Red Econolatin - PUC-SP

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BRASIL Fevereiro 2013 Profa. Anita Kon PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO ‐ PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS‐
GRADUADOS EM ECONOMIA POLÍTICA. 1. SITUACIÓN ECONÓMICA
ACTIVIDAD ECONÓMICA
A estimativa oficial do crescimento do Produto Interno Bruto do país de
2012 será publicada em março de 2013. No entanto, todas as estimativas
apontam para um taxa não muito superior 1%. A pesquisa semanal Focus feita pelo Banco Central com cerca de cem bancos e consultorias apontou
um crescimento de 0,98%. A taxa básica oficial de juros (SELIC) também
caiu mais para 7,25%. Para evitar o baixo crescimento, o Banco Central
adotou em 2012 a política de colocar os juros em baixa recorde e por sua
vez, o governo efetuou uma série de desonerações tributárias. Porém, o
resultado não foi o esperado, desde que os menores juros não conseguiram
estimular a economia.
Com a alta inadimplência, os bancos não tiveram estímulos para emprestar
mais, e a indústria não mostrou capacidade de competir com importados
em preços e registrou queda de cerca de 2,3% na produção.
Contribuiu ainda para desestimular os empresários a crise externa e
também as incertezas em relação às mudanças regulatórias feitas pelo
governo, o que levou ao congelamento dos investimentos, o que deverá
repercutir na produção no início de 2013. A formação Bruta de Capital do
país se encontra em 18%, o que se situa aquém do necessário para uma
retomada mais elevado do crescimento.
No entanto, o consumo no varejo destoou do resto da economia e cresceu
8,9% no ano que passou, estimulado pela renda crescente, desemprego em
queda e farto crédito associado a desonerações de tributos da linha branca
de produtos e da venda de veículos.
SECTOR EXTERIOR
No final de 2012, o país acumulou saldo negativo em relação à entrada de
recursos em dólares no país, que foi diminuído com a entrada líquida de
dólares em janeiro de 2013, embora neste mês o déficit ainda soma US$
6,755 bilhões. A desvalorização do real não impediu os resultados negativos
que contribuíram para a queda de produção no ano. A Balança Comercial do
Brasil mostrou os piores resultados no comércio de veículos com a
Argentina (devido a adoção de barreiras comerciais) e com o México ( que
tiham menores custos de produção). As exportações de veículos brasileiros,
apesar da elevação do dólar retraíram-se em 20%, registrando o pior
desempenho desde 2009, período em que o mundo sentia os reflexos da
crise financeira. No entanto, no início de 2013, com a retomada no
segmento de caminhões e com os estoques menores de carros, as
perspectivas são melhores.
Os gastos de brasileiros com viagens ao exterior em dezembro de 2012 e
Janeiro de 2013 resultaram em saída líquida de dólares do país A conta de
viagens resultou em resultado negativo recorde das transações correntes
com o exterior. Este déficit foi coberto pelo fluxo de Investimento
Estrangeiro Direto. Por outro lado, devido ao crescimento econômico mais
fraco, as multinacionais mandaram menos recursos para as matrizes.
Nos primeiros dias de janeiro a balança comercial já mostrava um déficit
considerável, particularmente causado pelo aumento das importações de
combustíveis e lubrificantes, que subiram 52% em relação ao mesmo
período de 2012, contribuindo para a alta de 18% nas importações.
SECTOR PÚBLICO Y POLÍTICA FISCAL
Apesar dos maus resultados do desempenho da economia e
das
desonerações de impostos na tentativa de reverter o baixo crescimento, a
arrecadação de impostos e de contribuições federais subiu e atingiu um
valor recorde em 2012, equivalente a um crescimento de 0,7% acima da
inflação quando comparado com o total de 2011. A análise dos dados da
Receita Federal mostra que os impostos e contribuições ligados direta ou
indiretamente à renda e à venda de bens e serviços registraram
crescimento significativo, enquanto os vinculados à produção e ao lucro das
indústrias recuaram.
As contribuições pagas à Previdência Social, que estão relacionadas com os
empregados que têm carteira de trabalho assinada, cresceram 5,63% em
termos reais, o que é relevante pois a Previdência tem um peso significativo
no total das receitas oficiais e nos últimos dois anos foi alvo de sucessivas
desonerações. Também as diferentes formas de recolhimento do imposto
sobre a renda dos trabalhadores aumentaram entre 3,5% e 5% acima da
inflação. Além do mais, devido a uma combinação de alta dos preços em
dólar e variação cambial, o Imposto de Importação subiu, embora se
caracterize como uma arrecadação que tende a cair quando a economia vai
mal.
Como contrapartida alguns impostos ligados diretamente à produção
tiveram arrecadação diminuída como as arrecadações de Imposto sobre
Produtos Industriais, o Imposto de Renda da pessoa jurídica, a Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido e o Imposto sobre Operações Financeiras.
EMPLEO
Os dados publicados sobre emprego mostram que o país criou 1,3 milhão
de postos de trabalho com carteira assinada em 2012, que corresponde ao
menor saldo de geração de emprego desde 2009, ano de recuperação da
crise financeira mundial. Este baixo ritmo de criação de empregos é
consequência direta da desaceleração da economia do país.
O setor de serviços foi o líder da criação de vagas em 2012 e contribuiu
com quase 50% do saldo total de novos postos de trabalho, seguido pelos
setores de comércio no varejo e construção civil.
A percepção sobre o mercado de trabalho piorou segundo a Fundação
Getulio Vargas (FGV) que calcula o Indicador Coincidente de Desemprego
(ICD), que subiu 2,7% entre dezembro de 2012 e janeiro deste ano. A
interpretação dos resultados deste índice mostra que quanto maior o ICD
mais negativa é a percepção do consumidor em relação ao mercado de
trabalho. Dessa forma, a percepção do brasileiro que vinha melhorando
desde setembro e havia acumulado uma redução de 5,1%m em função das
festas do final de ano, mostrou sinal de retrocesso
Por outro lado, a FGV calcula também o Indicador Antecedente de
emprego (Iaemp), que avalia as perspectivas para o mercado de trabalho
brasileiro nos próximos meses, com base em pesquisas feita com
consumidores e empresários da indústria e do setor de serviços. Este índice
teve alta de 0,7% em janeiro e a FGV estima que as avaliações positivas
feitas pelos empresários de serviços foram as que mais contribuíram para o
aumento do indicador, tendo em vista que a satisfação desses empresários
com a situação dos negócios no início de 2013 aumentou 1,8% e o
otimismo em relação à contratação de mão de obra pelo setor para os
próximos meses subiu 1,7%.
POLÍTICA MONETARIA E INFLACIÓN
No início de 2013, a expectativa dos especialistas econômicos é que a
inflação oficial variação de 5% a 5,4% no ano, influenciada pela possível
redução no preço da energia elétrica e a estabilização dos preços dos
alimentos. Os analistas calculam que a redução da energia pode impactar
em -0,5% no índice oficial (IPCA), mas isso será compensado com o
possível aumento nos preços da gasolina (estimativa de 7,5%) e do diesel
(10%). Esta preocupação reflete o crescimento acima do esperado da
inflação em 2012 (5,84%), que ficou acima do centro da meta do governo
de 4,5% ao ano, apesar de grupos importantes de produtos apresentarem
menor impacto, como os gastos com transporte, influenciados pela queda
nos preços dos automóveis novos (-5,71%) por causa da redução do IPI, e
do etanol (-3,84%). O que mais contribuiu para o aumento foram os
reajustes nos preços de alimentos e bebidas (9,86%).
O polo industrial brasileiro, São Paulo, verificou inflação mais baixa 3,7% na
metrópole) do que a média brasileira, servindo de âncora da inflação,
contribuindo para que a taxa do país não superasse o teto da meta do
governo. O governo estadual segurou os reajustes de ônibus, juntamente
com as quedas mais intensas de itens como automóveis, energia, gasolina e
carnes.
O Banco Central decidiu continuar a manter os juros no menor patamar
mesmo com a inflação esperada a caminho do teto oficial. O Comitê de
Política Monetária decidiu que a taxa oficial de juros Selic, que serve de
base para o custo dos financiamentos bancários e o rendimento das
aplicações financeiras, ficará nos mesmos 7,25% ao ano definidos desde
outubro de 2012, para motivar a recuperação da economia. O BC informou
ter decidido em manter a Selic "por um período de tempo suficientemente
prolongado (...) A política monetária está desenhada hoje para estimular a
economia. À medida que a atividade retomar o crescimento, estímulos
monetários serão menos necessários."
MERCADOS FINANCIEROS
O mercado financeiro brasileiro tem sentido os impactos da diminuição das
taxas de juros do país desde que verifica-se que fundos de investimento
estrangeiros estão trocando o Brasil por outros mercados emergentes, para
suas aplicações financeiras, em um movimento que tem ainda como causas
adicionais os impostos mais altos e a maior interferência do governo na
economia. A fatia dos recursos administrados por grandes grupos
internacionais aplicada no mercado financeiro local do país tem recuado. No
caso dos fundos de ações focados em América Latina, a exposição ao Brasil
caiu: de uma média superior a 65% do total dos recursos administrados em
2010 e 2011 para 56,6% em novembro. O país vem perdendo espaço para
o México, na América Latina, e também para a Rússia, Turquia e Tailândia.
A aplicação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre as
aplicações financeiras, que incide nas aplicações de estrangeiros em papéis
de renda fixa, vem impedindo os investimentos de longo prazo no mercado
de renda fixa.
Com relação aos investimentos no mercado de ações, a desconfiança dos
investidores quanto à recuperação da economia brasileira tem atrasado
uma retomada mais firme da Bolsa de Valores do país.
Com a queda da taxa oficial de juros (Selic), a taxa média de juros no
mercado financeiro do cheque especial caiu 17% em um ano chegando a
7,9% no final de 2012, e a do empréstimo pessoal, se retraiu em 9%
chegando a 5,4%.
TIPO DE CAMBIO
O Banco Central voltou a intervir no câmbio no início de 2013 amenizando a
tendência de alta do dólar verificada. As autoridades governamentais
declararam que a política cambial não mudou e que o governo não vai
permitir "uma valorização especulativa do real". Aumentaram com isso as
suposições de que a autoridade monetária passaria a estimular uma queda
no dólar para facilitar o controle da inflação. O governo afirmou que adota a
estratégia do governo de manter a cotação do dólar em torno de R$ 2,
desde que esse patamar atende aos objetivos conflitantes, de um lado, para
evitar que desvalorizações excessivas façam a inflação subir ainda mais; de
outro lado, para evitar uma valorização exagerada do real para não
prejudicar empresas e exportações.
Por sua vez, esta estratégia tem a intenção de estimular investimentos, e o
Ministério da Fazenda e Banco Central tentam garantir a estabilidade de
duas variáveis importantes: câmbio e juros. Dessa forma, o governo atua
para que a oscilação do câmbio seja pequena.
As indústrias, como particularmente as de máquinas e equipamentos
temem que a queda da cotação do dólar anule as condições favoráveis ao
setor no momento atual, através das exportações, pois as cotações mais
altas do dólar deixam o produto brasileiro mais competitivo no exterior.
2. PERSPECTIVAS ECONÓMICAS
Apesar do fraco crescimento de 2012, parte dos empresários e investidores
estão moderadamente otimistas pois acreditam que as medidas
macroeconômicas de incentivo ao investimento aplicadas pelo governo
(corte de juro e alta do câmbio) irão ter impactos positivos em 2013. O
crescimento do PIB para este ano é projetado pelo mercado em 3% e pelo
governo em 4%. De qualquer forma é esperada uma recuperação e
aumento da produtividade industrial, em relação a 2012.
Os financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social às indústrias, a juros baixos, serão prorrogados pode ser um
estímulo, mas limitado.
Pesquisa nacional feita pelo jornal A Folha, mostra que para 44% dos
brasileiros, as perspectivas para 2013 são de que a economia vai melhorar
e apenas 5% esta pessimista e espera que piore. Porém o brasileiro ainda
tem receio em relação à inflação, que deve ficar acima do centro da meta
de 4,5% em 2012.
As perspectivas quanto ao mercado de câmbio são dúbias, alguns
especialistas acreditam que o Banco Central terá sucesso na tentativa de
apreciar o real, mas por pouco tempo e voltará a se desvalorizar, levados
pela saída de investidores do país
O governo vem trabalhando ativamente para que se concretize a
perspectiva de um cenário em que a inflação convergiria para o centro da
meta, porém os resultados não tem sido favoráveis e a pressão inflacionária
está muito forte, principalmente pelos alimentos e o governo tem contado
com poucos instrumentos para conter isso, desde que tem um compromisso
de manter baixa a taxa de juros.
Com o dólar mais barato, usado como instrumento para conter a inflação, a
expectativa é que os preços dos alimentos percam a intensidade de alta e
os insumos importados ficam mais baratos, porém com efeitos negativos
sobre as exportações. Portanto as expectativas dos industriais são de que
possa voltar o processo de desindustrialização e assim, os investimentos
que o governo esperava da indústria não ocorrerão, já que ficará
impossibilitada de exportar. Isso inibe também investimentos no Brasil.
3. SITUACIÓN POLÍTICA
Neste início de ano algumas mudanças consideráveis estão ocorrendo na
situação política brasileira. Primeiramente, tomaram posse no início de
janeiro os novos prefeitos municipais, eleitos em outubro de 2012 e
algumas mudanças no poder partidário ocorreram. Neste período também
aconteceram os conchavos para a efetivação da eleição pela Câmara
Federal e pelo Senado, de seus presidentes, que resultou em novas
parcerias políticas.
O governo federal, por sua vez, tem a prioridade política de conseguir
retomar o crescimento neste ano que é pré-eleitoral (para eleições
presideniais) e um aumento dos juros nos próximos meses para segurar a
inflação não é exatamente o cenário ideal para o Planalto.
Uma forte bandeira política da gestão presidencial atual é a estabilidade
cambial para garantir competitividade à indústria e faz parte do que é
denominada de nova "matriz econômica", ao lado da política de juro baixo
com controle da inflação e desonerações.
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