CBS22. Estudo da toxicidade de fármacos leishmanicidas em linhagens celulares murina e canina Silva MC, Giorgio S Introdução: A leishmaniose compreende um grupo de doenças cujos agentes etiológicos são protozoários do gênero Leishmania. Além do homem, cães também são infectados, sendo considerados os reservatórios da doença. A leishmaniose visceral (LV) é causada, no Brasil, pela L. infantum, parasita com tropismo por células do sistema fagocítico mononuclear do baço, fígado, medula óssea e tecidos linfóides. Em humanos a LV é fatal senão tratada. Também de grande importância epidemiológica é a leishmaniose visceral canina (LVC), que tem apresentado índices altos no Brasil, não há tratamento adequado para esses animais e a eutanásia é recomendada em vários países. O antimoniato de meglumina (Glucantime®) é o fármaco de primeira linha no tratamento da LV, sendo tóxico para pacientes e nem sempre efetivo. A miltefosina foi usada originalmente contra tumores e apresenta atividade leishmanicida em ensaios clínicos. Para se avaliar e comparar a toxicidade desses fármacos, um modelo in vitro, com condições experimentais controladas é necessário, já que a maioria dos estudos com fármacos para a LVC foi realizado in vivo. Nesse trabalho desenvolvemos protocolos de infecção e avaliação de citotoxicidade. Objetivo: Os objetivos foram: avaliar a ação tóxica dos fármacos antimoniato de meglumina e miltefosina em macrófagos de linhagem tumoral de origens canina e murina, e comparar seus efeitos leishmanicidas nas duas linhagens celulares infectadas com a forma amastigota. Metodologia: Para avaliação da toxicidade dos fármacos aos macrófagos, a linhagem tumoral canina DH82 e a linhagem tumoral murina J774, ambas de fenótipo macrofágico, foram cultivadas em placas de 24 poços, a 37oC em estufa com 5% de CO2 durante 48 h, e então tratadas durante 48 h com antimoniato de meglumina ou miltefosina. Para avaliar a ação tóxica dos fármacos nos amastigotas intracelulares, os macrófagos foram cultivados a 37oC em estufa com 5% de CO2 e infectados com promastigotas na proporção parasita:célula 20:1. Após 24 h de infecção, realizou-se o tratamento com antimoniato de meglumina ou miltefosina. Os experimentos foram feitos em triplicata. A contagem de 20 campos aleatórios em cada lamínula fixada em metanol e corada com Giemsa foi realizada em microscópio óptico em aumento de 1000X. Resultados e discussão: As culturas não-infectadas de macrófagos DH82 apresentaram 61% de mortalidade e de macrófagos J774 79% de mortalidade quando tratadas com Glucantime® 64µg/mL. No tratamento com Miltefosine® 40µg/mL, as culturas não-infectadas de DH82 apresentaram 98% de mortalidade. As culturas infectadas de células DH82 apresentaram 42% de mortalidade e J774 59% de mortalidade quando tratadas com Glucantime® 64µg/mL, enquanto que no tratamento com Miltefosine® 40µg/mL, as culturas infectadas de células DH82 apresentaram 96% de mortalidade. Os resultados indicam que os fármacos são tóxicos para as duas linhagens celulares, mas são mais tóxicos para as culturas de células não-infectadas. Uma possível explicação seria a maior disponibilidade dos fármacos em células nãoinfectadas, que estão com metabolismo e tamanho normal, enquanto que macrófagos infectados têm metabolismo alterado, tamanho aumentado e vacuolização devido à parasitemia. Mais testes estão sendo realizados para confirmação dessa hipótese. Palavras-chave: macrófagos, leishmaniose, toxicidade. Apoio financeiro: CNPq.