As funções orgânicas, bem como a integração do animal no meio

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Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 1, 2015, p (1-16), 2014 ISSN 18088597
PERFIL EPIDEMIOLOGICO DO TRANSTORNO DEPRESSIVO DE PACIENTES
ATENDIDOS NA FÁRMACIA BÁSICA DO MUNICÍPIO DE ITAPURANGA-GO
Liliane de Sousa Silva¹; Tatiane Ferraz de Sousa²; Walquiria Lemes de Lima Martins3,
Valéria Cristine Mendanha da Cunha4, Carla Rosane Mendanha da Cunha5, Cristiane Karla
Caetano Fernandes6
¹ Professora Universidade Estadual de Goiás – Campus de Itapuranga-GO e Programa de
Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas Universidade Federal de Goiás, Goiânia-GO;
² Bióloga. Secretaria Municipal de Saúde Itapuranga-GO;
4
Fisioterapeuta, Secretária de Saúde do Governo do Distrito Federal, Santa Maria-DF.
3
Professora Universidade Estadual de Goiás – Campus de Itapuranga-GO;
5
Orientadora, Professora Drª. da Universidade Estadual de Goiás - Campus de ItapurangaGO, Faculdade Montes Belos e Secretária de Saúde do Governo do Distrito Federal.
6
Professora, Faculdade Montes Belos.
RESUMO
No Brasil, a depressão atingia, em 2008, um contingente populacional de 4,1%. O objetivo do
presente estudo foi analisar as características sociodemográficas e clínico-epidemiológicas
dos casos depressão no município de Itapuranga-GO, realizando uma pesquisa clinica
biológica, que teve como base os pacientes acima de 18 (dezoito) anos de idade, que buscam
antidepressivos na Farmácia Básica da Estratégia Saúde da Família Central. Foi aplicado um
formulário mediante autorização do paciente através do TCLE de acordo com o Conselho
Nacional de Saúde. Foram coletados dados de 100 pacientes do de julho a outubro de 2012,
sendo 85% mulheres e 15% homens. A idade dos pacientes variou de 18 a 73, com o nível de
escolaridade predominante Ensino Fundamental Incompleto com renda familiar de 1 a 3
salários mínimos. De acordo com o Self reporte Questionnarie desenvolvido para diagnosticar
Transtorno Mental Comum (TCM), 82% dos pacientes obtiveram probabilidade de possuir
TCM e na Escala de HAD - para identificar nível de depressão 40% dos pacientes obteve
provável para depressão.
Palavras-chaves: Antidepressivo; Neurotransmissores; Transtorno depressivo
ABSTRACT
In Brazil , the depression reached in 2008 a population quota of 4.1% . The aim of this study
was to examine the sociodemographic, clinical and epidemiological characteristics of
depression cases in the municipality of Itapuranga-GO, performing a biological clinical
research , which was based on patients over eighteen (18 ) years old , seeking antidepressants
in Basic Pharmacy of Central Family Health Strategy . A form upon authorization of the
patient through the IC in accordance with the National Board of Health data from 100 patients
from July to October 2012 were collected, with 85 % women and 15 % men was applied . The
age of patients ranged from 18 to 73, with the prevailing level of education elementary school
filled with family income 1-3 minimum wages. According to the Self Reporting
Questionnaire developed for diagnosing common mental disorder (TCM), 82 % of patients
achieved probability of owning TCM and the HAD Scale - to identify depression level 40 %
of
the
patients
got
probable
for
depression.
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 1, 2015, p (2-16), 2014 ISSN 18088597
Keywords: Antidepressant; Neurotransmitters; Depressive disorder
RESUMEN
En Brasil, la depresión alcanzó en 2008 una cuota de población del 4,1%. El objetivo de este
estudio fue examinar las características sociodemográficas , clínicas y epidemiológicas de los
casos de depresión en el municipio de Itapuranga - GO, la realización de una investigación
clínica biológica , que se basó en los pacientes mayores de dieciocho (18) años de edad , en
busca de los antidepresivos en Farmacia básica de Salud de la Familia central. Una forma con
la autorización del paciente a través de la IC de acuerdo con la Junta Nacional de Salud los
datos de 100 pacientes entre julio y octubre de 2012, fueron recogidos, con un 85 % de
mujeres y 15 % hombres se aplicó . La edad de los pacientes osciló entre 18 y 73 años, con el
nivel vigente de la escuela primaria la educación llena de ingresos familiares 1-3 salarios
mínimos. De acuerdo con el Cuestionario desarrollado para el diagnóstico de trastorno mental
común ( TCM ) , el 82% de los pacientes alcanzaron la probabilidad de ser dueño de la
medicina tradicional china y la Escala HAD - para identificar el nivel de depresión del 40%
de los pacientes consiguió probable para la depresión.
Palabras clave: antidepressivos; neurotransmissores; Trastorno depresivo
Os
INTRODUÇÃO
As funções orgânicas, bem
como a integração do animal no meio
ambiente são dependentes do Sistema
Nervoso (SN). Observa-se uma divisão
neste sistema em Sistema Nervoso Central
(SNC) que recebe analise e integra
informações e Sistema Nervoso Periférico
(SNP) que carrega informações dos órgãos
sensoriais para o SNC e desse para órgãos
efetores. O neurônio é a sua unidade
fundamental, com a função básica de
receber, processar e enviar informações. A
função dos neurônios e mediada por
neurotransmissores
armazenados
dentro
terminal do axônio 1-3.
(NT),
que
de vesículas
são
no
transtornos
mentais
englobam um amplo espectro de condições
que afetam o indivíduo: mapa genético,
química cerebral, aspectos de nosso estilo
de vida, acontecimentos passados. Assim
SANTANA (2010) define: “o transtorno
mental caracteriza-se, portanto como uma
variação mórbida do normal, capaz de
produzir prejuízo no desempenho global da
pessoa nos âmbitos social, ocupacional,
familiar e pessoal”4.
Muitas doenças neurológicas e
psiquiátricas estão associadas com falhas
na síntese de Neurotransmissores. Por
exemplo, os distúrbios na síntese de
serotonina e noradrenalina causam quadros
de depressão profunda. STAHL (2003)
afirma “A realidade é que a depressão é
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uma doença, e não uma escolha, e é tão
O objetivo do presente estudo
prejudicial socialmente quanto à doença
foi
analisar
coronariana e mais debilitante que o
sociodemográficas
diabetes mellitus e artrite”5-6.
epidemiológicas
as
características
e
dos
clínico-
casos
depressão,
Do ponto de vista fisiológico, a
assim bem como, a sua prevalência no
depressão pode se dever a um baixo nível
município de Itapuranga-GO, realizando
de atividade neurológica nas áreas frontais
uma pesquisa clinica biológica.
e
temporais
do
cérebro.
As
bases
biológicas dos transtornos depressivos têm
METODOLOGIA
sido explicadas por meio da hipótese
monoaminérgica que propõe uma menor
disponibilidade
de
O presente estudo é do tipo
neurotransmissores
exploratório e descritivo, com abordagem
cerebrais, em particular de serotonina,
qualitativa e quantitativa dos dados. A
noradrenalina
Tal
pesquisa tem como base os pacientes
proposição é reforçada pelo conhecimento
acima de 18 (dezoito) anos de idade, que
do mecanismo de ação dos antidepressivos,
buscam
usado no tratamento da depressão que se
Básica
baseia, principalmente, no aumento da
devidamente já cadastrado nesta unidade
disponibilidade desses neurotransmissores
na cidade de Itapuranga – GO. A escolha
na fenda sináptica, seja pela inibição
dos pacientes foi de forma aleatória e
seletiva ou não de suas recaptações, seja
espontânea à medida que os mesmos iam
pela inibição da enzima responsável por
buscar o antidepressivo. O critério de
suas
exclusão era quando em vez do paciente
e/ou
degradações
dopamina.
(inibidores
da
monoaminoxidase) 5-6.
O
antidepressivos
do
município
na
de
Farmácia
Itapuranga
familiares ou amigos iam buscar a
tratamento
com
medicação, realizando assim a pesquisa
antidepressivos veio para dar esperança e
somente com a presença do paciente. A
novas perspectivas de vida para muitos
coleta de dados foi realizada do dia 03 de
pacientes,
não
julho a 31 de outubro de 2012. A entrevista
e
foi mediante ao preenchimento de um
mostram
formulário, visando realizar a analise
mas
medidas
medicamentosas
como
aconselhamento
também
terapias
se
bastante efetivos podendo ser usado em
clinica
conjunto
também
com
medicamentoso.
o
tratamento
e
biológica
o
fator
sendo
sócio
analisado
econômico
demográfico. Foi esclarecido sobre os
objetivos da pesquisa, suas vantagens, os
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procedimentos
que
serão
preceitos do Código de Ética Médica para
utilizados, a garantia do sigilo que
a
assegurará a sua privacidade quanto aos
pacientes e respeitados os princípios
dados
na
enunciados na Declaração de Helsinque III
pesquisa e sua liberdade para recusar-se a
(2000) emendada em Edimburgo, Escócia;
participar ou retirar seu consentimento, em
e, na Resolução nº. 196/96 do Conselho
qualquer fase da pesquisa sem penalidade
Nacional de Saúde (BRASIL, 1996). O
alguma e sem prejuízo ao seu cuidado.
banco foi alimentado conforme obtenção
Aqueles que aceitaram assinaram o Termo
dos dados e após a digitação serão
de Consentimento Livre e Esclarecido de
conferidos
acordo com a Resolução nº. 196/96 do
identificado alguma inconsistência, as
Conselho Nacional de Saúde. Antes do
correções
inicio da aplicação dos formulários para a
submetidas à digitação.
confidenciais
envolvidos
utilização
científica
pelos
serão
de
dados
pesquisadores,
feitas
e
de
caso
novamente
nossa pesquisa, foi aplicado do dia 27 a 29
Essa pesquisa foi realizada pela
de junho alguns formulários pilotos com a
Universidade Estadual de Goiás - Unidade
finalidade de elaborar um formulário que
Universitária
atendesse a necessidade de nossa pesquisa
parceria com a Secretaria Municipal de
e que fosse de fácil compreensão para os
Saúde de Itapuranga, Estado de Goiás.
pacientes. O formulário final contém 27
Contou com apoio técnico da professora
perguntas dentre essas foi inserido o Self
orientadora, Dr.ª Carla Rosane Mendanha
Report Questionnarie (SRQ) que avalia
da Cunha, Bióloga Tatiane Ferraz de Sousa
transtorno
outro
e Mestranda em Ciências Farmacêuticas
formulário foi a Escala de HADS (Escala
Liliane de Sousa Silva e da responsável
Hospitalar de Ansiedade e Depressão) -
pela
Avaliação
psicotrópicos Farmacêutica Responsável
mental
do
comum
nível
de
e
Ansiedade
Depressão, no qual retiramos as questões
de
dispensação
Itapuranga-GO,
dos
em
medicamentos
Dr.ª Aline Maria Campos de Melo.
que avaliam o nível de ansiedade deixando
somente as de depressão 7-10.
RESULTADO E DISCUSÃO
Os dados foram armazenados
em banco de dados utilizando-se o
A
Farmácia
Básica
do
programa Microsoft Excel 2010 a partir
município de Itapuranga-GO possuía até o
das informações contidas nos formulário.
dia 09 de julho cerca de 368 pacientes
Os dados obtidos serão utilizados de
cadastrados no caderno de registro de
maneira confidencial, obedecendo aos
pacientes que utilizam amitriptilina 25 mg
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e 143 no caderno de registro de
fluoxetina 20 mg, sendo um total de 511
embora a incidência seja mais alta nas
idades médias13-14.
pacientes. Entrevistamos somente 19,5%
As atividades diárias mais
(n=100) dos pacientes com nível de
desenvolvidas pelos entrevistados foram a
significância (p<0.05). Quanto ao gênero
“do lar” 36% (n=36), prestadores de
85% (n=85) são mulheres, dentre essas
serviço 28% (n=28) e trabalhadores rurais
54% (n=46) são casadas, 7% (n=06)
16% (n=16). Quanto à renda familiar, a
solteiras, 14% (n=12) divorciadas, 14%
amostra foi dividida em quatro categorias,
(n=12) viúvas e 11% (n=09) união estável;
no qual a renda familiar predominante foi
do gênero masculino foram 15% (n=15)
de
entrevistados dos quais 80% (n=12) são
correspondendo a 62% (n=62) e 26%
casados e apenas 20% (n=03) solteiros.
(n=26) afirmaram possuir menos de um
A predominância do gênero
feminino casada confirma as estatísticas de
01
a
03
salários
mínimos
salário mínimo e 6% (n=6) possui renda
acima de 04 salários mínimos.
Stahl (2003) afirmando que a depressão
Os
indicadores
maior é duas vezes mais comum em
socioeconômicos de escolaridade e nível
mulheres e mulheres casadas têm índices
econômico
mais elevados do que as não casadas5.
contrária, pois quanto maior o grau de
Bernardo (2008) afirma que a insatisfação
escolaridade e nível econômico, menor a
conjugal está relacionada com a depressão
probabilidade
no gênero feminino e com a distimia no
depressão15.
homem. Assim mulheres casadas têm mais
escolaridade verifica-se que o grupo mais
risco de depressão que as solteiras, bem
numeroso de entrevistados possui ensino
como as divorciadas11.
fundamental
A
idade
dos
entrevistados
apresentam
de
No
uma
relação
ocorrência
que
incompleto
diz
de
respeito
38%
à
(n=38),
ensino médio completo 22% (n=22),
variou de 18 a 73 anos, sendo mais comum
seguido
o uso entre os pacientes com idade de 40 a
fundamental completo 18% (n=18), ensino
59 anos totalizando 56% (n=56) dos
médio incompleto 10% (n=10), ensino
entrevistados
de
superior incompleto 1% (n=01), com
Goulart (2006) que em sua pesquisa em
ensino superior completo 05% (n=5) e
Florianópolis-SC, “46% dos pacientes
apenas 6% (n=6) são analfabetos. Esses
tinha a idade de 40 a 64 anos” de acordo
dados vão de encontro com os de Santos
com WHO (2002) a depressão pode afetar
(2009), em que a maior parte dos
as pessoas em qualquer fase da vida,
pesquisados tem renda de 1 a 3 salários
confirmando
dados
pelo
grupo
com
ensino
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mínimos e ensino fundamental
poderia ser reforçado pela alta prevalência
incompleto. Segundo Santos e Kassouf
do tabagismo entre estes pacientes e
(2007), o efeito da educação sobre a
elevada probabilidade de fracasso no
depressão
de
tratamento com antidepressivos. Segundo
escolaridade alcançado pelo indivíduo e
Stahl (2003) o fumo induz a atividade da
que atingir níveis elevados de educação
enzima do Citocromo P450 (CYP 450),
reduz o risco de ter depressão e que
que converte o antidepressivo em produto
políticas públicas voltadas à educação
biotransformado no sangue. Isso leva à
podem ser eficientes para melhorar a saúde
necessidade de doses mais elevadas com o
da população16.
tempo, mesmo se o indivíduo para de
depende
do
nível
À medida que o nível de
instrução diminui, a probabilidade de
apresentar
níveis
sintomatologia
mais
elevados
elevados 05,17-18.
de
São
poucos
os
fármacos
aumenta
antidepressivos que compõem o RENAME
(BERNARDO, 2008). Segundo a WHO
e o REMUME e que dentre esses a
(2002) a pobreza e as condições a ela
amitriptilina e a fluoxetina foram os
associadas como o desemprego, baixa
padronizados pelo corpo de saúde do
renda e baixo nível de escolaridade,
município. No quesito prescrição de
mostram que a depressão é mais frequente
antidepressivos (FIGURA 08), o cloridrato
entre os pobres do que entre os ricos11,13.
de amitriptilina 25 mg é o mais prescrito
Em
depressiva
fumar os níveis da enzima continuam
uso
de
61% (n=61) e em seguida a fluoxetina 20
(n=23)
dos
mg 32% (n=32). Os autores Andrade;
pacientes afirmaram que fazem uso ou já
Andrade e Santos (2004) publicaram que
fizeram uso de tabaco e 2% (n=02) dos
em Ribeirão Preto - SP os antidepressivos
fazem uso de bebidas alcoólicas. A
de maior prescrição recaem sobre a
nicotina presente no cigarro interfere no
fluoxetina,
funcionamento
de
paroxetina, sertralina e nortriptilina. Essa
neurotransmissores e exerce diversas ações
contraposição se deve ao fato que a
neuroendócrinas, que podem influenciar no
amitriptilina vem sendo utilizada pelo
tratamento e afetar circuitos neurais, tais
município há mais tempo, e a fluoxetina
como a regulação de humor. Às vezes
começou a integrar a lista do REMUNE
pacientes
em março de 2012.
substâncias
relação
lícitas,
com
dos
ao
23%
sistemas
sintomas
depressivos
seguida
de
amitriptilina,
procuram usar o cigarro ou nicotina para a
De todos os pacientes 20%
obtenção de alívio dos sintomas, o que
(n=20) fazem associações com outros
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psicotrópicos,
35%
realizada por Carvalho; Ribeiro e Oliveira
(n=07) fazem associações de fluoxetina e
(2007), na cidade de Timom-MA a
65%
As
associação de um antidepressivo com um
associações mais relatadas foram com:
ansiolítico mostrou-se eficaz na maioria
diazepam,
rivotril,
nitrazepan,
dos casos. A união de um tricíclico,
bromazepan,
alprazolan,
sertralina,
preferencialmente, amitriptilina associada
tioridazina, carbamazepina e biperideno.
a ansiolíticos como diazepan, bem como
Muitos tratamentos associam substâncias
alprazolam,
ansiolíticas aos antidepressivos para o
clomipramina ou Inibidor Seletivo da
tratamento
Recaptação de Serotonina (ISRS), como a
(n=13)
com
do
desses
amitriptilina.
transtorno
misto
de
ansiedade e depressão19. Na pesquisa
bromazepam,
clonazepam,
fluoxetina, dentre outros 20.
Antidepressivos prescritos
Amitriptilina + Fluoxetina
7%
Fluoxetina
32%
Amitriptilina
61%
0%
10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Quantidade de Pacientes em %
FIGURA
01
–
Prescrição
de
antidepressivos de acordo com a
quantidade de pacientes que utilizam.
Segundo
os
pacientes
entrevistados quando perguntamos qual era
a especialidade do médico (FIGURA 09)
O clínico geral é o profissional
que receitou antidepressivo pela primeira
mais atuante em saúde mental não só no
vez, 82% (n=82) afirmaram que foi um
Brasil, mas também na Inglaterra, EUA, e
clínico geral, 11% (n= 11) psiquiatra ou
Canadá. Um clínico não preparado tem
neurologista
mais dificuldades para diagnosticar um
especialista. Dentre esses foram três
transtorno mental, quando mascarado pelas
cardiologistas, três reumatologistas e um
queixas somáticas isto reflete, em parte, o
endocrinologista.
consumo indiscriminado de fármacos de
controle especial 21.
e
Muitos
7%
(n=07)
pacientes
outro
já
suspenderam a medicação relatando ter
medo de dependência do medicamento,
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acreditar que não precisava mais do
medicamento forte e muitas
vezes quando faltava na farmácia básica
tratamento,
de
um
por
episódio
considerarem
podem
o
demandar
tratamento para o resto da vida 05.
eles não compravam. Mas afirmaram que
A duração de tratamento, feito
sem o uso do medicamento sintomas como
com doses convencionais e toleradas pelo
insônia, dores de cabeça, nervosismo e
paciente, costuma ser de quatro a seis
irritabilidade apareciam e assim buscavam
meses para consolidar a remissão. Deve-se
assistência médica que afirmava que não
continuar o tratamento, além desse tempo,
poderia cessar com a medicação. Segundo
para reduzir riscos
Fleck et al, (2003), a suspensão abrupta de
suspensão do ADT e ISRS deve ser lenta e
medicações antidepressivas está associada
gradual, para evitar sintomas de retirada 23.
ao
aparecimento
de
A
de
Dos entrevistados 92% (n=92)
descontinuação, que ocorrem entre os
afirmaram que “houve melhora” e 08%
primeiros dias ou até três semanas 22.
(n=08) não sentiram a melhora dos
Quanto
tratamento,
aumentado
ao
sintomas
de recidivas.
tempo
de
sintomas. Na pesquisa de Goulart (2006),
que
tem
74% dos pacientes obtiveram melhora e
observou-se
o
número
de
pacientes
26% (n=26) não obtiveram 13.
iniciando a medicação pois cerca de 40%
Quanto ao tipo de orientação
(n=40) estão a menos de um ano de
fornecida (TABELA 01), apenas 30%
tratamento e 29% (n=29) estão com 1 a 3
(n=30) disseram que foram orientados,
anos . O tratamento com antidepressivos
58% (n=58) não receberam orientações e
pode ser mantido após a obtenção de
12% (n=12) afirmaram não se lembrar
resposta, a fim de evitar recaídas. Pessoas
quais as orientações. Ainda que estes
com
depressivo podem
dados possam estar diminuídos devido ao
necessitar de um ano de tratamento, exceto
viés de memória, são baixos os índices de
se
orientações fornecidas aos seus pacientes.
um
episódio
tiverem
apresentado
episódio
prolongado ou grave e pessoas com mais
TABELA 01: Orientações fornecidas ao paciente durante a prescrição do antidepressivo.
Informações dadas pelos médicos
Porcentagem/Quantidade de paciente
Risco orgânico (alteração de peso)
56,5% (n=17)
Alteração comportamental
30% (n=09)
Não ingerir bebidas alcoólicas
6,5% (n=02)
Risco de dependência
07% (n=03)
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Geralmente os pacientes não
compreendem
o
tratamento
proposto,
programas
educativos
tanto
para
os
profissionais de saúde quanto para os
muitas vezes por ausência de informações
usuários
de
verbais e/ou escritas pelo médico durante a
ênfase
também
consulta. A falta de informação suficiente
automedicação, da interrupção e da troca a
dada ao paciente sobre sua medicação
medicação prescrita 24.
resulta em grandes dificuldades para a
medicamentos,
Dos
(n=37)
aos
pacientes
riscos
da
entrevistados
condução do tratamento, provocando a
37%
ineficácia ou até mesmo efeitos adversos.
desagradáveis após o uso do medicamento,
É recomendável que o prescritor forneça
os efeitos colaterais destacados pelos
ao paciente informações essenciais como:
pacientes são apresentados na tabela 02.
o porquê da utilização do medicamento,
forma
de
ingestão,
importância
do
relataram
dando-se
ter
reações
As reações adversas refletem
uma resposta de um fármaco que seja
cumprimento dos horários, a quantidade de
prejudicial,
medicamento e a duração do tratamento,
doenças ou para a modificação de uma
sobre
reações
função fisiológica, essas reações podem
desagradáveis. Portela et al, (2010), sugere
não ser esperadas variando de acordo com
que deve ser dada mais atenção aos
cada organismo 25.
a
ocorrências
de
durante
o
tratamento
de
TABELA 02: Reações desagradáveis relatadas pelos pacientes após o uso do antidepressivo.
Reações desagradáveis
Nº de pacientes
Aceleramento do coração
02
Boca seca
05
Cansaço
01
Dor muscular
01
Dor no estômago
01
Dormência na boca
01
Falta de apetite
04
Gosto ruim na boca
01
Impotência sexual
01
Indisposição
04
Náuseas
03
Pressão baixa
02
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Queimação
02
Sonolência
08
Tontura
05
Visão turva
01
O SRQ é um questionário de
considerada como possível caso, se utiliza
identificação de distúrbios psiquiátricos em
a pontuação de sete ou mais respostas
nível de atenção primária. É composto por
afirmativas que valem um ponto cada uma.
20 questões elaboradas para detecção de
Em
distúrbios
obtivemos
“neuróticos”,
chamados
atualmente de TMC. Para uma pessoa ser
nossa
análise
os
do
seguintes
questionário
resultados
demonstrados na tabela 03:
TABELA 03: Respostas afirmativas por paciente no Self Report Questionnarie.
SRQ (Self-Report Questionnaire)
Respostas afirmativas
Tem dores de cabeça frequentes?
74% (n=74)
Tem falta de apetite?
44% (n=44)
Dorme mal?
69% (n=69)
Assusta-se com facilidade?
70% (n=70)
Tem tremores de mão?
52% (n=52)
Sente-se nervoso(a), tenso(a) ou preocupado(a)?
78% (n=78)
Tem má digestão?
62% (n=62)
Tem dificuldade para pensar com clareza?
60% (n=60)
Tem se sentido triste ultimamente?
78% (n=78)
Tem chorado mais do que de costume?
64% (n=64)
Encontra dificuldades para realizar com satisfação suas
atividades diárias?
Tem dificuldades para tomar decisões?
57% (n=57)
Tem dificuldades no serviço (seu trabalho é penoso,
causa sofrimento)?
É incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida?
34% (n=34)
Tem perdido o interesse pelas coisas?
59% (n=59)
Sente-se uma pessoa inútil, sem préstimo?
40% (n=40)
Tem tido ideias de acabar com a vida?
46% (n=46)
Sente-se cansado (a) o tempo todo?
57% (n=57)
54% (n=54)
34% (n=34)
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 1, 2015, p (11-16), 2014 ISSN 18088597
Tem sensações desagradáveis no estômago?
59% (n=59)
Cansa-se com facilidade?
63% (n=63)
Um
particularmente
dos
resultados
trágicos
uma
ou igual a seis (<ou=6) que significa
perturbação depressiva é o suicídio. Nesta
menor probabilidade de não ter TMC e
pesquisa obteve-se um percentual de 46%
82% (n=82) fizeram maior ou igual a sete
(n=46) de pacientes que afirmaram que já
(>ou=7) com maior probabilidade de ter
ter ideias de acabar com a vida. Segundo a
um TMC. Na figura 15B foi separado os
WHO (2002) cerca de 15%-20% dos
resultados por gênero com significância de
doentes depressivos põem termo à vida
(p<0.05) os homens 5% (n=05) e 13%
cometendo suicídio. Stahl (2003) evidencia
(n=13) deram menor probabilidade para
que 20-40% dos pacientes com transtorno
TMC e 10% (n=10) dos homens e 72%
afetivo
(n=72)
apresentam
de
18% (n=18) atigiram a pontuação menor
comportamentos
suicidas não-fatais 05,14.
de
mulher
deram
maior
probabilidade para ter TMC.
Na figura 15A demonstra de
forma geral o resultado do SRQ em que
Quantidade de
pacientes em %
Resultado SELF REPORT QUESTIONNARIE
(SRQ)
100%
80%
60%
82%
40%
20%
0%
18%
< ou = 6
> ou = 7
Pontos obtidos
FIGURA 02 – Que define dois grupos de
indivíduos um com maior probabilidade de
ter um transtorno mental comum e de
outro, com maior probabilidade de não o
ter.
Foi utilizada a Escala de
HADS – Avaliação do nível de depressão
consta de sete perguntas de múltipla
escolha, no qual cada uma tem pontuação
diferente
e
com
a
soma
das
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 1, 2015, p (12-16), 2014 ISSN 18088597
respostas é possível classificar
transtorno
em três níveis se o paciente tem ou não
depressivo (FIGURA 03).
Resultado da Escala de HAD
Improvável
38%
40%
Possível
Provável
22%
FIGURA 03: Avaliação do nível de
depressão de acordo com os pontos de
cada pergunta gerando três grupos de
pacientes: improvável, possível e provável.
observar que o maior valor foi o nível para
provável para depressão em que as
mulheres obtiveram 37% (n=37) e os
homens o maior valor foi de improvável
Ao distribuir a Escala de HAD
por
gênero
(FIGURA
04)
09% (n=09).
podemos
Distribuição a Escala de HAD por gênero
37%
40%
35%
29%
30%
25%
19%
20%
15%
10%
9%
3%
5%
3%
0%
Improvável
Possível
Homens
Provável
Mulheres
FIGURA 04 - Avaliação do nível de
depressão separando o resultado por
gênero. Nível de significância (p<0.05).
As diferenças nos dados entre
mulheres e homens são explicadas através
da diferentes formas que cada um dos
gêneros expressarem os desequilíbrios
resultantes
de
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 1, 2015, p (13-16), 2014 ISSN 18088597
fatores ambientais estressantes.
mulheres do que em homens, mesmo
Sendo assim diversos estudos afirmam que
considerando
perturbações
diferentes países, em comunidades e com
depressivas
afetam
predominantemente as mulheres 11.
Maior
persistência
pacientes
dos
estudos
que
realizados
procuram
em
serviços
psiquiátricos 22.
episódios depressivos em mulheres do em
Algumas pesquisas sugerem
homens, permeada pela influência de
que a prática de atividades físicas pode
pressões sociais, estresse crônico e baixo
auxiliar na terapia de reabilitação em
nível
pacientes com distúrbios psicológicos,
de
satisfação
associados
ao
desempenho de papéis tradicionalmente
atuando
femininos ou pela forma diferencial entre
relacionamento interpessoal e estimulando
gêneros de lidar com problemas e buscar
a superação de pequenos desafios 27. Nesta
soluções 26.
pesquisa observou-se que a prática de
A prevalência de depressão é
como
catalisador
de
exercícios físicos é baixa (FIGURA 05).
duas a três vezes mais frequente em
27%
83%
Sim
Não
FIGURA 05 – Percentual de pacientes que
praticam exercícios físicos.
As alterações no peso corporal,
em pacientes tratados com antidepressivos,
podem ter diversos fatores, relacionados à
melhora da doença, aos efeitos colaterais
da droga ou induzidas pela própria
sintomatologia da doença
trabalho
foi
relatada
28
. Assim neste
com
maior
prevalência a perda de peso em 47%
(n=47), ganho de peso 43% (n=43),
mantiveram o peso 16% (n=16) (esses
haviam iniciado da medicação há poucos
meses) e não lembravam o peso anterior
foi de 04% (n=04).
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 1, 2015, p (14-16), 2014 ISSN 18088597
(n=58) dos pacientes relataram não ter sido
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a verificação dos dados
obtidos através de formulário SRQ foi
verificado que o percentual de TMC é de
82% (n=82), mas 18% (=18) deram
improvável para TMC, desses 94% (n=17)
deram negativo para depressão na escala
de HAD somente 6% (n=01) deu possível
para depressão. O gênero feminino é o que
mais utiliza antidepressivo principalmente
informado sobre riscos de: dependência,
orgânicos, comportamental e terapêutico.
A falta de informação relatada pelos
pacientes pode ter interferência devido ao
viés de memoria do mesmo e também pode
estar relacionada ao fato da maioria das
prescrições serem efetuadas por clínico
geral. Os pacientes também relataram uma
resposta de melhora significativa após ter
iniciado o tratamento.
Foi
entre os casados. A idade entre os
pacientes
que buscam
antidepressivos
variou de 18 a 73 anos sendo o grupo de
maior predominância dos 40 aos 59 anos.
A prevalência da ocorrência de depressão
foi maior em indivíduos com a idade
média, com nível de escolaridade baixa e
nível econômico de 01 a 03 salários
certa
dificuldade na aplicação do questionário,
devido a muitos pacientes ter receio em
responder o que realmente sente, assim
escolhendo as opções que lhes pareciam
melhor, alguns apresentavam sintomas
clínicos de depressão como desvio do olhar
e cabisbaixo. Outros pacientes se sentiam
muito bem em conversar e contar de sua
mínimos.
Em relação especialidade do
medico que prescreveu o medicamento, foi
observado que a maioria é de clinico geral,
sendo 82% (n=82) dos receituários e
apenas
encontrada
11%
(n=11)
receitada
por
neurologista/psiquiatra. Dos entrevistados
relataram ter sentido reações desagradáveis
após o uso do medicamento entre essas
reações o que mais foi relatado é falta de
apetite, sonolência, boca seca, tonturas e
indisposição. Em relação às orientações
medicas sobre efeitos adversos os índices
foram relativamente baixo em que 58%
vida alguns se empolgavam e contava
estórias de infância, mas houve casos em
que pacientes se emocionaram durante a
conversa com pesquisador, pois se sentiam
inúteis dando trabalho para os familiares e
46% (n=46) relataram ter tentado suicídio
ou
pensado
em
suicidar.
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 1, 2015, p (15-16), 2014 ISSN 18088597
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