1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: OS DESAFIOS DA INCLUSÃO DIGITAL Silvio Batista Pitaluga 1 RESUMO O presente artigo investiga as falas dos principais pesquisadores sobre Educação a Distância no contexto atual, bem como a importância da inclusão digital e suas interações entre educadores e educando. Para a análise da metodologia adotou-se o caráter descritivo investigando as atuais redes de inclusão digital, conhecimento científico e uma ampla pesquisa bibliográfica em periódicos acadêmicos e de pesquisadores destinados ao tema tratado. A primeira parte mostra a EAD e Suas origens, regulamentações e o surgimento das novas tecnologias. A segunda parte expõe os resultados das investigações realizadas durante a pesquisa contendo a percepção do procedimento de inclusão digital dos pesquisadores alunos e educadores. A terceira parte relata as considerações e conclusões a cerca do exposto. Como resultado, a partir das discussões estabelecidas dentro da pesquisa observou-se que o professor deve-se preocupar-se com sua educação inclusiva e a sua vivência em sala de aula possibilita maior acessibilidade aos recursos tecnológicos. Palavras-Chave: Educação Inclusiva; Acessibilidade aos Recursos Tecnológicos; Interação. ABSTRACT This article investigates the lines leading researcher on Distance Education in the current context, as well as the importance of digital inclusion and their interactions with educators. For the analysis of the methodology adopted the descriptive investigating the current network of digital inclusion, scientific knowledge and extensive research literature in academic journals and researchers for the theme. The first part shows the EAD and its origins, regulations and the emergence of new technologies. The second part presents the results of investigations carried out during the search procedure containing the perception of the digital inclusion of student researchers and educators. The third part describes the considerations and conclusions about the above. As a result, established from the discussions within the research showed that the teacher should be concerned with their inclusive education and his experience in the classroom allows for greater accessibility to technology resources. Keywords: Inclusive Education; Accessibility Technology Resources; Interaction. 1 Pós graduando em Docência do Ensino Superior - FAUC (2011); Bacharel em Administração de Empresas – FACH; Pós Graduação em Gestão em Marketing – UNAES. E-mail: [email protected] 2 INTRODUÇÃO Este trabalho tem por propósito investigar as citações e falas dos principais pensadores e pesquisadores sobre Educação a Distancia no contexto atual, bem como a importância da inclusão digital que surgiu para responder uma série de necessidades educacionais, principalmente a da formação de um público cuja escolarização fora interrompida, estava disperso geograficamente e impossibilitado de se deslocar para os centros de formação. Historicamente, a educação à distância, surgiu para superar as distâncias geográficas, mas hoje, na sociedade complexa em que vivemos enfrenta várias outras distâncias decorrentes das diferenças culturais, sociais e afetivas, assim como distâncias e normas que são forjadas pelas desigualdades econômicas e sociais. Vivenciamos o crescimento da informática ocorrendo de maneira acelerada na maioria dos setores da sociedade contemporânea e do Setor Educacional também tem apresentado crescimento. Somente a presença de computadores numa instituição educacional não é suficiente, é preciso formação para os educadores que ainda estão presos a metodologias tradicionais, por isso faz-se necessário alfabetizar para a tecnologia digital num processo em que o aluno sinta-se motivado pela curiosidade e por situações-problemas locais respeitando a diversidade cultural e as especificidades de cada indivíduo possibilitando manter focado na sua formação. O caráter descritivo desta pesquisa investigará as atuais das relações entre inclusão digital, conhecimento científico e uma ampla pesquisa bibliográfica em periódicos acadêmicos e de pesquisadores destinados ao tema tratado. Consiste em um grande desafio ainda por saber: qual a contribuição para alunos e professores dos diferentes aparatos das tecnologias? As escolhas das estratégias e negociações estabelecidas quanto às formas de utilização desses aparatos estão ligadas diretamente como as mediações pedagógicas preexistentes na experiência cotidiana de professores de escolas públicas e privadas que propiciam seu processo de formação continuada, podendo ser compartilhada com os demais profissionais e com a sociedade de forma integrada. 3 2. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1 Suas origens e regulamentações De acordo com o artigo 80 da Lei nº 9394/96, o Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância em todos os níveis e modalidades de ensino, oferecidos em regime especial, por instituições especificamente credenciadas pela União, que também regulamentará os requisitos para a realização de exames e registros de diploma relativos a cursos de educação à distância. A educação à distância, que terá as normas para produção, controle e avaliação, bem como a autorização para a implementação dos programas, estabelecidos pelos respectivos sistemas de ensino ou por diversos sistemas integrados, terá tratamento diferenciado, incluindo: Custos de transmissão reduzidos em canais comerciais e radio difusão sonora e de sons e imagens; Concessão de canais com finalidade exclusivamente educativos; Reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais. Sendo que, essas diversas modalidades de educação especial, previstas na lei 9394/96, têm uma única finalidade: tornar o ensino básico, especialmente o fundamental, mais eficiente, no sentido de atender adequadamente ao maior número possível de brasileiros, fazendo com que nos encontrem sistemas educacionais as condições favoráveis diversos ao seu desenvolvimento. Assim, para os que freqüentam o ensino regular, a Lei prevê um atendimento especial de acordo com as condições dos alunos: educação adequada aos portadores de necessidades especiais, educação profissional para aqueles que têm necessidade de trabalhar e idade precoce, programas integrados de ensino e pesquisa para os índios. Para os que não puderam freqüentar os estudos na idade regular, a lei prevê cursos e exames supletivos, além de programas de educação à distância. 4 Portanto, a lei abre diversas possibilidades para que o Poder Público possa oferecer ensino fundamental a todos os brasileiros. É preciso que as autoridades programem essas medidas para que possamos superar de fato as graves deficiências do nosso ensino, que nos colocam em situação vergonhosa diante das demais nações do mundo. O ensino a distância tem crescido acima de 100% nos últimos anos do Brasil. Os dados são do Programa de Educação à distância da Fundação Getulio Vargas, que aponta como o ensino a distância triplicou de 2006 para 2007 e deve ter dobrado em 2008. Entretanto, apesar dos avanços no setor, esse tipo de educação ainda apresenta deficiências. (SOUZA, 2009, p. 53). A modalidade de ensino a distância não é algo novo e, em todos os seus formatos. Na década de 1970 existiam cursos, principalmente profissionalizantes, através de revistas pelo sistema de apostilas. Depois vieram os telecursos, nos quais se tinha um televisor, e não um professor. Isso prejudica a qualidade do ensino. Que certeza o professor terá de que um trabalho foi feito, de fato, pelo aluno? Quando se tem contato direto com o aluno, o professor pode conhecê-lo melhor e saber de seus limites e capacidades. O ensino à distância, mais do que a exposição circunstanciada feita pela palavra falada ou escrita de um projeto futuro, é realidade em várias faculdades e universidades do país, que começam a colocar em pratica uma modalidade de ensino autorizado pelo Ministério da Educação (MEC): ministrar as aulas à distância em até 20% da carga horária dos cursos regulares de produção. Não é possível enumerar quantas faculdades usam o método, já que o MEC, não precisa fornecer uma autorização especial para elas. No entanto, os exemplos estão surgindo e já alcançam algumas dezenas: Universidade de Brasília (UNB), Pontifica Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Anhembi- Morumbi, UniFMU, e algumas universidades federais, como as da Bahia, de Alagoas e do Espírito Santo, estão entre as primeiras. A permissão é válida para todos os cursos de nível superior, desde que alguns critérios sejam obedecidos. As avaliações das disciplinas têm de ser presencial, o conteúdo deve contar com uma pedagogia voltada à Internet, é obrigatória a presença de um preceptor e de encontros constantes. Garantindo isso, alunos e educadores devem adaptar-se a uma inserção de tecnologia em cursos em que, até então, o computador era apoio para atividades extracurriculares. 5 Não há legislação específica do MEC que oriente o ensino e as normas de utilização, que estão sendo fixadas através de decretos, leis e portarias ministeriais, influenciadas por interesses econômicos e políticos. A situação é agravada pelo aumento vertiginoso das ofertas de ensino à distância. Seguindo a mesma lógica dos cursos presenciais, as regras são licitas, e a possibilidade de estender-se com outros estados viabilizaram que elas se espalhassem, a tal ponto que o próprio MEC reconhece que a situação é complicada, já que a legislação permite que uma única instituição atue em todo território nacional, impossibilitando seu acompanhamento. No Decreto nº. 5.773, de nove de Maio de 2006, o governo limita suas responsabilidades às funções de regulação, supervisão e avaliação. Sem muitas novidades na legislação, o MEC aposta no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) para fiscalizar o ensino à distância. Mesmo com tecnologias avançadas, ainda existem dificuldades no gerenciamento emocional, pessoal e organizacional, o que dificulta o aprendizado rápido. As mudanças na estrutura educacional dependem – mais do que das novas tecnologias – de educadores, de alunos curiosos, entusiasmados, abertos, que saibam motivar e dialogar. Nas aulas virtuais, os alunos utilizam fórum de discussão, e-mail do grupo, textos com áudio, indicação de bibliografias e exercícios. No início, não aceitam muito o novo método. Muitos dizem que é difícil concentrar-se nas explicações dadas por um computador. Outra mudança que afeta educadores e educados é a reeducação da duração dos cursos, abalizado pelo parecer nº. 329/2005 do Conselho Nacional de Educação (CNE). Essa orientação acaba gerando maior volatilidade à iniciativa privada, porque forma alunos em menos tempo. Isso não acontece no restante da América Latina, onde os alunos continuam com cursos de duração plena de quatro e cinco anos. 2.2 Desafios dos Educadores Para a Professora Juliane Corrêa2, educação à distância (EAD) institui-se no cenário internacional com base no principio de democratização da educação, surgindo para responder a uma série de necessidades educacionais, principalmente a da formação de um público cuja escolarização fora interrompida, estava disperso geograficamente e impossibilitado de se deslocar para os centros de formação. 2 Revista Pátio Ano XI- fevereiro/abril 2007 nº41. P.28, 29 6 Historicamente, a educação à distância, surgiu para superar as distâncias geográficas, mas hoje, na sociedade complexa em que vivemos enfrenta várias outras distâncias decorrentes das diferenças culturais, sociais e afetivas, assim como distâncias e normas que são forjadas pelas desigualdades econômicas e sociais. Em geral, definimos o que os nossos alunos necessitam devido ao determinismo tecnológico e à concepção iluminista de educação, independentemente de suas possibilidades, de suas necessidades, de seus contextos de vida e de inserção profissional. Em seguida, avaliamos as inadequações do processo de ensino aprendizagem como dificuldade de aprendizagem, como resistência às inovações tecnológicas e pedagógicas (CORREA, 2005, p. 28 ). Transformar o discurso da inclusão social em prática educativa não é fácil, pois, implica rever as verdades que construímos ampliar nossas percepções, deslocar processos já estabelecidos, enfim, ouvir o outro dialogar com os contextos profissionais e pessoais nos quais os sujeitos estão inseridos. Considerando que reconhecer e aproveitar os desafios presentes no cotidiano dos programas de formação a distância possibilita o desenvolvimento de novas aproximações. Para que o processo de educação à distância – EAD ocorra, é necessário que o sistema de ensino-aprendizagem proposto ofereça mediações pedagógicas que possibilitem o acesso à informação e a comunicação por meio de estratégias e integração das diversas mídias. Segundo a Professora Juliane Corrêa, a EAD precisa articular-se com o campo de atuação dos professores, pois estes são adultos inseridos em diferentes redes sociais, capazes de serem sujeitos dos próprios processos de aprendizagem que desenvolverão ao longo de suas vidas e de estar articuladas as estratégias desenvolvidas nas diferentes redes sociais em que convivem. Portanto, considero que os diferentes sujeitos do processo de ensino aprendizagem ao longo dos cursos de formação à distância devem apropriar-se dos materiais produzidos, não apenas como fonte de informação, mas, também como mediações construídas, escolhidas e negociadas ao longo do processo. Essa apropriação é que, de fato, propicia inclusão desses profissionais em novas redes de aprendizagem. O processo de mediação compreende tanto o uso e a articulação pedagógica dos diversos artefatos tecnológicos quanto à interação entre os sujeitos da aprendizagem, a tutoria e os contextos de trabalho. “Midiatizar significa escolher para determinado contexto e de situação e comunicação um modo mais eficaz de 7 assegurá-la assim como selecionar um meio mais adequado para esse fim”. (BELLANI, 1999, p. 29). A cultura escolar e o campo profissional do docente configuram um conjunto de práticas sociais que legitimam determinadas práticas de leitura e escrita, bem como determinadas práticas de acessar e disponibilizar a informação, as quais favorecem a sincronização das atividades e a demarcação de territórios. Compartilhar essas práticas garante participar de uma identidade profissional e comunitária. Sendo assim, ainda consiste um desafio, de fato. A saber: para que e porque os professores utilizam diferentes artefatos tecnológicos no processo de ensino e aprendizagem? Como utilizam os artefatos tecnológicos em seus ambientes de trabalho e de aprendizagem? Quando e onde usar esses artefatos? Que interações estabelecem os artefatos? Como os professores têm reagido diante dos novos artefatos tecnológicos? Quais as estratégias escolhidas e quais as negociações estabelecidas quanto às formas de utilização desses artefatos em seus contextos de inserção profissional? Essas questões, por sua vez remetem a uma questão anterior, que consiste em saber quais são as mediações pedagógicas preexistentes na experiência cotidiana de professores de escolas públicas que propiciam seu processo de formação continuada. Apesar do processo globalizante e totalizante que a sociedade vivencie, convém ressaltar que as pessoas criam alternativas cotidianas nos lugares que ocupam, sendo o cotidiano o espaço/tempo da prática de realização de vida, de criação, de produção de conhecimentos. ... é preciso criar e desenvolver o espaço-tempo do saber cotidiano para se entender a introdução das novas tecnologias e dos novos conhecimentos no cotidiano de formação dos profissionais que atuam em múltiplos contextos. É preciso compreender o saber que surge do uso, com suas formas e investidas próprias. (ALVES, 2004, p.19). Nesse caso, percebemos que os professores produzem e criam conhecimentos nos usos cotidianos de velhos e novos artefatos tecnológicos. Segundo Marques (1999), transportamos para o corpo da folha de papel as linguagens de oralidade, para os arquivos digitais, o desenho das palavras; enfim lidamos o tempo todo com linguagens articuladas e diferentes suportes tecnológicos. 8 É importante ressaltar que não existe o acesso direto à informação, mas apenas o acesso mediado (Vygotsky, 1998). O instrumento ou artefato tecnológico só adquire o lugar do mediador quando incorporado a uma rede de significados, quando nas práticas e redes sociais. Por exemplo, o sistema de escrita introduziu o individuo em uma estrutura social discursiva que lhe permitiu posicionar-se diante do conhecimento, de suas relações sociais e de seu senso de identidade. Nesse sentido, as práticas de letramento criam um novo contexto discursivo com conseqüências sociais e pessoais, em que os eventos de letramento são parte de uma continua negociação e construção de identidade em diferentes grupos sociais e comunidades. Portanto, abordar a inclusão de professores implica saber em quais práticas sociais serão incluídos, por meio de que tipo de utilização dos artefatos tecnológicos, de modo que esses artefatos e as propostas de formação à distância realmente se tornem mediadores capazes de possibilitar o processo de aprendizagem e o desenvolvimento de autonomia dos sujeitos inseridos em seu contexto de trabalho. O computador tem sido um bom companheiro. E é sempre mais leve e descompromissado trabalhar com ele. Desenhar e diagramar no computador são mais ou menos como usar um processador de texto. A possibilidade do cut and paste nos deixa sempre menos ansiosos e mais dispostos a ir levando o nosso pensamento ao Deus - dará. (LAGO, 1997, p.25) Carla V. Coscarelli3, afirma que o objeto principal da informática é sua validade para a escola, enfatiza que a informática não vai substituir ninguém. E que ela não vai tomar o lugar do professor nem vai fazer mágica na educação. O computador é uma máquina muito bacana, mas não faz nada sozinho. É preciso que o professor conheça os recursos que ele oferece e crie formas interessantes de usá-las. E que precisamos ter claro em nossa cabeça que melhor que um professor ensinar, é um aluno aprender. Antes de usar o computador. O Professor Mário Ângelo, diz que não é contra as novas tecnologias, mas entende que elas devem ser utilizadas como ferramenta que contribuirão para a qualidade do ensino ministrado pelo professor, não devendo substituí-lo, o que acarretaria o agravamento da precarização do processo de ensino – aprendizagem. 3 Carla Viana Coscarelli – in Alfabetização e letramento p. 25, 26 9 Afirma também, que se um aluno não tem o hábito de leitura ou estudo, pode deixar passar o tempo adequado para cada atividade, discussão, produção e poderá sentir dificuldade em acompanhar o ritmo do curso. Isso prejudicará sua motivação, sua aprendizagem e a do grupo, o que criará uma sensação de incerteza ou indiferença. No ensino à distância, os alunos aos poucos, poderão deixar de participar, de realizar atividades, e muitos sentirão dificuldade em se manter assíduos. Na aula presencial, a conversa com os companheiros de escola mais próximos ou com o docente poderá ajudar os que queiram voltar a integrar-se ao curso. Afirma que o ensino à distância na pós-graduação é positivo, mas, na graduação é extremamente negativo. É um tipo de curso para quem tem maturidade e, acima de tudo, disciplina. O autor, diz: Imagine um aluno chegando a casa depois de um dia de trabalho, cansado, tendo a opção de sair com os amigos ou namorar. Ele não se preocupará em estudar. Se já era difícil manter a motivação dos alunos em aulas presenciais, muito mais difícil será na proposta virtual, se os alunos não se envolverem em processos participativos, afetivos, que inspirem confiança. Em sala de aula, é mais fácil observar os problemas que acontecem e procurar dialogar ou encontrar novas estratégias pedagógicas. Para o professor, Mario Ângelo, outro problema a ser pensado é que as escolas estão partindo do principio de que todos estão incluídos na era digital. Este é um equivoco muito grande. As pesquisas recentes mostram que a maioria absoluta das pessoas não tem um computador em casa; a oportunidade de usá-lo está na própria escola. Se o aluno precisa ir à escola usar o computador, porque não pode ter um professor para dar orientações? Questiona a regulamentação do ensino à distância, as dúvidas sobre o gerenciamento dos cursos, as dúvidas dos alunos. Se o aluno receber um e-mail, seja à meio – noite ou em horário de almoço, deverá respondê-lo no mesmo momento? A jornada de trabalho, ao número de alunos que cada professor atenderá e a que responderá pelo atendimento aos alunos um monitor ou professor. Outra preocupação é como será o contato do professor a partir da implantação desse novo sistema educacional. Hoje é difícil, principalmente no ensino superior, encontrar o professor na sala de aula uma vez, no intervalo, ele já está atendendo ao aluno, tirando dúvidas, fazendo encaminhamento de trabalhos e pesquisas da própria utilização das novas tecnologias. 10 Declara, que a implementação da educação a distância é uma questão exclusivamente relacionada ao lucro. A tecnologia é uma invenção da burguesia, do setor produtivo, do setor de serviços. Infelizmente, no capitalismo, a educação tornou-se uma mercadoria como outra qualquer. O que se busca é a competitividade, que não se pauta na qualidade, e sim no custo. O argumento que as mantenedoras estão usando é este: o nosso sistema está caro, por isso cobramos mensalidades caras; como o aluno busca um curso mais barato, temos de baixar o custo, então diminuímos a carga presencial do curso. Afirma que, seu objetivo é despertar nos professores tal discussão e ouvir deles como isso já está ocorrendo, como estão sendo afetados, para que não seja apenas especulação. Esta é uma situação irreversível. Teremos de aceitar as inovações, mas exigindo uma regulamentação que não traga prejuízo ao educador. Por outro lado, o professor Sergio Prado Bellei, no artigo Escolar faz uma comparação do livro grosso e antigo, com fecho, era a melhor coisa do mundo para ser atirada em um gato barulhento. Essa visão bem humorada se apóia em uma inversão de valores: Chama a atenção para o que é aparentemente pouco significativo em uma obra, ou seja, seu volume e seu peso. A força e o valor do livro sempre estiveram relacionados à sua capacidade de armazenar e fazer circular o conhecimento considerado relevante. Particularmente após a invenção da imprensa, que permitiu a produção mecânica de grandes quantidades de volumes idênticos, o livro sempre foi visto como o único repositório de tudo o que foi feito de mais marcante ao longo da História, não surpreende , portanto que ele tenha, ainda hoje, uma imagem idealizada: a de um símbolo do que o homem fez de melhor nas artes e nas ciências. Graças ao aparecimento das novas tecnologias digitais, tornou-se possível fabricar livros que acumulam conteúdo de uma forma alternativa. Nesses “livros etéreos”, é possível armazenar conhecimento e informação em quantidades imensas. Um laptop, que tem mais ou menos o tamanho de um livro, pode conter uma biblioteca inteira. Porém o mais significativo é que esses livros sem peso viajam em alta velocidade pela Internet. Também podem se tornar imediatamente acessíveis a que tiver em mãos, em qualquer lugar do mundo, um e-reader, ou seja, um leitor de livros eletrônicos ligado à rede. Com o avanço tecnológico, o livro mudou de status: deixou de se restringir às bibliotecas tradicionais e hoje pode ser lido nas “bibliotecas sem paredes” 11 espalhadas pelo mundo. Migrou rapidamente do que conhecemos como espaço, o lugar que abriga peso e volume, para o ciberespaço, aquela região imaterial que existe entre duas linhas telefônicas: Um lugar feito não de átomos, mas de bits e bits, os elementos que constituem as realidades virtuais. O principal instrumento capaz de acelerar essa migração para o cyberspaço é o GOOGLE. Trata-se de um empreendimento de grande poder econômico: conseguiu estabelecer parcerias com mais de quarentas bibliotecas e mais de trinta mil editoras de livros impressos. Com essas associações, a empresa já digitalizou e disponibilizou na rede mais de dez milhões de volumes. Qualquer usuário que saiba manejar minimamente os recursos dos computadores pode se tornar autor. O Professor Sergio Luiz Prado Bellel, destaca que, na era digital, o conhecimento já não está mais centralizado na figura do mestre. Fora da sala de aula e longe do controle do professor, ele passou a ser manipulado também pelo aluno. Por conta do excesso de informações, não só é praticamente impossível hierarquizar qualitativamente essas noções como também é necessário pensar em uma nova função para o professor, além de detentor e transmissor de conhecimento. Ressalta que é importante que o professor ensine a seus alunos como encontrar informação, como separar o joio do trigo, como achar a agulha no palheiro da rede, já não se pode mais apenas ensinar o conhecimento que vem de compartimentos fechados, mas ajudar a desenvolver formas de encontrar o conhecimento transferido para fora. Talvez seja possível pensar o novo professor não só com um mestre que ensina, mas também como um maestro que guia, orienta e aponta caminhos. Se considerarmos que o prefixo “ciber” também significa “orientador” e “timoneiro”, talvez seja a hora de surgir o cyberprofessor. Com a passagem do livro pesado para o livro incrivelmente leve das bibliotecas sem paredes, o sistema educacional precisa reinventar como uma cibereducação de maestro capazes de orquestrar os novos saberes. Os desafios a serem enfrentados pelos ciberprofessores são enormes. A democratização do conhecimento pode bem tornar obsoletas algumas funções do professor tradicional, que era o senhor de um conhecimento a ser transmitido ao aluno. O professor deve reinventar como maestro e assumir, prioritariamente a função de orientar o aluno sobre onde encontrar a melhor informação e como organizá-la para atender às necessidades do bom ensino. 12 Imagine a seguinte situação: o professor lê um livro e encontra nele idéias para melhorar suas aulas. O mestre extrai os principais conceitos da publicação e produz uma apostila é utilizada pelos alunos para compreendes melhor o conteúdo da disciplina. Os alunos fazem sugestões de como melhorar a apostila e geram um novo material, adaptado às suas necessidades. O processo, comum em muitas escolas, também pode ser aplicado a programas de computador, os chamados softwares. Alguns deles permitem alterações nos códigos que os formam para que sejam adaptados ao uso de cada usuário, possibilitando a construção de materiais de ensino singulares. O software cujos códigos são abertos e modificações pelo usuário são denominadas ”livres”. Eles permitem a leitura dessas informações e sua utilização aberta, desde que seja citada a fonte isto é, de onde veio a idéia assim como se faz com livros. Desta forma qualquer um pode alegar algo que já existe, agregando e/ou atualizando dados. E tudo isto é possível gratuitamente. Essas características foram fundamentais para o software livre (SL) ser adotado em escolas de todo país. “É fundamental que escolas e educadores utilizem programas livres, pois eles permitem a produção de conhecimento aberto e ainda gera redução de custos.” Afirma Sergio Amadeu de Silveira, professor da Universidade Federal do ABC. Para Amadeu, o uso desse tipo de aplicativo é estratégico para o desenvolvimento nacional. O sociólogo explica que, hoje, a comunicação e a educação são cada vez mais medidas por softwares, basta ver a quantidade de computadores utilizados no cotidiano. Os SL” demandam continuidade, aprendizagem e aplicação de conhecimentos constantes. Os programas podem ser adaptados livremente de acordo com a necessidade de cada um explica. “A política educacional deve se basear em conhecimento aberto, pois a ciência sempre foi feita com base em idéias formatadas anteriormente”, defende ele. Foi justamente o conceito de conhecimento aberto que atraiu Sinara Duarte, professora da rede municipal de Fortaleza (CE) e entusiasta dessa vertente da informática. O mais importante é Liberdade de conhecer outros, outros modos de fazer, outros modos de pensar, opina. 13 Sinara já utiliza diversos programas e suas aulas. Entre eles, os pacote Linux Educacional cujos aplicativos facilitam o acesso a obras literárias e domínio público carregam imagens passiveis de serem usadas em sala de aula oferece cursos de digitação, entre diversas outras possibilidades de uso. A professora ainda destaca o Geogebra para o ensino de Geometria nas ultimas series do Ensino Fundamental. O TUXMATH também é excelente para iniciar os pequenos na tabuada. Do outro lado da equação, o uso da tecnologia pode estimular a participação de crianças e jovens. Hoje não se discute mais se a tecnologia deve estar presente na escola. Ele é uma realidade, sentencia Sinara. A questão é como utilizam esses recursos. Quando usamos softwares, jovens e crianças se mostram mais participativos e interessados do que numa exposição oral. Para o programador, o uso de softwares não é objetivo em si, mas uma maneira de fomentar o conhecimento e tornar os indivíduos autônomos em relação ao aprendizado. Vários fatores podem contribuir para essa autonomia, desde a dedicação do usuário à construção de políticas publicas para o desenvolvimento, capacitação e suporte o que é fundamental. Considerando o avanço da tecnologia e que esta se faz tão presente no cotidiano como ocorre nos dias de hoje, com a informática. O fenômeno se destaca não só pela multiplicidade de usos que se pode dar a um computador, mas também pela incrível popularização que esta tecnologia alcançou, alterando sensivelmente o modo de vida em sociedade. Esta popularização do uso da informática, seguida pela ainda mais rápida expansão da Internet, colocou em evidencia os cursos à distância, possibilitando aos alunos a democratização do saber enquanto sujeito inserido nas diferentes redes sociais, no processo de ensino aprendizagem. Como afirma Medeiros (1992), que usar um tipo ou outro de racionalidade nas ações humanas não é indiferente para o beneficio social, assim como não é indiferente à forma de fazer, entender e defender a construção da ciência e da técnica. Assim, todo esforço pedagógico pode e deve concentrar-se em permitir o desenvolvimento de todas as competências do “eu” (cognitivo, moral, lingüístico e interativo). Todo esforço deve concentrar-se em assegurar uma competência interativa cada vez maior dos indivíduos, ampliando o seu grau de diferenciação de opiniões de fatos, normas legitimas de ordens absurdas, mentiras de verdades. 14 Somente assim teremos adultos psiquicamente maduros, que saibam distinguir seus desejos e suas projeções. E adultos capazes de utilizar racionalmente os recursos da natureza, cidadãos capazes de reorganizar sua sociedade. E bases justas e igualitárias. Nos últimos quatro anos, os cursos superiores à distância cresceram mais de 500% em todo o Brasil, e estão sendo muito bem vistos no mercado de trabalho. De acordo com a ABED (Associação Brasileira de Educação à distância) a evolução da EAD iniciou nas especializações lato sensu antes mesmo da graduação, pois os profissionais que já atuavam no mercado, sem tempo para estar em uma sala de aula presencial, sentiram necessidade da permanente busca do conhecimento e da atualização e esta modalidade de ensino foi uma excelente opção para estas pessoas. A ABED confirma que o mercado tem procurado muitos profissionais especializados por meio da educação à distância, pois é um método que exige dedicação dos alunos, o que desperta interesse dos empregadores. As especializações à distância já são uma realidade muito presente no Brasil e, em função do avanço tecnológico, devem crescer cada vez mais. CONCLUSÃO O objetivo deste trabalho foi investigar a importância de proporcionar uma discussão sobre a inclusão digital aos educadores e educando. Pesquisou-se detalhadamente, para isso, o processo de inclusão digital investigando as atuais das relações entre inclusão digital, conhecimento científico, bibliográfica, periódicos acadêmicos e de pesquisadores deste do tema. A partir das discussões estabelecidas dentro da pesquisa observou-se que o professor deve-se preocupar-se com sua educação inclusiva e a sua vivência em sala de aula possibilita maior acessibilidade aos recursos tecnológicos. Os educadores devem perder o medo de errar e de interagir com os demais colegas no sentido de aprimorar os conhecimentos. As discussões apresentadas no decorrer deste trabalho ainda não se pode chegar a uma resposta conclusiva a respeito da melhor estratégia de utilização dos aparatos tecnológicos e sua contribuição na inclusão digital para uma aprendizagem significativa, pois o referencial teórico ainda é pouco difundido, bem como as experiências da pedagogia. 15 Seria de grande valia focar na disseminação em todo território brasileiro com maiores experimentos nessa área de ensino a distância, bem como aumentar as pesquisas específicas para utilização e inclusão digital desde ensino médio ao superior. REFERÊNCIAS ALVES, N. Imagens de tecnologias nos cotidianos das escolas discutindo a relação local-universal. In ROMANOWSKI, J.: MARTINS, P.L,: JUNQUEIRA, (orgs.) Conhecimento local e conhecimento universal:diversidade, mídia e tecnologia na educação. Curitiba: Champagnat, 2004. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394/1996. COSCARELLI, Carla Viana. 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