira, raiva, psicoses,
Topor.
perda de peso.
Tabela 1- Formas de uso, doses agudas, doses repetidas ou elevadas.
1.4 Mecanismo de ação no sistema nervoso central e toxidade
Há relatos que não existe um único mecanismo de ação da MDMA e
vários esclarecimentos ainda precisam ser feitos ³. Além da dificuldade
inerente de se esclarecer os processos neuroquímicos em humanos, em
modelos experimentais, a substância induz variações dependentes da
espécie animal utilizada, desencadeando uma resposta bifásica que pode
ser dividida em efeitos de curto prazo (primeiras 24 horas) e de longo prazo
(que permanecem após 24 horas, podendo durar até mais de 12 meses) ¹ ,³.
Os efeitos psicológicos e comportamentais de curto prazo parecem estar
mais diretamente ligados à estimulação serotonérgica, enquanto os efeitos
de longo prazo estão mais relacionados ao desenvolvimento de
neurotoxicidade serotonérgica ¹.
1.4.1 Efeitos de Curto Prazo
É a ação sobre a Serotonina, representada pela 5-hidroxitriptamina
(5-HT) e seu metabólito 5-hidroxiindolacético (5-HIAA). A MDMA promove a
liberação de 5-HT, sendo um antagonista serotonérgico indireto,
atravessando rapidamente a membrana pré-sináptica; ainda não se sabe
se isso se dá passivamente ou através de um transportador. Após
atravessar a membrana, a MDMA causa refluxo de 5-HT da vesícula para o
citoplasma do neurônio. A 5 HT é rapidamente liberada do citoplasma da
célula nervosa ao espaço extracelular através de transportadores
serotonérgicos. A liberação de 5-HT induzida pela MDMA pode ser
bloqueada por fármacos inibidores da recaptação de serotonina, por
exemplo, a fluoxetina e o citalopram 1, 2. O efeito inicial do MDMA sobre a
concentração extracelular de 5-HT é reversível, retornando aos valores
normais 3 a 4 horas após a administração da droga ².
Sugere-se duas hipóteses para esta observação: a primeira é que a
MDMA é transportada passivamente para dentro da célula nervosa,
desencadeando a liberação de 5-HT vesicular para o citoplasma; nesse
caso, a fluoxetina bloquearia os transportadores, impedindo a liberação de
5-HT citoplasmática na fenda. Uma segunda hipótese seria que a
passagem da MDMA através da membrana necessita de um transportador
e nesse caso a fluoxetina, bloqueando o transportador, impediria que a
MDMA atravessasse a membrana e promovesse a liberação de 5-HT da
vesícula para o citoplasma ¹.
6
Estudos in vitro demonstraram que a ação do MDMA sobre os
neurônios dopaminérgicos consiste no bloqueio da recaptação da
Dopamina (DA), ao passo que os estudos in vivo mostram poucas
evidências, sugerindo que o MDMA cause liberação de DA na maioria das
regiões cerebrais, relataram que o MDMA estimula a liberação de DA em
sinapses dopaminérgicas e que a ativação dos receptores 5-HT2A, por meio
da liberação de 5-HT, parece facilitar a liberação de DA induzida pela
anfetamina, sugerindo também que a administração de antagonistas de 5HT2A atenue os efeitos de análogos anfetamínicos (MDMA) sobre a
liberação de DA ².
1.4.2 Efeitos de Longo Prazo
Envolve os níveis cerebrais de 5-HT e de seu metabólito 5-HIAA. Há
relatos descrevendo que a MDMA é responsável por reduções duradouras
nos níveis cerebrais de 5-HT e 5-HIAA, em alguns casos persistindo por
mais de 12 meses, ocorrendo também a diminuição da atividade da enzima
triptofano-hodroxilase (TPH), responsável pela síntese de 5-HT, em
conseqüência da administração de MDMA que é duradoura, indicando a
potencialidade neurotóxica da MDMA. A atividade cortical da TPH
permanece significativamente reduzida 1 semana após sua administração,
o que indica a irreversibilidade da desativação da TPH pela MDMA, de
forma que seu restabelecimento depende da síntese de nova enzima ¹.
Estudos in vitro e in vivo constataram que a administração crônica de
MDMA causa diminuição na densidade de receptores 5-HT em ratos. Em
seres humanos também foi observada diminuição na densidade de
receptores 5-HT em usuários crônicos de MDMA, mas á dúvidas quanto as
críticas empregadas a essa pesquisa humana no que diz respeito ao
método, tanto em relação à amostra quanto à técnica empregada ¹.
O aspecto mais importante do uso do ecstasy a longo prazo é o risco
de efeitos neuropsiquiátricos irreversíveis. O MDMA é tóxico para
neurônios serotonérgicos em diferentes espécies animais, sendo o
metabólito MDA mais neurotóxico que o MDMA. Apesar das evidências de
neurotoxicidade do MDMA em espécies animais, existem controvérsias
quanto a possíveis danos ao cérebro humano causados pelo uso recreativo
do ecstasy. De fato, alguns autores apresentaram evidências de que o
ecstasy possa ser neurotóxico para humanos ².
1.5 Desintoxicação aguda por ecstasy
O tratamento para intoxicação por ecstasy deve ser rápido e eficaz,
pois as complicações aumentam em número e gravidade, caso isso não
ocorra 4. As agências sobre drogas psicotrópicas e o ponto de vista médico
são conhecedores do risco da hipertermia e aconselham aos usuários
7
retirarem a roupa e tomarem líquidos para facilitar a termorregulação,
além de pararem de dançar quando se sentirem cansados. Em alguns
locais existem salas "frias", com ar condicionado para ajudar a refrescar. A
hipertensão pode ser tratada com vasodilatador periférico como as
fentolaminas ou nitroprussiato; as arritmias com propranolol ou esmolol;
vasoespasmo arterial com derivados do ergot. Não se deve induzir êmese,
devido o risco de desencadear convulsões, mas pode-se realizar lavagem
gástrica, além de administrar carvão ativado e um catártico. O uso
freqüente da goma de mascar supera os efeitos sobre os músculos da
mandíbula ³.
Para diminuir a temperatura corporal usa-se gelo ou antagonistas
serotonérgicos (ketanserina, metisergida) ou haloperidol. Mas, o uso de
neurolépticos requer cuidados, pois a diminuição da função dopaminérgica
podendo causar hipertermia ³.
2. Objetivo
Conduzir um estudo sobre o número de apreensões do ecstasy na
Baixada Santista e Vale do Ribeira, seus aspectos fisiológicos, incluindo os
mecanismos de ação e efeitos colaterais, que possam justificar os agravos
neurotóxicos.
3. Materiais a métodos
Entre fevereiro a junho de 2009, foram realizados levantamentos de
dados sobre o número de apreensões de ecstasy junto ao Instituto de
Criminalista de Santos (IC), foi realizada coleta de dados entre as cidades
da Baixada Santista e Vale do Ribeira entre o período de Janeiro de 2004 a
maio de 2009.
4. Resultados
Segundo dados do Instituto Criminalística de Santos (IC), desde o ano
de 2004 até maio de 2009, foram somadas 88 apreensões de ecstasy, um
resultado inferior quando comparado à maconha, com 14.960 apreensões,
seguido da cocaína com 6.745 apreensões realizadas. Dados estes
representados na figura 1. Os registros de apreensões por ecstasy
ocorreram nos anos de 2004 (2 apreensões), 2005 (13 apreensões), 2006
(30 apreensões), 2007 (25 apreensões), 2008 (14 apreensões) e 2009 (até
dia 22/05, ocorreram 4 apreensões).
8
APREENSÕES POR ÊXTASE COMPARADO A
MACONHA E COCAÍNA, REALIZADAS ENTRE 2004 Á
22/05/2009
20000
15000
10000
5000
0
ÊXTASE (88)
COCAÍNA (6.745)
MACONHA (14.960)
Figura 1 - Apreensões por ecstasy comparado à maconha e cocaína.
A quantidade de comprimidos de ecstasy apreendidos, foram
registradas em 2004 (apenas 3 gramas/ fragmentos), 2005 (19.565
comprimidos), 2006 (446 comprimidos e 135,3 gramas/ fragmentos),
2007 (262 comprimidos), 2008 (112 comprimidos e 21,3 gramas/
fragmentos) e 2009 (1 comprimido e 10,3 gramas/ fragmentos, até 22/05).
Dados estes representados na figura 2.
APREENSÕES REALIZADAS NA BAIXADA
SANTISTA E VALE DO RIBEIRA
35
30
25
20
15
10
5
0
2004
2005
2006
2007
2008
2009(até
22/05)
Figura 2 – Número de apreensões realizadas na Baixada Santista e Vale do
Ribeira entre 2004 a 2009.
A cidade de Santos possui o maior número de apreensões de ecstasy
com total de 52, Guarujá somam 12 apreensões, Praia Grande foram
registradas 06 apreensões, São Vicente também mantém 06 apreensões,
Cubatão registrou 04 apreensões. Por ser um local onde há um grande
fluxo de entrada e saída de embarcações, o Porto de Santos, também
possui registro de apreensões por ecstasy somando 03. Dentre as cidades
do Vale do Ribeira foram registrados 05 casos, entre elas, a cidade de
9
Itanhaém (03 apreensões), Peruíbe (1 apreensão) e Registro (1 apreensão).
Dados estes representados na figura 3.
APREENSÕES POR ÊXTASE REALIZADAS NAS CIDADES DA
BAIXADA SANTISTA E VALE DO RIBEIRA, ENTRE 2004 ATÉ
22/05/2009
60
50
40
30
20
10
TR
O
IS
R
EG
M
R
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TO
S
JÁ
0
Figura 3- Números de apreensões por ecstasy por localidades.
O sexo Masculino é predominante nas apreensões realizadas,
somando 82 homens, 07 mulheres e 18 pessoas não reconhecidas. Dados
estes representados na figura 4.
ÍNDICES POR SEXO DAS APREENSÕES
REALIZADAS POR ÊXTASE
100
80
60
40
20
0
MASCULINO
FEMININO
NÃO RECONHECIDAS
Figura 4- Números de apreensões por sexo.
10
5. Discussão
De acordo com Moro, em 2003, foi estimado que 2,1 milhões (0,9%) de
norte-americanos com idade superior a 12 anos, haviam consumido
ecstasy pelo menos uma vez durante o ano anterior à pesquisa 4. No
Brasil, segundo levantamento nacional sobre o uso de agentes psicoativos,
aproximadamente 0,6% dos entrevistados, com idade superior a 12 anos,
relataram ter consumido ecstasy 4.
Segundo Velho, Um estudo epidemiológico recente em São Paulo
mostrou que a idade em que ocorre o primeiro uso de ecstasy é em média
de 20 anos, variando entre 13 e 41 anos, sendo que no total de 6417
estudantes de escolas de ensino médio do interior de São Paulo, 48% dos
entrevistados já usaram álcool, 22,5% cigarro, 14% maconha, 5%
solventes inalantes, 3% cocaína e 0,9% já fizeram o uso de ecstasy. O
padrão de consumo de ecstasy no Brasil é prevalente composto por
jovens, poliusúarios de drogas, homens, solteiros, de nível superior
completo ou incompleto e pertencentes às classes sócio-econômicas mais
elevadas 5.
No presente estudo podemos notar através de dados coletados do
Instituto de Criminalística de Santos (IC), a cidade de Santos obtém o
maior registro de apreensões realizadas, seguido por Guarujá, onde a
predominância de apreensões nestas cidades é do sexo masculino.
Observamos que a cidade de Santos possui o maior número de casas
noturnas e faculdades entre as cidades da Baixada Santista e Vale do
Ribeira, abrigando em sua maioria jovens de classe média ou alta. Guarujá
mantém em períodos de férias ou feriados prolongados, números elevados
de turistas, onde concluímos que neste período houve índices maiores de
apreensões.
6. Conclusão
O consumo abusivo de substâncias ilícitas, como o ecstasy constitui
um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. Deve-se ressaltar
que o ecstasy é uma droga moderna, em comparação com outras drogas
ilegais.
É de extrema necessidade a implantação de um tratamento de
urgência, com sérias medidas de suporte e tratamento específico para cada
uma das complicações, sendo fundamental o conhecimento dos
profissionais da saúde sobre os efeitos neurotóxicos. Ainda não há
antídotos específicos para a toxidade do ecstasy, supondo que seu
tratamento seja semelhante ao das intoxicações por outros tipos de
anfetamínicos.
11
6. Referências bibliográficas
1. Almeida S, Silva M T. Histórico, efeitos e mecanismo de ação (3,4
metilenodioximetanfetamina):
revisão
da
leitura.
Revista
Panamericana de Salud Pública 2000.
2. Xavier CAC, Lobo PLD, Fonteles MMF, Vasconcelos SMM, Viana
GSB, Sousa FCF. Êxtase (MDMA): efeitos farmacológicos e tóxicos,
mecanismo de ação e abordagem clínica. Revista de Psiquiatria
Clínica 2007.
3. Ferigoolo M, Medeiros FB, Barros HMT.
farmacológica. Revista de Saúde Pública 1998.
Êxtase:
revisão
4. Moro ET, Ferraz AAF, Pinheiro NS. Anestesia e o usuário de Êxtase.
Revista Brasileira de Anestesiologia 2006.
5. Velho JD, Moretti M, Gavioli EC. O abuso de êxtase no Brasil: Uma
droga de final de semana ou algo mais? Arquivos Catarinenses de
Medicina vol. 37, nº 2, 2008.
12
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