Particularidades do Idoso em Tratamento do Câncer Dra. Elizabeth Luz Cerca de 60% de todos os diagnósticos de câncer são realizados na terceira idade. Trata-se de uma população especial, pois a saúde de um indivíduo não deve ser medida apenas por sua idade cronológica (numérica). O processo de envelhecimento traz consigo o aumento concomitante de enfermidades crônicas, como pressão alta, demências (como Alzheimer), diabetes e doenças cardíacas. A repercussão das mesmas no organismo e a funcionalidade do idoso devem ser levadas em consideração na avaliação global de sua saúde e qualidade de vida. Frequentemente, o idoso faz uso de três ou mais medicamentos, tornando-o mais vulnerável a efeitos adversos causados pela “polifarmácia”. No contexto de um tratamento oncológico, isso se torna ainda mais relevante. Modificações no organismo inerentes ao processo de envelhecimento tornam este mais suscetível a efeitos adversos de medicamentos, incluindo os quimioterápicos. Alterações como proporção diminuída de água corporal, redução da função renal e o fato de o idoso sentir menos sede, tornam o mesmo vulnerável a desidratação e aumento da toxicidade dos tratamentos. Além disso, são mais prevalentes na população geriátrica reações incomuns a medicações (como, algo que usualmente daria sonolência em um jovem pode torná-lo agitado). Idosos não raro apresentam doenças com poucas manifestações clínicas ou diferentes de um indivíduo com menos idade. Ao ser acometido por uma infecção na urina ou pneumonia, por exemplo, pode somente manifestar alteração do estado mental, sem febre ou com temperatura mais baixa, mostrando-se agudamente confuso, sonolento, agitado ou variando entre os dois últimos. Fatores estes, que podem confundir a família e retardar o diagnóstico. Por isso e considerando a vulnerabilidade às infecções causada pela quimioterapia, é fundamental reportar ao médico estas alterações o mais breve possível. Pessoas na terceira idade são mais afetadas pela imobilidade. Dentro de suas possibilidades e condição clínica, devem ser estimuladas a se movimentar. Ficar na cama faz com que fiquem mais propensas a pneumonia, problemas circulatórios (tromboses) e úlceras de decúbito (escaras). Também faz com que percam massa muscular rapidamente e prejudica os mecanismos que regulam a pressão arterial, predispondo-as a tonturas e quedas. A avaliação e acompanhamento de um fisioterapeuta são essenciais para mantê-los ativos, mesmo nos casos em que o paciente não tenha condições de caminhar. Muitos idosos apresentam perda de peso durante o tratamento do câncer, o que pode ser um grande complicador, já que o déficit no estado nutricional pode potencializar o efeito tóxico dos medicamentos, limitar suas doses e o seu efeito terapêutico. É possível atenuar e prevenir essa redução com um adequado acompanhamento nutricional, feito por nutricionista especializado. Importante também estar atento à saúde da boca e consequente qualidade da mastigação. Não esquecendo, entretanto, que uma das principais causas de emagrecimento nessa faixa etária é a Particularidades do Idoso em Tratamento do Câncer - Dra. Elizabeth Luz (04-06-2012) Página 1 de 2 depressão. Por isso, a avaliação de um profissional da saúde mental pode auxiliar nesse diagnostico, nem sempre tão simples no contexto de um tratamento oncológico. Contudo, é de extrema importância que o tratamento do idoso com câncer seja integrado, personalizado e contextualizado, contemplando a atuação conjunta dos diversos profissionais de saúde e com a participação de seus familiares e cuidadores. O que, atualmente, torna possível realizar uma terapêutica segura, menos agressiva, que preserve sua reserva funcional e qualidade de vida. Particularidades do Idoso em Tratamento do Câncer - Dra. Elizabeth Luz (04-06-2012) Página 2 de 2