PB 2015 Humanização no atendimento Ao idoso na

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA
IRACILDA GOMES FERREIRA
HUMANIZAÇÃO NO ATENDIMENTO AO IDOSO NA EMERGÊNCIA
Trabalho de Conclusão de Curso que
apresenta à Coordenação do Curso de
Mestrado em Terapia Intensiva, como parte
dos requisitos para obtenção do certificado
de Mestra em UTI, através da Sociedade
Brasileira de Terapia Intensiva.
Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Tadine
Co-Orientadora: Profª Maria Helena Rodrigues de Barros Wanderley
JOÃO PESSOA - PB
2015
HUMANIZAÇÃO NO ATENDIMENTO AO IDOSO NA EMERGÊNCIA
Iracilda Gomes Ferreira[1]
Prof. Dr. Rodrigo Tadine[2]
Profª Maria Helena Rodrigues de Barros Wanderley (Orientadora)[3]
RESUMO
O envelhecimento da população traz, como uma de suas consequências, um
aumento na prevalência dos problemas de saúde: doenças cardiovasculares,
neoplasias, diabetes, doenças reumatológicas, transtornos mentais, e um aumento
de idosos nas unidades de saúde, incluindo o serviço de emergência. É importante
que os profissionais de saúde estejam cientes das particularidades dos quadros
clínicos nessa faixa etária e tenham condições de conduzir de forma adequada o
tratamento. Este artigo tem por objetivo identificar na literatura científica o
atendimento prestado pelos profissionais de saúde aos pacientes idosos, no âmbito
hospitalar, especificamente nos serviços de urgência e emergência. A pesquisa é
uma revisão bibliográfica, desenvolvida através de busca de artigos científicos sobre
a temática em questão nas principais bases de dados da área de saúde: Bireme,
Lilacs, BVS, Scielo, Os resultados indicaram que promover um atendimento
acolhedor ao paciente idoso e a seus familiares é garantir qualidade, estabelecendo
relações humanizadas entre quem cuida e quem é cuidado.
Palavras-chave: Humanização; Urgência; Emergência; Idosos; Acolhimento.
ABSTRACT
Population aging brings, as one of its consequences, an increase in the prevalence
of problems characteristic of elderly health: cardiovascular disease, cancer, diabetes,
rheumatic diseases, and some mental disorders, and consequently has led to an
increase of the elderly units health, including the emergency department. It is
important that health professionals are aware of the particularities of the health
conditions in this age group and are able to drive properly treat. This article aims to
identify the scientific literature the care provided by health professionals to elderly
patients in hospitals, particularly in urgent and emergency services. The research is a
literature review, developed through literature search on the subject in question in the
main databases of healthcare: Bireme, Lilacs, BVS, SciELO. The results indicated
that promote a welcoming senior care patients and their family is to ensure quality
care, establishing humane relations between those who care and who care.
Keywords: Humanization; Urgency; Emergency; Elderly; Host.
1 INTRODUÇÃO
O envelhecimento populacional no Brasil foi influenciado, entre outros
fatores, pela rápida queda da fecundidade e redução da mortalidade, relacionado a
fatores biológicos, econômicos, ambientais, científicos e culturais (OLIVEIRA;
MATTOS, 2012). O Brasil é um país que envelhece, acompanhando a tendência
mundial, com o aumento da expectativa de vida e a diminuição da natalidade.
Verifica-se uma mudança do perfil demográfico e epidemiológico da nossa
população, sendo previsto mais de 25 milhões de brasileiros com mais de 60 anos
em 2020 (ZANUTO, 2006). Por sua vez, o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), sugere que a população idosa chegue a 64 milhões de pessoas
em 2050, o que corresponderia a 24,6% do total de habitantes.
A velhice é um período normal do ciclo vital caracterizado por algumas
mudanças físicas, mentais e psicológicas. É importante fazer essa consideração
pois algumas alterações nesses aspectos não caracterizam necessariamente uma
doença. Em contrapartida, há alguns transtornos que são mais comuns em idosos
como transtornos depressivos, transtornos cognitivos, fobias e transtornos por uso
de álcool (GALVÃO; ABUCHAIM, 2001).
Uma das queixas predominantes entre idosos é a perda da memória. Essa é
tão frequente que se presume tratar de um evento normal e inexorável do processo
de envelhecimento. No entanto, isso não é verdade. A perda de memória é comum,
mas não normal. Melhor ainda, trata-se de um problema, por vezes, passível de
tratamento e cura mesmo associado à depressão (PORTAL EDUCAÇÃO, 2012).
Muitos sintomas clínicos da depressão, como desmotivação, desinteresse,
apatia, embotamento afetivo, irritabilidade, falta de atenção concentrada, distúrbio
psicomotor, frases curtas, também são sintomas típicos de um quadro demencial.
Portanto, não é surpreendente encontrar pessoas com queixas de memória que
podem estar associadas ao processo natural do envelhecimento ou aos sintomas
depressivos, ou outros problemas clínicos que muitas vezes levam a pessoa idosa
ao atendimento de emergência (SÉ, 2012).
Inerentes à sua profissão, os profissionais de saúde vivenciam experiências
em seu cotidiano nos grandes hospitais e serviços de urgência e emergência, muitas
vezes traumáticas, refletindo assim, em suas ações na assistência ao paciente
idoso, tendo que tomar decisões de vidas que lhes foram confiadas pelo próprio
indivíduo ou por seus familiares para condução do destino daquele ser humano que
requer cuidados especiais.
Na arte do cuidar há vários caminhos a ser percorrido, e apesar de todo o
esforço da equipe para humanizar o atendimento, esta é uma tarefa difícil, pois
demanda, às vezes, atitude individual em relação a um sistema tecnológico
dominante (ASSUNÇÃO; FERNANDES, 2010). A grande decisão é no atendimento
do serviço de urgência e emergência e no momento de decidir se vai hospitalizar.
O serviço de urgência e emergência nas unidades de saúde vivem
assoberbados de pacientes de faixa etária diferenciada e queixas diversas,
dificultando o atendimento prioritário do idoso – mesmo acobertado por lei - pois
muitas vezes o outro paciente, apesar de ser mais jovem, clinicamente está mais
grave.
Refletir sobre o cuidado ao idoso na emergência é importante devido ao
grande contingente da população nesta faixa etária que por algum motivo
hospitaliza-se e necessita de cuidados especiais e supõe-se humanizado.
O cuidado humanizado não é uma técnica ou artifício, mas uma vivência a
perpassar toda atividade dos profissionais com propósitos de oferecer e realizar o
melhor tratamento ao ser humano. Consiste na compreensão e na valorização da
pessoa, considerando acima de tudo que haja sensibilização por parte da equipe
com relação à problematização da realidade. (BACKES; LUNARDI FILHO;
LUNARDI, 2005). Além de envolver o cuidado ao paciente, envolve todos aqueles
que estão no processo saúde-doença: a família, a equipe multidisciplinar e o
ambiente.
Por lidar constantemente com as perdas alheias, é necessário que a equipe
aprenda a superá-las ou desenvolva mecanismos de adaptação, fortalecendo-se
como pessoa para, dessa maneira, apoiar os pacientes e familiares nos momentos
difíceis. O papel do profissional de saúde não é só cuidar dos problemas
fisiopatológicos, é também, compreender e assistir o idoso em sua totalidade, às
questões psicossociais, ambientais e familiares, suprindo suas necessidades,
garantindo a eficácia de sua recuperação. O atendimento a esses idosos requer
conhecimentos específicos da área, devendo saber agir diante das situações
diferentes e inesperadas.
Assim, este artigo foi construído visando atingir os objetivos a seguir
formulados.
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Realizar pesquisa bibliográfica acerca da Humanização no Atendimento ao
Idoso na Emergência, de natureza qualitativa, esse tipo de estudo "é
desenvolvido
com
base
em
material
já
elaborado,
constituído
principalmente de livros e artigos científicos", nas principais bases de dados
da área de saúde: Bireme, LIlacs, BVS e Scielo, submetidos a uma análise do
conteúdo.
2.2 Objetivos específicos

Fazer levantamento bibliográfico referente à temática da Humanização no
Atendimento ao Idoso na Emergência;

Identificar as dificuldades encontradas pelos profissionais de saúde no
processo da assistência humanizada aos pacientes idosos no atendimento
da emergência;

Identificar os fatores intervenientes na prática, relacionados com os
fenômenos investigados.

Definir os direitos do paciente idoso;

Descrever sobre atendimento humanizado.
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 ENVELHECIMENTO E CONDIÇÕES GERAIS DE VIDA
O envelhecimento da população está acontecendo em todos os países,
embora cada um esteja em uma fase diferente desta transição. O resultado é que,
"em questão de anos", haverá mais idosos acima de 60 anos que crianças com
menos de cinco, segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS),
cuja estimativa é que em 2050, haverá cerca de 400 milhões de idosos no mundo,
com mais de 80 anos, frente aos 14 milhões que havia em meados do século 20,
isto preocupa a instituição.
Para o Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), os idosos no país deverão representar 26,7% da população (58,4
milhões de idosos para uma população de 218 milhões de pessoas), em 2060. Os
estudos são baseados no Censo Demográfico do IBGE em 2010 cuja projeção para
2013 foi de 7,4% de idosos (6,3 milhões de idosos em uma população de 99,3
milhões de pessoas) (CENSO 2010).
Apesar do envelhecimento da população poder ser interpretado como uma
consequência direta do desenvolvimento socioeconômico, a OMS alerta sobre os
problemas de adaptação dos sistemas sociais e de saúde para este "envelhecimento
expresso".
O objetivo da OMS é também "reinventar o envelhecimento", mudar as
atitudes e percepções sociais para que a sociedade respeite melhor os idosos.
Segundo esta organização vinculada à ONU, a saúde precária não é a única
preocupação das pessoas na medida em que envelhecem -- há ainda os
estereótipos em razão da idade, o que evita uma plena participação social.
Este crescimento da população idosa trouxe também outra realidade em
relação aos vínculos familiares, pois há pessoas com 30 anos que nada fazem, são
improdutivos, e idosos com 80 anos que sustentam a família. A parceria entre
equipe e família retrata a valorização da qualidade do atendimento, característica
essencial do cuidado humanizado. Pequenos gestos demonstrando respeito e
atenção, de forma igualitária fazem a diferença no atendimento.
No Brasil, o estatuto do idoso contempla alguns benefícios e direitos para
assegurar uma melhor qualidade de vida para esta importante fatia da população.
3.1.1 Estatuto do idoso
A Constituição Federal permitiu ao idoso ter proteção do Estado de Direito
contra discriminação, tendo sua dignidade resguardada e a proteção às suas
necessidades específicas, através do Estatuto do Idoso.
O estatuto do idoso em seu artigo 18 coloca que “as instituições de saúde
devem estar aptas aos critérios mínimos para atendimento ao idoso, promovendo o
treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como orientação a cuidadores
e grupos de autoajuda.” (BRASIL, 2003).
A Política Nacional do Idoso regulamentou as necessidades específicas e
em que condições seriam consideradas a dignidade propriamente do idoso como
objeto de proteção. Além disso, sistematizou princípios específicos dos direitos dos
idosos e como proceder processualmente à defesa do idoso. Regulamentou ainda
dispositivo constitucional e alterna “pessoa idosa” e “idoso”, além de se referir ao
envelhecimento como um processo humano, não como uma degradação biológica,
trazendo consigo grandes inovações sociojurídicas (COUTINHO, 2013) .
O Estatuto do Idoso inovou ao permitir ao idoso que se proteja e passou a
ser visto como sujeito ativo de direitos, sendo pressuposta sua autonomia na defesa
dos seus direitos.
3.1.2 Atendimento ao Idoso
O atendimento de qualidade ao idoso nas Unidades de Saúde é
imprescindível para estimular um envelhecimento ativo e saudável entre a população
brasileira. Objetivando garantir que o envelhecimento seja uma experiência positiva,
os Ministérios da Saúde e da Previdência Social criaram alguns mecanismos, dentre
eles:
 Política Nacional do Idoso – Lei 8.842, de 04/01/19 94, uma nova abordagem de
procedimentos e mudanças de paradigmas no âmbito dos Estados e Municípios,
respeitando os indicadores socioeconômicos, as demandas, as peculiaridades
socioculturais de cada realidade;
 Política de Atenção Integral à Saúde do Idoso, estabelecida pela Portaria nº 2.528,
de 19 de outubro de 2006, com as seguintes diretrizes: Promoção do
envelhecimento ativo e saudável; Manutenção e reabilitação da capacidade
funcional através da preservação da sua independência física e psíquica; e apoio ao
desenvolvimento de cuidados informais e a garantia do acesso a instrumentos
diagnósticos adequados, e a medicação;
 Plano de Ações de Enfrentamento às Doenças Crônicas Não Transmissíveis,
elaborado em 2011, que propõe estratégias visando fortalecer o envelhecimento
ativo de forma saudável.
A mudança na distribuição etária no Brasil, -o envelhecimento da população
- altera o perfil das demandas por políticas sociais. As demandas de saúde se
modificaram, com maior peso das doenças crônico-degenerativas, e as demandas
de educação também se modificaram, porque os grupos de idoso necessitam de
esclarecimentos sobre os novos avanços da modernidade.
3.2 HUMANIZAÇÃO
A humanização depende de nossa capacidade de falar e ouvir, do diálogo
com nossos semelhantes. Faz-se necessário olhar para si e para o outro, na
tentativa de que o autoconhecimento colabore positivamente no cuidado de cada
ser. Por isso é tão importante conhecermos a nós mesmos, sabermos o que é bom e
o que não é bom, aprender a respeitar a individualidade, a saber, reconhecer-se na
situação do outro (CARVALHO et al. , 2005; MOTA; MARTINS; VERAS, 2006).
O cuidado humanizado não é uma técnica ou artifício, mas uma vivência a
perpassar toda atividade dos profissionais com propósitos de oferecer e realizar o
melhor tratamento ao ser humano. Consiste na compreensão e na valorização da
pessoa, considerando acima de tudo que haja sensibilização por parte da equipe
com relação à problematização da realidade. (BACKES; LUNARDI FILHO;
LUNARDI, 2005). Além de envolver o cuidado ao paciente, estendem-se a todos
aqueles que estão envolvidos no processo saúde-doença, que são: a família, a
equipe multidisciplinar e o ambiente. Quando o paciente é idoso, é necessário o
preparo técnico e acolhimento humanizado para o cuidado integral a este ser, não
esquecendo que deve haver cumplicidade entre os envolvidos para uma melhor
qualidade na assistência.
3.2.1 Humanização nas Emergências
Durante o período de hospitalização, os profissionais de saúde devem se
preocupar com o processo de recuperação do paciente, contribuindo para a criação
de um ambiente adequado e proporcionando a sensação de relacionamento com
esse mundo e não de isolamento (DIAS, 2006). O paciente idoso requer uma
atenção especial, exige um cuidado diferenciado com maior sensibilidade,
considerando suas peculiaridades, suas alterações orgânicas normais, psicológicas
e sociais. Deve-se considerar que cada idoso percebe a sua condição de maneira
diferente, pois alguns reagem individualmente ao sofrimento, exigindo do profissional
a capacidade para intervir em momentos de crises (BENINCÁ; FERNANDEZ;
GRUMANN, 2005).
O compromisso com a humanização no ambiente hospitalar não deve ser
considerado um ato passivo, pois requer um processo permanente e gradual de
ação e inserção na realidade, através do esforço dinâmico e participativo
(ASSUNÇÃO; FERNANDES, 2010).
4 RECURSOS METODOLÓGICOS
Trata-se de um estudo descritivo, de natureza qualitativa, cujo material de
pesquisa foi o levantamento bibliográfico, sendo a seleção feita por meio de busca
ativa em livros, periódicos e artigos, nas principais bases de dados da área de
saúde: Bireme, LIlacs, BVS, Scielo submetidos a uma análise do conteúdo. Sendo
considerados os artigos publicados após o ano de 1999. Os descritores utilizados
foram: Humanização; Urgência; Emergência; Idosos; Acolhimento.
O artigo foi formatado pelas normas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A população envelheceu e sem dúvida foi uma das maiores conquistas deste
século, tornando-se um grande desafio para que esses anos adicionais de vida
tenham um padrão de qualidade. Neste novo cenário, a instalação e ampliação de
políticas públicas é fundamental para proporcionar a manutenção da capacidade
funcional e, consequentemente a autonomia dos idosos.
O presente estudo indica que os problemas de saúde característicos do
idoso já fazem parte da rotina de atendimento de serviços gerais de saúde, incluindo
as urgências e emergências. É importante, portanto, que os profissionais da área
estejam preparados para identificar, conduzir e atender de forma humanizada e
adequada o tratamento desses pacientes.
Promover um atendimento acolhedor ao paciente idoso e a seus familiares é
garantir um atendimento de qualidade, estabelecendo relações humanizadas entre
quem cuida e quem é cuidado.
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Mestranda do Curso de Terapia Intensiva. Enfermagem e Obstetrícia pela
FUNESO (Olinda - PE); Medicina pela Faculdade de Medicina de Campos (RJ);
Especialista em Geriatria pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul;
Especialista em Clínica Médica pela Estácio de Sá.
[1]
[2] Professor Doutor, Orientador, Vice-Presidente da SOBRATI.
Professora Co-Orientadora, Msc pela Sociedade Brasileira de Terapia
Intensiva.
[3]
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