0 Universidade Católica de Pelotas CRISTINE ELIANE GOMES RODRIGUES SINDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS: Fatores psicológicos e qualidade de vida Pelotas 2013 1 CRISTINE ELIANE GOMES RODRIGUES SINDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS: Fatores psicológicos e qualidade de vida Tese apresentada ao Programa de PósGraduação em Saúde e Comportamento da Universidade Católica de Pelotas, como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Saúde e Comportamento. Orientador: Dr. Luciano Dias de Mattos Souza. Pelotas 2013 2 SINDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS: Fatores psicológicos e qualidade de vida BANCA EXAMINADORA Presidente e Orientador Prof. Dr. Luciano Dias de Mattos Souza 1º Examinador Profa. Dra. Liliane da Costa Ores 2º Examinador Profa. Dra. Ana Laura Sica Cruzeiro 3º Examinador Profa. Dra. Luciana de Avila Quevedo Pelotas, 03 de Julho de 2013 3 4 APRESENTAÇÃO A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um distúrbio endócrino-ginecológico que afeta entre 5 a 10% das mulheres em idade reprodutiva. Sua etiologia é motivo de discussão. Com frequência no consultório médico, existem as queixas femininas de irregularidade menstrual, modificação endócrina, reprodutiva e psicológica das mulheres que tem sua imagem alterada pelas manifestações físicas que a SOP causa. A qualidade de vida (QV) tem uma definição multidimensional que engloba aspectos físicos, emocionais e sociais do ser humano. Estudos relatam que a redução na qualidade de vida devido aos ovários policísticos se reflete na insatisfação sexual e pessoal, agressividade, dor e até mesmo mudança na personalidade. Com base na revisão bibliográfica, foi proposto um estudo para avaliar a qualidade de vida e a presença de sintomas depressivos, satisfação conjugal e polimorfismo do gen 5 HTTLPR em mulheres com ovários policísticos quando comparadas a controles saudáveis. Durante o estudo, foram feitas coletas da saliva das pacientes para a análise do gen 5 HTTLPR, porém o material não pode ser extraído de maneira adequada para sua posterior análise, e com isso essa etapa do estudo foi abandonada. O estudo teve seguimento com base no questionário que incluía questões que abordavam dados sócio demográficos, satisfação sexual, qualidade de vida, transtornos mentais comuns e depressão. Após a análise dos dados foram propostas duas discussões: uma sobre a qualidade de vida dessas pacientes e a outra sobre a prevalência dos transtornos mentais comuns. O primeiro artigo fala sobre a avaliação da prevalência de transtornos mentais comuns em mulheres diagnosticadas com Síndrome de Ovários Policísticos (SOP) e compara com controles pareadas sem SOP. Nos mostra que as mulheres com SOP apresentam proporção quase três vezes maior de transtornos mentais comuns quando comparadas com mulheres sem SOP. Mesmo as mulheres com SOP e índice de massa corporal (IMC) saudável apresentaram maior risco de comorbidade psiquiátrica. O segundo artigo fala sobre a qualidade de vida (QV) na Síndrome dos Ovários Policísticos. Nele constatamos que transtorno mental comum (TMC) e excesso de 5 peso/obesidade são mais prevalentes entre mulheres com SOP do que mulheres saudáveis. Contudo, concluiu-se que, principalmente, nos domínios físicos a SOP parece ter impacto sobre a percepção de QV após ajuste para TMC e excesso de peso/obesidade. Por fim, damos ênfase a necessidade de orientação da paciente pelo ginecologista, a indagação da saúde mental e continuidade do tratamento com psicólogo e endocrinologista, a conscientização da paciente sobre hábitos de vida saudáveis e a proposta de futuros estudos que possam relatar as avaliações hormonais e genéticas nessas pacientes. 6 SUMÁRIO PARTE I – PROJETO DE PESQUISA _______________________________________________________________ 7 I IDENTIFICAÇÃO ________________________________________________________________________ 7 II INTRODUÇÃO __________________________________________________________________________ 8 III OBJETIVOS ____________________________________________________________________________ 10 IV HIPÓTESES ____________________________________________________________________________ 11 V FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ___________________________________________________________ 12 VI MÉTODO ______________________________________________________________________________ 14 VII REFERÊNCIAS _________________________________________________________________________ 20 ANEXO A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido _____________________________________________ 23 ANEXO B – Questionário _______________________________________________________________________ 25 PARTE II – 1º ARTIGO __________________________________________________________________________ 38 RESUMO ____________________________________________________________________________________ 40 ABSTRACT __________________________________________________________________________________ 41 INTRODUÇÃO _______________________________________________________________________________ 42 MÉTODO ____________________________________________________________________________________ 44 RESULTADOS _______________________________________________________________________________ 47 DISCUSSÃO _________________________________________________________________________________ 48 REFERÊNCIAS _______________________________________________________________________________ 50 PARTE III – 2º ARTIGO __________________________________________________________________________ 55 RESUMO ____________________________________________________________________________________ 57 ABSTRACT __________________________________________________________________________________ 58 INTRODUÇÃO _______________________________________________________________________________ 59 MÉTODOS ___________________________________________________________________________________ 61 RESULTADOS _______________________________________________________________________________ 63 DISCUSSÃO _________________________________________________________________________________ 64 REFERÊNCIAS _______________________________________________________________________________ 67 7 PARTE I – PROJETO DE PESQUISA I 1.1 IDENTIFICAÇÃO Título: SINDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS: Fatores psicológicos e qualidade de vida 1.2 Aluno: Cristine Eliane Gomes Rodrigues 1.3 Orientador: Luciano Dias de Mattos Souza 1.4 Curso: Programa de Pós Graduação em Saúde e Comportamento (PPGSC) 1.5 Instituição: Universidade Católica de Pelotas (UCPel) 1.6 Período da Pesquisa: 01/02/2011 até 30/06/2013 8 II INTRODUÇÃO A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um distúrbio endócrino-ginecológico que afeta entre 5 a 10% das mulheres em idade reprodutiva.1,4,9,11,12,13,15 Os ovários policísticos são caracterizados por: hiperandrogenismo, resistência à insulina e anovulação crônica. Manifestações clínicas incluem: hirsutismo, acne, alopecia, obesidade, irregularidade menstrual e infertilidade, porém não necessariamente ocorram todos esses sintomas em conjunto.1,3 Essas manifestações apresentam-se de forma bastante heterogênea, havendo diferenças marcantes na sua prevalência e intensidade entre diferentes grupos de mulheres que apresentam SOP.4 Engloba não somente uma condição endócrina, como também reprodutiva e psicológica das mulheres que tem sua imagem alterada pela obesidade, hirsutismo e acne, além da infertilidade, cursando com mudanças no modo de vida, podendo gerar insatisfação sexual e depressão.5,6 Sua etiologia é motivo de discussão. Tem-se concluído que o ovário policístico é o resultado final de toda a condição de anovulação crônica e não o motivo central de um desarranjo funcional. As causas são multifatoriais. Estudo de heredogramas de famílias de mulheres portadoras da síndrome sugere que esta seja uma doença autossômica dominante ou uma alteração oligogênica, onde estejam comprometidos os genes envolvidos nas vias metabólicas da glicose e da biossíntese esteróide.7 Históricamente os ovários policísticos só eram diagnosticados por laparotomia e confirmação histológica por meio de biópsia.2 Atualmente, para haver o diagnóstico de ovários policísticos precisa existir dois dos três critérios: oligomenorréia ou amenorréia; hiperandrogenismo clínico ou bioquímico; ovários policísticos na ecografia transvaginal10 e excluir a presença da Síndrome de Cushing, Hiperplasia Adrenal Congênita e Tumores secretores de androgênio.18 Os ovários policísticos não se confinam apenas àquelas mulheres com sintomas clássicos. Ao contrário, com o avanço da ecografia transvaginal é comum a presença de ovários policísticos em mulheres assintomáticas.11 Alguns estudos relatam a associação dos ovários policísticos com um alto nível de depressão e ansiedade, causando impacto na qualidade de vida das mulheres, até mesmo levando a redução do sono, fobias e pânico.12 A relação entre as doenças afetivas e o sistema 9 endócrino vem sendo amplamente estudada e é de grande interesse nos últimos anos. Os ovários policísticos é uma disfunção altamente relacionada com as manifestações físicas femininas que causam uma modificação da imagem da mulher podendo levar à depressão.3 O transportador da serotonina ligada a região polimórfica (5-HTTLPR) está sendo amplamente estudado na interação gene/ambiente. Em 2003, Caspi observou que a presença de polimorfismo no gene 5HTTLPR somado a ocorrência de eventos estressores é um fator preditor de transtornos depressivos.25 Contudo, em recente estudo de metanálise, Risch e colaboradores apontam que a associação proposta por Caspi, não foi evidenciada empiricamente ao serem sumarizados os dados de múltiplos estudos sobre o tema. Mesmo assim, a relação entre eventos estressores e transtornos de humor foi ratificada.26Wankerl et al criticam a qualidade desta metanálise apontando a heterogeneidade dos estudos incluídos.27 Parte da literatura ressalta as diferenças nestas relações vinculadas a população masculina e feminina. Em mulheres no puerpério, os autores encontraram associação significativa entre o polimorfismo do gene 5HTTLPR na ocorrência de eventos estressores com alterações de sintomas de humor.28 Desta forma, a literatura sobre o tema se mostra inconsistente, sendo necessários estudos que diferenciem esta relação em homens e mulheres. A qualidade de vida tem uma definição multidimensional que engloba aspectos físicos, emocionais e sociais do ser humano.17 Estudos relatam que a redução na qualidade de vida devido aos ovários policísticos se reflete na insatisfação sexual e pessoal, agressividade, dor e até mesmo mudança na personalidade.13,19 10 III 3.1 OBJETIVOS Geral Avaliar a qualidade de vida e a presença de sintomas depressivos, satisfação conjugal e polimorfismo do gen 5 HTTLPR em mulheres com ovários policísticos quando comparadas a controles saudáveis. 3.2 Específicos Verificar percepção quanto à qualidade de vida entre os dois grupos avaliados; Observar a dificuldade na função sexual das mulheres com ovários policísticos comparadas as mulheres saudáveis; Comparar escore de sintomas depressivos entre as mulheres com e sem ovários policísticos; Avaliar as diferenças do polimorfismo do gene transportador da serotonina (5HTTLPR) em mulheres portadoras ou não de ovários policísticos. 11 IV HIPÓTESES As mulheres com diagnóstico de ovários policísticos (OPC) apresentam menor escore entre os domínios da qualidade de vida; Mulheres com ovários policísticos apresentam maior média de sintomas depressivos do quer as mulheres hígidas; Quando comparadas as mulheres saudáveis, aquelas com OPC apresentam mais dificuldades na atividade sexual; Mulheres com OPC apresentando a manifestação de duas expressões de alelos curtos terão maior proporção de sintomas depressivos quando comparadas as mulheres sem a síndrome. 12 V FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A literatura nos mostra uma forte associação entre pacientes com ovários policísticos e a depressão. Alguns ainda falam da importância dos estudos que relacionam ansiedade e a presença de ovários policísticos.5,12 O primeiro relato de avaliação ultrassonográfica de pacientes portadoras da síndrome foi publicado por Kratochwil em 1972 onde o padrão ecográfico mais usualmente encontrado ao exame transvaginal era o de ovários aumentados, com estroma central ecogênico, rodeado por colar periférico de folículos retidos que deviam medir entre 5 e 8mm de diâmetro.8 Uma revisão dos critérios diagnósticos de ovários policísticos feito em 2008 nos mostra uma comparação onde em 1990 o NationalInstitutesof Health (NIH) nos Estados Unidos concluiu que a SOP era definida pela presença de hiperandrogenismo mais transtorno menstrual e que para seu diagnóstico deveria se excluir a Síndrome de Cushing, a hiperplasia congênita da suprarrenal e a hiperprolactinemia. Em 2003, a Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia e a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva incorporou a morfologia ovariana como critério diagnóstico, definido como a presença de 12 ou mais folículos de 2 a 9mm de diâmetro e com volume maior que 10ml em um dos dois ovários. Não consideraram o aspecto subjetivo nem o estroma.18 A Sociedade de Excesso de Androgênios em 2006 revisou a literatura e concluiu que as pacientes com hiperandrogenismo clínico e bioquímico apresentam um risco metabólico e cardiovascular elevados, e que por isso a presença de hiperandrogenismo é fundamental para o diagnóstico de SOP. Um estudo americano em 1981 propôs um questionário auto-aplicável com um total de 26 perguntas direcionadas para pacientes com ovários policísticos englobando os cinco seguintes domínios: emoções, pêlos no corpo, obesidade, infertilidade e problemas menstruais, porém este questionário não é validado no Brasil. Por tanto, a literatura utiliza perguntas subjetivas e instrumentos que sejam validados no nosso país, porém não específicos para os ovários policísticos.6,15,16 Em 2006 Himelein et al chegaram a criar um questionário que avaliou a aparência da paciente numa escala que ia de um até sete, onde o um 13 correspondia a sua aparência como um problema grave para si e o nível sete representava uma paciente que não via sua aparência como um problema. Alguns estudos utilizam como instrumento o SF-36 para avaliar a qualidade de vida6,16,17,19 e o BDI é utilizado pela grande maioria para avaliar depressão.13,15 Himelein em 2006 demonstrou que a insatisfação com a aparência física está fortemente associado com os sintomas depressivos assim como a infertilidade, mas esta em menor grau. Também foi observado que 2/3 das mulheres com SOP encontram-se obesas o que acarreta a depressão e 15% de um total de 143 mulheres com ovários policísticos apresentam alguma alteração psicológica como por exemplo ansiedade, sintomas obsessivos compulsivos e bulimia. Hahn descreve significativa redução na qualidade de vida com piora da satisfação sexual em pacientes com a síndrome. Obesidade e hirsutismo se associam com os aspectos da qualidade de vida, mas a acne não.6 Estudos recentes mostram que o transportador da serotonina ligada a região polimórfica (5-HTTLPR) está sendo avaliado na interação gene/ambiente. Foi observado que a presença de polimorfismo no gene 5HTTLPR somado a ocorrência de eventos estressores é um fator preditor de transtornos depressivos.25 Contudo, um recente estudo de metanálise, aponta que a associação citada acima não foi evidenciada empiricamente ao serem analisados os dados de múltiplos estudos sobre o tema. Mesmo assim, a relação entre eventos estressores e transtornos de humor foi evidenciada.26 Alguns estudos criticam a qualidade desta metanálise apontando a heterogeneidade dos estudos incluídos.27 Parte da literatura ressalta as diferenças nestas relações vinculadas a população masculina e feminina.28 Com base na literatura revisada propomos um estudo que relacione e avalie a depressão em mulheres que apresentem ovários policísticos diagnosticados no exame ecográfico transvaginal e que possuam polimorfismo no gene 5HTTLPR. 14 VI MÉTODO 6.1 Delineamento do estudo: estudo de caso-controle. 6.2 Amostragem Seleção amostral: Cada mulher diagnosticada como portadora de SOP nos seguintes locais: Fundação de Apoio Universitário, Posto de Saúde Virgilio Costa, Hospital Clinicamp e Clinica de Ultrassonografia Centrus será pareada por idade, escolaridade e estado marital com a seguinte mulher sem a síndrome. Coleta de Amostra Biológica: A coleta da saliva será feita em jejum. Após a higiene bucal, será inserido um swab embaixo da língua por aproximadamente 3 minutos. O swab será colocado numa seringa vazia e com a ajuda do êmbolo será retirada a saliva do algodão do swab (mínimo 0,5ml de saliva). A amostra obtida será transferida para um tubo plástico, apropriadamente identificado com um número e nome da participante e armazenado num freezer a -20°C até o momento da análise. Tamanho amostral: Para um estudo pareado, com nível de significância 5%, poder estatístico de 80% e hipótese bicaudal, esperando uma estimativa de risco de 1,8 seria necessário: 1 caso / 1 controle: 262 casos e 262 controles 1 caso / 2 controles: 192 casos e 384 controles 1 caso / 3 controles: 169 casos e 507 controles Critérios de elegibilidade: Mulheres entre 18 e 30 anos de idade. Pacientes que possam ser pareadas por idade e escolaridade e estado marital. Critérios de exclusão: Mulheres que façam uso de antidepressivos. 15 6.3 Variáveis Caso: Mulheres com ovários policísticos. Controle: Mulheres sem ovários policísticos que fazem exames de rotina ginecológica anuais. Variáveis dependentes: Mulheres com e sem ovários policísticos. Variáveis independentes: Idade, escolaridade, classificação socioeconômica, peso corporal, altura, estado civil, atividade sexual, qualidade de vida, depressão e o polimorfismo do gene 5HTTLPR. 6.4 Instrumentos Diagnóstico de ovários policísticos Baseado num consenso realizado em 200318 é que se impõe a necessidade de haver dois dos três seguintes critérios para se diagnosticar a SOP: oligoamenorréia ou amenorréia, hiperandrogenismo, morfologia policística dos ovários ao ultrassom.9,10,11 Define-se como diagnóstico ao ultrassom, a presença de 12 ou mais folículos de 2 a 9mm de diâmetro e com volume maior que 10ml em um dos dois ovários; não considerando o aspecto subjetivo nem o estroma.18 Cronin et al 1998 propuseram um instrumento específico sobre qualidade de vida em mulheres com SOP composto por 26 questões que enfatizavam os cinco domínios principais: aspectos emocionais, pêlos no corpo, obesidade, infertilidade e problemas menstruais. Porém esse instrumento não foi traduzido para a língua portuguesa, nem validado para a população brasileira, de forma que no Brasil usam-se questionários genéricos.4 Classificação socioeconômica da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP) A avaliação socioeconômica dos participantes será realizada através da escala de classificação da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, que se baseia no acúmulo de bens materiais e na escolaridade do chefe da família, este instrumento classifica em a situação socioeconômica em “A, B, C, D e E”, sendo “A” a situação socioeconômica mais alta e “E” a mais baixa.23 16 Medical OutcomesSurvey Short-form General Health Survey (MOS SF-36) Escala amplamente usada para avaliar a saúde relacionada à qualidade de vida. Foi desenvolvida para obter uma estimativa subjetiva do estado funcional relacionada à saúde dos pacientes. Consiste em 36 itens que perguntam sobre como a vida diária tem sido limitada devido a problemas de saúde (caminhando, fazendo compras, subindo degraus, etc). Ao ser completado, resulta em uma classificação de oito domínios que representam as dimensões mais importantes indicadoras de saúde: capacidade funcional, aspecto físico, dor, vitalidade, aspecto social, aspecto emocional, saúde mental e estado geral de saúde. As oito dimensões são avaliadas em uma escala padronizada de 0-100, na qual o escore mais alto representa um estado melhor de saúde. A escala SF-36 foi adaptada para ser usada na população do Brasil por Ciconelli (1999)22. Os coeficientes de confiabilidade para as 8 escalas do SF-36 em duas amostras de pacientes com depressão clínica e sintomas depressivos oscilaram de 0,77 a 0,94, com um valor médio de 0,82 e a validade variou entre 0,51 e 0,85. Inventário de Depressão de Beck (BDI) Consiste em uma escala de 21 itens para avaliar a presença e a intensidade de sintomas depressivos. Na correção desta escala, será considerada depressão leve o escore entre 12 e 19 pontos, como depressão moderada de 20 a 35 pontos e com depressão grave 36 ou mais pontos conforme os estudos de Cunha e cols (2001)21. Os mesmos autores realizaram as adaptações transculturais e psicométricas dos instrumentos. Female Sexual Function Index (FSFI) Trata-se de um instrumento de avaliação em estudos epidemiológicos que respeita a natureza multidimensional da função sexual feminina. É um questionário breve, que pode ser auto-aplicado, e que se propõe avaliar a resposta sexual feminina em seis domínios: desejo sexual, excitação sexual, lubrificação vaginal, orgasmo, satisfação sexual e dor. Possui 19 questões que avaliam a função sexual nas últimas quatro semanas. Para cada questão existe um padrão de resposta cujas opções recebem pontuação de 0 a 5 de forma crescente em relação à presença da função questionada. Apenas nas questões sobre dor a pontuação é definida de forma invertida. Um escore total é apresentado ao final da aplicação, resultado da soma dos escores de cada domínio multiplicada por um fator que homogeneíza a influência de cada domínio no escore total. Embora o instrumento não tenha a capacidade de discriminar a 17 fase da resposta alterada, a partir de um ponto de corte do escore total (definido como 26) seria possível discriminar entre as populações com maior e menor risco de apresentar disfunção sexual, sendo que valores iguais ou abaixo desse ponto indicariam disfunção sexual. 6.5 Logística As mulheres que forem diagnosticadas como portadoras de SOP clinicamente pelo ginecologista e confirmada pela ecografia transvaginal serão convidadas a responder um questionário e para cada uma dessas mulheres, haverá uma próxima mulher sem SOP (com a mesma idade, escolaridade e situação conjugal) que responderá o mesmo questionário. Haverá reuniões semanais com os entrevistadores, para entrega dos questionários, discussão e identificação de possíveis perdas ou recusas. Os questionários serão codificados pelos próprios entrevistadores, com caracteres padronizados. Uma supervisora ficará responsável pela revisão dos questionários e codificação das perguntas abertas. 6.6 Treinamento e seleção da equipe A equipe será composta por uma médica ginecologista, uma psicóloga e três estudantes de psicologia e medicina da Universidade Católica de Pelotas. A médica será responsável pelo diagnóstico ultrassonográfico transvaginal dos ovários policísticos, enquanto a aplicação dos instrumentos será realizada pelos acadêmicos de psicologia e medicina, previamente treinados e supervisionados por uma psicóloga. 6.7 Processamento e análise dos dados Os instrumentos serão codificados e duplamente digitados no programa Epi-info 6.04d a fim de checar a consistência da entrada de dados. A análise dos dados será realizada no programa estatístico STATA 9 no qual se procederá o teste qui-quadrado para verificar 18 homogeneidade entre o grupo de casos e o de controles quanto as características sóciodemográficas, genéticas e Índice de Massa Corporal. Posteriormente será realizada comparação entre as médias de sintomas depressivos, transtornos mentais comuns e domínios do SF-36 através do teste t para comparação entre os grupos. 6.8 Aspectos Éticos O projeto de pesquisa será submetido à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Pelotas e Fundação de Apoio Universitário. Todas as mulheres incluídas no estudo, após terem sido devidamente esclarecidas sobre a pesquisa, assinarão o termo de consentimento e serão informadas que podem se retirar do estudo a qualquer momento, sem nenhum prejuízo para sua saúde. 6.9 Divulgação dos resultados Os resultados deste projeto serão publicados sob a forma de artigo científico em revista especializada. Além disso, haverá divulgação na comunidade, dos principais achados e implicações. 19 6.10 Orçamento Item Material de Consumo Especificação do Item Qtd Valor Unit. Valor Total Caixa para estocagem de 5 10,00 50,00 amostra Material de Consumo Vale transporte 720 2,25 1.620,00 Material de consumo Swab para coleta da saliva 140 3,00 420,00 Material de consumo Seringas 140 0,50 70,00 Material de consumo Questionários 140 0,75 105,00 Kit 5 HTLLPR Kits para dosagens/ pessoa 200 10,00 2.000,00 Total 6.11 Cronograma Revisão da literatura Preparo projeto atual Submissão ao comitê de ética e pesquisa Reformula ções e adequaçõe s metodológ icas Seleção e recrutame nto dos coletadore s Estudo piloto Coleta de dados Digitação Análise de dados Elaboraçã o de artigos e tese Defesa de tese R$ 4.265,00 0 2 X 0 3 X X X X X X 0 4 X 0 5 X 2011 0 0 0 6 7 8 X 0 9 1 0 1 1 1 2 01/02/2011 até 30/05/2013 2012 0 0 0 0 0 0 0 1 2 3 4 5 6 7 0 8 0 9 1 0 1 1 1 2 0 1 0 2 2013 0 0 3 4 0 5 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X 20 VII REFERÊNCIAS 1. Cronin L, Guyatt G, Griffith L, Wong E, Azziz R, Futterweit W, Cook D, Dunaif A. Developmentof a health-relatedquality-of-lifequestionnaire (PCOSQ) for womenwithpolycysticovarysyndrome (PCOS). J ClinEndocrinolMetab 1998;83(6):1976-87 2. Balen AH, Laven JS, Tan SL, Dewailly D. Ultrasoundassessmentofthepolycysticovary: international consensus definitions. Hum Reprod Update. 2003;9(6):505-14 3. Rasgon NL, Rao RC, Hwang S, Altshuler LL, Elman S, Zuckerbrow-Miller J, Korenman SG. Depression in womenwithpolycysticovarysyndrome: clinicalandbiochemical correlates. J AffectDisord. 2003;74(3):299-304. 4. Moreira S, Soares E, Tomaz G, Maranhão T, Azevedo G. Polycysticovarysyndrome: a psychosocial approach. Acta Med Port. 2010;23(2):237-42. 5. Deeks AA, Gibson-Helm ME, Teede HJ. Anxietyanddepression in polycysticovarysyndrome: a comprehensiveinvestigation. FertilSteril. 2010;93(7):2421-3 6. Hahn S, Janssen OE, Tan S, Pleger K, Mann K, Schedlowski M, Kimmig R, Benson S, Balamitsa E, Elsenbruch S. Clinicalandpsychological correlates ofquality-of-life in polycysticovarysyndrome. Eur J Endocrinol. 2005;153(6):853-60. 7. Franks S, Gharani N, Waterworth D, Batty S, White D, Williamson R, McCarthy M. The geneticbasisofpolycysticovarysyndrome. Hum Reprod. 1997;12(12):2641-8. 8. Kratochwil A, Urban G, Friedrich F. Ultrasonictomographyoftheovaries. Ann ChirGynaecol Fenn. 1972;61(4):211-4. 9. Merino P, Schulin-Zeuthen Currentdiagnosisofpolycysticovarysyndrome: questions. RevMed Chil. 2009;137(8):1071-80. C, Codner expandingthephenotypebutgenerating E. new 21 10. Broekmans FJ, Fauser BC. Diagnosticcriteria for polycysticovariansyndrome. Endocrine. 2006;30(1):3-11. 11. Lakhani K, Seifalian AM, Atiomo WU, Hardiman P. Polycysticovaries. Br J Radiol. 2002;75(889):9-16. 12. Janson Jedel E, Waern M, Gustafson D, Landén M, Eriksson E, Holm G, Nilsson L, Lind AK, PO, Stener-Victorin E. Anxietyanddepressionsymptoms in womenwithpolycysticovarysyndromecomparedwithcontrolsmatched for bodymass index. 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Barnard L, Ferriday D, Guenther Qualityoflifeandpsychologicalwellbeing 2007;22(8):2279-86. in N, Strauss B, Balen polycysticovarysyndrome. AH, Hum Dye L. Reprod. 22 20. Himelein MJ, Thatcher SS. Polycysticovarysyndromeand mental health: A review. ObstetGynecolSurv. 2006;61(11):723-32 21. Cunha, JA. Manual da versão em português das Escalas de Beck. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. 22. Ciconelli RM, Ferraz MB, Santos W, Meinão I, Quaresma MR. Tradução para a língua portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida SF36 (Brasil SF-36). RevBrasReumatol 1999; 39(3):143-50. 23. ABEP. Dados com base no Levantamento Sócio Econômico (IBOPE). 2003. 24. Gonçalves DM, Stein AT, Kapczinski F. Avaliação de desempenho do Self- ReportingQuestionnaire como instrumento de rastreamento psiquiátrico: um estudo comparativo com o StructuredClinical Interview for DSM-IV-TR. Caderno de Saúde Pública 2008;380-90. 25. Caspi A, Sugden K, Moffitt TE, Taylor A, Craig IW, Harrington H, McClay J, Mill J, Martin J, Braithwaite A, Poulton R. Influenceoflife stress ondepression: moderationby a polymorphism in the 5-HTT gene. Science. 2003;301(5631):386-9. 26. Risch N, Herrell R, Lehner T, Liang KY, Eaves L, Hoh J, Griem A, Kovacs M, Ott J, Merikangas KR. Interactionbetweentheserotonintransporter gene (5-HTTLPR), stressfullifeevents, andriskofdepression: a meta-analysis. JAMA. 2009;301(23):2462-71. 27. Wankerl M, theserotonintransporter Wüst S, Otte C. Currentdevelopmentsandcontroversies: gene-linkedpolymorphicregion does (5-HTTLPR) modulatetheassociationbetween stress anddepression? CurrOpinPsychiatry. 2010;23(6):582-7. Review. 28. Sanjuan J, Martin-Santos R, Garcia-Esteve L, Carot JM, Guillamat R, Gutierrez-Zotes A, Gornemann I, Canellas F, Baca-Garcia E, Jover M, Navines R, Valles V, Vilella E, de Diego Y, Castro JA, Ivorra JL, Gelabert E, Guitart M, Labad A, Mayoral F, Roca M, Gratacos M, Costas J, van Os J, de Frutos R. Moodchangesafter delivery: role oftheserotonintransporter gene. Br J Psychiatry. 2008;193(5):383-8. 23 ANEXO A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Projeto: Síndrome dos Ovários Policísticos: fatores biológicos e emocionais Informações sobre o estudo ao participante: Esta folha tem o objetivo de fornecer a informação suficiente para quem considerar participar neste estudo. Ela não elimina a necessidade do pesquisador de explicar, e se necessário, ampliar as informações nela contidas. Antes de participar deste estudo, gostaríamos que você tomasse conhecimento do que ele envolve. Damos abaixo alguns esclarecimentos sobre dúvidas que você possa ter. Qual é o objetivo da pesquisa? Com este estudo buscamos identificar como as mulheres portadoras da Síndrome dos Ovários Policísticos se sentem frente a sua auto-imagem e níveis de estresse. Para isso, será necessário responder a um questionário que envolve perguntas sobre seus sentimentos e emoções, sobre como você se sente e permitir a coleta de sua saliva. Assim, será possível entender melhor de que maneira essa síndrome se associa com sua auto-estima e níveis de estresse. Como o estudo será realizado? Será necessário responder um questionário com perguntas simples e diretas sobre como você vem se sentindo. Haverá uma coleta de saliva da sua boca, feita com swab estéril, o que não compromete a sua saúde. Esta coleta será realizada por pesquisadores da área da saúde devidamente treinados para tal função. Quais são os riscos em participar? Não existem riscos. O procedimento será feito com material esterilizado e descartável por profissionais da área de saúde. A coleta será feita para que sejam analisadas algumas substâncias que poderão estar alteradas em função dos ovários policísticos. Itens importantes: 24 Você tem a liberdade de desistir do estudo a qualquer momento, sem fornecer um motivo, assim como pedir maiores informações sobre o estudo e o procedimento a ser feito. Isto de maneira alguma irá influenciar na qualidade de seu atendimento. O que eu ganho com este estudo? Sua colaboração neste estudo pode ajudar a aumentar o conhecimento científico sobre fatores relacionados à Síndrome dos Ovários Policísticos, que poderão eventualmente beneficiar você ou outras pessoas. Quais são os meus direitos? Os resultados deste estudo poderão ser publicados em jornais científicos ou submetidos à autoridade de saúde competente, mas você não será identificado por nome. Sua participação neste estudo é voluntária. DECLARAÇÃO: Eu, ..........................................................................................................................declaro que: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Concordo total e voluntariamente em fazer parte deste estudo. Recebi uma explicação completa do objetivo do estudo, dos procedimentos envolvidos e o que se espera de mim. O pesquisador me explicou os possíveis problemas que podem surgir em conseqüência da minha participação neste estudo. Informei o pesquisador sobre medicamentos que estou tomando. Concordo em cooperar inteiramente com o pesquisador supervisor. Estou ciente de que tenho total liberdade de desistir do estudo a qualquer momento e que esta desistência não irá, de forma alguma, afetar meu tratamento ou administração médica futura. Estou ciente de que a informação nos meus registros médicos é essencial para a avaliação dos resultados do estudo. Concordo em liberar esta informação sob o entendimento de que ela será tratada confidencialmente. Estou ciente de que não serei referido por nome em qualquer relatório relacionado a este estudo. Da minha parte, não devo restringir, de forma alguma, os resultados que possam surgir neste estudo. Nome completo da paciente: _______________________________________________ Assinatura da Paciente: ___________________________________________________ Data: __ / __ / _____ Assinatura do Pesquisador: ________________________________________________ Para maiores informações entre em contato com Cristine Rodrigues pelo telefone: 99816280 Coordenador do projeto: Prof. Dr. Luciano Souza Programa de Pós-Graduação em Saúde e Comportamento 25 Universidade Católica de Pelotas Fone: 21288404 ANEXO B – Questionário PESQUISA SOBRE SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS: FATORES BIOLÓGICOS E EMOCIONAIS Nome: Data: Fone: Questionário __ __ __ 1. Grupo (1) caso quest__ __ __ (2) controle grupo__ 2. Qual é a tua data de nascimento? __ __ / __ __ / __ __ dnasc _ _ / _ _ / _ _ 3.Quanto você pesa (Kg)? __ __ __,__ peso__ __ __,__ 4. Qual sua altura (m)?__,__ __ altura__,__ __ 5. IMC__ __,_ imc__ __,__ 6. A tua cor ou raça é? (LER AS OPÇÕES) (1) branca (2) preta (3) mulata (4) amarela (5) indígena cpele __ 7. Qual sua escolaridade? (0) nunca estudei (1) primeiro grau incompleto (2) primeiro grau completo (3) segundo grau incompleto (4) segundo grau completo (5) ensino superior naoestud__ primincom__ pimicom__ segincom__ segcom__ super__ 8. Na tua casa tem: Quantidade de itens 2 3 2 3 2 3 Televisão em cores Rádio 0 0 0 1 1 1 4 ou + 4 ou + 4 ou + Banheiro 0 1 2 3 4 ou + Automóvel 0 1 2 3 4 ou + Empregada mensalista 0 1 2 3 4 ou + Aspirador de pó 0 1 2 3 4 ou + Máquina de lavar 0 1 2 3 4 ou + Vídeo cassete e/ou DVD 0 1 2 3 4 ou + Geladeira 0 1 2 3 4 ou + tv __ radio __ banh __ aut __ mens __ aspir __ maqlav __ vidvd __ gelad __ 26 Freezer (aparelho independente parte da geladeira duplex) ou 0 1 2 3 4 ou + Agora vamos falar sobre como tu tens te sentido no último mês. 29. Tu tens dores de cabeça freqüente? (1) sim 30. Tu tens falta de apetite? (1) sim 31. Tu dormes mal? (1) sim 32. Tu te assustas com facilidade? (1) sim 33. Tu tens tremores nas mãos? (1) sim 34. Tu te sentes nervosa, tensa ou preocupada? (1) sim 35. Tu tens má digestão? (1) sim 36. Tu sentes que tuas idéias ficam embaralhadas de vez em quando? (1) sim 37. Tu tens te sentido triste ultimamente? (1) sim 38. Tu tens chorado mais do que de costume? (1) sim 39. Tu consegues sentir algum prazer nas tuas atividades diárias? (0) sim 40. Tu tens dificuldade de tomar decisões? (1) sim 41. Tu achas que teu trabalho diário é penoso, te causa sofrimentos? (1) sim 42. Tu achas que tens um papel útil na tua vida? (0) sim 43. Tens perdido o interesse pelas coisas? (1) sim 44. Tu te sentes uma pessoa sem valor? (1) sim 45. Tu alguma vez pensas em acabar com a tua vida? (1) sim 46. Tu te sentes cansada o tempo todo? (1) sim 47. Tu sentes alguma coisa desagradável no estômago? (1) sim 48. Tu te cansas com facilidade? (1) sim 49. Qual dessas faces mostra melhor como tu te sentes no último mês? freez __ Srq1 __ Srq2 __ Srq3 __ Srq4 __ Srq5 __ Srq6 __ Srq7 __ Srq8 __ Srq9 __ Srq10 __ Srq11 __ Srq12 __ Srq13 __ Srq14 __ Srq15 __ Srq16 __ Srq17 __ Srq18 __ Srq19 __ Srq20 __ (0) não (0) não (0) não (0) não (0) não (0) não (0) não (0) não (0) não (0) não (1) não (0) não (0) não (1) não (0) não (0) não (0) não (0) não (0) não (0) não faces __ sf1 __ (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) Agora vamos falar sobre tuas atividades diárias. Por favor, responda a alternativa que melhor represente como tens te sentido. sf2 __ 50. Em geral, tu dirias que tua saúde é: (circule uma) Excelente ........................................................................................................................ 1 Muito boa ........................................................................................................................ 2 Boa ................................................................................................................................. 3 Ruim ............................................................................................................................... 4 Muito Ruim...................................................................................................................... 5 51. Comparada a um ano atrás, como tu classificarias tua saúde em geral, agora? Muito melhor agora do que há um ano atrás ............................................................................ 1 Um pouco melhor agora do que há um ano atrás ..................................................................... 2 Quase a mesma de um ano atrás ............................................................................................. 3 27 Um pouco pior agora do que há um ano atrás .......................................................................... 4 Muito pior agora do que há um ano atrás ................................................................................. 5 52. Os seguintes itens são sobre atividades que tu poderias fazer atualmente durante um dia comum. Devido a tua saúde, tu tens tido dificuldade para fazer essas atividades? Neste caso, quanto? ATIVIDADES SIM. SIM. NÃO. NÃO DIFICULTA DIFICULTA DIFICULTA DE MUITO a) Atividades vigorosas, que exigem muito esforço, tais como correr, levantar objetos pesados participar em esportes árduos b) Atividades moderadas, tais como mover uma mesa, passar aspirador de pó, jogar bola, varrer a casa. c) Levantar ou carregar mantimentos. d) Subir vários lances de escada. e) Subir um lance de escada. f) Curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar-se. g) Andar mais de 1 quilômetro. h) Andar vários quarteirões. i) Andar um quarteirão. j) Tomar banho ou vestir-se. UM POUCO MODO ALGUM 1 2 3 1 2 3 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 53. Durante as últimas 4 semanas, tu tiveste algum dos seguintes problemas com o teu trabalho ou com alguma atividade diária regular, como consequência de tua saúde física? (circule uma em cada linha) a) Tu diminuíste a quantidade de tempo que te dedicavas ao teu trabalho ou a outras atividades? b) Realizaste menos tarefas do que tu gostarias? c) Estiveste limitado no teu trabalho ou em outras atividades? d) Tiveste dificuldades de fazer seu trabalho ou outras atividades (por ex.: necessitaste de um esforço extra?) SIM NÃO 1 2 1 1 2 2 1 2 54. Durante as últimas 4 semanas, tu tiveste algum dos seguintes problemas com o teu trabalho ou outra atividade diária regular, como consequência de algum problema emocional? SIM NÃO a) Tu vens diminuindo a quantidade de tempo que te dedicavas ao teu 1 2 trabalho ou a outras atividades? b) Realizaste menos tarefas do que tu gostarias? 1 2 c) Não trabalhaste ou não fizeste qualquer das atividades com tanto 1 2 cuidado como geralmente fazes? 55. Durante as últimas 4 semanas, de que maneira tua saúde física ou problemas emocionais interferiram nas tuas atividades sociais normais, em relação a família, vizinhos, amigos ou em grupo? (circule uma) De forma nenhuma................................................................................................................. 1 Ligeiramente ........................................................................................................................... 2 Moderadamente ..................................................................................................................... 3 Bastante ................................................................................................................................. 4 Extremamente ........................................................................................................................ 5 56. Quanta dor no corpo tu sentiste durante as últimas 4 semanas? (circule uma) sf3a __ sf3b __ sf3c __ sf3d __ sf3e __ sf3f __ sf3g __ sf3h __ sf3i __ sf3j __ sf4a __ sf4b __ sf4c __ sf4d __ sf5a __ sf5b __ sf5c __ sf6 __ sf7 __ 28 Nenhuma ................................................................................................................................ 1 Muito leve ............................................................................................................................... 2 Leve ........................................................................................................................................ 3 Moderada ............................................................................................................................... 4 Grave ...................................................................................................................................... 5 Muito grave ............................................................................................................................. 6 sf8 __ 57. Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu no teu trabalho normal? (incluindo tanto o trabalho fora de casa e dentro de casa) (circule uma) De maneira alguma ................................................................................................................ 1 Um pouco ............................................................................................................................... 2 Moderadamente ..................................................................................................................... 3 Bastante ................................................................................................................................. 4 Extremamente ........................................................................................................................ 5 58. Estas questões são como tu te sentes e como tudo tem acontecido contigo durante as últimas 4 semanas. Para cada questão, por favor dê uma resposta que mais se aproxime da maneira como tu te sentes. Em relação as últimas 4 semanas: (circule um nº para cada linha) Todo tempo a) Quanto tempo tu tens te sentido cheio de vigor, cheio de vontade, cheio de força? b) Quanto tempo tu tens te sentido uma pessoa muito nervosa? c) Quanto tempo tu tens te sentido tão deprimido que nada pode animá-lo? d) Quanto tempo tu tens te sentido calmo ou tranquilo? e) Quanto tempo tu tens te sentido com muita energia? f) Quanto tempo tu tens te sentido desanimado e abatido? g) Quanto tempo tu tens te sentido esgotado? h) Quanto tempo tu tens te sentido uma pessoa feliz? i) Quanto tempo tu tens te sentido cansado? Uma A maior Uma boa Alguma pequena parte do parte do parte do parte do tempo tempo tempo tempo Nunca sf9a __ sf9b __ sf9c __ sf9d __ sf9e __ 1 2 3 4 5 6 sf9f __ 1 2 3 4 5 6 sf9g __ 1 2 3 4 5 6 sf9h __ 1 2 3 4 5 6 sf9i __ 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 sf10 __ 59. Durante as últimas 4 semanas, quanto do teu tempo a tua saúde física ou problemas emocionais interferiram com as tuas atividades sociais (como visitar amigos, parentes, etc)? (circule uma) Todo o tempo ......................................................................................................................... 1 A maior parte do tempo .......................................................................................................... 2 Alguma parte do tempo .......................................................................................................... 3 Uma pequena parte do tempo ............................................................................................... 4 Nenhuma parte do tempo....................................................................................................... 5 A maioria das vezes verdadeiro Não sei sf11b __ sf11c __ 60. O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para ti? (circule um número em cada linha) Definitivamente verdadeiro sf11a __ A maioria das vezes falsa Definitivamente falsa sf11d __ 29 a) Eu costumo adoecer um pouco mais facilmente que as outras pessoas b) Eu sou tão saudável quanto qualquer pessoa que conheço c) Eu acho que minha saúde vai piorar d) Minha saúde é excelente doenca __ 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 quald1 __ __ quald2 __ __ quald3 __ __ tevedepre __ Agora vamos falar sobre tua saúde. 61. Tu tens alguma doença importante? (0) não (1) sim SE SIM: 62. Qual a doença?____________________________ Qual a doença?____________________________ Qual a doença?____________________________ cons __ trat __ medic __ 63. Alguma vez na vida tiveste depressão? (0) não (1) sim 64. Tu já consultaste com psiquiatra ou psicólogo? (0) não (1) sim 65. Tu já fizeste ou fazes tratamento psicoterapêutico com psiquiatra ou psicólogo? (0) não (1) sim 73. Nos últimos 30 dias, tu tomaste algum remédio para os nervos? (0) não (1) sim SE SIM: 74. Qual? 1 2 3 Agora vamos falar sobre teus familiares. 75. Algum dos teus familiares já sofreu ou sofre dos nervos? a) mãe (0) não (1) sim b) pai (0) não (1) sim c) irmão(a) (0) não (1) sim d) avós (0) não (1) sim e) filho(a) (0) não (1) sim f) outro. Quem? _____________________________ tmediq1 __ __ tmediq2 __ __ tmediq3 __ __ fmae __ fpai __ firmao __ favo __ ffilho __ foutro __ __ 30 bdi1 __ Esta parte do questionário deve ser respondida por ti. Alguns assuntos abordados aqui são bastante pessoais. Garantimos que as tuas respostas serão mantidas em sigilo. É importante que tu respondas com sinceridade todas as perguntas, marcando apenas a coluna da esquerda.Agradecemos a tua colaboração. bdi2 __ Este questionário consiste em 21 grupos de afirmações. Depois de ler com cuidado cada grupo, faz um círculo em torno do número (0, 1, 2 ou 3) próximo à afirmação, em cada grupo, que descreve melhor a maneira que tu tens te sentido na última semana, incluindo hoje. bdi3 __ 01. (0) Não me sinto triste. (1) Eu me sinto triste (2) Estou triste o tempo todo e não consigo sair disto. (3) Estou tão triste ou infeliz que não consigo suportar. 02. (0) Não estou especialmente desanimado quanto ao futuro. (1) Eu me sinto desanimado quanto ao futuro. (2) Acho que nada tenho a esperar. (3) Acho o futuro sem esperança e tenho impressão de que as coisas não podem melhorar. 03. (0) Não me sinto um fracasso. (1) Acho que fracassei mais do que uma pessoa comum. (2) Quando olho para trás, na minha vida, tudo o que posso ver é um monte de fracassos. (3) Acho que, como pessoa, sou um completo fracasso. 04. (0) Tenho tanto prazer em tudo como antes. (1) Não sinto mais prazer nas coisas como antes. (2) Não encontro um prazer real em mais nada. (3) Estou insatisfeito ou aborrecido com tudo. 05. (0) Não me sinto especialmente culpado. (1) Eu me sinto culpado grande parte do tempo. (2) Eu me sinto culpado na maior parte do tempo. (3) Eu me sinto sempre culpado. 06. (0) Não acho que esteja sendo punido. (1) Acho que posso ser punido. (2) Creio que vou ser punido. (3) Acho que estou sendo punido. 07. (0) Não me sinto decepcionado comigo. (1) Estou decepcionado comigo mesmo. (2) Estou enojado de mim. (3) Eu me odeio. 08. (0) Não me sinto de qualquer modo pior que os outros. (1) Sou crítico em relação a mim por minhas fraquezas ou erros. bdi4 __ bdi5 __ bdi6 __ bdi7__ bdi8 __ bdi9 __ bdi10 __ bdi11 __ 31 (2) Eu me culpo sempre por minhas falhas. (3) Eu me culpo por tudo de mal que acontece. 09. (0) Não tenho quaisquer idéias de me matar. (1) Tenho idéias de me matar, mas não as executaria. (2) Gostaria de me matar. (3) Eu me mataria se tivesse oportunidade. bdi12 __ 10. (0) Não choro mais que o habitual. (1) Choro mais agora do que costumava. (2) Agora, choro o tempo todo. (3) Costumava ser capaz de chorar, mas agora não consigo, mesmo que queira. 11. (0) Não sou mais irritado agora do que já fui. (1) Fico aborrecido ou irritado mais facilmente do que costumava. (2) Agora, me sinto irritado o tempo todo. (3) Não me irrito mais por coisas que costumavam me irritar. bdi13 __ bdi14 __ 12. (0) Não perdi o interesse pelas outras pessoas. (1) Estou menos interessado pelas outras pessoas do que costumava estar. (2) Perdi a maior parte do meu interesse pelas outras pessoas. (3) Perdi todo o interesse pelas outras pessoas. 13. (0) Tomo decisões tão bem quanto antes. (1) Adio as tomadas de decisões mais do que costumava. (2) Tenho mais dificuldades de tomar decisões do que antes. (3) Absolutamente não consigo mais tomar decisões. bdi15 __ bdi16 __ 14. (0) Não acho que de qualquer modo pareço pior do que antes. (1) Estou preocupado em estar parecendo velho ou sem atrativo. (2) Acho que há mudanças permanentes na minha aparência, que me fazem parecer sem atrativo. (3) Acredito que pareço feio. 15. (0) Posso trabalhar tão bem quanto antes. (1) É preciso algum esforço extra para fazer alguma coisa. (2) Tenho que me esforçar muito para fazer alguma coisa. (3) Não consigo mais fazer qualquer trabalho. bdi17 __ bdi18 __ 16. (0) Consigo dormir tão bem quanto antes. (1) Não durmo tão bem como costumava. (2) Acordo 1 a 2 horas mais cedo que o habitualmente e acho difícil voltar a dormir. (3) Acordo várias horas mais cedo que costumava e não consigo voltar a dormir. 17. (0) Não fico mais cansado que o habitual. (1) Fico cansado mais facilmente do que costumava. (2) Fico cansado em fazer qualquer coisa. (3) Estou cansado demais para fazer qualquer coisa. bdi19 __ bdi20 __ 18. (0) O meu apetite não está pior do que o habitual. (1) Meu apetite não é tão bom como costumava ser. (2) Meu apetite é muito pior agora. (3) Absolutamente não tenho mais apetite. bdi21 __ 19. (0) Não tenho perdido muito peso se é que perdi algum recentemente. (1) Perdi mais do que 2 quilos e meio. (2) Perdi mais do que 5 quilos. (3) Perdi mais do que 7 quilos. Eu estou tentando perder peso de propósito, comendo menos: ( ) Sim ( ) Não 32 20. (0) Não estou mais preocupado com minha saúde do que o habitual. (1) Estou preocupado com problemas físicos, tais como dores, indisposição do estômago ou constipação. (2) Estou muito preocupado com problemas físicos e é difícil pensar em outra coisa. (3) Estou tão preocupado com meus problemas físicos que não consigo pensar em qualquer outra coisa. relacao __ 21. (0) Não notei nenhuma mudança no meu interesse por sexo. (1) Estou menos interessado por sexo do que costumava. (2) Estou muito menos interessado por sexo agora. (3) Perdi completamente o interesse por sexo. ultimare __ idadere __ __ Agora vamos falar sobre sexualidade. camisin __ 32. Tu já tiveste relações sexuais? (SE NÃO tiveste relação sexual passe para a pergunta 42) (0) não (1) sim parceiro __ 33. Que idade tinhas na tua primeira relação sexual? __ __ anos 34. Quando foi a última vez que tu tiveste relação sexual? (1) há menos de 1 semana (2) de 2 a 4 semanas (3) de 1 a 2 meses (4) de 3 a 4 meses (5) mais de 5 meses pesrel __ __ camisi3 __ 35. Tu usaste camisinha na última relação sexual? (0) não (1) sim 37. Tu tens um parceiro(a) fixo(a)? (0) não (1) sim 38. Com quantas pessoas tu tiveste relações sexuais, nos últimos 12 meses? __ __ pessoas 39. Nas últimas três vezes que tiveste relação sexual, em quantas vezes tu ou teu parceiro (a), usou camisinha? (0) nenhuma vez (1) 1 vez (2) 2 vezes (3) 3 vezes 40. Estás usando algum método para evitar filhos? Qual? a) pílula (0) não (1) sim b) camisinha (0) não (1) sim c) tabelinha (0) não (1) sim d) coito interrompido (tirar fora) (0) não (1) sim e) geléia (0) não (1) sim f) diafragma (0) não (1) sim g) DIU (0) não (1) sim h) outro. Qual? ____________________________ 41. Alguma vez já ficou grávida? (0) não, nunca (1) sim 42. Possui ovários policísticos? (0) não pipula __ camisi __ tabeli __ coito __ geléia __ diafrag __ diu __ metout __ gravida__ sop__ tratgest__ tratsop__ 33 (1) sim (2) não sei 43. Já fez tratamento para engravidar? (0) não (1) sim 44. Usa alguma medicação para tratar os ovários policísticos? (0) não (1) sim Índice de Função Sexual Feminina Introdução Estas perguntas são sobre sua personalidade durante as últimas quatro semanas. Por favor, responda as seguintes perguntas o mais honesta e claramente possível. Suas respostas serão mantidas completamente confidenciais. Definições Atividade sexual: refere-se a carícias, jogos sexuais, masturbação e relações sexuais. Relação sexual: define-se como penetração do pênis na vagina. Estimulação sexual:inclue jogos sexuais com o parceiro, auto-estimulação (masturbação) ou fantasias sexuais. Marque só uma alternativa por pergunta: Desejo ou interesse sexual é a sensação que inclui desejo de ter uma experiência sexual, sentir-se receptiva a excitação sexual do parceiro e pensamentos ou fantasias sobre ter sexo. 1. Nas últimas 4 semanas, com que freqüência você sente desejo ou interesse sexual? ( ) sempre ou quase sempre ( ) a maioria das vezes (mais que a metade) ( ) as vezes (ao redor da metade) ( ) poucas vezes (menos que a metade) ( ) quase nunca ou nunca 2. Nas últimas 4 semanas, como classificas seu nível (intensidade) de desejo ou interesse sexual? ( ) muito alto ( ) alto ( ) moderado 34 ( ) baixo ( ) muito baixo ou nada Excitação sexual é uma sensação que inclui aspectos físicos e mentais da sexualidade. Pode incluir sensações de calor ou latejo nos genitais, lubrificação vaginal (umidade) ou contrações musculares. 3. Nas últimas 4 semanas, com quanta freqüência você sentiu excitação sexual durante a atividade sexual? ( ) não tenho atividade sexual ( ) sempre ou quase sempre ( ) a maioria das vezes (mais que a metade) ( ) as vezes (ao redor da metade) ( ) poucas vezes (menos que a metade) ( ) quase nunca ou nunca 4. Nas últimas 4 semanas, como você classifica seu nível de excitação sexual durante a atividade sexual? ( ) não tenho atividade sexual ( ) muito alto ( ) alto ( ) moderado ( ) baixo ( ) muito baixo ou nada 5. Nas últimas quatro semanas, quanta confiança você tem de excitar-se durante a atividade sexual? ( ) não tenho atividade sexual ( ) muito alto confiança ( ) alto confiança ( ) moderada confiança ( ) baixa confiança ( ) muito baixa ou nada de confiança 6. Nas últimas 4 semanas, com que freqüência você se sentiu satisfeita com sua excitação durante a atividade sexual? ( ) não tenho atividade sexual ( ) sempre ou quase sempre ( ) a maioria das vezes (mais que a metade) ( ) as vezes (ao redor da metade) ( ) poucas vezes (menos que a metade) ( ) quase nunca ou nunca 7. Nas últimas 4 semanas, com quanta freqüência você sentiu lubrificação ou umidade vaginal durante a atividade sexual? ( ) não tenho atividade sexual ( ) sempre ou quase sempre ( ) a maioria das vezes (mais que a metade) ( ) as vezes (ao redor da metade) ( ) poucas vezes (menos que a metade) 35 ( ) quase nunca ou nunca 8. Nas últimas 4 semanas, foi difícil lubrificar-se (umedecer-se) durante a atividade sexual? ( ) não tenho atividade sexual ( ) extremamente difícil ou impossível ( ) muito difícil ( ) difícil ( ) pouco difícil ( ) não me é difícil 9. Nas últimas 4 semanas, com que freqüência manteve sua lubrificação (umidade) vaginal até finalizar a atividade sexual? ( ) não tenho atividade sexual ( ) sempre ou quase sempre a mantenho ( ) a maioria das vezes a mantenho (mais que a metade) ( ) as vezes a mantenho (ao redor da metade) ( ) poucas vezes a mantenho (menos que a metade) ( ) quase nunca ou nunca mantenho a lubrificação vaginal até o final 10. Nas últimas 4 semanas, lhe é difícil manter sua lubrificação (umidade) vaginal até finalizar a atividade sexual? ( ) não tenho atividade sexual ( ) extremamente difícil ou impossível ( ) muito difícil ( ) difícil ( ) pouco difícil ( ) não me é difícil 11. Nas últimas 4 semanas, quando você tem estimulação sexual ou relações, com que freqüência você alcança o orgasmo ou clímax? ( ) não tenho atividade sexual ( ) sempre ou quase sempre ( ) a maioria das vezes (mais que a metade) ( ) as vezes (ao redor da metade) ( ) poucas vezes (menos que a metade) ( ) quase nunca ou nunca 12. Nas últimas 4 semanas, quando você tem estimulação sexual ou relações, lhe é difícil alcançar o orgasmo ou clímax? ( ) não tenho atividade sexual ( ) extremamente difícil ou impossível ( ) muito difícil ( ) difícil ( ) pouco difícil ( ) não me é difícil 13. Nas últimas 4 semanas, quanto satisfeita você está com sua capacidade para alcançar o orgasmo (clímax durante a atividade sexual)? ( ) não tenho atividade sexual ( ) muito satisfeita 36 ( ) moderadamente satisfeita ( ) nem satisfeita, nem insatisfeita ( ) moderadamente insatisfeita ( ) muito insatisfeita 14. Nas últimas 4 semanas, quanto satisfeita você está com o envolvimento emocional existente entre você e seu parceiro durante a relação sexual? ( ) não tenho atividade sexual ( ) muito satisfeita ( ) moderadamente satisfeita ( ) nem satisfeita, nem insatisfeita ( ) moderadamente insatisfeita ( ) muito insatisfeita 15. Nas últimas 4 semanas, quanto satisfeita você está com relação sexual com seu parceiro? ( ) muito satisfeita ( ) moderadamente satisfeita ( ) nem satisfeita, nem insatisfeita ( ) moderadamente insatisfeita ( ) muito insatisfeita 16. Nas últimas 4 semanas, quanto satisfeita você está com sua vida sexual em geral? ( ) muito satisfeita ( ) moderadamente satisfeita ( ) nem satisfeita, nem insatisfeita ( ) moderadamente insatisfeita ( ) muito insatisfeita 17. Nas últimas 4 semanas, quantas vezes você sente desconforto ou dor durante a penetração vaginal? ( ) não tenho atividade sexual ( ) sempre ou quase sempre ( ) a maioria das vezes (mais que a metade) ( ) as vezes (ao redor da metade) ( ) poucas vezes (menos que a metade) ( ) quase nunca ou nunca 18. Nas últimas 4 semanas você sente desconforto ou dor depois da penetração vaginal? ( ) não tenho atividade sexual ( ) sempre ou quase sempre ( ) a maioria das vezes (mais que a metade) ( ) as vezes (ao redor da metade) ( ) poucas vezes (menos que a metade) ( ) quase nunca ou nunca 19. Nas últimas 4 semanas, como classificas seu nível (intensidade) de desconforto ou dor durante e depois da penetração vaginal? ( ) não tenho atividade sexual ( ) muito alto ( ) alto 37 ( ) moderado ( ) baixo ( ) muito baixo ou nada 38 PARTE II – 1º ARTIGO AVALIAÇÃO DOS TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS EM MULHERES COM SÍNDROME DE OVÁRIOS POLICÍSTICOS E SUA RELAÇÃO COM O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL EVALUATION OF COMMON MENTAL DISORDERS IN WOMEN WITH POLYCYSTIC OVARY SYNDROME AND ITS RELATIONSHIP WITH BODY MASS INDEX - Aceito na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (RBGO) Cristine Eliane Gomes Rodrigues1, Luana de Lima Ferreira1, Karen Jansen1, Mariane Ricardo Acosta Lopez1, Cláudio Raul Drews Jr1, Luciano Dias de Mattos Souza1 1 Universidade Católica de Pelotas Rua Gonçalves Chaves, 373, Campus 1 – Sala 411 C – Prédio C - Cep: 96015-560 - Centro O presente projeto não recebeu auxílio de bolsa de estudos, financiamento, fornecimento de drogas, reagentes ou equipamentos. Autor correspondente Nome: Cristine Eliane Gomes Rodrigues Endereço: UCPel: Rua Gonçalves Chaves, 373, Campus 1 – Sala 411 C – Prédio C Cep: 96015-560 – Centro E-mail: [email protected] 39 Fone: (53) 81388555 / (53) 21288404 40 RESUMO Objetivos: Avaliar a prevalência de transtornos mentais comuns em mulheres diagnosticadas com Síndrome de Ovários Policísticos (SOP) e comparar com controles pareadas sem SOP. Métodos: Estudo transversal com grupo controle. Participaram mulheres entre 18 e 30 anos que não faziam uso de antidepressivo e procuraram o serviço de Ginecologia dos locais de pesquisa. Para cada mulher diagnosticada com SOP buscou-se outra sem esse diagnóstico com mesma idade, condição de escolaridade e presença ou ausência de parceiro sexual fixo. No total, 166 pacientes aceitaram participar sendo 95 diagnosticadas com SOP e 71 no grupo controle. Resultados: Não houve diferenças significativas quanto à idade, escolaridade, presença de parceiro sexual fixo, cor da pele, nível socioeconômico, uso de medicação psiquiátrica e busca por consulta em saúde mental. A proporção de mulheres obesas e com indicativo de transtorno mental comum foi significativamente maior no grupo de mulheres com SOP do que no grupo controle. No grupo com IMC saudável, a diferença de proporções referentes ao indicativo de transtorno mental comum entre mulheres com e sem SOP foi estatisticamente significativa (0,008). Conclusões: As mulheres com SOP apresentam proporção quase três vezes maior de transtornos mentais comuns quando comparadas com mulheres sem SOP. Mesmo as mulheres com SOP e IMC saudável apresentam maior risco de comorbidade psiquiátrica. Palavras-chave: Ovários policísticos; Transtorno Mental Comum; Obesidade; Índice de Massa Corporal. 41 ABSTRACT Purpose: To evaluate the prevalence of common mental disorders in women diagnosed with Polycystic Ovary Syndrome (PCOS) and compare with controls paired without PCOS. Methods: cross-sectional study with a control group in which women between 18 and 30 who did not use antidepressant and sought the Gynecology Service of the research sites. For every woman diagnosed with PCOS was sought another without this diagnosis with the same age, educational status and presence or absence of sexual partners. In total, 166 patients agreed to participate it is 95 diagnosed with PCOS and 71 in control group. Results: There were not significant differences in age, education, presence of sexual partners, ethnicity, socioeconomic status, use of psychiatric medication and search for consultation in mental health. The proportion of obese women with and indicative of common mental disorders was significantly higher in women with PCOS than the control group. In the group with healthy BMI, the difference of the proportions related to the indicative of common mental disorders among women with and without PCOS were statistically significant (0.008). Conclusions: Women with PCOS have almost three times higher proportion of common mental disorders compared with women without PCOS. Even women with PCOS and healthy BMI have an increased risk of psychiatric comorbidity. Keywords: Polycystic ovaries; mental health problems; obesity; Body Mass Index. 42 INTRODUÇÃO A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um distúrbio endócrino-ginecológico que afeta entre 5 a 10% das mulheres em idade reprodutiva.1,2,3,4,5,6,7. Os ovários policísticos são caracterizados por: hiperandrogenismo, resistência à insulina e anovulação crônica. Manifestações clínicas incluem: hirsutismo, acne, alopecia, obesidade, irregularidade menstrual e infertilidade, porém não necessariamente ocorram todos esses sintomas em conjunto.1,8 Essas manifestações apresentam-se de forma bastante heterogênea, havendo diferenças marcantes na sua prevalência e intensidade entre diferentes grupos de mulheres que apresentam SOP.2Engloba não somente uma condição endócrina, como também reprodutiva e psicológica das mulheres que tem sua imagem alterada pela obesidade, hirsutismo e acne, além da infertilidade, cursando com mudanças no modo de vida, podendo gerar insatisfação sexual e depressão.9,10 Alguns estudos relatam a associação dos ovários policísticos com um alto nível de depressão e ansiedade, causando impacto na qualidade de vida das mulheres, até mesmo levando a redução do sono, fobias e pânico.5 A relação entre as doenças afetivas e o sistema endócrino vem sendo amplamente estudada e é de grande interesse nos últimos anos. Os ovários policísticos é uma disfunção altamente relacionada com as manifestações físicas femininas que causam uma modificação da imagem da mulher podendo levar à depressão.8 A literatura sobre o tema ainda é escassa. Um estudo realizado no Rio de Janeiro com 72 pacientes mostrou que 57% apresentaram pelo menos um diagnóstico psiquiátrico.11 Entre os diagnósticos mais freqüentes estiveram o transtorno depressivo maior e transtorno de humor bipolar. A SOP em comorbidade com um transtorno psiquiátrico pode causar prejuízo funcional aumentado. Da mesma forma, o tratamento medicamentoso para transtornos de humor parece estar associado ao desenvolvimento de SOP.11 Este estudo tem como objetivo avaliar a prevalência de transtornos mentais comuns em mulheres com ovários policísticos quando comparadas a controles saudáveis. 43 44 MÉTODO Desenho do estudo Foi desenvolvido um estudo de transversal com grupo controle com duração de fevereiro de 2011 a dezembro de 2012. Sujeitos da pesquisa As mulheres entre 18 e 30 anos e que não faziam uso de antidepressivo que procuravam o serviço de Ginecologia dos locais de pesquisa foram convidadas para participar do estudo. Para cada mulher diagnosticada com SOP buscou-se outra sem esse diagnóstico com mesma idade, condição de escolaridade e presença ou ausência de parceiro sexual fixo. No total, 166 pacientes aceitaram participar sendo 95 diagnosticadas com SOP e 71 no grupo controle. Instrumento de coleta de dados A presente investigação científica obedeceu os critérios para o diagnóstico dos ovários policísticos baseados em consenso realizado em 200312 que impõe a necessidade de haver dois dos três seguintes critérios para se diagnosticar a SOP: oligoamenorréia ou amenorréia, hiperandrogenismo, morfologia policística dos ovários ao ultrassom.3,4,13 Apoiados nesse consenso é que vários autores estudaram a morfologia ovariana e definiram como avaliar os ovários ao ultrassom.4,14 As participantes foram convidadas a responder um questionário que avaliava dados sóciodemográficos e indicativo de transtornos mentais comuns. Além disso, as participantes foram avaliadas quanto a sua altura e peso. A avaliação socioeconômica dos participantes será realizada através da escala de classificação da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, que se baseia no acúmulo de bens materiais e na escolaridade do chefe da família, este instrumento classifica em a situação 45 socioeconômica em “A, B, C, D e E”, sendo “A” a situação socioeconômica mais alta e “E” a mais baixa.15 O cálculo do índice de massa corporal foi realizado através da divisão da massa, em quilogramas, pelo quadrado da altura, em metros. A categorização dos escores considerou resultados entre 18,6 e 24,9 como saudável, entre 25 e 29,9 como excesso de peso, 30 ou mais pontos como obesidade.16 O indicativo de transtorno mental comum foi avaliado pela escala SRQ-20 (SelfReportingQuestionnarie 20 itens), onde sintomas de ansiedade, de humor e somatoformes são aferidos. O mesmo é recomendado pela OMS e validado para a população brasileira por Mari e Williams17. No presente estudo, as mulheres com pontuações acima de 7 pontos foram consideradas com indicativo de transtorno mental comum. Comitê de Ética A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Pelotas e Fundação de Apoio Universitário, cujo protocolo foi 2011/03. Todas as entrevistadas foram informadas pelos pesquisadores dos reais motivos da pesquisa bem como da preservação de suas identidades, através da leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Local de Estudo O estudo foi realizado em quatro ambulatórios que continham serviço especializado de Ginecologia. Estes foram: Fundação de Apoio Universitário, Posto de Saúde Virgilio Costa, Hospital Clinicamp e Clinica de Ultrassonografia Centrus. Cálculo Amostral A presente investigação está inserida em um projeto de maior amplitude que visa avaliar diferenças genéticas nas mulheres diagnosticadas com SOP, portanto, o cálculo da amostra foi realizado em função deste objetivo e a coleta de dados segue em andamento. Contudo, considerando o número de participantes em cada grupo do estudo e as proporções do desfecho transtorno mental comum, a participação de 166 mulheres assegura confiabilidade de 95% e poder estatístico de 92% para diferenciação entre o indicativo de 46 transtorno mental comum e diagnóstico de SOP. O cálculo de confiabilidade e poder estatístico foi realizado no programa EpiInfo 6.04. Análise dos dados Os instrumentos foram codificados com caracteres padronizados e depois duplamente digitados no programa EpiInfo 6.04 para posterior verificação e correção de inconsistências na entrada de dados. Para a análise dos dados de associação das variáveis em estudo foram realizados os testes estatísticos de qui-quadrado, para verificação de diferenças de proporções, e teste t, para observar diferenças de médias. Por fim, foi realizada uma análise de qui-quadrado estratificada pela categorização do índice de massa corporal, para verificar as diferenças de proporções de indicativo de transtorno mental comum entre os grupos de mulheres com e sem SOP. 47 RESULTADOS Até o momento, 166 mulheres participaram do estudo. Do total, 95 foram diagnosticados com SOP enquanto 71 foram as mulheres pareadas no grupo controle. O pareamento proposto para formação dos grupos em estudo foi efetivo uma vez que não houve diferenças estatisticamente significativas entre estes em relação a idade, escolaridade e ter parceiro fixo. A média de idade das mulheres com SOP foi de 24,36 (3,56) anos enquanto no grupo controle as participantes apresentaram média de idade de 24,38 (3,75). No grupo de participantes com SOP a proporção de mulheres com um parceiro sexual fixo foi de 89,1% enquanto 91,5% do grupo controle também relatou ter um parceiro sexual fixo. Quanto à escolaridade, no grupo de mulheres diagnosticadas com SOP, 48,4% relataram ter segundo grau completo e 37,9% ensino superior completo enquanto estas proporções no grupo controle foram de 50,7% e 39,4%, respectivamente. A Tabela 1 apresenta a caracterização e a diferenciação dos dois grupos de participantes. A proporção de mulheres obesas e com indicativo de transtorno mental comum foi significativamente maior no grupo de mulheres com SOP do que no grupo controle. Após a análise estratificada por IMC (Tabela 2), no grupo de mulheres saudáveis, a diferença de proporções de indicativo de transtorno mental comum entre mulheres com e sem SOP foi estatisticamente significativa (0,008). 48 DISCUSSÃO Na rotina de consultório ginecológico é pouco comum o questionamento as pacientes a respeito de sintomas emocionais. Contudo, a demanda de queixas em saúde mental também pode surgir nesse momento18 trazendo à tona a necessidade de orientação e acompanhamento. O presente estudo enfatiza a que as mulheres com SOP apresentam proporção quase três vezes maior de transtornos mentais comuns quando comparadas com mulheres sem SOP. Este dado corrobora com outros estudos que sinalizam a elevada demanda em saúde mental desta população.5,11 Contudo, parte da literatura científica aponta como uma possível explicação para esta elevada prevalência de transtornos psiquiátricos o impacto negativo da obesidade na auto estima feminina6. Em contrapartida, existe a perspectiva que todas as mulheres com SOP possuem preocupações em relação ao seu peso e, portanto, esta não seria uma características diferencial de fato e transtornos mentais ocorrem de forma independente do IMC19,20. Os dados aqui apresentados indicam que mesmo as mulheres com SOP e peso considerado saudável apresentam maior risco de comorbidade psiquiátrica. Estes dados vem ao encontro de recente estudo de metanálise que evidencia um risco quatro vezes maior para depressão em mulheres com SOP de forma independente de seu IMC.21 Houve algumas limitações no presente estudo. Tivemos um número pequeno de mulheres obesas, especialmente as sem diagnóstico de SOP. É provável que a mesma relação encontrada no grupo de mulheres saudáveis esteja presente nos demais grupos. O desenho do estudo impõe o viés de causalidade reversa, assim, não é possível distinguir qual a condição foi primeiro manifestada, SOP ou TMC. Contudo, podemos pensar que a SOP pode deixar a mulher mais vulnerável emocionalmente, se não pelas consequências do sobrepeso/obesidade, por outras características da síndrome que potencialmente possuem implicações semelhantes, como hirsutismo10, acne22, infertilidade23. Além disso, alterações hormonais características do quadro clínico também podem contribuir significativamente para o surgimento de transtornos mentais em mulheres com SOP24,25. Desta forma, é importante que futuros estudos busquem aferir a relação entre transtornos mentais, em especial transtornos de humor, e SOP através de avaliações hormonais e genéticas. 49 Na prática clínica há necessidade de uma conscientização dos profissionais da saúde, em especial neste caso o ginecologista, para indagarem a respeito da saúde mental de sua paciente e quando necessário encaminhá-la para um profissional apto para acompanhá-la e dar continuidade ao tratamento. Um grupo seria o ideal para que em conjunto, ginecologista, psicólogo e endocrinologista pudessem cuidar dessa paciente; ou seja uma equipe multidisciplinar se faria necessária para avaliação de medicação e suas interações e continuidade ao tratamento. 50 REFERÊNCIAS 1. Cronin L, Guyatt G, Griffith L, Wong E, Azziz R, Futterweit W, et al. Development of a health-related quality-of-life questionnaire (PCOSQ) for women with polycystic ovary syndrome (PCOS). J ClinEndocrinolMetab. 1998;83(6):1976-87. 2. Moreira S, Soares E, Tomaz G, Maranhão T, Azevedo G. Polycysticovarysyndrome: a psychosocial approach. Acta Med Port. 2010;23(2):237-42. 3. Merino P, Schulin-Zeuthen C, Codner E. Current diagnosis of polycystic ovary syndrome: expanding the phenotype but generating new questions. Rev Med Chil. 2009;137(8):1071-80. 4. Lakhani K, Seifalian AM, Atiomo WU, Hardiman P. Polycystic ovaries. Br J Radiol. 2002;75(889):9-16. 5. Jedel E, Waern M, Gustafson D, Landén M, Eriksson E, Holm G, et al. Anxiety and depression symptoms in women with polycystic ovary syndrome compared with controls matched for body mass index. Hum Reprod. 2010;25(2):450-6. 6. Himelein MJ, Thatcher SS. Depression and body image among women with polycystic ovary syndrome. J Health Psychol. 2006;11(4):613-25. 7. Kerchner A, Lester W, Stuart SP, Dokras A. Risk of depression and other mental health disorders in women with polycystic ovary syndrome: a longitudinal study. FertilSteril. 2009;91(1):207-12. 8. Rasgon NL, Rao RC, Hwang S, Altshuler LL, Elman S, Zuckerbrow-Miller J et al. Depression in women with polycystic ovary syndrome: clinical and biochemical correlates.J Affect Disord.2003;74(3):299-304. 51 9. Deeks AA, Gibson-Helm ME, Teede HJ. Anxiety and depression in polycystic ovary syndrome: a comprehensive investigation.FertilSteril. 2010;93(7):2421-3. 10. Hahn S, Janssen OE, Tan S, Pleger K, Mann K, Schedlowski M et al. 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Disponível em: <http://www.abep.org/novo/Content.aspx?ContentID=302 >. 16. World Health Organization. Obesity preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO consultation on obesity. Geneva: WHO; 1997. 17. Mari JJ, Williams P. A validity study of a psychiatric screeninng questionnaire (SRQ20) in primary care in the city of São Paulo. Br J Psychiatry. 1986; 148: 23-26. 52 18. Cipkala-Gaffin J, Talbott EO, Song MK, Bromberger J, Wilson J. Associations between psychologic symptoms and life satisfaction in women with polycystic ovary syndrome. J Womens Health (Larchmt). 2012;21(2):179-87. 19. Jones GL, Hall JM, Balen AH, Ledger WL. Health-related quality of life measurement in women with polycystic ovary syndrome: a systematic review. Hum Reprod Update. 2008;14(1):15-25. 20. Hollinrake E; Abreu A; Maifeld M; Van Voorhis BJ; Dokras A. Increased risk of depressive disorders in women with polycystic ovary syndrome. FertilSteril. 2007;87(6):1369-76. 21. Dokras A, Clifton S, Futterweit W, Wild R. Increased risk for abnormal depression scores in women with polycystic ovary syndrome: a systematic review and metaanalysis. Obstet Gynecol. 2011;117(1):145-52. 22. Barnard L, Ferriday D, Guenther N, Strauss B, Balen AH, Dye L. Quality of life and psychological well being in polycystic ovary syndrome. Hum Reprod. 2007;22:22792286. 23. Tan S, Hahn S, Benson S, Janssen OE, Dietz T, Kimmig R, et al. Psychological implications of infertility in women with polycystic ovary syndrome. Hum Reprod. 2008;23:2064-2071. 24. Livadas S, Chaskou S, Kandaraki AA, Skourletos G, Economou F, Christou M et al. Anxiety is associated with hormonal and metabolic profile in women with polycystic ovarian syndrome. ClinEndocrinol (Oxf). 2011;75(5):698-703. 25. Jedel E, Gustafson D, Waern M, Sverrisdottir YB, Landén M, Janson PO, et al. Sex steroids, insulin sensitivity and sympathetic nerve activity in relation to affective symptoms in women with polycystic ovary syndrome. Psychoneuroendocrinology. 2011;36(10):1470-9. 53 Tabela 1 – Diferença de proporções entre mulheres com e sem SOP. Casos (n=95) Controles (n=71) n (%) n (%) p valor 0,434 Nível socioeconômico A 16 (16,8) 10 (14,1) B 59 (62,1) 53 (74,6) C ou D 20 (21,1) 8 (11,3) 0,649 Cor da pele Branca 85 (89,5) 61 (85,9) Não branca 10 (10,5) 10 (14,1) 0,003* Índice de Massa Corporal Saudável 48 (51,6) 50 (71,4) Excesso de peso 21 (22,6) 14 (20,0) Obesidade 24 (25,8) 6 (8,9) 1,000 Consulta em saúde mental Sim 39 (41,1) 29 (40,8) Não 56 (58,9) 42 (59,2) 0,289 Medicação psiquiátrica nos últimos 30 dias Não 79 (83,2) 64 (90,1) Sim 16 (16,8) 7 (9,9) 0,001* Transtorno Mental Comum Não 57 (60,0) 60 (84,5) Sim 38 (40,0) 11 (15,5) * diferença estatisticamente significativa. 54 Tabela 2 – Diferença de proporções de indicativo de transtorno mental comum entre mulheres com e sem SOP, análise estratificada por IMC. Casos Controles (n=71) (n=95) Índice de Massa Corporal n (%) n (%) p valor Saudável (n=98) TMC Excesso de 0,008* Não 29 (60,4) 43 (86,0) Sim 19 (39,6) 7 (14,0) peso (n=35) TMC 0,162 Não 14 (66,7) 13 (92,9) Sim 7 (33,3) 1 (7,1) Obesidade (n=30) TMC 1,000 Não 13 (54,2) 3 (50,0) Sim 11 (45,8) 3 (50,0) * diferença estatisticamente significativa. 55 PARTE III – 2º ARTIGO QUALIDADE DE VIDA NA SÍNDROME DE OVÁRIOS POLICÍSTICOS Síndrome de Ovários Policísticos - Artigo que será submetido à revista FertilityandSterility Autores Cristine Eliane Gomes Rodrigues1, Mestre Karen Jansen1, Doutora Luana de Lima Ferreira1, Psicóloga Mariane Acosta Lopez Molina1, Mestre Danielly Mendes Danelon1, Psicóloga Luciano Dias de Mattos Souza1, Doutor Instituição 1 Programa de Pós-Graduação em Saúde e Comportamento da Universidade Católica de Pelotas Autor Correspondente Nome: Luciano Dias de Mattos Souza Endereço: Rua Gonçalves Chaves, 373, Campus I – Sala 411 C – Prédio C Cep 96015-560 – Centro – Pelotas – RS – Brasil E-mail: [email protected] 56 Fone: (53) 81180444 / (53) 21288404 57 RESUMO Introdução: A Síndrome de Ovários Policísticos (SOP) não é apenas um problema físico que pode levar a obesidade entre outros sintomas, mas também a estressores psicossociais, interferindo e comprometendo a qualidade de vida das mulheres que a apresentam. Objetivo: Comparar a qualidade de vida (QV) de mulheres diagnosticadas com SOP em relação a um grupo de mulheres saudáveis. Delineamento: Estudo transversal com um grupo controle. Sujeitos: 102 mulheres de 18 a 30 anos de idade, com diagnóstico de SOP selecionadas por conveniência e 93 mulheres sem diagnóstico de SOP pareadas por idade, escolaridade e situação conjugal. O diagnóstico foi realizado por ultrassom transvaginal. Principais medidas de desfecho: AQV foi verificada pela Medical OutcomesSurvey Short-form General Health Survey. Resultados: A SOP esteve associada a maior prevalência de TMC (51% vs. 17.2%; p=0,001) e excesso de peso/obesidade (47,1% vs. 28%; p=0,009). Na análise ajustada, a QV foi menor no domínio dor (p=0,006), estado geral de saúde (p=0,001) e capacidade funcional (p=0,051) entre as mulheres com SOP quando compradas as saudáveis; nos domínios vitalidade (p=0,084) e aspecto emocional (p=0,088) houve uma tendência a menores escores entre as mulheres com SOP. Conclusão: TMC e excesso de peso/obesidade são mais prevalentes entre mulheres com SOP do que mulheres saudáveis. Contudo, concluise que, principalmente, nos domínios físicos a SOP parece ter impacto sobre a percepção de QV após ajuste para TMC e excesso de peso/obesidade. Palavras-chave: Síndrome de Ovários Policísticos; Obesidade; Transtornos Mentais Comuns; Qualidade de Vida. 58 ABSTRACT Introduction:PolycysticOvarySyndrome (PCOS) isnotonly a physicalproblemthatcan lead toobesityandothersymptoms, butalsothepsychosocialstressors, interferingandcompromisingthequalityoflifeofwomenwhohave. Objective:To compare thequalityoflife (QOL) ofwomendiagnosedwith PCOS comparedto a groupofhealthywomen. Design: Cross-sectionalstudywith a controlgroup. Subjects: 102 women 18-30 yearsof age, diagnosedwith PCOS selectedbyconvenienceand 93 womenwithout a diagnosisof PCOS matched for age, educationand marital status. The diagnosiswasmadebyultrasonography. MainOutcomeMeasures: QOL wasverifiedbythe Medical OutcomesSurvey Short-Form General Health Survey. Results: SOP wasassociatedwithgreaterprevalenceof TMC (51% vs. 17.2%, p = 0.001) andoverweight / obesity (47.1% vs. 28%, p = 0.009). In theadjustedanalysis, QOL waslower in thepaindomain (p = 0.006), general health (p = 0.001) andfunctionalcapacity (p = 0.051) amongwomenwith PCOS whenboughtthehealthy; fieldsvitality (p = 0.084) andemotionalaspects (p = 0.088), therewas a tendencytolower scores amongwomenwith PCOS. Conclusion: TMC andoverweight / obesity are more prevalentamongwomenwith it especially in PCOS physicaldomains thanhealthywomen. PCOS However, isconcludedthat, seemstohaveanimpactontheperceptionof QOL afteradjustment for TMC andoverweight / obesity. Keywords:PolycysticOvarySyndrome, Obesity, Common Mental Disorders, Qualityof Life. 59 INTRODUÇÃO A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um distúrbio endócrino-ginecológico que afeta de 5 a 10% das mulheres em idade reprodutiva.1-7 Os ovários policísticos são caracterizados por: hiperandrogenismo, resistência à insulina e anovulação crônica. Manifestações clínicas incluem: hirsutismo, acne, alopecia, obesidade, irregularidade menstrual e infertilidade, porém não necessariamente ocorram todos esses sintomas em conjunto.1,8 Essas manifestações apresentam-se de forma bastante heterogênea, havendo diferenças marcantes na sua prevalência e intensidade entre diferentes grupos de mulheres que apresentam SOP.2 Engloba não somente uma condição endócrina, como também reprodutiva e psicológica das mulheres que tem sua imagem alterada pela obesidade, hirsutismo e acne, além da infertilidade, cursando com mudanças no modo de vida, podendo gerar insatisfação sexual e depressão.9,10 Os ovários policísticos não se confinam apenas àquelas mulheres com sintomas clássicos. Ao contrário, com o avanço da ecografia transvaginal é comum a presença de ovários policísticos em mulheres assintomáticas e sem alteração de sua qualidade de vida.4 A qualidade de vida tem uma definição multidimensional que engloba aspectos, físicos, emocionais e sociais do ser humano.11 Ela é definida como o grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e na própria estética existencial. Estudos relatam que a redução na qualidade de vida devido aos ovários policísticos se reflete na insatisfação sexual e pessoal, agressividade, dor e até mesmo mudança na personalidade.6,12 Obesidade e hirsutismo se associam com os aspectos da qualidade de vida, mas a acne não.10 No que se refere à SOP, Coffey e Mason observaram altos índices de depressão e alterações psicosexuais nas pacientes com SOP, assim como uma pior qualidade de vida associada com alterações do ciclo menstrual e infertilidade.13Hahn e col. concluíram que mulheres com SOP tem pior qualidade de vida quando comparadas com saudáveis, o que acarreta distúrbios psicossociais e piora a satisfação sexual dessas mulheres.10 Além disso, Jones e col. enfatizaram o aumento do Índice de Massa Corporal (IMC) e piora da qualidade de vida em mulheres com SOP.11 Não foram encontrados estudos brasileiros que relacionassem a qualidade de vida com a SOP. 60 Visto que aspectos culturais podem influenciar o constructo qualidade de vida, estudos que objetivem verificar a associação da SOP com a qualidade de vida se fazem necessários. Sabe-se, portanto, que com pequenas mudanças principalmente na rede básica de assistência à saúde, um simples exame de rotina poderia diagnosticar e com o tratamento, mudar a qualidade de vida de muitas pacientes. Assim, este estudo tem como objetivo comparar a qualidade de vida de mulheres diagnosticadas com SOP em relação a um grupo de mulheres saudáveis. 61 MÉTODOS Estudo transversal com grupo controle, tendo como população-alvo mulheres entre 18 e 30 anos que foram diagnosticadas (casos) ou não (controles) como portadoras de Ovários Policísticos por ultrassom transvaginal. A coleta de dados foi realizada durante o período de fevereiro de 2011 a abril de 2013, na Fundação de Apoio Universitário, no Posto de Saúde Virgílio Costa, Hospital Clinicamp e Clínica de Ultrassonografia Centrus. Foram incluídas neste estudo, para compor o grupo de casos, as mulheres que obedeceram os critérios para o diagnóstico dos ovários policísticos, que se baseiam no consenso de Rotterdam em 200314 e é com base nesse consenso que se impõe a necessidade de haver dois dos três seguintes critérios para se diagnosticar a SOP: oligoamenorréia ou amenorréia, hiperandrogenismo, morfologia policística dos ovários ao ultrassom.3-4,15 Apoiados nesse consenso é que vários autores estudaram a morfologia ovariana e definiram como avaliar os ovários ao ultrassom.4,16 Para o grupo controle, mulheres sem diagnóstico de SOP foram pareadas por idade, escolaridade e ter ou não parceiro fixo. Após a seleção das participantes, as mulheres foram convidadas a responder um questionário que avaliava: idade, cor da pele, escolaridade, parceiro/companheiro fixo, classificação econômica, excesso de peso/obesidade, TMC e QV. A classificação econômica foi verificada através da escala da Associação Brasileira de Empresa de Pesquisas (ABEP), um instrumento baseado no relato de bens de consumo e escolaridade do chefe de família. Possibilita uma classificação entre A, B, C, D e E, onde “A” é a classificação mais alta e “E” a mais baixa.17 Para recodificar a variável “excesso de peso/obesidade” foi verificada a altura e o peso das mulheres por auto relato e calculado o índice de massa corpórea (IMC), na qual IMC≥25 foi considerado positivo para o grupo excesso de peso/obesidade. O indicativo de transtorno mental comum foi avaliado pela escala SRQ-20 (Self-ReportingQuestionnarie 20 itens), onde sintomas de ansiedade, depressão e somatoformes são aferidos. O mesmo é recomendado pela OMS e validado para a população brasileira por Mari e Williams18. Neste estudo, foi considerada a presença de TMC quando SRQ-20 ≥ que 7 pontos. A qualidade de vida foi avaliada através do MOS SF-36 (Medical OutcomesSurvey Short-form General Health Survey). Trata-se de uma escala desenvolvida para obter uma 62 estimativa subjetiva do estado funcional relacionada à saúde dos pacientes. Consiste em 36 itens que perguntam sobre como a vida diária tem sido limitada devido a problemas de saúde (caminhando, fazendo compras, subindo degraus, etc). Ao ser completado, resulta em uma classificação de oito domínios: capacidade funcional, aspecto físico, dor, vitalidade, aspecto social, aspecto emocional, saúde mental e estado geral de saúde. Os oito domínios são avaliados em uma escala padronizada de 0-100, na qual o escore mais alto representa um estado melhor de saúde. A escala SF-36 foi adaptada para ser usada na população do Brasil por Ciconelli19. Este projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Pelotas (2011/03). Todas as mulheres incluídas no estudo, após terem sido devidamente esclarecidas sobre a pesquisa, assinaram o termo de consentimento e foram informadas que poderiam se retirar do estudo a qualquer momento, sem nenhum prejuízo para sua saúde. Os instrumentos foram codificados com caracteres padronizados e depois duplamente digitados para checar a consistência da entrada de dados no programa Epi-Info 6.04d. Para a análise dos dados foi utilizado o software SPSS 21. A comparação do grupo de mulheres com SOP com o grupo controle em relação às características investigadas foi realizada através do teste qui-quadrado. A comparação das médias dos domínios de qualidade de vida entre estes grupos (com e sem SOP) foi realizada pelo teste t de Student e apresentadas graficamente. Além disso, foi apresentado o coeficiente dos domínios da QV entre os grupos de casos e controles através de regressão linear bruta e ajustada para as variáveis com pvalor<0,20 (TMC e excesso de peso/obesidade). Para todos os testes estatísticos foram consideradas associações significativas quando p-valor<0,05. 63 RESULTADOS No total, 12 mulheres se recusaram a participar do estudo. Assim, a amostra foi composta por 102 casos e 93 controles. Na tabela 1, observa-se equivalência entre os dois grupos quanto a idade, cor da pele, escolaridade, parceiro/companheiro fixo e classificação econômica. Para esta amostra, a prevalência de TMC foi maior entre as mulheres com SOP (51%) do que entre as mulheres sem SOP (17,2%; p<0,001). Também foi observado que a prevalência de excesso de peso/obesidade foi maior entre as mulheres com SOP (47,1%) do que entre as saudáveis (28%; p=0,009) (tabela 1). Quanto a QV, na análise bruta dos dados, nos oito domínios da SF-36 avaliados, as mulheres com SOP relataram pior percepção do que as saudáveis. Sendo, a diferença entre as médias estatisticamente significativa nos domínios: capacidade funcional; dor; estado geral de saúde; vitalidade; aspecto social; e saúde mental (p<0,001). Os aspectos físicos e emocionais não tiveram diferença estatisticamente significativa (p>0,05) (Gráfico 1). Na regressão linear bruta as mulheres com SOP apresentaram piores escores em todos os domínios da QV, exceto nos domínios aspecto físico e emocional, quando comparadas as mulheres sem SOP. Após ajuste para TMC e excesso de peso/obesidade é possível observar que a presença de SOP perdeu o efeito do coeficiente da regressão em todos os domínios, permanecendo prejuízo estatisticamente significativo na qualidade de vida no que se refere ao domínio capacidade funcional, dor e estado geral de saúde (Tabela 2). 64 DISCUSSÃO Neste estudo, a SOP está associada a uma elevada probabilidade de transtornos mentais e excesso de peso/obesidade. Na análise bruta as mulheres com SOP relataram pior percepção de qualidade de vida em todos os domínios quando comparadas às mulheres saudáveis. Quando ajustada a relação entre qualidade de vida e SOP, para TMC e excesso de peso/obesidade, pode-se observar que estas medidas estavam confundindo a associação entre a exposição e desfechos avaliados, exceto no domínio capacidade funcional, dor e estado geral de saúde, ou seja, a SOP está associada com a QV, mas possui um efeito mais forte quando ocorre comorbidade com TMC e excesso de peso/obesidade. A síndrome de ovários policísticos se constitui de uma alteração hormonal, ou seja, tem como consequência um hiperandrogenismo e aumento da resistência à insulina,1,8 os quais podem justificar um aumento do IMC e de sintomas depressivos. Estas alterações hormonais podem explicar o porquê de metade das mulheres com SOP, neste estudo, apresentarem transtornos mentais comuns e excesso de peso/obesidade. De uma forma geral é descrito na literatura que mulheres com SOP apresentam piores escores de QV do que mulheres sem SOP. Em uma meta-análise as mulheres com SOP apresentaram escores médios de qualidade de vida significativamente inferiores em todos os domínios do SF-36.20 No entanto, tanto a presença de transtornos mentais21,22 quanto a obesidade estão diretamente relacionados à piora na qualidade de vida,23 e estes fatores não foram considerados como confundidores nos trabalhos apresentados nesta meta-análise, dificultando a interpretação dos dados. Do mesmo modo, estudos anteriores verificaram associação entre a presença de TMC e a SOP,24 bem como, relação entre a obesidade e a SOP.25 Os achados do presente trabalho indicam que a presença de TMC e excesso de peso/obesidade foram preditores da associação entre a SOP e o prejuízo na QV, principalmente, entre os domínios que se referem ao componente mental. A síndrome de ovários policísticos é uma disfunção altamente relacionada com as manifestações físicas femininas, como acne, hirsutismo, alopecia, oleosidade, irregularidade menstrual e até mesmo infertilidade.1,8 Estas características levam a uma modificação da percepção da imagem feminina, que pode resultar em depressão.26 Os sintomas depressivos, somados a sintomas ansiosos e somatoformes definem transtornos mentais comuns e estão 65 diretamente relacionados com os componentes psicológicos da QV. Por conseguinte, podem explicar melhor do que a SOP a percepção de prejuízo na qualidade de vida dentre os domínios do componente mental. Na literatura não existe um consenso se a obesidade afeta mais os componentes físicos ou psicológicos da QV. Autores relatam que o aumento do IMC está diretamente relacionado com a piora da QV e consequentemente piora do componente mental.27 A obesidade está associada à diminuição de bem estar psíquico, dificuldade de integração social e baixa autoestima,28 sendo ela, claramente, um fator que pode afetar a QV sem a presença de outros sintomas clínicos em sujeitos saudáveis.27,29 Os domínios que se referem ao componente físico – capacidade funcional, dor e estado geral de saúde, com exceção do aspecto físico – permaneceram impactando de forma negativa a percepção de prejuízo na qualidade de vida das mulheres com SOP. Um outro estudo verificou que quando ajustado para o IMC, a SOP apresentou índices nos domínios físicos similares ou até mesmo melhores que outras doenças como asma, epilepsia, diabetes e doença coronariana31. Parece assim que a manifestação clínica e fisiológica da SOP não justifica o prejuízo nos componentes físicos da qualidade de vida, quando comparada as mulheres saudáveis; parece ser apenas a consequência de queixas somáticas ou uma distorção perceptiva em função da consciência de ter sido diagnosticada com SOP. Um ensaio clínico sugere que hábitos de vida saudáveis, como a prática habitual de atividade física e dieta adequada, interferem diretamente na qualidade de vida e bem estar de mulheres com ovários policísticos.30 Assim, se reforça a necessidade de atuação multidisciplinar no tratamento da SOP, onde o encaminhamento para psicólogo, nutricionista e educador físico pode promover uma melhora na qualidade de vida global destas mulheres. É importante salientar que apesar deste estudo verificar a relação entre SOP e qualidade de vida, considerando a avaliação de transtornos mentais e índice de massa corporal, diferente dos demais estudos encontrados na literatura, as inferências causais entre a SOP e a QV estão limitadas em função do delineamento transversal. Sugere-se assim, estudos longitudinais que possam investigar se o prejuízo na QV é decorrente da SOP. A partir deste trabalho, pode-se concluir que o TMC e o excesso de peso/obesidade são mais prevalentes entre mulheres com SOP do que mulheres saudáveis. Também verificou- 66 se que, principalmente, nos domínios físicos a SOP parece ter impacto sobre a percepção de QV e que a presença de comorbidade com TMC e/ou excesso de peso/obesidade podem predizer prejuízo nos domínios psicológicos. 67 REFERÊNCIAS 1. Cronin L, Guyatt G, Griffith L, Wong E, Azziz R, Futterweit W, et al. 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Tabela 1: Diferença de proporções entre mulheres com e sem diagnóstico de SOP. Total Casos Controles n (%) n (%) n (%) 0,632 Idade 18 – 24 anos 94 (48,2) 47 (46,1) 47 (50,5) 25 – 30 anos 101 (51,8) 55 (53,9) 46 (59,5) 0,997 Cor da pele Branca 173 (88,7) 91 (89,2) 82 (88,2) Não branca 22 (11,3) 11 (10,8) 11 (11,8) 0,466 Parceiro fixo Não 23 (11,8) 14 (14,1) 9 (9,7) Sim 169 (88,8) 85 (85,9) 84 (90,3) 0,568 Escolaridade Ens. Fund./Médio Incompleto 25 (12,8) 15 (14,7) 10 (10,8) Ensino Médio Completo 94 (48,2) 48 (47,1) 46 (49,5) Superior 76 (39,0) 39 (38,2) 37 (39,8) 0,228 Classificação econômica A/B 135 (69,2) 75 (73,5) 60 (64,5) C /D 60 (30,8) 27 (26,5) 33 (35,5) 0,009 Excesso de peso ou obesidade Não 121 (62,1) 54 (52,9) 67(72,0) Sim 74 (37,9) 48 (47,1) 26 (28,0) <0,001 TMC Não P-valor 127 (65,1) 50 (49,0) 77 (82,8) 71 Sim Total 68 (34,9) 52 (51,0) 16 (17,2) 195 102 93 --- 72 73 Gráfico 1: Escores médios dos domínios da SF-36 entre as mulheres com e sem SOP. 74 Tabela 2: Qualidade de vida entre as mulheres com e sem SOP: coeficiente da Regressão Linear bruto e ajustado para IMC e TMC. Análise bruta Análise ajustada Domínios da SF-36 Coeficiente (IC 95%) P-valor Coeficiente (IC 95%) P-valor Capacidade funcional 9,49 (5,18 – 13,81) <0,001 4,25 (-0,03 – 8,53) 0,051 Aspecto físico 7,47 (-0,83 – 15,77) 0,078 -3,35 (-11,44 – 4,75) 0,416 Dor 15,45 (9,48 – 21,42) <0,001 8,25 (2,38 – 14,12) 0,006 Estado geral de saúde 15,86 (10,20 – 21,51) <0,001 9,28 (3,66 – 14,90) 0,001 Vitalidade 13,13 (7,51 – 18,75) <0,001 4,37 (-0,93 – 9,33) 0,084 Aspecto social 12,73 (6,85 – 18,62) <0,001 4,37 (-1,11 – 9,85) 0,118 Aspecto emocional 2,71 (-6,60 – 12,02) 0,567 -7,96 (-17,14 – 1,21) 0,088 Saúde mental 12,42 (7,05 – 17,79) <0,001 3,07 (-1,45 – 7,58) 0,182 75