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Curso Completo de Microeconomia para o MPOG
Profissional Básico: EPPGG
Profa. Amanda Aires
Teoria e Questões Comentadas
Aula 02: Falhas de Mercado
Sumário
Página
2
Externalidades
Bens Públicos
18
Informação Assimétrica
22
Exercícios Resolvidos
28
Olá Pessoal do IGEPP,
Tudo certinho?
Como andam os estudos?
Na aula de hoje, vamos estudar um pouco mais sobre as falhas de
mercado, assunto da microeconomia que valida a importância da
intervenção do governo no mercado. Vamos analisar com calma?
Ao trabalho!
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Externalidades
Como visto anteriormente, lá na aula demo, os agentes promovem a
eficiência econômica quando buscam o que é melhor para si. Os
consumidores atentos apenas às suas preferências individuais e as firmas
procurando o maior lucro possível, orientam as forças de demanda e de
oferta que são responsáveis por alocar os recursos disponíveis da melhor
forma possível.
Ainda, lá da aula demo, lembro que citei o seguinte texto:
“Não é da bondade do açogueiro ou do padeiro que podemos esperar o
nosso jantar, e sim de seu interesse. Nós nos dirigimos não ao seu espírito
humanitáio, mas ao seu interesse e nunca lhes falamos de nossas
necessidades, e sim de suas vantagens”
No entanto, a livre atuação do mercado em alguns casos não atinge esse
resultado. A depender de quais sejam as características, a produção e o
consumo de um bem podem ir de encontro aos pressupostos adotados em
nossa análise até este ponto. Nesses casos, diz-se que existem falhas de
mercado. É justamente contra essa falhas, que o governo atuará via função
alocativa.
Um exemplo de falha de mercado pode ser vista durante uma etapa da
produção de cana-de-açúcar, caso a colheita seja feita manualmente, em
que é a queimada da plantação (método de produção chamado de
Plantation). Uma produção maior desse bem implica na ampliação da
emissão de gases poluentes ao meio ambiente e o agravamento do efeito
estufa. Os produtores de cana-de-açúcar não consideram esse fator nos
seus cálculos de lucro, o que os podem levar a escolher um nível de
produção compatível com uma poluição indesejável para o restante da
sociedade. Nesses casos em que as decisões de um agente interferem
no bem-estar de outro, temos uma falha de mercado denominada de
externalidade.
O exemplo mostrado acima se refere a uma externalidade negativa, ou seja,
de algum modo, a decisão de um agente (no caso, o produtor de cana-deaçúcar) acaba reduzindo o bem-estar de outro (a sociedade). Porém,
também é possível que exista externalidades positivas. Nesses casos a ação
de um agente promove uma melhora em termos de bem-estar para outro
agente.
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Para um exemplo de externalidade positiva, imagine que um cidadão
contrata um segurança para proteger a entrada de sua residência, com isso
ele pode promover um benefício aos demais moradores da rua, pois a
presença desse profissional pode reduzir a presença de assaltantes no local.
Além dos seus efeitos sobre o bem-estar dos outros agentes, as
externalidades podem ser diferenciadas quanto à sua origem, podendo ser
classificadas como externalidade na produção ou externalidade de consumo.
No exemplo do produtor de cana-de-açúcar, a externalidade está
relacionada à decisão de quanto produzir desse bem, então se trata de uma
externalidade na produção. No segundo exemplo, a externalidade está
relacionada à decisão de consumir um serviço de segurança, sendo assim é
uma externalidade de consumo.
A presença de externalidades, positivas ou negativas, na produção ou de
consumo, no mercado de um determinado produto promove a ineficiência.
No caso de uma externalidade positiva, esse bem será produzido em uma
quantidade inferior à desejada pela sociedade, e no caso de uma
externalidade negativa a produção será excessiva.
No caso de uma empresa que promove uma externalidade negativa para
outros agentes, ela não contabiliza os custos que promovem para o restante
da sociedade. Nesse caso o custo social é maior que o custo privado. Se a
empresa, de alguma forma, fosse responsável pelos custos da externalidade,
então a oferta seria menor. Graficamente temos que a curva de oferta com
os custos sociais estaria localizada à esquerda da curva de oferta que
contabiliza apenas os custos privados.
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Gráfico – Externalidade Negativa na Produção
O inverso é observado para o caso de externalidades positivas na produção.
Nesse caso, a empresa promove um incremento em termos de bem-estar
dos agentes, mas não é recompensada por isso. Assim, a firma tem um
custo privado maior que o custo social, e a quantidade que será ofertada é
inferior à quantidade ótima.
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Gráfico – Externalidade Positiva na Produção
Como exemplo, assuma que uma empresa pode se instalar em um prédio
que precisa ser restaurado. A restauração do prédio geraria uma
externalidade positiva para o restante da população, pois estaria
contribuindo para a preservação do patrimônio histórico da localidade. No
entanto, é possível que a firma opte por se instalar em um prédio novo e
não faça a restauração, porque não será recompensada por isso.
No caso das externalidades de consumo, o problema está na diferença entre
o benefício privado e social. No caso da externalidade positiva, o beneficio
privado é menor que o benefício social, e o consumidor irá adquirir uma
quantidade menor que a socialmente ótima. Por exemplo, se o custo com o
segurança seja elevado o bastante de modo que supere o benefício que
geraria para o morador, ele não o contrata e não promove um ganho de
bem-estar para os seus vizinhos. Em casos como esse, a curva de demanda
individual está à esquerda da socialmente ótima.
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– Externalidade de Consumo Positiva
Gráfico
No caso de uma externalidade de consumo negativa, o indivíduo que não se
preocupa com o bem-estar dos demais decidirá consumir uma quantidade
superior à socialmente ótima. A curva de demanda do individuo está à
direita da curva de demanda social, representando um benefício individual
superior ao benefício social.
Para entender melhor tal situação, imagine as escolhas de um fumante que
não se preocupa com as demais pessoas. A quantidade de cigarros que o
fumante consumirá e a quantidade de fumaça desagradável que será
produzida é maior do que aquela que ainda seria aceitável em termos
sociais.
Em todos os casos estudados, os problemas com a externalidade são
causados porque os custos ou os benefícios privados diferem dos sociais.
Então, para eliminar ou pelo menos reduzir as ineficiências do mercado
quando externalidade está presente, é preciso encontrar formas de
internalizar as externalidades, ou seja, penalizar os agentes que causam
externalidades negativas e recompensar os agentes que promovem
externalidades positivas. Essas soluções para as externalidades podem ser
tanto privadas, como promovidas por ações governamentais.
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Gráfico – Externalidade de Consumo Negativa
No caso das soluções privadas, os próprios agentes encontram meios de
internalizar as externalidades. Por exemplo, quando as pessoas fazem
doações a uma instituição que cuida de crianças carentes, elas
recompensam essa instituição das externalidades positivas que seu trabalho
promove, e permitem que ela amplie seu trabalho.
No caso de duas empresas, as externalidades também poderiam ser
internalizadas caso a decisão de ambas fosse realizada conjuntamente. Por
exemplo, se uma fábrica de papel que polui um rio e a empresa de pesca
que utiliza esse rio decidissem conjuntamente suas quantidades, a solução
seria eficiente do ponto de vista social.
Isso também ocorreria para o caso de externalidade positiva. Imagine, por
exemplo, um produtor de maçãs e um apicultor. As abelhas ajudam a
polinizar as plantas de maçãs, e utilizam o néctar extraído das flores das
maçãs para produzir mel. Esses dois produtores se beneficiariam caso
decidissem o quanto produzir conjuntamente. Situações como essa explicam
porque alguns grupos empresariais operam em mercados diferentes ao
mesmo tempo.
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Outra solução privada para a externalidade é através da negociação. As
partes que causam a externalidade e as que sofrem de seus efeitos, sejam
indivíduos ou empresas, podem negociar alguma forma de compensação
para a produção de externalidade. Por exemplo, um indivíduo que é vizinho
de uma casa de shows pode negociar com o proprietário desse
estabelecimento alguma forma de compensação (como um pagamento) pelo
som que incomoda seu sono durante a madrugada. Essa é a ideia do
Teorema de Coase1, segundo o qual
Os agentes econômicos são capazes de resolver os problemas das
externalidades desde que não incorram em custos adicionais pela
negociação e os direitos de propriedade estejam bem definidos.
As duas restrições impostas pelo teorema de Coase são bastante
significativas. Para entender, primeiro imagine que a casa de shows está
localizada em um bairro residencial, então o direito de propriedade está bem
definido, o seu vizinho deveria ter o direito de ter uma noite tranquila e sem
ruídos. Mas, se estiverem localizadas em um bairro que não existe nenhuma
regulamentação a respeito, nesse caso a negociação pode ser impossível.
Além disso, a negociação pode ser inviabilizada se os custos para tanto
forem elevados. Voltemos ao exemplo da casa de shows, um acordo poderia
acontecer se o dono da empresa e o morador da residência ao lado
pudessem conversar entre si. No entanto, se eles precisam contratar
advogados, os custos podem ser tão elevados, que a negociação deixa de
ser realizada.
Os exemplos que foram estudados até agora envolviam apenas dois agentes
econômicos, mas outra dificuldade para que as externalidades sejam
solucionadas de modo privado está relacionado à coordenação de interesses
quando um grande número de agentes está envolvido. Por exemplo, se a
empresa de papel que polui o rio ao invés de negociar com outra empresa
de pesca tivesse que entrar em acordo com vários pequenos pescadores,
encontrar uma solução para satisfazer a todos será muito mais complicada.
Como as negociações entre os agentes podem ser bastante complicadas, de
modo a inviabilizar um acordo mutuamente benéfico, o governo pode
desempenhar um papel decisivo para solucionar as externalidades. Essa
ação governamental pode se dar por meio de políticas de comando ou
políticas baseadas no mercado.
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Homenagem ao economista Ronald Coase.
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As políticas de comando são baseadas em regulamentação dos direitos de
propriedade. Voltando ao exemplo da casa de shows, o governo pode
resolver a questão colocada proibindo a instalação desse tipo de
estabelecimento em bairros com residências. No caso da fábrica de papel, o
governo também poderia estipular um valor máximo para sua poluição.
No entanto, a maioria dos economistas acredita que essas soluções não
seriam mais indicadas, pois não contribuiriam para uma utilização eficiente
dos recursos produtivos. Como alternativa são sugeridas políticas que se
baseiam nas forças de mercado, como a implementação de impostos
pigouvianos2.
Os impostos pigouvianos funcionam da seguinte forma, são cobradas taxas
de agentes econômicos que promovem externalidades negativas e são
pagos subsídios para agentes que promovem externalidades positivas.
Assim, um imposto pigouviano poderia ser cobrado à empresa de papel
poluidora, de modo que ela seria responsável pelos custos da poluição.
Considerando os custos com os impostos, a empresa de papel
provavelmente reduziria a produção de poluentes.
No caso de questões ambientais, outra opção é através da emissão de
licenças negociáveis de poluição. Nesse caso, o governo estipula uma
produção de poluentes máxima por empresa, mas permite que empresas
com maior dificuldade de reduzir seus níveis de poluição possam comprar as
licenças das que conseguem reduzir com mais facilidade.
A idéia comum entre impostos pigouvianos e licenças de poluição é a criação
de um mercado para a externalidade (por isso são soluções baseadas no
mercado). Nos dois casos, a poluição foi tratada como um produto para o
qual existe um preço que as empresas devem pagar. A vantagem dessa
estratégia é que empresas diferentes não precisam reduzir a poluição na
mesma magnitude, e ainda assim, a economia conseguiria atingir um nível
satisfatório de proteção ao meio ambiente. No entanto, uma dificuldade com
esses sistemas está na determinação dos valores que serão cobrados, pois
tanto o imposto como a licença podem geram incentivos ineficientes no
combate à poluição.
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Homenagem ao economista Arthur Pigou.
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Exercício 1
(EEPG, Economia e Estatística IJSN II, 2010, CESPE) Julgue os itens
que se subseguem, relativos a externalidades e bens públicos
[71] De acordo com o teorema de Coase, para que se tenha
uma solução eficiente em um mercado com a presença de
externalidades, o direito de propriedade das partes envolvidas
deve estar bem especificado e apresentar custo zero de
transação e de informação.
Vamos ao trabalho?
A primeira coisa que deverá ser feita é considerar o que se entende por
teorema de Coase, que afirma que os agentes econômicos são capazes
de resolver os problemas das externalidades desde que não
incorram em custos adicionais pela negociação e os direitos de
propriedade estejam bem definidos.
Agora, vejamos a questão. Ela afirma que para que se tenha uma solução
eficiente, ou seja, uma solução que permita a internalização da
externalidade, é preciso especificar bem o direito de propriedade, o que nós
vimos, é correto.
Além disso, é preciso apresentar custo zero de transação e informação, o
que é absolutamente correto pela última parte do teorema de Coase que
afirma que não incorram em custos adicionais pela negociação, sejam
eles de transação ou informação.
Dessa forma,
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GABARITO: VERDADEIRO
Exercício 2
(INEA, Economista, 2007, Cesgranrio) “Se os agentes econômicos
puderem negociar sem custos de transação e com possibilidade de
obter benefícios mútuos, o resultado das transações eliminará as
externalidades e alocará eficientemente os recursos, independente
de como estejam especificados inicialmente os direitos de
propriedade”. Esta proposição, aplicável à Economia do meio
ambiente, é conhecida como
(A) Teoria Marginalista.
(B) Princípio da Compensação da Propriedade.
(C) Desenvolvimento Sustentável.
(D) Teorema de Coase.
(E) Princípio da Equidade.
Vamos para outra questão que fala, novamente, do Teorema de Coase. Veja
que ela se refere justamente ao que nós vimos anteriormente. Nesse caso,
não tem nem o que o que pensar, a resposta correta é, de forma direta, a
letra (D).
Contudo, vale aqui esclarecer um ponto: note que a questão pode induzir
um aluno menos avisado quando afirma que Esta proposição, aplicável à
Economia do meio ambiente. Normalmente, quando nós vemos qualquer
coisa ligada à economia do meio ambiente, temos o impulso de marcar o
item de desenvolvimento sustentável. Por isso, antes de marcar qualquer
coisa, veja que a questão fala de direito de propriedades. Falou-se em
direitos de propriedade, vamos lembrar, sempre, do teorema de Coase!
GABARITO: (D)
Exercício 3
(Fiscal de Rendas do Município do Rio de Janeiro, 2010, Esaf) Na
existência de externalidade negativa na produção de um
determinado bem, pode-se dizer que:
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a) em qualquer nível de produção, o custo social é menor do
que seria sem a externalidade negativa.
b) a curva de oferta de mercado está acima da curva de custo
social.
c) a quantidade socialmente ótima
quantidade de equilíbrio de mercado.
é
menor
do
que
a
d) o pagamento de subsídios à produção do bem serve de
incentivo para compensar à sociedade pela existência da
externalidade.
e) o custo de produção do bem é menor para a sociedade do
que para o produtor.
Falou-se em externalidades negativas, vamos lembrar, sempre, da
existência do custo social, que é dado pela soma do custo marginal privado e
do custo externo ligado à produção do bem para a sociedade.
No caso da questão, veja que a letra (A) é incorreta por afirmar que para
qualquer nível de produção, o custo social é menor do que seria sem a
externalidade negativa. Na verdade, o custo social é MAIOR, não menor!
Assim, toda vez que nós temos a presença das externalidades negativas,
isso gera um aumento do custo social.
Em seguida, a letra (B) é incorreta por afirmar que a curva de oferta de
mercado está acima da curva de custo social. Na verdade, como nós temos
custos sociais elevados, a curva de custo será superior a curva de oferta do
mercado.
A alternativa (C), por sua vez, é a letra correta. Quando nós temos
externalidades negativas, há uma redução da quantidade de equilíbrio que
prevaleceria sem ela. Assim, a sociedade perde também por ter acesso a
uma quantidade menor de bens.
A letra (D) é incorreta por afirmar que os subsídios à produção servem de
incentivos para compensar à sociedade pela existência da externalidade. Na
realidade, a alternativa estaria correta se trocasse os subsídios pelos
impostos. De fato, a existência de impostos leva a uma redução da perda de
bem estar gerada pelas externalidades.
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Finalmente, a letra (E) é falsa por afirmar que o custo de produção é menor
para a sociedade do que para o produtor. Na verdade, é justamente o
inverso. Se não houver uma absorção das externalidades pelo produtor, o
custo privado será menor que o custo social.
GABARITO: (C)
Exercício 4
(EEPG, Economia e Estatística IJSN II, 2010, CESPE) Julgue os itens
que se subseguem, relativos a externalidades e bens públicos
[72] Em situações em que se apresentam externalidades
negativas, os custos sociais são superiores aos custos privados
de produção, havendo, portanto, necessidade de intervenção
governamental para a internalização dessas externalidades.
Vamos mais uma para deixar a noção bem clara. A primeira coisa que
realmente precisa ser reforçado é que o governo só fará intervenções
quando estivermos falando de externalidades negativas. Na presença de
externalidades positivas, o governo não possui qualquer incentivo para
realizar intervenções.
No caso da questão acima, veja que a questão fala que em presença de
externalidades negativas, os custos sociais são superiores aos custos
privados de produção, o que é verdade. Nesse caso, a presença de
externalidades provocará o aparecimento dos custos externos, aqueles
ligados diretamente a presença da externalidade.
Dessa forma, o custo social será dado pela seguinte expressão:
Custo social = custo privado de produção + custos externos
Assim, é possível perceber que quando os custos externos são positivos
devido à presença de externalidades negativas, o custo social é superior ao
custo privado de produção.
Dessa forma, assim como afirma a questão, há a necessidade de intervenção
governamental para a internalização das externalidades, o que torna a
questão correta.
GABARITO: VERDADEIRA
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A essa altura, você deve está se perguntando: mas o que acontece com o
custo social quando temos externalidades positivas?
Acontece exatamente o contrário!
Com o surgimento de externalidades positivas, existirá um benefício
externo, ou um custo externo de produção negativo, de tal forma que o
custo social será menor que o custo privado de produção!
Exercício 5
(BNDES, Profissional Básico: Economia, 2008) No Uma das razões
importantes para a presença do estado na economia é a existência
de externalidades negativas e positivas. A esse respeito, pode-se
afirmar que
(A) a poluição das águas pelas indústrias é uma externalidade
negativa e deveria ser totalmente proibida.
(B) a solução eficiente para resolver o problema do ruído
excessivo nos aeroportos é mudar a localização dos mesmos
para longe das áreas residenciais.
(C) as externalidades só ocorrem quando as pessoas produzem
ou consomem bens públicos.
(D) o consumidor de certo bem, cuja produção implicou em
poluição ambiental, não deveria pagar pela poluição; o
produtor é que deveria.
(E) quando uma pessoa não se vacina contra uma doença
infecciosa está impondo aos demais uma externalidade
negativa.
Mais uma questão que fala sobre externalidades positivas e negativas.
Vamos olhar, cuidadosamente, cada uma das questões para identificar os
possíveis erros.
A primeira alternativa afirma que a poluição das águas pelas
indústrias é uma externalidade negativa e deveria ser
totalmente proibida. Note que essa alternativa não é verdadeira. Na
verdade, a existência de externalidades negativas não implica que a
produção deverá ser extinta. Na verdade, quando existem externalidades
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negativas, o governo deve intervir para internalizar a externalidade de
acordo com quem tem o direito de propriedade. Isso não implicará no
término da produção, conforme afirma a questão.
A letra (B) por sua vez afirma que a solução eficiente para resolver o
problema do ruído excessivo nos aeroportos é mudar a
localização dos mesmos para longe das áreas residenciais. Essa
aqui é uma daquelas alternativas que nos faz pensar longamente até ser
possível encontrar o erro. Veja que, de fato, a solução para resolver o
problema dos aeroportos é colocar eles para longe, realmente. Mas, até que
ponto isso é a solução eficiente? De fato, essa não é a solução eficiente
pois incorre em custos de transação. Logo, não pode ser verdadeira.
Você sabia que em muitos países da Europa os aeroportos não
funcionam à noite?
Pois é, a razão disso é que esses aeroportos acabaram sendo
margeados por residências, embora tenham sido construídos,
inicialmente, em zonas distantes das cidades. Com o aumento dos
municípios, os aeroportos acabaram sendo absorvidos.
Nesse caso, para preservar o bom sono dos moradores, os governos
decidiram proibir movimentos de aviões no período noturno! Um exemplo
disso é o aeroporto de Zürich, na Suiça.
A letra (C) também será falsa por considerar que as externalidades estão
ligadas aos bens públicos (item que veremos a seguir). Na verdade, as
externalidades podem estar ligadas à produção de qualquer tipo de bem,
não apenas dos bens públicos.
A letra (D) é interessante por afirmar que o consumidor de certo bem,
cuja produção implicou em poluição ambiental, não deveria
pagar pela poluição; o produtor é que deveria. Veja que essa
alternativa traz um juízo de valor quando afirma quem deveria e quem não
deveria pagar. Nesse caso, nada se pode afirmar sobre quem pagará os
custos da poluição ambiental. Nesse caso, tudo depende de quem tem o
direito de propriedade! Logo, não é porque eu produzo causando gerando
externalidades que apenas eu tenho que pagar os custos disso.
Possivelmente, o consumidor também deveria pagar.
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Finalmente, a letra (E) é a alternativa verdadeira. Quando eu me exponho
ao risco de obter uma determinada doença por não me vacinar, estou
também impondo aos demais uma externalidade negativa: a minha ação
pode gerar efeitos nos graus de utilidade dos demais agentes econômicos.
GABARITO: (E)
Exercício 6
(INEA, Economista, 2007, Cesgranrio) Justificando a intervenção do
Estado na economia, uma das razões é a existência de
externalidades. A respeito de externalidades, pode-se afirmar que
(A) só ocorrem quando há bens públicos envolvidos.
(B) uma pessoa com uma doença transmissível deve ser
isolada, pois causa externalidades.
(C) a única maneira de resolver o problema da poluição
atmosférica pela indústria é proibindo terminantemente a
emissão de gases tóxicos.
(D) os ruídos dos bares à noite são uma externalidade para os
vizinhos, o que só pode ser resolvido proibindo o ruído nos
bares.
(E) na vida real só há externalidades negativas.
Para resolver a letra (A) dessa questão, você precisa olhar a letra (C) da
questão anterior e comparar! Viu lá? É exatamente a mesma coisa. Assim,
traz exatamente o mesmo erro! Não se preocupe, mais na frente você
entenderá o que são os bens públicos.
A letra (B), por sua vez, é idêntica à letra (E) da questão anterior e, por
isso, é a alternativa verdadeira da questão 5!
A letra (C), de forma semelhante ao item (A) da questão anterior também
não é verdadeiro pelas mesmas razões!
A alternativa (D) da mesma forma que o item dos aeroportos, não é
verdadeira.Também, pelas mesmas razões.
Finalmente, a letra (E) é falsa já que na vida não há apenas externalidades
negativas! Alou?! E quando o seu vizinho faz um belo jardim ou ainda
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quando você estuda com a pessoa mais preparada da área de economia?
Isso não gera externalidades positivas para você, não? Porque para mim,
com certeza, gera!
GABARITO: (B)
Obs.: que banca sem criatividade, hein?
Exercício 7
(Petrobrás, Economista Junior, 2008, Cesgranrio) Ao produzir, uma
fábrica de pneus não leva em consideração a dificuldade de
absorção, pela natureza, das carcaças de pneus usados. Logo,
(A) deve-se proibir a reutilização das carcaças, pois barateiam
os pneus e aumentam suas vendas.
(B) o custo social da produção de pneus é menor que o custo
privado.
(C) o preço de pneus para os consumidores deveria ser menor,
para diminuir o lucro dos produtores poluidores.
(D) os produtores e os consumidores de pneus deveriam pagar
pela externalidade imposta à população em geral.
(E) é preciso subsidiar a produção de pneus, para que os
produtores possam pagar pela disposição adequada dos pneus
imprestáveis.
Mais uma da Cesgranrio no mesmo perfil. Vamos resolver?
A letra (A) afirma que a reutilização das carcaças de pneus deveria ser
proibida já que barateiam os pneus!
Como assim?
Claro que não! É a reutilização dos pneus velhos que garante que os pneus
mais novos sejam vendidos de forma mais barata. Logo, essa alternativa
não pode ser verdadeira.
Em seguida, a letra (B) afirma que os custos sociais dos pneus são menores
que os custos privados. Essa alternativa também não é correta já que como
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existem
externalidades
negativas,
o
custo
social
necessariamente, mais elevado que os custos sociais.
deverá
ser,
A letra (C) não é verdadeira pois nada indica que os preços deveriam ser
menores para os consumidores, já que com a redução de preço, aumentaria
o consumo o que gera ainda mais externalidades negativas. Logo, não existe
qualquer indicação que essa alternativa esteja correta.
Em seguida, a letra (D) afirma que os produtores e os consumidores
de pneus deveriam pagar pela externalidade imposta à
população em geral, sendo essa, a alternativa correta. Note que, nesse
caso, tanto produtores quanto consumidores devem pagar pelo ônus social
causado pela produção e consumo dos pneus!
Finalmente, a alternativa (E) é incorreta por afirmar que o governo dever
subsidiar a produção de pneus. Veja que é justamente o contrário: o
governo deve imputar impostos, não efetuar subsídios!
GABARITO: (D)
Bens Públicos
Estudamos que, em geral, os mercados são uma forma eficiente de
organizar uma economia. A partir das informações passadas pelos preços, as
decisões dos consumidores e dos produtores racionais garantem que o
equilíbrio de mercado seja compatível com o maior excedente agregado
possível.
No entanto, também vimos que os mercados privados podem não ser
eficientes na presença de externalidades (de consumo ou de produção).
Nesses casos, há uma diferença entre custos sociais e privados ou benefícios
sociais e privado de modo que a quantidade produzida do bem não será
socialmente ótima. Um caso especial de externalidade de consumo ocorre
em mercados de bens públicos e recursos comuns.
Bens públicos são diferentes de produtos privados, pois são não
excludentes e não rivais no consumo. Uma camisa, um notebook ou uma
porção de batata frita são exemplos de bens privados. O preço do notebook
exclui uma parcela dos consumidores que não tenham condições de adquiriProfa. Amanda Aires
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lo, e uma vez que alguém tenha comprado uma determinada unidade, outro
consumidor não pode comprar a mesma máquina. Nossa análise com relação
às escolhas dos agentes econômicos foi realizada considerando que os bens
apresentavam essas características.
Por sua vez, a defesa nacional é um exemplo de bem público. O combate a
agressores externos é um serviço que não exclui nenhum dos residentes de
um país. Além disso, quando um indivíduo se beneficia da defesa nacional
não significa que mais ninguém será beneficiado.
É importante destacar que, apesar do que o exemplo e a própria
denominação podem indicar, bens públicos não são o mesmo que bens
oferecidos pelo governo, pois a classificação depende de atributos próprios
dos bens. Por exemplo, um hospital público oferta um serviço privado, pois,
uma vez que um de seus leitos esteja ocupado por alguém, outro indivíduo
não poderá usufruir do mesmo.
Os recursos comuns também são diferentes de bens privados, mas porque
são apenas não excludentes. Por exemplo, não se impede que indivíduos
trafeguem pelas vias públicas em uma cidade, porém a utilização da mesma
por alguém pode prejudicar os outros (lembre-se dos engarrafamentos).
Agora diferenciamos bens privados, públicos e recursos comuns, podemos
analisar de que forma as características dos dois últimos implicam em
externalidade de consumo e ineficiência dos mercados.
Suponha que uma empresa estava disposta a realizar uma obra de
revitalização do calçadão de uma famosa praia localizada em uma cidade
brasileira. A revitalização do calçadão contribuiria para atrair turistas e para
uma melhor circulação dos moradores. Como se tratava de uma obra que
favoreceria todos os cidadãos, a empresa se propôs a dividir o que cobraria
entre eles de acordo com a capacidade de pagamento de cada um.
Desse modo, para estudar a viabilidade da obra, a firma fez uma pesquisa
para saber quanto os moradores da cidade estariam dispostos a pagar. O
resultado dessa pesquisa indicou que o valor que seria arrecadado não é
suficiente para superar os custos da reforma. Então, apesar dos benefícios
que seriam obtidos, a revitalização não foi realizada.
No exemplo exposto, o resultado foi insatisfatório porque cada pessoa teve o
incentivo de informar um valor inferior ao que teria condições de pagar, pois
acreditava que a resposta das demais seria suficiente para garantir a
realização da obra devido a sua importância. Como todos pensaram de modo
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semelhante, a quantidade oferecida do bem público foi inferior àquela
socialmente desejada.
O resultado obtido no exemplo é conhecido como o Problema do Carona.
Esse problema ocorre quando os indivíduos tentam obter vantagem sobre os
demais, se recusando a pagar por um bem público que promove um
benefício para todos, ou seja, tentam pegar carona no que seria custeado
pelos demais.
Os governos assumem um papel importante para evitar que a provisão de
bens públicos gere resultados ineficientes devido ao problema do carona,
através da imposição de impostos. No exemplo anterior, a revitalização do
calçadão seria concretizada caso o governo se responsabilizasse por cobrar
uma taxa de cada morador.
Porém, o imposto não é uma solução simples. O governo deve realizar um
estudo de custo-benefício da produção do bem público, para determinar qual
a quantidade que deveria ser ofertada, e qual deveria ser o valor do
imposto. Esse estudo pode ser uma tarefa bastante difícil, principalmente
para determinar os verdadeiros benefícios gerados pelo bem público.
Os mercados de recursos comuns também podem gerar resultados
ineficientes. Para esclarecer pense na atividade de pesca em uma
comunidade ribeirinha. Nesse caso, os peixes seriam um exemplo de recurso
comum, visto que não haveria como impedir que um indivíduo se dedicasse
à pesca, mas a decisão de quanto pesca de um pescador influência a
quantidade de peixes disponível para os demais.
Inexistindo qualquer forma de controle da pesca, um novo pescador entraria
no mercado sempre que houvesse lucros, e os pescadores já existentes
teriam o incentivo de aumentar a produção. Como o peixe é um bem
escasso, a produção excessiva poderia provocar uma mudança ambiental,
como a extinção das espécies, que prejudicaria todos os produtores.
Por esse motivo, atividades extrativistas possuem regulamentação especial,
principalmente as que envolvem a caça e a pesca. Por exemplo, a produção
de certos pescados deve ser interrompida nas épocas do ano de procriação.
No Brasil, esse tipo de controle é realizado pelo Ibama, com o objetivo de
evitar tanto problemas ambientais, como setoriais.
Exercícios?
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Exercício 8
(TCE-PR, Analista de Controle – Área Econômica, FCC, 2011) Sobre a
comparação entre bens públicos e bens privados, é correto afirmar
que: Bens Privados Bens Públicos Puros
a)
b)
c)
d)
e)
Para mudar um pouco, vamos fazer debaixo para cima?
O que são bens privados?
De acordo com a letra (E), os bens privados são bens não-excludentes e
não-rivais e, por isso, a provisão pelo mercado pode ser eficiente.
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Já daí, temos um erro. Por natureza, os bens privados são excludentes e
rivais. Assim, devido à essa natureza é que esses bens serão providos pelo
mercado de forma eficiente. Então, já daqui, temos que a alternativa é
incorreta.
Contudo, o erro não termina aí. Ao afirmar que os bens públicos são
excludentes e rivais, a alternativa também está errada. Lembre que, falouse em bens públicos puros, deve-se falar, necessariamente, em bens nãorivais e não-excludentes. Além disso, a provisão dos bens públicos pelo
Estado, normalmente, gera externalidades positivas e não, negativas.
A letra (D) também é incorreta por afirmar exatamente a mesma coisa que a
letra (E) quando trata dos bens privados. Na verdade, a única diferença
entre as duas alternativas é o fato de afirmar que os bens públicos geram
externalidades positivas, o que é verdade, contudo, assim como a letra (E),
a alternativa em análise peca por afirmar que os bens públicos são rivais e
excludentes.
Continuando a análise, a assertiva (C) é incorreta por afirmar que os bens
privados são não rivais. Assim como dito acima, quando se falar em bens
rivais, tem que se considerar que esses bens são rivais e excludentes. Dessa
forma, a alternativa não pode estar correta. No que diz respeito à
classificação dos bens públicos, o erro está em afirmar que quando eles são
puros, eles devem ser, também rivais.
Em seguida, a letra (B) também erra por afirmar que os bens privados são
não-excludentes e rivais. De novo, falou-se em bens privados, vamos falar
em bens excludentes. Finalmente, no que diz respeito aos bens públicos, a
questão erra por afirmar que esses bens são excludentes.
Assim, a resposta correta é encontrada na letra (A), que traz, justamente, a
definição de bens públicos puros e bens privados.
Dessa forma, entenderemos que bens privados são excludentes e rivais e,
por isso, a provisão deles no mercado pode ser eficiente. Por outro lado, os
bens públicos puros são não-excludentes e não-rivais e sua provisão pelo
Estado geraria externalidades positivas.
E o que são os bens semi-públicos? Bens que pode ser rivais e não
excludentes ou não rivais e excludentes. Assim, eles só alcançam uma
característica dos bens públicos!
Comopreendido?
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Gabarito: (A)
Informação Assimétrica (Imperfeita)
Um dos pressupostos necessários para que os mercados atinjam resultados
eficientes é aquele que diz respeito à informação perfeita. De acordo com
esse pressuposto, tanto compradores, como vendedores têm acesso a todas
as informações relevantes para suas decisões. Desse modo, nenhuma das
partes em uma negociação teria uma vantagem sobre a outra, e não
existiriam incertezas.
Em um ambiente de informação perfeita, os preços sintetizam todas essas
informações relevantes para os consumidores e produtores, pois refletiriam
a escassez e os custos de produção. Por isso, vimos que as decisões dos
consumidores e firmas dependiam diretamente dos preços dos produtos no
mercado.
No entanto, apesar de desejável, não é possível garantir que todos os
mercados operam com informações perfeitas, em alguns casos há
informações assimétricas (ou imperfeitas). Na presença de informações
assimétricas, as formas de demanda e oferta não são capazes de promover
um equilíbrio eficiente. Por isso, a assimetria de informações é considerada
uma falha de mercado.
Para entender porque as informações imperfeitas geram resultados
ineficientes, vamos estudar o mercado de carros usados onde compradores
não tem informação sobre a qualidade dos carros comercializados3.
Digamos que existem dois tipos de carros usados em um feirão: os carros de
boa qualidade e os carros de má qualidade, disponíveis na mesma
quantidade. Admita também que os vendedores dos carros de má qualidade
estão dispostos a vendê-los por no mínimo R$ 7.000, e que os vendedores
dos carros de boa qualidade desejam vendê-los por pelo menos R$ 20.000.
Nesse mesmo mercado, suponha ainda que os consumidores pagariam até
R$ 22.000 por um carro de boa qualidade e até R$ 8.000 por um de má
qualidade. Assim, se os consumidores soubessem a qualidade do carro que
3
George Akerlof foi o primeiro a contribuir com essa análise, com o trabalho: “The Market for Lemons: Quality
Uncertainty and the Market Mechanism” The Quartely Journal of Economics, 84, 1970, pp. 488-500.
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está sendo negociado, o preço de equilíbrio para as unidades de boa
qualidade seria algo entre R$ 20.000 e R$ 22.000, e o preço para as
unidades de má qualidade seria entre R$ 7.000 e R$ 8.000.
No entanto, como os vendedores de carros ruins sabem que os
consumidores pagariam um preço mais elevado por carros de boa qualidade,
eles tentaram enganar os compradores com relação à verdadeira qualidade
do produto que estão vendendo.
Os consumidores, por sua vez, também sabem que existe um incentivo por
parte dos vendedores para agirem dessa forma. Então, para minimizar os
efeitos de uma possível compra de carro de má qualidade, eles pagarão no
máximo um preço médio de R$ 15.000.
Essa atitude do consumidor irá expulsar do feirão os carros de boa
qualidade, pois os vendedores desses carros aceitariam comercializá-los por
no mínimo R$ 20.000, preço acima do preço médio que os consumidores
estariam dispostos a pagar.
Portanto, um resultado ineficiente foi gerado devido à falta de informação
por parte dos consumidores. Apesar de existir uma demanda, nenhum carro
de boa qualidade será vendido, e haverá um excesso de oferta de carros de
má qualidade, pois o preço médio do feirão é elevado.
No exemplo estudado, um dos produtos (carros usados de boa qualidade) foi
excluído do mercado. Mas, isso não é um resultado que possa ser
generalizado. A depender do mercado, é possível que produtos de diferentes
qualidades coexistam mesmo que os consumidores não tenham informações
suficientes para diferenciá-los.
Por exemplo, imagine um mercado competitivo no qual empresas de
produtos com boa qualidade e empresas de produto de má qualidade
produzem com um mesmo esquema de custos. Se os consumidores pagam
no máximo um preço Pmáx pelos produtos de boa qualidade, e um Pmín pelos
produtos de má qualidade, então o preço de equilíbrio de mercado, Pequilíbrio ,
determina a quantidade de empresas que produzem artigos de boa
qualidade que permanecem no mercado, a partir da seguinte fórmula:
Pmáx  q   Pmín 1  q   Pequilíbrio ,
onde q é a proporção de produtos de boa qualidade que estarão disponíveis.
Vamos alterar um pouco o exemplo anterior, imagine que seja mais barato
para as empresas para produzir o bem de baixa qualidade. Então, todas as
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empresas optariam por fabricar os produtos de baixa qualidade, pois teriam
lucro.
No entanto, os consumidores perceberiam, em algum momento, que no
mercado só existe produtos de má qualidade. Com essa percepção eles
mudariam o preço de equilíbrio, tornando-o igual ao preço que pagariam por
esse tipo de produto. Se esse preço for muito baixo, então todas as firmas
sairiam do mercado.
Perceba que nesse último caso, a falta de informação por parte do
consumidor resultou na retirada do produto do mercado independente da
qualidade. Nesse caso, diz-se que ocorreu um problema de seleção
adversa.
A seleção adversa ocorre quando uma parte do mercadão não possui
informações a respeito dos tipos e/ou qualidades do outro lado do mercado.
Por isso, a seleção adversa também é conhecida por problema da
informação oculta.
Um exemplo tipicamente utilizado para ilustrar a seleção adversa é o
mercado de seguros. A seguradora enfrenta esse problema se não conseguir
identificar e separara os segurados que possuem mais riscos dos que
possuem menos riscos.
Se uma seguradora de carros cobrasse um preço médio por seguro, baseado
na probabilidade média de uma pessoa te o carro furtado ou danificado,
então ela teria prejuízo. Isso ocorreria porque somente os indivíduos com
maior risco se interessariam em contratar o seguro, e as despesas da
seguradora seriam maiores do que o esperado.
Outro problema que envolve falta de informação comum nos mercados de
seguros é o perigo moral. Nesse caso, uma parte do mercado não consegue
identificar as ações do outro lado do mercado. Por isso o perigo moral
também é conhecido como ação oculta.
Vamos analisar o mercado de seguros para carro novamente para esclarecer
o perigo moral. Quando um indivíduo contrata um seguro, há um incentivo
para que ele mude sua atitude com relação aos hábitos de direção. Por
exemplo, um indivíduo evita estacionar em certos locais onde sabe que seu
carro tem maior probabilidade de ser roubado, mas com o carro segurado
ele pode se sentir menos temeroso. Essa mudança de comportamento do
indivíduo aumentou os riscos para a companhia de seguro, sem que ela
pudesse perceber, ou seja, ela está incorrendo em perigo moral.
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Como forma de evitar o perigo moral e a seleção adversa as companhias de
seguro adotam diversos procedimentos. Elas tentam mapear os seus
segurados para evitar a seleção adversa, através de questionários, e cobram
preços diferentes a depender dessas informações, por exemplo, pessoas
mais jovens pagam mais do que pessoas mais velhas. Os seguros cobrem
certos tipos de sinistros, as companhias de seguro não pagam o seguro caso
o condutor do veículo consuma bebidas alcoólicas, evitando problemas
devido à mudança nas ações dos segurados.
Com esses procedimentos, as seguradoras esperam que os segurados
sinalizem corretamente a que grupo eles pertencem (mais ou menos risco) e
quais as suas ações após o cotrato. De um modo geral, a sinalização é uma
solução para a falta de informação, para tanto é necessário um bom
esquema de incentivos.
Como estudamos anteriormente, um dos princípios básicos da economia é o
seguinte: os agentes econômicos respondem a incentivos. Ou seja, existem
meios de alterar as escolhas dos agentes a partir de algum sistema de
recompensas e/ou punições. No nosso exemplo, a seguradora incentiva
indivíduos com condutas menos arriscadas a adquirir os seguros cobrando
um preço menor no contrato (recompensa), e, por isso, esses indivíduos têm
o interesse de sinalizar corretamente seu tipo.
Compreendido?
Exercício 9
(EEPG, Economia e Estatística IJSN II, 2010, CESPE) Julgue os itens
que se subseguem, relativos a externalidades e bens públicos
[74] A sinalização em mercados com informações assimétricas
é de extrema importância, visto que sempre proporciona o
equilíbrio eficiente e beneficia os dois lados envolvidos no
mercado.
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Vamos resolver essa questão desconfiando de apenas uma palavra:
SEMPRE.
Infelizmente, nem SEMPRE a sinalização proporciona equilíbrio eficiente,
embora essa sinalização permita uma melhora nas operações de mercado,
nada garante que a eficiência será atingida. Assim, a questão não pode ser
considerada como verdadeira!
GABARITO: FALSO
Exercício 10
(EEPG, Economia e Estatística IJSN II, 2010, CESPE) Julgue os itens
que se subseguem, relativos a externalidades e bens públicos
Finalmente, vamos para a última questão de hoje. Ela é correta pois, como
vimos acima, uma forma de resolver os problemas de informação
assimétrica está ligada à padronização dos produtos. Além da padronização,
uma outra forma de criar reputação nos mercados é o uso das garantias
dadas pelas empresas.
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EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
Exercício 1
(EEPG, Economia e Estatística IJSN II, 2010, CESPE) Julgue os itens
que se subseguem, relativos a externalidades e bens públicos
[71] De acordo com o teorema de Coase, para que se tenha
uma solução eficiente em um mercado com a presença de
externalidades, o direito de propriedade das partes envolvidas
deve estar bem especificado e apresentar custo zero de
transação e de informação.
Exercício 2
(INEA, Economista, 2007, Cesgranrio) “Se os agentes econômicos
puderem negociar sem custos de transação e com possibilidade de
obter benefícios mútuos, o resultado das transações eliminará as
externalidades e alocará eficientemente os recursos, independente
de como estejam especificados inicialmente os direitos de
propriedade”. Esta proposição, aplicável à Economia do meio
ambiente, é conhecida como
(A) Teoria Marginalista.
(B) Princípio da Compensação da Propriedade.
(C) Desenvolvimento Sustentável.
(D) Teorema de Coase.
(E) Princípio da Equidade.
Exercício 3
(Fiscal de Rendas do Município do Rio de Janeiro, 2010, Esaf) Na
existência de externalidade negativa na produção de um
determinado bem, pode-se dizer que:
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a) em qualquer nível de produção, o custo social é menor do
que seria sem a externalidade negativa.
b) a curva de oferta de mercado está acima da curva de custo
social.
c) a quantidade socialmente ótima
quantidade de equilíbrio de mercado.
é
menor
do
que
a
d) o pagamento de subsídios à produção do bem serve de
incentivo para compensar à sociedade pela existência da
externalidade.
e) o custo de produção do bem é menor para a sociedade do
que para o produtor.
Exercício 4
(EEPG, Economia e Estatística IJSN II, 2010, CESPE) Julgue os itens
que se subseguem, relativos a externalidades e bens públicos
[72] Em situações em que se apresentam externalidades
negativas, os custos sociais são superiores aos custos privados
de produção, havendo, portanto, necessidade de intervenção
governamental para a internalização dessas externalidades.
Exercício 5
(BNDES, Profissional Básico: Economia, 2008) No Uma das razões
importantes para a presença do estado na economia é a existência
de externalidades negativas e positivas. A esse respeito, pode-se
afirmar que
(A) a poluição das águas pelas indústrias é uma externalidade
negativa e deveria ser totalmente proibida.
(B) a solução eficiente para resolver o problema do ruído
excessivo nos aeroportos é mudar a localização dos mesmos
para longe das áreas residenciais.
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(C) as externalidades só ocorrem quando as pessoas produzem
ou consomem bens públicos.
(D) o consumidor de certo bem, cuja produção implicou em
poluição ambiental, não deveria pagar pela poluição; o
produtor é que deveria.
(E) quando uma pessoa não se vacina contra uma doença
infecciosa está impondo aos demais uma externalidade
negativa.
Exercício 6
(INEA, Economista, 2007, Cesgranrio) Justificando a intervenção do
Estado na economia, uma das razões é a existência de
externalidades. A respeito de externalidades, pode-se afirmar que
(A) só ocorrem quando há bens públicos envolvidos.
(B) uma pessoa com uma doença transmissível deve ser
isolada, pois causa externalidades.
(C) a única maneira de resolver o problema da poluição
atmosférica pela indústria é proibindo terminantemente a
emissão de gases tóxicos.
(D) os ruídos dos bares à noite são uma externalidade para os
vizinhos, o que só pode ser resolvido proibindo o ruído nos
bares.
(E) na vida real só há externalidades negativas.
Exercício 7
(Petrobrás, Economista Junior, 2008, Cesgranrio) Ao produzir, uma
fábrica de pneus não leva em consideração a dificuldade de
absorção, pela natureza, das carcaças de pneus usados. Logo,
(A) deve-se proibir a reutilização das carcaças, pois barateiam
os pneus e aumentam suas vendas.
(B) o custo social da produção de pneus é menor que o custo
privado.
(C) o preço de pneus para os consumidores deveria ser menor,
para diminuir o lucro dos produtores poluidores.
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(D) os produtores e os consumidores de pneus deveriam pagar
pela externalidade imposta à população em geral.
(E) é preciso subsidiar a produção de pneus, para que os
produtores possam pagar pela disposição adequada dos pneus
imprestáveis.
Exercício 8
(TCE-PR, Analista de Controle – Área Econômica, FCC, 2011) Sobre a
comparação entre bens públicos e bens privados, é correto afirmar
que: Bens Privados Bens Públicos Puros
a)
b)
c)
d)
e)
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Exercício 9
(EEPG, Economia e Estatística IJSN II, 2010, CESPE) Julgue os itens
que se subseguem, relativos a externalidades e bens públicos
[74] A sinalização em mercados com informações assimétricas
é de extrema importância, visto que sempre proporciona o
equilíbrio eficiente e beneficia os dois lados envolvidos no
mercado.
Exercício 10
(EEPG, Economia e Estatística IJSN II, 2010, CESPE) Julgue os itens
que se subseguem, relativos a externalidades e bens públicos
[76] Entre as soluções que podem ser propostas para que uma
empresa
adquira
reputação
no
mercado,
inclui-se
a
padronização.
GABARITO
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1
V
6
B
2
D
7
D
3
C
8
A
4
V
9
F
5
E
10
V
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