UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC: CNPq, CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período: Agosto/2014 a Julho/2015 ( ) PARCIAL ( x ) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título do Projeto de Pesquisa: Infecções Sexualmente Transmissíveis: epidemiologia e prevenção Nome do Orientador: Maísa Silva de Sousa Titulação do Orientador: Doutora Faculdade: Universidade Federal do Pará Instituto/Núcleo: Núcleo de Medicina Tropical Laboratório: Laboratório de Biologia Molecular e Celular Título do Plano de Trabalho: Perfil de portadores do vírus linfotrópico de células T humanas atendidos no Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará. Nome do Bolsista: Ingrid Christiane Silva Tipo de Bolsa: ( x ) PIBIC/ CNPq ( ) PIBIC/CNPq – AF ( )PIBIC /CNPq- Cota do pesquisador ( ) PIBIC/UFPA ( ) PIBIC/UFPA – AF ( ) PIBIC/ INTERIOR ( )PIBIC/PARD ( ) PIBIC/PADRC ( ) PIBIC/FAPESPA ( ) PIBIC/ PIAD ( ) PIBIC/PIBIT Perfil de portadores do Vírus Linfotrópico-T Humano atendidos ações de extensão universitária em Belém, Pará, Brasil. Ingrid Christiane Silva Faculdade de Farmácia, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, Brasil Maisa Silva de Sousa Laboratório de Biologia Molecular e Celular, Núcleo de Medicina Tropical, Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, Brasil RESUMO O vírus linfotrópico-T humano foi o primeiro retrovírus identificado em humanos e está associado a doenças debilitantes e letais. No atual sistema de saúde é importante que sejam realizadas medidas preventivas e de controle acerca desta infecção e o diagnóstico precoce de suas doenças associadas. Através de ações de extensão universitária, realizadas de agosto de 2014 a julho de 2015, foram atendidos 880 indivíduos, tanto na unidade universitária, como em logradouros públicos da cidade de Belém, Pará, Brasil, para a realização do exame sorológico anti-HTLV. Os casos sororreagentes foram submetidos à pesquisa do DNA proviral e flower-cells no sangue, e de Strongyloides stercoralis nas fezes. O anticorpo antiHTLV foi observado em 36 participantes (4,1%). O DNA proviral foi identificado em 22 pessoas, das quais 17 confirmaram infecção pelo HTLV-1 e cinco pelo HTLV-2. Apesar de terem sido as mais investigadas, as mulheres não se mostraram mais infectadas (3,8%) que os homens (4,4%). A infecção se destacou em pessoas de origem asiática (33,3%), nos familiares de portadores de HTLV (17,8%), nas pessoas com baixa escolaridade (4,2%) e baixa renda (4,6%), naquelas com relacionamento estável (5,7%), heterossexual (4,2%) e nos que receberam sangue por transfusão (5,2%). A elevada soroprevalência encontrada nessa amostragem, provavelmente, se deve à busca ativa realizada principalmente junto aos familiares de portadores do vírus e à demanda referenciada dos centros especializados de saúde. Palavras-chave: Retrovírus. Saúde Pública. Epidemiologia. Infectologia. INTRODUÇÃO O Vírus Linfotrópico-T Humano (HTLV) é um retrovírus envelopado de genoma composto de uma fita simples diploide de RNA, pertencente à família Retroviridae, gênero Deltaretrovírus (Coffin, 1996; Oliveira & Avelino et al., 2006). São conhecidos atualmente quatro tipos de HTLV (HTLV-1, HTLV-2, HTLV-3 e HTLV-4), no entanto, apenas os tipos 1 e 2 têm sido associados a casos de doenças (Gessain & Cassar, 2012). O HTLV-1 possui tropismo celular por linfócitos T CD4+, enquanto o HTLV-2 possui por linfócitos T CD8+, contudo, os dois tipos apresentam características biológicas semelhantes, e foram os primeiros retrovírus identificados em humanos (Hall et al., 1994; Murphy, 1996; Paiva & Casseb, 2014). O vírus pode ser transmitido no período perinatal (que aumenta com a transmissão de linfócitos contaminados no leite, quanto maior o período de amamentação), pela exposição parenteral (transfusão sanguínea e compartilhamento de seringas contaminadas) e pela via sexual (ato sexual sem preservativo), principalmente do homem para a mulher (eficácia maior na transmissão), visto que o contrário é raro (Rêgo et al., 2003; Romanelli et al, 2010). Algumas doenças estão associadas ao HTLV-1 como a Leucemia/Linfoma de células T do adulto (LTA), Paraparesia Espástica Tropical (MAH), dermatite infectiva, estrongiloidíase, uveíte, entre outras (Poiesz et al., 1980; La Grenade, 1996; Gotuzzo et al., 1996; Gessain & Cassar, 2012); e por serem doenças negligenciadas, é necessário um maior esclarecimento à população a respeito de seus riscos, para que assim sejam adotadas medidas de prevenção e controle. O HTLV-2 tem sido associado a casos esporádicos de perturbações neurológicas semelhantes a PET/MAH, mesmo que haja indicações precisas de manifestações clínicas bem definidas (Paiva & Casseb 2015). Estima-se existir de 15 a 20 milhões de indivíduos infectados, em sua maior parte pelo HTLV-1 (Romanelli et al, 2010). O Japão, Caribe, África e América Latina possuem a maior parte dos infectados pelo vírus (Gessain & Cassar, 2012). O Brasil possui cerca de 2,5 milhões de pessoas, sendo provavelmente o país com o maior número de infectados. (Paiva & Casseb, 2014). Os estados da Bahia, Pará e Maranhão têm as maiores taxas de prevalência da infecção em hemodoadores no país (Galvão-Castro et al., 1997; Catalan-Soares et al., 2005) A região amazônica é endêmica para esta infecção, tal qual o estado do Pará, que apresenta elevado índice de prevalência (Santos, et al 2009). O HTLV-2 é endêmico na Amazônia oriental, onde altas taxas da infecção têm sido encontradas, especialmente em comunidades indígenas das américas, e está sendo propagada das áreas rurais para as urbanas e assim ampliando sua endemicidade geográfica nesta região do Brasil (Ishak, et al 2003; Valinotto, et al 2005; Costa, et al 2013). Estudos demonstraram sobre a infecção pelo HTLV entre os povos indígenas no Brasil uma alta prevalência em alguns grupos de risco, e posteriormente foi constatado que o HTLV2 é predominante entre os grupos indígenas brasileiros, com uma área de alta endemicidade da região amazônica e HTLV-1, por outro lado, está presente em núcleos isolados. Dentre estes achados foi encontrada a infecção na aldeia Kayapó (Paiva & Casseb, 2015). Desta forma, é de extrema importância a realização de estudos que possam auxiliar no monitoramento e controle do vírus na região metropolitana de Belém; somado ao conhecimento de algumas características epidemiológicas que estão associadas à infecção, tais como idade, gênero e a existência de familiares infectados. O objetivo deste estudo foi descrever os resultados da investigação epidemiológica da infecção pelo HTLV, realizada a partir de ações de extensão universitária. MATERIAL E MÉTODOS Este estudo foi conduzido de forma transversal e descritiva, junto à demanda espontânea atendida em ações de extensão universitária, realizadas no período de agosto de 2014 a julho de 2015. Além do atendimento no laboratório da unidade universitária, as ações de esclarecimento sobre o HTLV e a realização do exame para a pesquisa de anticorpos antiHTLV também foram realizadas em logradouros públicos da cidade de Belém. Todos os indivíduos identificados com a infecção foram encaminhados para atendimento ambulatorial por médicos especializados, na própria unidade universitária. Coleta dos dados Após a distribuição de folhetos informativos, com a explicação do objetivo, dos riscos e dos benefícios do estudo, foi solicitada a participação das pessoas, mediante a leitura e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Foram coletados dados sócio-epidemiológicos em protocolo de pesquisa próprio, os quais continham perguntas acerca da idade, gênero, etnia, escolaridade e renda familiar mensal e estado civil. As informações clínicas foram obtidas dos prontuários. Critérios de exclusão Foram excluídos do estudo pessoas que realizaram o exame, mas não aceitaram participar da pesquisa e aqueles indivíduos menores de 18 anos. No caso de familiar de portador de HTLV, com idade inferior a 18 anos, o consentimento foi solicitado ao seu responsável. Coleta das amostras As amostras foram coletadas por punção venosa, aproximadamente 5 ml de sangue o qual foi depositado em um tubo contendo EDTA como anticoagulante e armazenado à 4° C. As amostras laboratoriais foram identificadas com as iniciais da pessoa coletada, juntamente com o respectivo número do questionário do participante. O sangue coletado foi centrifugado a 3.000 rpm por 10 minutos, separado uma alíquota de plasma para detecção de anticorpos anti-HTLV-1/2 pelo Ensaio Imunoenzimático (ELISA). Ensaio Imunoenzimático (ELISA) Foi realizado o Ensaio Imunoenzimático Gold ELISA Anti-HTLV 1/2 (REM), de acordo com instruções do fabricante. As amostras reativas e aquelas com valores até 20% abaixo ou acima do cut off (casos suspeitos) passaram por um novo teste imunoenzimático. Todas as amostras com sorologia positiva e as negativas, mas com valores próximos ao cut off, foram testadas por biologia molecular. Extração de DNA A extração de DNA foi realizada a partir de células da camada de leucócitos (300 µL), seguindo as recomendações do kit Wizard® GenomicDNA Purification (Promega). Protocolo de Reação em Cadeia mediada pela Polimerase (PCR) Amplificação do gene da β-globina humana Todo DNA genômico extraído foi submetido à amplificação do gene da β-globina humana com os primers G73 (5’-GAAGAGCCAAGGACAGGTAC-3’) e G74 (5’CAACTTCATCCACGTTCACC-3’) para excluir a presença de inibidores de PCR (Greer, et al 1991). Após a validação da amplificação do gene da β-globina humana, foi realizada uma nested-PCR específica para o HTLV. As amostras positivas foram submetidas à digestão enzimática para a identificação do tipo viral. Amplificação do gene pX do HTLV A técnica emprega a detecção do DNA proviral pela amplificação da região pX do vírus. Para a reação da 1ª PCR era utilizada solução com 3,5μL de GoTaq Green Master Mix (Promega), 1,0 μL de água, 0,25μL (10 pmol) de cada iniciador HTLV_Externo F 5'TTCCCAGGGTTTGGACGAAG-3' (7219-7238,direto) e HTLV_Externo R 5'-GGGTAAG GACCTTGAGGGTC-3' (7483-7464, reverso) e 2,0 μL de DNA, para um volume final de 7μL, amplificando assim um fragmento de 265pb. O protocolo para amplificação segue a temperatura de desnaturação de 94°C por 4 minutos, seguida de 30 ciclos (repetições), onde a temperatura de desnaturação é de 94°C por 40 segundos, a temperatura de hibridização 51,6°C por 30 segundos e, por fim, a temperatura de extensão a 72°C por 40 segundos, seguida da temperatura de extensão final de 72°C por 10 minutos, e 10°C por 10 minutos. A identificação molecular do genoma viral foi realizada por uma nested-PCR, utilizando-se 6μL de Go Taq Green Master Mix (Promega), 0,4μL (10 pmol) de cada primer, HTLV_interno F 5'CGGATACCCAGTCTACGTGTT3' (7248-7268, direto) e HTLV_interno R 5'GAGCCGATAACGCGTCCATCG3' (7406-7386, reverso), 4,7μL de água e 0,5 μL do produto da primeira PCR, onde amplifica um fragmento de 159pb. O protocolo de amplificação segue 35 ciclos (repetições), com temperatura de desnaturação de 94°C por 30 segundos, a temperatura de hibridização de 51,6°C por 30 segundos e a temperatura de extensão de 72°C por 30 segundos, seguido da temperatura de extensão final a 72°C, por 10 minutos, e 10°C por 10 minutos (Tuke et al., 1992). Em todas as reações foram utilizados controles positivo (amostra sabidamente positiva) e negativo (água autoclavada). Digestão enzimática Os produtos positivos na nested-PCR foram submetidos ao protocolo de digestão enzimática pela enzima Taq I (Invitrogen) seguindo as recomendações do fabricante. Após a digestão as amostras positivas para o HTLV-1 apresentam um fragmento que 159pb, enquanto que o HTLV-2 amplifica dois fragmentos distintos, um de 85pb e outro de 59pb. A cada reação enzimática foi utilizada uma amostra controle de HTLV-2. Os produtos da PCR e da digestão enzimática foram aplicados em gel de agarose a 2% e 3%, respectivamente, contendo brometo de etídio (1 mg/mL) e visualizados sob luz UV. Testes hematológicos e parasitológicos Todos os casos confirmados por biologia molecular foram submetidos à pesquisa de “flower cell” em esfregaço de sangue periférico e à análise protoparasitológica para pesquisa de Strongyloides stercoralis. Análises estatísticas Todas as informações coletadas na entrevista, no laboratório e nos prontuários foram inseridas em planilha para a identificação das frequências e confecção dos gráficos e tabelas, utilizando os programas Microsoft Office Excel© 2010 e Bioestat 5.0. RESULTADOS Foram investigadas 880 pessoas, das quais 36 (4,1%) apresentaram a infecção pelo HTLV. A idade dos infectados variou de 18 a 80 anos, com média de 51,4 anos. A média aritmética da idade dos casos positivos para HTLV (51,4) foi significativamente maior que a média das idades dos casos negativos (44,3) (Figura 1). A proporção de casos positivos foi de 4,6 nos maiores de 30 anos, de 5 nos maiores de 40 anos e de 6,9 nos maiores de 50 anos (Tabela 1). Figura 1: Box Plot dos extremos, média aritmética e desvio padrão das idades dos casos negativos e positivos para HTLV, atendidos no período de agosto de 2014 a julho de 2015, na cidade de Belém, Pará, Brasil. A infecção foi identificada em 4,4% dos homens, 33,3% dos de origem asiática, 4,8% dos não alfabetizados, 4,6% dos que tem renda familiar menor ou igual a um salário mínimo, 5,7% dos que tem relação conjugal estável, 17,8% dos familiares de portadores de HTLV, 4,2% dos que tem relação heterossexual e 5,2% daqueles que relataram ter recebido sangue (Tabela 1). Tabela 1: Perfil epidemiológico das pessoas investigadas e identificadas com infecção pelo HTLV, atendidas no período de agosto de 2014 a julho de 2015, na cidade de Belém, Pará, Brasil. Investigados Infectados % < 30 anos ≥ 30 anos 191 689 6 30 3,1 4,6 < 40 anos ≥ 40 anos 369 511 10 26 2,7 5 Idade Idade p-valor 0,5797 0,1130 Idade 0,0080 < 50 anos ≥ 50 anos 540 340 14 22 2,7 6,9 Feminino Masculino 549 341 21 15 3,8 4,4 Pardo Negro Branco Indígena Asiático Escolaridade Não alfabetizado Ensino fundamental Ensino médio Ensino superior Renda ≤ 1 salário mínimo > 1 salário mínimo Estado civil Casado/Relacionamento estável Solteiro/Divorciado/ Separado/ Viúvo Procedência Logradouros Públicos Famílias Centros especializados de Saúde Relação sexual Homossexual Heterossexual Histórico de ter recebido sangue por transfusão Sim Não 546 123 81 9 3 15 6 5 1 1 2,7 4,9 6,2 11,1 33,3 62 292 641 172 3 12 14 6 4,8 4,1 2,2 3,5 655 215 30 6 4,6 2,8 Gênero 0,8052 Etnia 0,3358 0,3462 0,3283 0,0650 369 508 21 15 5,7 3,0 <0,0001 721 73 88 13 13 10 1,8 17,8 11,4 38 834 1 35 2,6 4,2 0,9559 0,7784 97 782 5 31 5,2 4,0 O genoma proviral do HTLV foi identificado em 22 amostras, nas quais o HTLV-1 foi identificado em 17 amostras e o HTLV-2 em cinco amostras. Para as demais amostras não foi possível realizar a confirmação da amplificação do genoma proviral. Nas análises hematológicas não foram encontradas “flower cell” a partir do esfregaço de sangue periférico. Na análise protoparasitológica para a pesquisa de Strongyloides stercoralis, foi observada uma frequência de 0,03% nas amostras dos pacientes infectados. DISCUSSÃO A região amazônica é endêmica para a infecção pelo HTLV, a partir das variáveis taxas de soroprevalência segundo as áreas geográficas definidas mundialmente, relacionandose à presença do vírus em mulheres, com idade elevada, e baixa renda familiar, assim como é ratificado em nossos resultados (Ferreira, et al 2010; Viana, et al 2015). Grande parte dos estudos brasileiros realizados sobre a prevalência do HTLV foi realizada com doadores de sangue, o que não reflete a realidade da população geral, pois a maioria dos indivíduos investigados são saudáveis e do sexo masculino. Além das áreas geográficas, outros fatores que contribuem para a soroprevalência são a composição sociocultural e demográfica e o comportamento de risco da população (Sodré, et al 2010). A grande proporção de indivíduos de origem asiática neste trabalho contrapõe-se aos estudos que demonstram a etnia africana ou afrodescendente com a maior soroprevalência para o HTLV, em relação a outras raças, sobretudo na cidade de Salvador, onde 80% da população é negra ou mestiça, e desta forma, evidenciam este elevado resultado sobre outras capitais brasileiras (Sodré, et al 2010). Houve maior soroprevalência em indivíduos de baixa escolaridade e renda familiar, o que corrobora com outros achados na literatura (Ydy, et al 2009). O pouco conhecimento acerca da infecção por HTLV dificulta a aplicação de medidas de prevenção, sendo necessário maior esclarecimento sobre seus riscos e as possíveis doenças associadas. A baixa frequência encontrada para a pesquisa protoparasitológica de Strongyloides stercoralis pode ter ocorrido por limitações à realização do teste, em decorrência da ausência do material de alguns pacientes. Estudos demonstram que a ocorrência da co-infecção do S. stercoralis com o HTLV-1, pode desenvolver estrongiloidíase crônica e promover maior perfil clínico de doenças relacionadas à proliferação dos linfócitos T (Furtado, 2013). A infecção se mostrou quase duas vezes maior nos que relataram ter relacionamento estável, com uma tendência de significância dessa diferença. A transmissão sexual do HTLV é esperada ser maior entre casais que apresentam relação estável (Costa, et al 2013). A elevada frequência de casos positivos entre indivíduos de maior idade corrobora com outros estudos. Esta reatividade sorológica está associada a um grande volume de portadores assintomáticos (Costa, et al 2013). Vale ressaltar a importância de ações em saúde que proporcionem maior esclarecimento à população, com medidas de controle que possibilitem maiores informações sobre o HTLV, sobre seus riscos e visem o diagnóstico precoce das doenças associadas. CONCLUSÃO A soroprevalência da infecção por HTLV se destacou em pessoas com mais idade, de ambos os sexos, com relacionamento estável, com baixa escolaridade e renda familiar, e naqueles descendentes da etnia asiática. A elevada soroprevalência é, provavelmente, devido à busca ativa realizada nas famílias de portadores do vírus e, à demanda proveniente de centros especializados de Saúde. AGRADECIMENTOS À Universidade Federal do Pará, ao Núcleo de Medicina Tropical e a todos que colaboraram para a realização deste estudo. CONFLITO DE INTERESSES Os autores declararam não haver nenhum conflito de interesses durante a execução deste trabalho. 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