UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ THIELY NATASHA VIEIRA CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA EM UM FELINO DOMÉSTICO. CURITIBA PR 2015 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ THIELY NATASHA VIEIRA CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA EM UM FELINO DOMÉSTICO. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Medicina Veterinária, da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção de graduação em Medicina Veterinária. Professor: Ferreira CURITIBA PR 2015 Dr. Diogo da Motta DEDICATÓRIA À minha querida e amada mãe, que me ensinou a ser perseverante e me proporcionou meios para realizar um sonho. Obrigada, sem você nada seria possível. À minha avó Maria, por sempre se mostrar tão afetuosa e ao meu avô Aristides, que me ensinou a respeitar, zelar e a amar os animais. Aos meus queridos professores, Dr. Uriel de Andrade Vieira, Dra. Gisele Tesserolli, Dra. Patrícia Mosko, Dra. Rebeca Bacchi e Dr. Welington Hartmann, obrigada pelos ensinamentos, os levarei para a vida. Ao meu professor orientador, Dr. Diogo Ferreira, obrigada pela paciência, pela ajuda prestada, pela atenção e por tornar possível a confecção desse trabalho. Aos meus chefes, Dra. Mônica Lange, Dr. Roberto Lange e Dr. Ricardo Canever, obrigada pela oportunidade, a participação de vocês em minha formação é de grande valia. À Dra. Cláudia Annuseck e Dra. Mayara Bansho pela enorme ajuda com material para confecção e conversas sobre o tema. À Dra. Lilia Mara de Souza, pessoa que despertou em mim a paixão pela Medicina Veterinária ao trabalhar com tanta seriedade e amor. À toda equipe da CLINIVET por ter me recebido de forma gentil e dispostos a me ensinar. À todos meus animais, obrigada por tornar a minha vida melhor. “O único lugar que o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.” Albert Einstein RESUMO A cardiomiopatia hipertrófica é a doença cardíaca mais comum em gatos domésticos, possui diversas etiologias, como doença genética, distúrbio eletrolítico, doença endócrina, entre outros. Episódios de tromboembolismo arterial também são descritos frequentemente associados à CMH. O edema pulmonar pode ocorrer em casos de pacientes descompensados. O presente trabalho visa abordar o relatório de estágio, no qual é apresentado o hospital onde foi realizado o estudo, a casuística e as atividades desenvolvidas, seguido de uma revisão bibliográfica sobre o tema cardiomiopatia hipertrófica e as suas complicações, um relato de caso, de um gato de 4 anos diagnosticado com cardiomiopatia hipertrófica tromboembolismo arterial, e a discussão sobre o tema. Palavras chaves: Hipertrofia cardíaca, tromboembolismo, cardiopatia. e ABSTRACT Hypertrophic cardiomyopathy is the most common heart disease in domestic cats, it has various causes, such as genetic disease, electrolyte and endocrine disorder and others. Arterial thromboembolic episodes are also frequently described associated with HCM. Pulmonary edema may occur in cases of decompensated patients. This study aims to address the supervised internship report, which presents the hospital where the study took place, the sample size and the activities performed, follow by, a literature review on the topic hypertrophic cardiomyopathy and its complications, one case report of a 4-years-old cat diagnosed with hypertrophic cardiomyopathy and arterial thromboembolism, and the discussion on the topic. Key words: cardiac hypertrophy, thromboembolism, heart disease. LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 – CASUÍSTICA DO SETOR INTERNAMENTO .................................... 13 GRAFICO 2 – TOTAL DE ANIMAIS DO SETOR INTERNAMENTO ......................... 13 GRÁFICO 3 – CASUÍSTICA SETOR DIAGNÓSTICO POR IMAGEM ...................... 14 GRAFICO 4 – TOTAL DE ANIMAIS DO SETOR DIAGNÓSTICO POR IMAGEM .... 14 GRÁFICO 5 – CASUÍSTICA SETOR CENTRO CIRÚRGICO ................................... 15 GRAFICO 6 – TOTAL DE ANIMAIS DO SETOR CENTRO CIRÚRGICO ................. 15 GRÁFICO 7 – CASUÍSTICA SETOR CLÍNICA ......................................................... 16 GRAFICO 8 – TOTAL DE ANIMAIS DO SETOR CLÍNICA ....................................... 16 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – RADIOGRAFIA DE TORÁX DE FELINO COM CARDIOMEGALIA ...... 24 FIGURA 2 - PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO DE HIPERTROFIA CARDÍACA .......... 25 FIGURA 3 – COXINS ................................................................................................ 27 FIGURA 4 – RAIO X DE TÓRAX .............................................................................. 37 FIGURA 5 – IMAGEM DE ULTRASSOM ABDOMINAL ............................................ 38 FIGURA 6 – ECOCARDIOGRAMA - RELAÇÃO ÁTRIO ESQUERDO/AORTA ........ 38 FIGURA 7 – ECOCARDIOGRAMA - VENTRÍCULO ESQUERDO ........................... 39 FIGURA 8 – ECOCARDIOGRAMA – EFUSÃO PERICÁRDICA ............................... 39 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – RELAÇÃO DE FÁRMACOS UTILIZADOS EM GATOS COM CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA........................................................................ 31 TABELA 2 – RESUMO DE TRATAMENTO PACIENTE ASSINTOMÁTICO ............. 33 TABELA 3 - RESUMO DE TRATAMENTO PACIENTE SINTOMÁTICO – FORMA AGUDA ..................................................................................................................... 33 TABELA 4 - RESUMO DE TRATAMENTO PACIENTE COM CMH CRÔNICA ........ 34 TABELA 5 - RESUMO DE TRATAMENTO DO TROMBOEMBOLISMO AÓRTICO . 35 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AE- Átrio esquerdo Bpm – Batimentos por minuto CMH – Cardiomiopatia Hipertrófica FC – Frequência cardíaca FR – Frequência respiratótia IC- Insuficiência cardíaca ICC- Insuficiência cardíaca congestiva IECA - Inibidores da Enzima de Conversora do Angiotensina IM - Intramuscular IV- Intravenosa Kg – Quiilograma Mg – miligrama Mpm- Movimentos por minuto MmHg - Milímetro de mercúrio SC - Subcutâneo SRAA - Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona SNS – Sistema nervoso central T3 – Tri-iodotironina T4 - Tiroxina TPC – Tempo de preenchimento capilar TR – Temperatura retal UI – Unidade internacional VE - ventrículo esquerdo VO –via oral SUMÁRIO 1 - INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11 2 - RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO ................................................ 12 2.1 – IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO ..................................... 12 2.2 – DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ....................................................... 12 2.2.1- Internamento ............................................................................................ 13 2.2.2 – Diagnóstico por Imagem ......................................................................... 14 2.2.3 – Centro Cirúrgico ...................................................................................... 15 2.2.4 – Clínica Médica ........................................................................................ 16 2.3 – CONCLUSÃO DE RELATÓRIO DE ESTÁGIO ............................................. 16 3 - CARDIMIOPATIA HIPERTRÓFICA FELINA ........................................................ 17 3.1 – ETIOLOGIA ................................................................................................... 17 3.1.1 - CMH Hereditária, Primária ou Idiopática ................................................. 17 3.1.2- CMH Secundária ...................................................................................... 18 3.1.2.1- Hipertireoidismo ................................................................................. 18 3.1.2.2 – Hiperaldosteronismo ......................................................................... 19 3.1.2.3 - Hipertensão Sistêmica....................................................................... 19 3.1.2.4 – Tumores ........................................................................................... 20 3.2- FISIOPATOLOGIA .......................................................................................... 21 3.2.1 – Tromboembolismo arterial sistêmico ...................................................... 21 3.2.2 - Ativação neuro-hormonal......................................................................... 22 3.2.3 - Isquemia do miocárdio............................................................................. 22 3.3 – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ...................................................................... 23 3.4- DIAGNÓSTICO ............................................................................................... 23 3.4.1 – De CMH .................................................................................................. 23 3.4.1.1 - Auscultação ....................................................................................... 23 3.4.1.2 - Radiografia ........................................................................................ 23 3.4.1.3 - Eletrocardiograma ............................................................................. 24 3.4.1.4 - Ecocardiograma ................................................................................ 24 3.4.1.5 - Exames laboratoriais ......................................................................... 26 3.4.2– De tromboembolismo arterial ................................................................... 27 3.4.3 – De edema pulmonar ............................................................................... 28 3.5-TERAPÊUTICA ................................................................................................ 28 3.5.1- Diuréticos .................................................................................................. 28 3.5.2 - Agentes beta-bloqueadores ..................................................................... 29 3.5.3- Bloqueadores de canais de sódio ............................................................. 30 3.5.4- Inibidores da Enzima de Conversora do Angiotensina (IECA) ................. 30 3.6- ABORDAGEM TERAPÊUTICA....................................................................... 32 3.6.1 – Ao paciente assintomático ...................................................................... 32 3.6.2 – Ao paciente Sintomático – forma aguda descompensada ...................... 33 3.6.3- Ao paciente com CMH crônica ................................................................. 33 3.6.4 – Ao tromboembolismo arterial .................................................................. 35 3.7- PROGNÓSTICO ............................................................................................. 35 4 - RELATO DE CASO .............................................................................................. 36 5 - DISCUSSÂO ........................................................................................................ 40 CONCLUSÃO............................................................................................................ 42 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 43 11 1 - INTRODUÇÃO As doenças do miocárdio são as causas mais comuns de sopros cardíacos, sons de galope, arritmias, cardiomegalia, insuficiência cardíaca congestiva, tromboembolismo arterial e morte súbita em gatos (BONAGURA, 2010). As cardiomiopatias primárias (hipertrófica, restritiva e dilatada) são as doenças cardíacas mais comuns em gatos. As cardiomiopatias primárias são idiopáticas, ou seja, a etiologia da disfunção cardíaca é desconhecida. A cardiomiopatia mais comum é a hipertrófica, caracterizada por hipertrofia ventricular concêntrica, não secundária a hipertensão, hipertireoidismo ou outras formas conhecidas de hipertrofia. A cardiomiopatia restritiva é caracterizada por fibrose em miocárdio, hipertrofia variável e dilatação atrial. Na cardiomiopatia hipertrófica e restritiva, ocorre disfunção diastólica. A cardiomiopatia dilatada é caracterizada por insuficiência do miocárdio (diminuição da contratilidade) com sobrecarga de volume (STRICKLAND, 2007). Este trabalho tem como objetivo descrever a cardiomiopatia hipertrófica felina e sua complicação mais comum, o tromboembolismo aórtico, e apresentar um relato de caso e a discussão de um caso de cardiomiopatia hipertrófica atendido no Hospital Veterinário CLINIVET. 12 2 - RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO 2.1 – IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO O estágio supervisionado é uma ferramenta essencial para a formação de novos profissionais, uma vez que possibilita a prática da teoria adquirida durante a vida acadêmica, ajuda na percepção do futuro profissional se a área escolhida é assertiva com o perfil e cria vínculos e contatos com os profissionais que acompanhou. O estágio teve por objetivo complementar a formação profissional, aumentando os conhecimentos dentro da área de Medicina Veterinária, sejam eles teóricos ou práticos, e dando a oportunidade de acompanhar a rotina clínica e cirúrgica de pequenos animais. O hospital foi escolhido não só pela clínica médica e cirúrgica geral, mas também atendimento de casos envolvendo as especialidades veterinárias. 2.2 – DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO O hospital veterinário CLINIVET, situado na Rua Holanda, 894, no bairro Boa Vista, cidade de Curitiba – PR, CEP - 82540-040, telefone para contato: (41)32574326, conta com 54 funcionários (enfermeiros, recepcionistas, estoquista e serviços gerais) e 40 médicos veterinários com diversas especialidades. A CLINIVET é um centro de diagnóstico, contando com inúmeras especialidades na área da Medicina Veterinária de pequenos animais. O hospital conta com médicos veterinários atuando nas áreas da oncologia, anestesiologia, cirurgia, fisioterapia, cardiologia, medicina de felinos, dermatologia, endocrinologia, ortopedia, neurologia, comportamento, nutrição, nefrologia, diagnóstico por imagem, odontologia e intensivismo. O estágio foi realizado nos seguintes setores: internamento, diagnóstico por imagem, centro cirúrgico e clínica, iniciando dia 9 de julho de 2015, de segunda a sábado, até o dia 9 de setembro de 2015, perfazendo 400 horas, sendo o Dr. Luiz A. Schenato Jr. o profissional responsável pelo estágio e o Dr. Diogo Ferreira, professor orientador do estágio. 13 2.2.1- Internamento Nesse setor do hospital foi possível acompanhar os animais internados com diversas enfermidades. Esse acompanhamento consistia em aferir parâmetros vitais como FC, FR, TPC, TR, coloração de mucosas e pressão arterial (com uso de doppler ou pet map), acompanhar procedimentos como sondagem vesical e nasogástrica, colocação de acesso venoso, transfusão de sangue, toracocentese, abdominocentese, entre outros. GRÁFICO 1 – CASUÍSTICA DO SETOR INTERNAMENTO 14 12 12 10 9 12 10 9 8 7 8 6 5 4 4 3 2 0 GRAFICO 2 – TOTAL DE ANIMAIS DO SETOR INTERNAMENTO 79 44 Cães 35 Gatos Total 14 2.2.2 – Diagnóstico por Imagem O centro de diagnóstico por imagem do hospital é composto por radiografia (raio-X) digital, ultrassom e tomografia computadorizada. Para facilitar os pedidos de exames e diminuir o custo para o proprietário, perfis de exame foram criados, sendo eles, perfil oncológico (RX de tórax com três projeções e ultrassom abdominal) e perfil trauma (RX de tórax com duas projeções e ultrassom abdominal). Além desses exames, também é realizado somente o ultrassom abdominal e o RX. Nesse setor também é realizado cistocentese ecoguiada. GRÁFICO 3 – CASUÍSTICA SETOR DIAGNÓSTICO POR IMAGEM 24 12 7 5 7 Perfil Perfil Ultrassom RX de MP RX de MT Trauma oncológico 3 2 RX de coluna RX com sedação GRAFICO 4 – TOTAL DE ANIMAIS DO SETOR DIAGNÓSTICO POR IMAGEM 60 42 18 Cães Gatos Total 15 2.2.3 – Centro Cirúrgico O centro cirúrgico do hospital é completo, composto por área de préoperatório, pós-operatório, farmácia, área de esterilização e paramentação, duas salas de cirurgia e vestiário. Nesse setor, cirurgias de tecidos moles (oncológicas, gástricas, eletivas ou emergências), ortopédicas, neurológicas e oftalmológicas são realizadas. GRÁFICO 5 – CASUÍSTICA SETOR CENTRO CIRÚRGICO 4 3 3 1 Cirurgia Oncológica Cirurgia Oncológica com plastia Cirurgia Eletiva Cirurgia Neurológica GRAFICO 6 – TOTAL DE ANIMAIS DO SETOR CENTRO CIRÚRGICO 11 9 2 Cães Gatos Total 16 2.2.4 – Clínica Médica A clínica do hospital é composta por 8 consultórios, sendo um exclusivo para felinos. Nesse setor é realizado vacinas, consultas generalistas e especialistas, retorno de consultas ou internamento, alguns procedimentos simples, como fluidoterapia via subcutâneo e curativos de ferimentos, bem como acompanhamento de pacientes. GRÁFICO 7 – CASUÍSTICA SETOR CLÍNICA 6 5 5 3 3 2 2 GRAFICO 8 – TOTAL DE ANIMAIS DO SETOR CLÍNICA 26 18 8 Cães Gatos Total 2.3 – CONCLUSÃO DE RELATÓRIO DE ESTÁGIO O período de realização do estágio supervisionado possibilitou maior contato com a rotina clínica e cirúrgica de pequenos animais, permitindo colocar em prática os conhecimentos adquiridos durante a graduação. Independente da evolução da 17 medicina veterinária, a sua prática ainda é dependente da situação financeira do proprietário, dessa forma, cabe ao médico veterinário estar em constante atualização para que torne possível o tratamento sempre focando na qualidade de vida e bem estar do paciente. 3 - CARDIMIOPATIA HIPERTRÓFICA FELINA A cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é a cardiomiopatia mais diagnosticada nos felinos domésticos, apresenta alta taxa de mortalidade e letalidade associadas ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca, tromboembolismo e morte súbita (LARSSON, 2015). Acomete uma ampla faixa de idade, desde gatos jovens até os de meia idade (de 4 a 7 anos). A maior incidência de CMH ocorre em gatos da raça Persa, Maine Coon e Ragdoll (WARE, 2010). É caracterizada por apresentar o ventrículo esquerdo (VE) hipertrofiado e não dilatado, na ausência de outras doenças cardíacas, sistêmicas ou metabólicas (JACKSON, 2004). A hipertrofia ventricular esquerda pode ser difusa ou segmentar, envolvendo a parede livre, os músculos papilares e o septo ventricular, dessa forma, o lúmen ventricular permanece de tamanho normal a reduzido (DARKE, BONAGURA & KELLY, 2000). Essas alterações resultam em redução da complacência ventricular (aumento da rigidez), compromete a função diastólica ventricular e o relaxamento. Para preencher o ventrículo rígido, se faz necessário o aumento da pressão atrial esquerda e venosa pulmonar. A sístole não se altera (FRENCH e WOTTON, 2006). 3.1 – ETIOLOGIA 3.1.1 - CMH Hereditária, Primária ou Idiopática A causa de CMH primária nos gatos é desconhecida, porém acredita-se que seja uma cardiopatia hereditária, ligada a um padrão autossômico dominante nos gatos da raça Maine Coon, Persa, Ragdoll. Também existe relato de CMH em gatos irmãos de ninhada e outros gatos domésticos com algum grau de parentesco. (FERASIN, 2009a; WARE, 2010). Os gatos da raça Maine Coon e Ragdoll são acometidos por uma deficiência de miomesina (uma proteína do sarcômero) e/ou uma mutação da proteína C ligante 18 de miosina cardíaca. Outras causas podem ser o aumento da sensibilidade do miocárdio às catecolaminas ou sua produção em excesso, resposta hipertrófica anormal à isquemia do miocárdio, fibrose ou anormalidade no transporte de cálcio miocárdico (WARE, 2010). 3.1.2- CMH Secundária 3.1.2.1- Hipertireoidismo O hipertireoidismo é uma doença multissistêmica que resulta em produção e excreção em excesso de hormônios T3 e T4 pela glândula tireóide. Os hormônios da tireóide afetam o metabolismo, enzimas e processos hormonais em todo o corpo, existem poucos tecidos ou órgãos que não sofram influencia dos hormônios da tireóide. A falta ou excesso do hormônio pode causar anomalias cardíacas e vasculares (CASAMIAN, 2009; NELSON, 2010). No coração, o excesso de hormônio produz uma isoforma de miosina que aumenta a velocidade de interação entre actina e miosina, aumentando a contratilidade. Ocorre também um aumento na atividade de cálcio, que acarreta em aumento da contratilidade e diminui eficiência diastólica. Ocorre alto débito cardíaco com baixa resistência vascular periférica. O alto débito cardíaco causa aumento na taxa metabólica do miocárdio e no consumo de oxigênio. O mecanismo cardíaco compensatório é a hipertrofia. A redução da resistência periférica causa a retenção de líquidos por meio de mecanismos renais SRAA (Sistema Renina-AngiotensinaAldosterona). Os mecanismos compensatórios cardíacos com o aumento no volume sanguíneo leva a dilatação da câmara cardíaca (JACKSON, 2004; CASAMIAN, 2009). O hipertireoidismo como causa de CMH deve ser considerada em gatos com mais de seis anos e que apresente manifestações clínicas desse distúrbio endócrino (taquicardia, perda de peso, poliuria, polidipsia e hiperatividade), bem como a sua forma atípica. A cardiopatia associada à hipertireoidismo tende a ser reversível com o tratamento apropriado em um coração saudável (JACKSON, 2004). 19 3.1.2.2 – Hiperaldosteronismo O aumento da secreção de aldosterona (mineralcorticóide) na zona glomerulosa da glândula adrenal é denominado hiperaldosteronismo, podendo ser primária ou secundária. Hiperaldosteronismo primário, ou síndrome de Conn, ocorre por uma hipersecreção de aldosterona, que resulta em hipertensão arterial sistêmica e hipocalemia, afetando gatos de meia-idade a idosos, sendo a faixa etária média de 13 anos (MENDES, 2015) e o hiperaldosteronismo secundário ocorre por uma resposta fisiológica a estimulação do sistema renina-angiotensina-aldosterona em decorrência de desidratação, hipotensão ou diminuição da perfusão renal secundária a nefropatias (FELDMAN e NELSON, 2004). A principal função da aldosterona é controlar o volume extracelular através da retenção de sódio, por estimular a reabsorção de sódio no túbulo contorcido distal, com aumento na excreção de potássio. A hipocalemia é um supressor potente da secreção da aldosterona em um paciente normal (GONZÁLEZ e AGUIRRE, 2014). A neoplasia de adrenal unilateral (adenomas ou carcinomas), corresponde a causa mais comum de hiperaldosteronismo primário em gatos, porém pode ocorrer a hiperplasia da adrenal, que também causa hiperaldosteronismo, mas sem a presença de malignidade (GONZÁLEZ e AGUIRRE, 2013). 3.1.2.3 - Hipertensão Sistêmica A hipertensão sistêmica nos gatos pode ser primária, de etiologia desconhecida ou secundária, principalmente devido a doença renal e disfunções endócrinas. Geralmente, considera-se hipertensão sistémica em gatos, valores de pressão sanguínea sistólica superior a 180 mmHg e da pressão sanguínea diastólica que exceda os 120 mmHg. Hipertensão não é apenas uma manifestação clínica secundária a uma doença, também pode ser um distúrbio primário, uma vez que provoca danos, principalmente para os olhos, coração, rins e cérebro (CARR e EGNER, 2009; ATKINS, 2009a). A hipertensão afeta o coração de várias formas, porém, as alterações cardíacas em gatos hipertensos podem ser causadas por doenças secundárias, como hipertireoidismo. A mudança cardíaca mais comum na hipertensão é a 20 hipertrofia ventricular esquerda e movimento anormal valvular. Essa é uma resposta adaptativa para o aumento de pressão sobre o coração (CARR e EGNER, 2009). O estresse da parede cardíaca pode aumentar devido a pressão intracavitária e por aumento de raio do diâmetro interno do VE. Se o estresse da parede aumentar, ocorre aumento na espessura da parede (hipertrofia compensatória) objetivando reduzir o estresse. A hipertrofia compensatória resulta em hipertrofia ventricular esquerda concêntrica, aumento da massa muscular cardíaca e função diastólica anormal (CARR e EGNER, 2009). Com a hipertensão, existe uma disparidade do miocárdio entre demanda de oxigênio e oferta, resultando em potencial de isquemia. A síntese de colágeno que leva a fibrose é resultado de fatores de crescimento em conjunto com a hipóxia tecidual. A hipertrofia deixa o coração mais propenso a ser eletricamente instável, predispondo a arritmias. A fibrose reduz a função diastólica e com a sua evolução, o coração perde a capacidade de gerar força no miocárdio, dessa forma, a função sistólica começa a ficar comprometida (CARR e EGNER, 2009). 3.1.2.4 – Tumores Processos infiltrativos neoplásicos do miocárdio, principalmente por linfoma, podem levar ao desenvolvimento da CMH. Geralmente a sua infiltração no miocárdio resulta da disseminação de um linfoma multicêntrico, isto é, metástase de linfomas primários. O hemangiossarcoma, o carcinoma da glândula mamária, o carcinoma pulmonar, o adenosarcoma salivar e o melanoma oral também podem ocasionar metástase em miocárdio (SHINOHARA et al., 2005; CARTER et al., 2008; FERASIN, 2009a). Os tumores cardíacos causam diversas anormalidades fisiopatológicas, na dependência do seu tamanho e localização. As manifestações clínicas do paciente podem ser relacionados a mais de uma anormalidade. Muitos tumores dificultam o enchimento cardíaco devido a efusão pericárdica e o tamponamento. A infiltração tumoral do miocárdio ou a isquemia secundária pode alterar o ritmo cardíaco e prejudicar a contratilidade. As manifestações clínicas podem estar ausentes se o tumor ainda for pequeno ou se ainda não prejudicar o funcionamento cardíaco (WARE, 2010). 21 3.2- FISIOPATOLOGIA A CMH é caracterizada pela combinação de relaxamento ventricular deficiente com aumento da espessura ventricular esquerda que resulta em disfunção diastólica com aumento da pressão atrial e o desenvolvimento da ICC (FUENTES, 2009). O espessamento do miocárdico, a fibrose e a estrutura celular miocárdica desorganizada causam o aumento da rigidez ventricular e desenvolvimento de alterações no relaxamento (LARSSON, 2015). A rigidez ventricular compromete o enchimento do VE e aumenta a pressão diastólica. O volume do VE permanece igual ou diminuído. A redução no volume ventricular resulta em menor volume ejetado, contribuindo para ativação neuro-hormonal (WARE, 2010). Pressões de enchimento do VE, com aumento progressivo, levam ao aumento de pressões no átrio esquerdo (AE) e venosa pulmonar. Dessa forma, pode ocorrer dilatação do AE, congestão e edema pulmonar. O coração pode apresentarse com hipertrofia do septo interventricular e da parede livre do ventrículo esquerdo. A hipertrofia é simétrica ou assimétrica, podendo ser limitada à parede livre ou músculos papilares. Átrio esquerdo dilatado predispõe a formação de trombo, que pode e causar tromboembolismo arterial sistêmico, quando deslocado. A estase sanguínea e átrio esquerdo com aumento de volume são fatores de risco para o tromboembolismo (WARE, 2010; LARSSON, 2015). Alguns gatos possuem obstrução dinâmica do fluxo de saída do VE (CMH obstrutiva) durante a sístole, provocando um gradiente de pressão sistólico entre ventrículo e a via de saída, aumentando o estresse da parede e a demanda do miocárdio por oxigênio, promovendo a isquemia do miocárdio. A regurgitação mitral é exacerbada pelas forças hemodinâmica puxarem a cúspide anterior mitral em direção ao septo interventricular durante a ejeção. O aumento da turbulência da via de saída do VE causa sopro de ejeção com grau variável (WARE, 2010; LARSSON, 2015). 3.2.1 – Tromboembolismo arterial sistêmico A dilatação da câmera cardíaca associada a baixa contratilidade resulta em grande volume sistólico final e estase sanguínea. O fluxo sanguíneo comprometido 22 reduz o consumo de fatores de coagulação, promovendo a formação de coágulos em área de lesão tecidual (FOX, 2008). Os trombos se formam inicialmente no átrio esquerdo e normalmente se alojam em trifurcação aórtica, mas outras artérias como a ilíaca, femoral, renal e a braquial podem ser afetadas. Além da obstrução ao fluxo da artéria afetada, os trombos liberam substâncias vasoativas que induzem a vasoconstrição e comprometem o fluxo sanguíneo colateral aos vasos abstruídos. A vasoconstrição leva a neuromiopatia isquêmica, que é caraterizada por alterações funcionais e estruturais no tecido muscular afetado (MOISE, 2005; WARE, 2010). 3.2.2 - Ativação neuro-hormonal A baixa pressão de perfusão sanguínea estimula os barorreceptores presentes no arco aórtico, seio carotídeo e nas arteriolas aferentes renais, e estimula também as células do aparelho justaglomerular nos rins (FERASIN, 2009a). Este estímulo promove a ativação do SRAA que dá início à produção de angiotensina II e de aldosterona. A angiotensina II e a aldosterona estimulam o aumento da retenção de sódio e água (fase compensatória), ao mesmo tempo em que induzem a remodelação do miocárdio, do músculo liso dos vasos sanguíneos e a fibrose (GREEN, 2008; FERASIN, 2009a). A estimulação dos barorreceptores também é responsável pela ativação do SNS. Os efeitos deletérios do SNS sobre o miocárdio consistem na vasoconstrição, que intensifica a ativação do SRAA, o aumento da FC e o aumento da contratilidade com consequente intensificação da pressão do miocárdio (GREEN, 2008; FERASIN, 2009a). 3.2.3 - Isquemia do miocárdio O estreitamento das artérias coronárias intramurais, o aumento da pressão de enchimento do ventrículo esquerdo, a redução na pressão de perfusão das artérias coronárias e a insuficiente densidade miocárdica capilar para o grau de hipertrofia cardíaca são fatores que contribuem para a o desenvolvimento de isquemia miocárdica nos felinos afetados pela CMH (WARE, 2010). 23 3.3 – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os gatos podem apresentar-se clinicamente de várias formas, desde manifestações sutis até sinais de insuficiência cardíaca (IC) moderada a grave, com sinais de doença tromboembólica, assintomáticos ou apresentar morte súbita (LARSSON, 2015). A IC pode ser desencadeada por estresse, febre, anemia severa a moderada, tirotoxicose, anestesia e fuidoterapia em casos compensados (DARKE, BONAGURA e KELLY, 2000). Em casos agudos, o paciente pode apresentar dispnéia e ortopnéia em resposta ao edema pulmonar. Anorexia e êmese podem preceder em 1 ou 2 dias os sinais respiratórios, sendo a tosse raramente observada. A síncope pouco ocorre, mas está relacionada à taquirritmia ou obstrução dinâmica da via de saída do ventrículo esquerdo (FOX, 2008). Alguns gatos apresentam paralisia aguda de membro pélvico secundário a tromboembolismo aórtico distal, ocasionando a ausência de pulso femoral, membros pélvicos frios e dor. Paresia de membro torácico também pode ocorrer associado à embolização (JACKSON, 2004). Os gatos sintomáticos são mais atendidos em virtude da manifestação de manifestações clínicas respiratórios de gravidade variável ou devido à manifestação aguda de tromboembolismo (WARE, 2010). 3.4- DIAGNÓSTICO 3.4.1 – De CMH 3.4.1.1 - Auscultação Pode estar presente sopro sistólico compatível com regurgitação da mitral e obstrução dinâmica da via de saída do ventrículo esquerdo, porém muitos gatos com hipertrofia não apresentam sopro audível. Em alguns casos, pode ser detectado o desdobramento do segundo som cardíaco. A arritmia é um achado comum na auscultação, bem como batimento cardíaco forte e seco (BRANQUINHO et al., 2010). 3.4.1.2 - Radiografia O exame radiográfico em gatos com cardiomiopatia hipertrófica é pouco sensível para o diagnóstico de CMH uma vez que seus achados podem variar muito, 24 principalmente para a identificação de hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo. A principal função da radiografia nestes casos é identificar efusão pleural ou edema pulmonar na insuficiência cardíaca congestiva. (SCHWARTZ, 2003). A projeção ventro-dorsal pode revelar o ―coração de São Valentim‖, alteração que indica aumento do ventrículo e átrio esquerdo e é descrito como característico para essa doença. Em casos mais avançados da doença, pode estar presente a dilatação do lado direito (BRANQUINHO et al., 2010). FIGURA 1 – RADIOGRAFIA DE TORÁX DE FELINO COM CARDIOMEGALIA Fonte: FUENTES, 2002. 3.4.1.3 - Eletrocardiograma O eletrocardiograma é pouco sensível no diagnóstico de CMH apesar de evidenciar o aumento do átrio e ventrículo esquerdo, desvios de eixo para esquerda, arritmias supraventriculares e defeitos de condução intraventricular não são marcantes em muitos pacientes com CMH (LARSSON, 2015). 3.4.1.4 - Ecocardiograma O ecocardiograma é o método de escolha para diferenciar as diferentes formas de doenças do miocárdio e descartar sopros funcionais. Quando 25 bidimensional (2DE), é a melhor técnica para visualizar as alterações morfológicas específicas de cada cardiomiopatia (FUENTES, 2002). O exame avalia anatomia e função cardíaca, sendo o melhor meio de diagnóstico não invasivo para diferenciar CMH de outras cardiomiopatias, uma vez que permite avaliar áreas de hipertrofia na parede ventricular, no septo interventricular ou nos músculos papilares, além de auxiliar no diagnóstico de anormalidades funcionais sistólicas ou diastólicas (LARSSON, 2015). FIGURA 2 - PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO DE HIPERTROFIA CARDÍACA FONTE: BRANQUINHO et al, 2010. O espessamento disseminado do miocárdio é comum e a hipertrofia tem distribuição assimétrica entre várias regiões da parede do ventrículo esquerdo, do septo e dos músculos papilares (WARE, 2010). A hipertrofia do miocárdio é definida quando a parede ventricular durante a diástole tem valor igual ou maior a 6 mm e relaciona-se com o aumento da fração de encurtamento do VE (FERASIN, 2009b). O diagnóstico da doença na fase inicial, quando o espessamento é discreto ou focal, pode não ser definitivo uma vez que paredes falsamente aumentadas (pseudo-hipertrofia) podem ocorrer devido à desidratação e taquicardia. Medidas erradas podem ocorrer quando a mensuração não é obtida ao final da diástole. Gatos com CMH grave tem espessura diastólica na parede do VE ou do septo igual 26 ou maior a 8 mm, apesar do grau de hipertrofia não estar relacionado com a gravidade das manifestações clínicas (WARE, 2010). Como a hipertrofia pode ser variável, as medições do miocárdio do ventrículo esquerdo devem ser realizadas de forma ordenadas pelas quatro paredes ventriculares. A hipertrofia do VE é diagnosticada quando o segmento hipertrofiado ocupa mais de 50% da área ventricular (FERASIN, 2009b). A presença de uma estrutura ecodensa no lúmen pode indicar um trombo, predispondo o paciente a tromboembolismo. O ―sinal de fumaça‖ nas câmeras cardíacas indicam agregação plaquetária e fluxo sanguíneo alterado e pode ser um importante marcador para o desenvolvimento de tromboembolismo aórtico. (FERASIN, 2009b). O mesmo autor afirma que a maioria dos gatos tolera o exame completo sem sedação, porém a sedação pode ser necessária quando se tratar de um paciente agitado ou com taquicardia induzida pelo estresse. A sedação pode afetar as medidas realizadas durante o exame, porém a magnitude das mudanças observadas em casos sedados é insuficiente para influenciar no diagnóstico. Acepromazina e hidromorfina não afetam as medições. O propofol pode induzir a redução da pressão arterial sistólica, porém não afeta a função diastólica. 3.4.1.5 - Exames laboratoriais Exames de sangue de rotina podem descartar possíveis doenças concomitantes e monitorar efeitos adversos da terapia instituída. Os exames mais úteis para monitorar a doença cardíaca são a uréia, a creatinina e a concentração de eletrólitos que devem ser realizados antes do início da terapia e repetidos após quinze dias ou quando julgado necessário. Pode ocorrer aumento moderado nas atividades das enzimas hepáticas em decorrência da hipóxia na perfusão hepática. O paciente pode apresentar leucograma de estresse e hiperglicemia. A hiperglicemia pode se desenvolver secundariamente ao estresse, ao dano muscular isquêmico e a reperfusão. Caso o tromboembolismo aórtico se faça presente, pode ocorrer aumento de creatinina fosfacinase (CPK), lactato desidrogenase (LDH) e aspartato aminotransferase (AST) (JACKSON, 2004; BOSWOOD, 2007, WARE, 2010). 27 A evolução da ICC é caracterizada por azotemia, devido à baixa perfusão renal, redução da ingestão de água, anorexia, vômito e sequestro de líquidos. O uso de diuréticos, especialmente diuréticos de alça, pode estar associado com o desenvolvimento de hipocalemia e a ICC grave pode estar associada com hiponatremia. Nenhuma alteração em análises hematológicas são características de IC, dessa forma os exames citados são utilizados somente para monitorar o paciente (JACKSON, 2004; BOSWOOD, 2007; FOX, 2008). 3.4.2– De tromboembolismo arterial Os achados em exame físico de gatos com tromboembolismo aórtico incluem: ausência ou pulso filiforme de pulso femoral, músculos gastrocnêmico e tibial cranial enrijecidos, membros pélvicos frios e com sinais de isquemia, ausência de dor profunda nos membros acometidos, hipotermia, dor abdominal caso a artéria mesentérica também se encontre com tromboembolismo, taquipnéia e taquicardia, que ocorrem quando existe comprometimento cardiovascular, estresse ou dor (MOISE, 2005). FIGURA 3 – COXINS Coxins de MP com sinal de hipóxia. FONTE: Arquivo pessoal Para Viana (2011), a obstrução do fluxo sanguíneo, aferido com doppler no membro afetado, resulta em baixa ou nenhuma presença de fluxo sanguíneo arterial e na ultrassonografia abdominal, é possível visualizar obstrução no fluxo sanguíneo da aorta abdominal. 28 3.4.3 – De edema pulmonar O diagnóstico precoce de edema pulmonar é difícil. Aumento de FR em repouso pode ser um sinal. O diagnóstico inicialmente é feito por ausculta pulmonar e as manifestações clínicas, quando o paciente estiver estável, deve ser realizado o raio-X de tórax (LUCENA, 2005). 3.5-TERAPÊUTICA O tratamento tem como objetivo melhorar o enchimento do ventrículo esquerdo, aliviar o quadro congestivo, controlar arritmias, minimizar a isquemia e evitar o tromboembolismo (LARSSON, 2015). 3.5.1- Diuréticos Todos os diuréticos utilizados no tratamento de IC possuem a mesma ação, aumentar a excreção de sódio. Para isso, aumentam a fração de excreção de sódio filtrado no glomérulo que acaba sendo eliminado pela urina, levando consigo liquido extracelular. A quantidade de líquido extracelular está diretamente ligada a quantidade de sódio no corpo, dessa forma, a perda de sódio pela urina reduz a quantidade de líquido extracelular. A redução de liquido extracelular diminui os sinais de congestão (BOSWOOD, 2008). A furosemida é a droga mais utilizada para o tratamento de ICC, pois além de poder ser administrado por várias vias, é um diurético de alça que inibe a reabsorção tubular de sódio e potássio na porção ascendente da alça de Henle, diminuindo a reabsorção de água. A redução da reabsorção de água irá reduzir o volume vascular e a pré-carga, dessa forma a pressão de enchimento ventricular esquerdo e o edema pulmonar reduzem. (JACKSON, 2004; BOSWOOD, 2008). Caso a furosemida deixe de apresentar um efeito satisfatório na terapia crônica, inclui-se a hidroclortiazida para incrementar o efeito da furosemida. A ação da hidroclortiazida é diminuir a absorção de potássio e cloro e aumenta a excreção de cálcio nos túbulos contorcidos distais, por conta disso, ocorre diurese branda a moderada. Diminui o fluxo sanguíneo renal e não pode ser utilizado em paciente azotêmico. Pode causar hiperglicemia em pacientes diabéticos ou pré-diabéticos, por inibição da conversão de pró-insulina em insulina. O seu efeito inicia após uma 29 hora de administração, induz diurese após 2 horas, com efeito máximo em 4 horas e duração de 12 horas (GREEN, 2008; WARE, 2010). A espironolactona é um diurético cardioprotetor e ―poupador de potássio‖ que é utilizado na terapia coadjuvante com a furosemida em doenças cardíacas crônicas refratárias. Antagoniza as ações da aldosterona, agindo sobre a fibrose, melhorando a vascularização do miocárdio. Diminui a absorção de potássio e aumenta a excreção de cálcio nos túbulos contorcidos distais, principalmente quando a concentração de aldosterona circulante encontra-se alta. Tem ação lenta, os efeitos máximos são observados após 2- 3 dias da administração. (BONAGURA, 2007; STRICKLAND, 2007, WARE, 2010). 3.5.2 - Agentes beta-bloqueadores Para tratamento crônico, os beta-bloqueadores são úteis por controlar a frequência cardíaca e as arritmias, aliviar a obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo e diminuir a isquemia do miocárdio. Os seus benefícios resultam no melhoramento da função diastólica, indiretamente na redução da pressão de enchimento ventricular através da redução da frequência cardíaca e melhorando a perfusão do miocárdio. São conhecidos por serem agentes redutores da pré-carga. O Atenolol é o mais indicado, uma vez que também possui ação para reduzir broncoespasmos e é administrado uma ou duas vezes ao dia (ATKINS, 2006; DARKE, BONAGURA e KELLY, 2000; FERASIN, 2009b). A dosagem utilizada do Atenolol é de 6,25 a 12,5 mg/gato a cada 12 horas, por via oral e possui a capacidade de atenuar a frequência cardíaca por até 12 horas. As reações adversas são raras, mas incluem letargia ou hipotensão, que podem ser observadas até 1 hora após a primeira administração (FOX, 2008). A primeira administração deve ser feita após a estabilização do paciente (2436 horas após início da terapia diurética) para reduzir a demanda de oxigênio pelo miocárdio, evitar taquicardia induzida pelo estresse e reduzir frequência cardíaca em repouso. É contra indicado em hipotensão, bradicardia e tromboembolismo (ATKINS, 2007; BONAGURA, 2010). 30 3.5.3- Bloqueadores de canais de sódio Os bloqueadores de canais de sódio tem efeito benéfico no tratamento da CMH por reduzir a frequência cardíaca e a contratilidade, reduzindo a demanda do miocárdio pelo oxigênio. O efeito farmacológico do bloqueio do canal de cálcio é não permitir a entrada de cálcio nas fibras do miocárdio, reduzindo a capacidade de contração. Os fármacos dessa classe mais utilizados são o Diltiazem e a Amlodipina (BONAGURA, 2007; WARE, 2010). O Diltiazem (7,5 mg/gato VO a cada 8h) promove vasodilatação coronariana e pode ter efeito no relaxamento do miocárdio. É bem tolerado e suas formulações com liberação lenta são mais convenientes para utilização crônica. Embora a Amlodipina seja muito utilizada no controle de hipertensão arterial, gatos com CMH não podem fazer uso desse fármaco, pois pode ocasionar taquicardia reflexa e piorar o gradiente sistólico da via de saída (WARE, 2010). 3.5.4- Inibidores da Enzima de Conversora do Angiotensina (IECA) A utilização de IECAs no tratamento de CMH felina pode ser feita em pacientes sintomáticos e assintomáticos. Em pacientes assintomáticos o uso é controverso, uma vez que o Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA) ainda não se encontra patologicamente ativado (ATKINS, 2007; FERASIN, 2009b). 31 TABELA 1 – RELAÇÃO DE FÁRMACOS UTILIZADOS EM GATOS COM CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA Fármaco Dosagem 1-2 mg/kg Furosemida 1-2 mg/kg 6,25 mg/gato Atenolol 6,25 a 12,5 mg/gato Diltiazem 7,5 mg/gato Amlodipina Benazepril 0,5 mg/kg Ácido Acetilsalicílico 25 mg/Kg Heparina Quando utilizar In bolus a cada 30 min até sinais de congestão ausentes. Em caso de edema pulmonar. A cada 8 ou 12 horas, por via intravenosa. Manutenção do tratamento de edema pulmonar. A cada 12 ou 24 horas com redução gradual da dose até menor dose eficaz. Por via oral, a cada 12 ou 24 horas. Por via oral, a cada 8h. Tratamento crônico. Controlar a FC e as arritmias. Reduzir FC e a contratilidade Gatos com CMH não podem fazer uso desse fármaco, pois pode ocasionar taquicardia reflexa e piorar o gradiente sistólico da via de saída. 1/2 comprimido de 100 mg. Clopidogrel (Plavix®) Modo de Usar 18,75 mg/gato 200 a 300 IU/Kg Por via oral, a cada 24 horas. Por via oral, a cada 3 dias. Por via oral, a cada 3 dias, combinado com Clopidogrel. Por via oral, a cada 24 horas. Primeira aplicação, por via intravenosa. Depois por via subcutânea a cada 8 horas, de 48 a 72 horas. FONTE: o próprio autor Reduzir concentração plasmática de angiotensina II e de aldosterona. Terapia antitrombótica Terapia antitrombótica Terapia antitrombótica Terapia antitrombótica 32 3.6- ABORDAGEM TERAPÊUTICA 3.6.1 – Ao paciente assintomático Os gatos com CMH assintomática podem viver durante anos sem nunca manifestarem sinais clínicos. A terapêutica ideal nesta fase ainda é bastante controversa. Existem quatro categorias da doença nesta fase que requerem tratamento: dilatação do AE (constituí um fator de risco para o tromboembolismo arterial e prevê o tempo de vida do paciente); arritmias; obstrução dinâmica da via de saída do VE marcada; história de morte súbita na família ou ICC em idades jovens (CHETBOUL, 2010; FERASIN, 2009b). Os beta-bloqueadores são considerados a primeira escolha para o tratamento da obstrução dinâmica da via de saída do VE (atenolol na dose de 6,25mg a 12,5 mg/gato a cada 12h-24h) (CHETBOUL, 2010). Chetboul (2010) recomenda a aplicação de IECAS (benazepril na dose de 0,5 mg/kg VO a cada 24h) nos pacientes assintomáticos, visto que um estudo recente mostrou a melhoria de algumas variáveis ecocardiográficas com o uso do Doppler. Gatos com FC acima de 200-220 bpm, são considerados taquicárdicos, sendo indicado o tratamento com beta-boqueadores (Atenolol 6,25-12,5 mg/gato VO a cada 12h-24h) e com bloqueadores dos canais de Cálcio (Diltiazem 7,5 mg/gato VO a cada 8h) para o controle da FC. Ao fim de uma a duas semanas após inicio do tratamento espera-se que a FC atinja os valores considerados normais (140-160 bpm) (STRICKLAND, 2007). O fator de risco como a dilatação do AE (indicativo de elevadas pressões de enchimento do ventricular esquerdo e do aumento do risco de ICC), constitui um grande risco para o aparecimento de trombos intracardíacos (STRICKLAND, 2007). Por esse motivo, é recomendado a terapia antitrombótica com Ácido Acetilsalicilíco (1/2 aspirina pediátrica a cada 3 dias, ou 25 mg/Kg VO a cada 3 dias) combinado com clopidogrel (Plavix® 18,75 mg/gato a cada 24h) (FERASIN, 2009b; STRICKLAND, 2007). 33 TABELA 2 – RESUMO DE TRATAMENTO PACIENTE ASSINTOMÁTICO Alteração encontrada Correção Obstrução dinâmica da via de saída do VE Atenolol Taquicardia Atenolol ou Diltiazem Dilatação do AE Ácido acetilsalicilíco com Clopidogrel FONTE: o próprio autor 3.6.2 – Ao paciente Sintomático – forma aguda descompensada Na emergência, em caso de edema pulmonar agudo, a furosemida é administrada por via intravenosa, na dosagem de 1-2 mg/kg a cada 30 minutos até que a congestão tenha reduzido e a dispneia controlada. Então, a frequência de administração do fármaco deve ser reduzida para 8-12 horas. A resolução do edema deve ser acelerada nas primeiras 24 – 36 horas. A suplementação com oxigénio, geralmente com 40% a 60% de oxigénio no gás inspirado, pode melhorar as trocas de gases pulmonares. A resolução clínica do edema é indicada por frequência respiratória e trabalho da respiração reduzida e estertores pulmonares ausentes (FOX, 2008; FUENTE, 2012). A toracocentese é o procedimento para ser realizado nos pacientes que apresentam efusão pleural em raio-X e sintomas como dispnéia, sons cardíacos abafados, com ICC e risco de vida eminente, com o objetivo de reduzir o derrame pleural e aliviar os sintomas (FUENTES, 2007; STRICKLAND, 2007). TABELA 3 - RESUMO DE TRATAMENTO PACIENTE SINTOMÁTICO – FORMA AGUDA Alteração encontrada Correção Furosemida 1 – 2 mg/kg IV a cada 30 minutos, Edema pulmonar até resolução do edema pulmonar. Isquemia Suplementação com oxigénio, 40% a 60% de oxigénio no gás inspirado. FONTE: o próprio autor 3.6.3- Ao paciente com CMH crônica A terapia de manutenção visa manter o paciente fora do estágio congesto, reverter ou abrandar a disfunção do miocárdio, prevenir o tromboembolismo arterial, promover qualidade de vida e prolongar o tempo de vida do paciente (FOX, 2008). 34 Assim que o edema pulmonar cessar, a furosemida deve ser administrada por via oral, na dose de 6,25 mg/gato a cada 12-24 horas e gradualmente reduzida até a menor dose eficaz. Alguns gatos permanecem estáveis com a dose diária, outros podem nem precisar do fármaco e esse ser retirado com segurança. Pode ocorrer resistência ao fármaco com a evolução da doença cardíaca. Dessa forma, um segundo diurético deve ser associado, como a Hidroclortiazida, na dose de 1-2 mg/kg a cada 12 horas, por via oral. Com o uso dos dois diuréticos, a monitorização deve ser rigorosa quanto à desidratação, azotemia, hiponatremia e hipocalcemia. A dose de furosemida terá de ser aquela que seja suficiente para eliminar o edema pulmonar e que impeça o desenvolvimento de azotemia. A Espironolactona não é indicada para gatos, pois pode causar lesões faciais (FOX, 2008; FUENTES, 2012a; FUENTES, 2009, WARE, 2010). É comum adicionar a terapia um beta-bloqueador, um bloqueador de canal de cálcio e um IECA. O beta-bloqueador é sugerido pelo seu efeito cronotrópico e inotrópico negativos, por beneficiarem a resolução da obstrução dinâmica da via de saída do VE, como também bloqueadores dos canais de cálcio por melhorarem a função diastólica (CHETBOUL, 2010). Para Fuentes (2007), o IECA não mostra qualquer benefício contra os sinais congestivos, são usados por se acreditar que tenha papel na progressão da hipertrofia ou papel na reversão das alterações causadas pela hipertrofia. A dose recomendada é de 0,5 mg/kg a cada 24 horas, iniciando com metade da dose. TABELA 4 - RESUMO DE TRATAMENTO PACIENTE COM CMH CRÔNICA Alteração encontrada Correção Histórico de edema pulmonar recente Furosemida Resistência a furosemida Associar Hidroclortiazida Ajudar na resolução da obstrução dinâmica da Atenolol via de saída do VE Melhorar a função diastólica Diltiazem FONTE: o próprio autor 35 3.6.4 – Ao tromboembolismo arterial Os princípios básicos do tratamento do tromboembolismo incluem analgesia, gestão do estado eletrolítico e prevenção da extensão dos trombos (FUENTES, 2007). A analgesia é recomendada, principalmente nas primeiras 24 a 36 horas, com o uso de butorfanol (0,15 a 0,5 mg/kg IM ou SC a cada 1 - 3 horas) ou morfina (0,1 a 0,3 mg/kg IM ou SC a cada 3 – 6 horas). A depressão respiratória ou redução da motilidade gastrointestinal são efeitos adversos do tratamento. (WARE, 2010). Os anticoagulantes como a heparina, a heparina de baixo peso molecular e o clopidogrel, atuam atrasando a síntese ou acelerando a inativação dos fatores de coagulação. Não conseguem por si só estabilizar o trombo, mas são importantes no tratamento do tromboembolismo arterial. A heparina (200 a 300 IU/Kg IV e depois SC a cada 8 horas, durante 48-72 horas) é um anticoagulante de eleição no tratamento agudo e crônico, que se liga e inibe o fator de Von Willebrand, possuindo também algum efeito anti-plaquetário (FUENTES, 2007; GREEN, 2008). O Ácido acetilsalicilíco é o anti-plaquetário mais utilizado, apesar de não haver evidências de ser efetiva na prevenção ou nos episódios recorrentes. Consideram-se duas doses de Ácido acetilsalicilíco, a dose alta – 40 mg/gato a cada 72 horas; ou a dose baixa – 5 mg/gato a cada 72 horas. (FUENTES, 2007; GREEN, 2008). FOX (2008) sugere o Clopidogrel (18,75 mg cada 24 horas VO) como fármaco anti-plaquetário em associação com heparina ou Ácido acetilsalicilíco. TABELA 5 - RESUMO DE TRATAMENTO DO TROMBOEMBOLISMO AÓRTICO Alteração encontrada Correção Dor Butorfanol ou Morfina Tromboembolismo aórtico recente Heparina Prevenção de tromboembolismo aórtico e Ácido acetilsalicilíco e Clopidogrel tromboembolismo aórtico recente FONTE: o próprio autor 3.7- PROGNÓSTICO O tempo de sobrevivência para os pacientes assintomáticos é estimado em anos. O seu prognóstico é reservado a bom, com uma média de tempo de vida de 5 36 anos. Em média, os gatos com IC sobrevivem por 18 meses (ATKINS, 2009b; STRICKLAND, 2007). O tamanho do AE, evidências de aumento do ventrículo direito, a FC acima dos 200 bpm., a necessidade de recorrer a toracocentese e a idade do paciente, são parâmetros que também estão associados negativamente no tempo de sobrevivência destes pacientes (FERASIN, 2009b). 4 - RELATO DE CASO Um gato doméstico, pelo curto, sem raça definida, com quatro anos de idade, 6 Kg, foi atendido no hospital veterinário CLINIVET, encaminhado por outro médico veterinário que havia solicitado hemograma, bioquímicos e exames de imagem (RX de tórax, RX de coluna vertebral e ultrassom abdominal). Ao dar entrada no hospital veterinário, o gato apresentava paresia de membros pélvicos a mais de 30 horas, temperatura retal de 37ºC, mucosas normocoradas, sem dor durante a manipulação, pulso femoral direito fraco e filiforme, enquanto que o pulso femoral esquerdo encontrava-se ausente. Os membros pélvicos encontravam-se frios e não foi localizado pulso com o uso de doppler. A pressão sistólica estava 150 mmHG, aferição com doppler, taquicárdico, FR– 80 mpm, paciente estava em alerta, ronronando e sem demonstrar sinais de estresse. Paciente ficou internado para iniciar terapia antitrombótica, avaliação com especialista e ecocardiografia. O tratamento iniciado consistia em tramadol 2 mg/Kg SC e Dipirona 26 mg/Kg SC, ambos a cada 8 horas para analgesia. Como terapia antitrombótica, ácido acetilsalicílico (AAS® infantil) 10 mg/kg VO a cada 72 horas, heparina (200 IU/Kg IV) e diltiazen (7,5 mg/gato VO) a cada 24h. Em avaliação realizada por cardiologista, o pulso femoral bilateral estava filiforme, os membros estavam frios, apresentava taquicardia e crepitação pulmonar bilateral importante, indicativo de edema pulmonar e na aferição de pressão, o paciente apresentava-se hipotenso, com 96 mmHg de pressão sistólica, que foi corrigida com prova de carga (10 ml/kg em 6 minutos com solução de ringer lactato), e então permaneceu estável em 120 mmHg. Quando foi diagnosticado o edema pulmonar, o paciente recebeu uma dose de furosemida 1 mg/kg IV e suplementação 37 de oxigênio foi iniciada. Uma hora após a primeira aplicação de furosemida, o paciente passou novamente por avaliação e como não apresentou melhora no quadro respiratório, a furosemida passou a ser administrada na dose de 2 mg/kg IV a cada 30 minutos, até apresentar melhora, aproximadamente, 12 horas após o inicio da terapia, e então, na mesma dosagem, a cada 8 horas. O raio-X realizado mostrou aumento de silhueta cardíaca, mais evidente em região de átrios. O ultrassom abdominal mostrou todos os órgãos abdominais normais, sem qualquer alteração, porém, em aorta abdominal caudal, cranial a trifurcação aórtica, com o uso de doppler vascular, foi possível visualizar a presença de fluxo turbulento com presença de área ecogênica amorfa, pouco delimitada com outra formação mais ecogênica caudal de 0,35 cm, aproximadamente. Essa alteração é sugestiva de tromboembolismo aórtico, sendo sugeridos exames complementares como ecocardiograma e exames hematológicos. FIGURA 4 – RAIO X DE TÓRAX Figura A Figura B Figura A – Raio-X projeção ventro-dorsal do tórax do paciente Figura B – Raio-X projeção lateral do tórax do paciente. FONTE: Dra. Andrea Wagner de Castro – Bionostic. 38 FIGURA 5 – IMAGEM DE ULTRASSOM ABDOMINAL Tromboembolismo aórtico abdominal em abdominal caudal, cranial a trifurcação aórtica. aorta FONTE: Dra. Simone Monteiro – Bionostic. O ecocardiograma mostrou uma hipertrofia concêntrica de VE (septo e parede livre do ventrículo). Um área delgada, de 3 mm, com aparente disfunção sistólica em ápice cardíaco compatível com fibrose focal. Aumento importante de AE com presença de ―sinal de fumaça‖, sugerindo a formação de trombo. Foi observada efusão pericárdica discreta. As alterações são compatíveis com miocardiopatia hipertrófica. FIGURA 6 – ECOCARDIOGRAMA - RELAÇÃO ÁTRIO ESQUERDO/AORTA AE – 1,92 cm (aumentado) Relação AE/ Aorta – 2,07 cm (aumentada) FONTE: Cardiologia Sarraff 39 FIGURA 7 – ECOCARDIOGRAMA - VENTRÍCULO ESQUERDO Espessura da parede – 0,82 cm (aumentado) FONTE: Cardiologia Sarraff FIGURA 8 – ECOCARDIOGRAMA – EFUSÃO PERICÁRDICA FONTE: Cardiologia Sarraff Em exames hematológicos, o hemograma apresentou alteração somente em proteínas plasmáticas (8,6 g/dl – referência de 6,0 a 8,0). Em bioquímicos, apenas a uréia 54,5 mg/dl (referência de 10,0 a 50,0), ALT 150,3 (referência de 10,0 a 80,0) e a glicose 224 mg/dl (referência de 70,0 a 150,0) apresentavam-se alterados. O paciente permaneceu internado e estável por três dias. No segundo dia de internamento o paciente caminhou, de forma atáxica, pela gaiola, porém com ausência de propriocepção em MP bilateral. No terceiro dia, se alimentou bem com ração seca e caminhou novamente, recebendo alta ao final do dia. De prescrição 40 médica da alta consistia em Dipirona 6 gotas (25mg/gota), 3 vezes ao dia, por 10 dias, Diltiazen (7,5 mg/gato) por via oral, uma vez ao dia, Clopidogrel (18.75 mg/gato) por via oral, uma vez ao dia, Arnica, por via oral, 3 vezes ao dia, por 10 dias e Furosemida (1 mg/kg), por via oral, 3 vezes ao dia. O gato permaneceu estável em casa, caminhando pouco, por catorze dias até que um novo episódio de tromboembolismo ocorreu, dessa forma, a proprietária optou pela eutanásia, uma vez que a mesma possuía dificuldade no manejo do paciente. 5 - DISCUSSÂO O paciente desse relato é um gato, sem raça definida, diferente do descrito por Ware (2010), que afirma que a incidência desta complicação é maior em gatos das raças Persa, Maine Coon e Ragdoll. Em relação à idade de acometimento, o paciente também se encontrava dentro da faixa etária descrita, de quatro a sete anos, para o aparecimento da afecção. As manifestações clínicas que o paciente apresentou para o tromboembolismo aórtico são descritos pela literatura, como a paresia dos membros pélvicos, membros frios e com ausência de pulso (JACKSON, 2004). Já internado, o paciente apresentou edema pulmonar, que foi tratado como descrito por Fox (2008) e Fuente (2012). Ware (2010) afirma que os gatos possuem hipersensibilidade a furosemida, por isso a mesma deve ser aplicada, in bolus, a cada 2 horas, na dosagem de 1 – 2 mg/kg. O gato do presente estudo recebeu furosemida a cada meia hora e não apresentou qualquer sinal de hipersensibilidade. Ferassin (2009a) afirma que a hipotensão (pressão sistólica menor que 120 mmHg) foi observado em aproximadamente 15% dos gatos cardiopatas. O paciente desse relato teve episódio de hipotensão durante o seu internamento. O diagnóstico foi feito com base nos achados em exame físico e confirmado pelos exames complementares, particularmente o ecocardiograma com Doppler colorido para detecção do trombo e obstrução parcial do fluxo sanguíneo e com o ultrassom abdominal, para detecção de tromboembolismo aórtico. As alterações encontradas em exames bioquímicos correspondem a literatura, onde ocorre aumento moderado nas atividades das enzimas hepáticas em decorrência da 41 hipóxia na perfusão hepática, hiperglicemia e azotemia. (JACKSON, 2004; BOSWOOD, 2007). A confirmação do tromboembolismo foi realizada através do doppler no membro afetado, que não apresentou sinal de pulso e pelo ultrassom abdominal, que mostrou o trombo aórtico em aorta abdominal caudal. A dilatação do átrio esquerdo, induzida pela hipertrofia ventricular e aumento da pré-carga, pode levar a um fluxo sanguíneo turbulento, resultando em trombose e, eventualmente, tromboembolismo. Sendo assim, gatos que possuem um AE aumentado, estão em risco de desenvolver trombos. Fuentes (2012b) afirma que CMH é a afeção cardíaca mais frequentemente associada ao tromboembolismo aórtico e que, aproximadamente, 12% dos gatos com CMH desenvolvem o tromboembolismo aórtico como a principal complicação da doença cardíaca. A analgesia foi realizada com associação do Tramadol 2 mg/kg com a Dipirona 26 mg/kg. A analgesia não corresponde com a indicada em literatura, que consistem em butorfanol ou morfina. A terapia antitrombótica foi realizada em conformidade com a literatura, sendo ela: ácido acetilsalicílico (AAS® infantil) 10 mg/kg VO a cada 72 horas, heparina (200 IU/Kg) IV na primeira aplicação e depois SC, a cada 8 horas, por 72 horas. O paciente ainda recebeu Diltiazem com o objetivo de reduzir a FC. Após internação, como prescrição para casa, a recomendação foi de Dipirona 6 gotas (25mg/gota), 3 vezes ao dia, por 10 dias, Diltiazem 7,5 mg/gato/SID/VO, Clopidogrel 18.75 mg/gato/SID/VO, Arnica, por via oral, 3 vezes ao dia, por 10 dias e furosemida (1 mg/kg), 3 vezes ao dia, com exceção da arnica, todos os fármacos correspondem a indicação de literatura para tratamento e controle de CMH e tromboembolismo aórtico. 42 CONCLUSÃO Nos gatos, muitas vezes se suspeita de doença cardíaca na presença de sopro na auscultação ou quando apresentam dispneia. A cardiomiopatia hipertrófica é a doença cardiovascular mais frequentemente observada em gatos. Muitos gatos se apresentam assintomáticos até apresentarem algum quadro de complicação, como ICC e/ou tromboembolismo aórtico. O diagnóstico do tromboembolismo aórtico secundário a cardiomiopatia hipertrófica em gatos é realizado pelo histórico e exame físico do paciente, contudo, o exame ultrassonográfico com color Doppler é essencial para a localização e determinação da gravidade do quadro clínico, enquanto o diagnóstico de CMH é feito pelo ecocardiograma. O tratamento disponível até o momento permite controlar o desenvolvimento da doença cardíaca, permitindo prolongar o tempo de vida do paciente e proporcionar qualidade de vida. Tratar pacientes assintomáticos, com betabloqueadores e bloqueadores dos canais de cálcio, está cada vez mais comum, apesar de não existir estudos mostrando a eficácia do tratamento na evolução da doença. Ao abordar um paciente felino com paresia aguda de membros pélvicos, deve-se considerar a presença de tromboembolismo aórtico e sua associação com doenças do miocárdio. 43 REFERÊNCIAS ATKINS, C. E. Management of Feline Hypertrophic Cardiomyopathy: Inovations and Controversies. 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