Jornal 122 - International Plant Nutrition Institute

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INFORMAÇÕES
AGRONÔMICAS
MISSÃO
Desenvolver e promover informações científicas sobre o
manejo responsável dos nutrientes de plantas para o
benefício da família humana
N0 122
JUNHO/2008
SIMPÓSIO DISCUTE COMO UTILIZAR
INSUMOS E RECURSOS PARA OTIMIZAR A
PRODUTIVIDADE DO MILHO
Silvia Regina Stipp e Abdalla1
Luís Ignácio Prochnow2
Antonio Luis Fancelli3
C
omo utilizar os insumos e recursos relacionados à
adequada nutrição das plantas para otimizar a
produtividade do milho – esta foi a tônica do Simpósio sobre Nutrição e Adubação do Milho ocorrido em abril último
na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, sob a coordenação dos professores Antonio Luis Fancelli e Durval Dourado
Neto, do Departamento de Produção Vegetal.
O evento teve como objetivos a atualização de informações
e a apresentação das principais inovações tecnológicas relacionadas à nutrição e adubação da cultura. Palestras, debates e apresentação de novos produtos fertilizantes integraram as atividades
do programa.
Uma visão geral dos dez temas discutidos é apresentada a
seguir.
Veja também neste número:
IPNI em Destaque ............................................... 25
Gesso na agricultura .......................................... 26
Divulgando a Pesquisa ...................................... 28
Painel Agronômico ............................................ 29
Cursos, Simpósios e outros eventos ................. 30
Publicações Recentes ........................................ 31
Ponto de Vista .................................................... 32
DINÂMICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES E NOVAS
TENDÊNCIAS DA NUTRIÇÃO DE PLANTAS –
Godofredo Cesar Vitti, ESALQ/USP; Pedro Henrique de Cerqueira
Luz, FZEA/USP; André Luís do Amaral Alfonsi, ESALQ/USP; email:
[email protected]
Nos climas tropicais, a produtividade das culturas está diretamente relacionada à fertilidade e à água disponível do solo, sendo
a fertilidade possível de ser modificada pelo emprego da correção
do solo e da adubação e a quantidade de água disponível por intermédio da irrigação e do sistema de manejo.
Entre os fatores de produção de milho, a adubação é responsável por grande parte dos custos totais, e isto é motivo de
preocupação quando se considera que o aumento no preço médio
dos fertilizantes no último ano praticamente duplicou. Segundo a
Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), o preço
médio da tonelada de fertilizante NPK na fábrica passou de cerca de
US$ 300,00, em março de 2007, para US$ 520,00, em março de 2008,
totalizando aumento médio de 73%.
Abreviações: ANDA = Associação Nacional para Difusão de Adubos; CTC = capacidade de troca de cátions, CTA = capacidade de troca de
ânions, M.O. = matéria orgânica, IBDU = isobutilidene diuréia, SCU = uréia recoberta com enxofre, CDU = crotonilidene diuréia, DCD = dicianodiamida,
DMPP = fosfato de 3,4 dimetil pirazole, PPD = fenil-fosforodiamidato, NBPT = tiofosfato de N-n-butiltriamida; MPMFs = melhores práticas de manejo
de fertilizantes
1
Engenheira Agrônoma, M.S., IPNI; e-mail: [email protected]
Engenheiro Agrônomo, Doutor, diretor do IPNI Brasil; e-mail: [email protected]
3
Engenheiro Agrônomo, Doutor, Docente do Departamento de Produção Vegetal, ESALQ/USP; e-mail: [email protected]
2
INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE - BRASIL
Rua Alfredo Guedes, 1949 - Edifício Rácz Center, sala 701 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 - Website: www.ipni.net - E-mail: [email protected]
13416-901 Piracicaba-SP, Brasil
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
1
Este aumento de preços no mercado mundial deve-se basicamente ao aumento da demanda de fertilizantes para produção de
alimentos, principalmente pela China e pela Índia, e para produção
de biocombustíveis, com destaque para a cultura de milho nos Estados Unidos.
Aliado ao aumento no consumo de fertilizantes no mundo,
outros fatores contribuíram para o aumento nos preços, como:
menor oferta do produto no mercado; aumento no preço das matérias-primas, como enxofre e petróleo; aumento no custo do frete,
tanto de navios quanto rodoviários e ferroviários, e demora para
descarga dos produtos nos portos, gerando grande despesa com a
taxa de demurrage.
Diante deste cenário, é fundamental que o manejo da adubação e nutrição de plantas vise a máxima eficiência na utilização de
fertilizantes para reduzir os custos e tornar o sistema sustentável.
Assim, deve-se utilizar fontes corretas de fertilizantes, na dose certa, no local correto e na época adequada. Além disso, é imprescindível o conhecimento da dinâmica dos nutrientes no solo e a adoção
de práticas complementares, como correção do solo, práticas
conservacionistas, plantio direto, entre outras.
No diagrama abaixo é apresentado um esquema simplificado
do equilíbrio dos elementos no solo:
b) Capacidade de troca de ânions (CTA): influenciada por
natureza dos colóides do solo, pH do solo, concentração da solução de equilíbrio, valência dos ânions, cátions associados;
c) Adsorção química (fixação): ocorre tanto para ânions
(H2PO4- e H4SiO4) como para cátions (Zn2+, Cu2+, Fe2+, Mn2+ e Ca2+)
e é influenciada por pH, textura do solo (teores de argila e matéria
orgânica) e ordem de retenção dos elementos (força dos elementos
na superfície dos colóides).
d) Reações de precipitação e solubilização;
e) Reações de oxi-redução.
As raízes absorvem da solução do solo os elementos que
entram em contato direto com as suas superfícies por meio de três
mecanismos: interceptação radicular, fluxo de massa e difusão. Dados obtidos com a cultura do milho em solo fértil indicam que apenas as necessidades de Ca poderiam ser completamente supridas
por interceptação radicular, embora parte significativa das necessidades da planta em Mg, Mn e Zn possam também ser providas por
este mecanismo. O esquema abaixo apresenta os elementos que
são absorvidos por fluxo de massa e por difusão:
Fluxo de massa
Ânions:
Cátions:
Cl > H3BO3 > NO3- > SO42- > MoO42Na+ > K+ > NH4+ > Mg2+ > Ca2+
-
Difusão
H2PO4- > Cu2+ > Mn2+ > Zn2+ > Fe2+
Analisando esses dados, juntamente com os dados apresentados na Tabela 1, podem ser inferidas informações importantes
para o manejo adequado dos fertilizantes, quais sejam:
M = nutriente
C = Capacidade
Q = Quantidade
Poder tampão = Q/I
I = Intensidade
Os elementos estão presentes no solo em sua quase totalidade na fase sólida, adsorvidos ou fazendo parte do complexo
coloidal (matéria orgânica + fração argila). Da fase sólida, uma diminuta proporção é liberada para a solução do solo, originando-se,
então, um equilíbrio, geralmente complexo, entre M-sólido e M-solução. Na solução do solo os elementos movimentam-se em direção à
superfície das raízes (ou vice-versa), onde são transportados para
o interior da planta.
Analisando-se o esquema acima observa-se que quando
um fertilizante é aplicado no solo ele pode ter diferentes destinos:
a) Permanecer na solução do solo (fator Intensidade = I),
sendo posteriormente absorvido pelas raízes das plantas (M-raiz) e
daí transportado para a parte aérea (M-parte áerea);
b) Ser adsorvido pela fração coloidal, constituída pela matéria orgânica e argila (M-sólido), caracterizando o fator Quantidade;
c) Ser lixiviado (M-lixiviação).
As relações mantidas entre os elementos na fase sólida e na
solução do solo, regidas pelas leis de equilíbrio químico, são afetadas pelos seguintes fatores do solo:
a) Capacidade de troca de cátions (CTC): influenciada por
tipos e teores dos materiais coloidais, valência dos cátions, grau de
hidratação, efeito de diluição, pH do meio e adsorção específica de
ânions;
2
• Os nutrientes que entram em contato com as raízes por
fluxo de massa exigem mais cuidado na adubação pois podem
provocar toxidez (absorção de luxo) ou ser perdidos por lixiviação
(contaminação do lençol freático), como Cl- (adicionado através
do KCl), NO3-, H3BO3, SO42- e particularmente K+, em solos arenosos, com baixo poder tampão em K. Para esses elementos, parte da
adubação pode ser aplicada em cobertura.
• Os nutrientes que entram em contato com as raízes por
difusão apresentam também efeito residual no solo, principalmente
o H2PO4- e os micronutrientes metálicos (Zn, Cu, Mn e Fe), devendo
ser aplicados de forma localizada no sulco de semeadura;
• No caso do K, que apresenta alto índice salino, recomenda-se, em culturas anuais, a aplicação de no máximo 60 kg ha-1 de
K2O no sulco de plantio. Para doses superiores a esta, aplicar parte
em pré-plantio, quando em solos argilosos (CTC > 6,0 cmolc dm-3),
e parte em pós-plantio, em cobertura, quando em solos arenosos.
• Em culturas perenes já instaladas e em culturas anuais que
apresentam fases de maior exigência, os micronutrientes metálicos
Zn, Mn e Cu devem preferencialmente ser aplicados via foliar, devido à alta reatividade com o solo. No caso de cana-de-açúcar e mandioca, estes micronutrientes podem ser aplicados via tolete ou
maniva, respectivamente.
• Em leguminosas, Mo e Co podem ser aplicados via semente, tendo em vista as baixas doses utilizadas desses elementos (20 g ha-1 de Mo e 2 a 5 g ha-1 de Co).
No sistema convencional de plantio, pode ser baixo o aproveitamento dos adubos aplicados no solo, variando de 50%-70%
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
Tabela 1. Relação entre processo de contato e localização dos fertilizantes.
Processo de contato
Elemento
Interceptação
Fluxo de massa
Difusão
Localização dos fertilizantes
- - - - - - - - - - - - - - - - (%) do total) - - - - - - - - - - - - - - - N
1
99
0
Distante, em cobertura (parte)
P
2
4
94
Próximo das raízes
K
3
25
72
Próximo das raízes, em cobertura
Ca
27
73
0
A lanço
Mg
13
87
0
A lanço
S
5
95
0
Distante, em cobertura (parte)
B
5
95
0
Distante, em cobertura (parte)
Cu
15
5
80
Próximo das raízes
Fe
40
10
50
Próximo das raízes
Mn
15
5
80
Próximo das raízes
Mo
5
95
0
A lanço
Zn
20
20
60
Próximo das raízes
Fonte: Modificada de MALAVOLTA et al. (1997).
para N, 20%-30% para P2O5 e 60%-70% para K2O, pois os nutrientes
são perdidos mais facilmente por erosão, lixiviação, volatilização e
fixação no sistema solo-planta-atmosfera.
Na prática da adubação eficiente e racional o programa inicia-se com a amostragem e a análise de solo, continua com as práticas corretivas (principalmente calagem, gessagem e fosfatagem),
com a adoção do sistema de plantio direto e da integração lavourapecuária, e termina com a utilização de fertilizante mineral.
A prática da calagem é a primeira medida a ser adotada no
manejo químico de solos tropicais ácidos. Deve ser realizada visando manter o pH da solução ao redor de 5,5 a 6,5 (em água), no qual
há equilíbrio na disponibilidade dos nutrientes. A calagem de solos
ácidos aumenta a disponibilidade de N para as plantas devido à
maior mineralização do N orgânico e/ou maior fixação do N do ar por
bactérias fixadoras livres ou simbióticas. Além do N, a disponibilidade de S, e até certo ponto do B, é estreitamente ligada à decomposição microbiana da matéria orgânica (M.O.). Em pH baixo, o fósforo da solução do solo precipita com Al, Fe e Mn, porém, quando o
pH é corrigido, esses elementos se precipitam e o fósforo fica mais
disponível.
Em um dado pH, a adsorção química dos micronutrientes
metálicos é tanto maior quanto maior o teor de óxidos e hidróxidos
de Fe e Al, de argilas 1:1 e de M.O. (esta apenas para os cátions
metálicos) do solo devido ao maior número de sítios de adsorção.
Em conseqüência, após a adição de fertilizantes, a concentração
dos elementos na solução será maior nos solos de textura leve.
Contudo, com a absorção pelas plantas, nestes solos há maior decréscimo na concentração dos elementos na solução (baixo poder
tampão) do que nos solos de textura mais argilosa e com maior teor
de matéria orgânica (alto poder tampão). Assim, solos com alto
poder tampão necessitam, em geral, de adubações mais pesadas;
porém, estes não se esgotam tão rapidamente quanto os solos de
baixo poder tampão. Para um mesmo efeito na nutrição das plantas,
os micronutrientes metálicos (Zn, Cu, Fe, Mn e Co), e mesmo o
boro, devem ser adicionados em doses maiores em solos potencial-
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
mente mais férteis, como os argilosos, em relação aos solos arenosos, menos férteis. É importante ressaltar que os micronutrientes
metálicos devem ser aplicados no solo de forma localizada, no sulco de plantio. Em culturas perenes já instaladas, a aplicação mais
eficiente é via foliar.
Os solos de clima temperado, por conterem, de modo geral,
maiores teores de M.O. e de argilas 2:1, apresentam maior CTC,
maior fertilidade e menor lixiviação de cátions quando comparados aos solos tropicais, com menores teores de M.O. e predominância de argilas 1:1 e de óxidos de Fe e Al. Logo, a adoção do
plantio direto e/ou cultivo mínimo é fundamental em climas tropicais para aumentar o equilíbrio do sistema por meio de: menores
perdas por erosão e lixiviação, maior reciclagem de nutrientes, redução na fixação de H2PO4-, menor nitrificação do amônio e formação
de complexos com cátions. Em média, a contribuição da M.O. na
CTC do solo tropical é de 74% para os horizontes superficiais.
A produção de matéria seca e sua longevidade no solo
variam de acordo com o sistema de produção empregado, as espécies anuais exploradas e o clima de cada região.
Na integração lavoura-pecuária, o Sistema Santa Fé tem sido
um dos sistemas preferidos por produzir palhada de alta qualidade
para o plantio direto. A partir do consórcio de culturas anuais –
milho, sorgo, milheto, arroz de terras altas – com forrageiras, principalmente braquiárias, este sistema proporciona palhada para o sistema de plantio direto ou a produção de forragens para a entressafra,
podendo abrigar parte representativa do rebanho bovino no período da seca (Figura 1).
Em áreas de primeiro cultivo, ou áreas de baixa fertilidade
com pastagens degradadas, onde a pluviosidade não é favorável
para o cultivo de safrinha, pode-se cultivar soja ou arroz na abertura, seguida de sorgo ou milheto antes do cultivo do milho +
braquiária. Dentre as espécies de braquiária empregadas, a
Brachiaria brizantha é a mais aconselhável, pois produz mais matéria seca e proporciona maior reciclagem de nutrientes, como mostram os dados da Tabela 2.
3
anos, a tendência é de aumento não só na área de plantio como
também no uso de insumos, entre eles o de N.
Diante deste cenário, é urgente a busca de novas tecnologias
para diminuir o custo de produção de alimentos.
Figura 1. Integração lavoura-pecuária – Sistema Santa Fé.
Tabela 2. Reciclagem de nutrientes por braquiárias com alta produção de
matéria seca.
Nutriente
B. brizantha
17 t ha-1 ano-1
B. decumbens
10 t ha-1 ano-1
B. ruziziensis
9 t ha-1 ano-1
Nitrogênio
289
170
153
Fósforo
34
20
18
Potássio
340
200
180
Cálcio
85
50
45
Magnésio
51
30
27
Enxofre
17
10
9
De acordo com a Tabela 2, o cultivo de B. brizantha tem
grande importância na reciclagem de N e K, principalmente. Além
disso, a elevada relação C/N desta gramínea possibilita que a palhada permaneça mais tempo no solo. Em certos casos, recomendase a aplicação antecipada do N para evitar a imobilização do mesmo
pelos microrganismos decompositores da palha.
Considerando o aumento do aproveitamento dos nutrientes
no perfil do solo, principalmente pelo aumento no volume do sistema radicular das plantas, com a adoção das recomendações e práticas citadas, a tendência é de que as doses da adubação de manutenção possam ser reduzidas.
REALIDADE E PERSPECTIVAS PARA O USO DE
AZOSPIRILLUM NA CULTURA DO MILHO –
Solon C. de Araujo, Sócio-Diretor da SCA, Consultor da Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes; email:
[email protected]
A Revolução Verde, ocorrida nas décadas de 60 e 70,
proporcionou grande incremento na produtividade das culturas e
na oferta de alimentos, reduzindo significativamente o índice de
fome nos países em desenvolvimento. Atualmente, as condições
para a produção agrícola estão críticas, os custos dos insumos
aumentaram sem o correspondente aumento na renda dos produtores e alguns países do mundo encontram-se no limiar da fome.
Tomando-se como base a área cultivada com milho no Brasil,
que é da ordem de 14 milhões de hectares (duas safras ao ano), e um
consumo de 50 kg ha-1 de N – média entre lavouras com alto,
médio e baixo uso de tecnologia – tem-se um consumo médio
anual de 700 mil toneladas de N. Com os preços das commodities
agrícolas em alta, o que parece ser um fato a ser mantido por alguns
4
O Brasil se destaca no mundo por utilizar o melhor sistema
de inoculação da soja – fixação biológica de nitrogênio – em
programa integrado entre melhoristas e microbiologistas. O uso de
Rhizobium como insumo agrícola se firmou de tal maneira, com
excelentes trabalhos de pesquisa, que já se pode colher acima de
4 t ha-1 de soja usando-se como fonte de N exclusivamente a fixação
biológica de nitrogênio.
Já se vislumbra muito claramente a possibilidade do uso da
fixação biológica de N para maior aporte deste elemento também
na cultura de milho, bem como em outas culturas. Caso não seja
possível a substituição da totalidade do N, pode-se diminuir
substancialmente o uso do elemento e, conseqüentemente, reduzir
os custos da lavoura e de energia não renovável no país, pois,
para que ocorra a reação básica de transformação do N em amônia
(N2 + 3H2 = 2NH3), em laboratório ou na indústria de fertilizantes
nitrogenados, é necessário um elevado gasto de energia (500oC e
200 atm de pressão). No ambiente natural, a reação ocorre à
temperatura ambiente nas bactérias ou nos nódulos devido à
presença da enzima nitrogenase, que cataliza a reação e faz com que
o processo ocorra a níveis bem menores de energia. A bactéria
consome energia da planta (açúcares) mas esta é compensada pelo
aporte de N fornecido ao sistema.
Os organismos envolvidos na fixação de N, definidos de acordo com seu sistema de relacionamento com as plantas, podem ser:
• Fixadores simbióticos: Rhizobium, Bradyrhizobium,
Sinorhizobium. Já estão incorporadas ao sistema produtivo e já
fazem parte da rotina de um grande número de agricultores, principalmente os produtores de soja.
• Fixadores assimbióticos não associativos: Azotobacter,
Derxia, Beijerinckia, Clostridium. Vivem em vida livre no solo,
fixam o N e o incorporam ao solo. A quantidade de N trazida por
estas bactérias para o sistema solo é muito variável, estimando-se
em 10 a 15 kg ha-1, dependendo do solo, da temperatura e de outros
fatores.
• Fixadores assimbióticos associativos: Azospirillum,
Azotobacter, Glucanoacetobacter, Herbaspirillum, Burkholderia.
Formam um sistema associativo com as plantas, mas sem a
complexidade da formação de nódulos.
O gênero Azospirillum está dividido em seis espécies:
Az. lipoferum, Az. brasilense, Az. amazonense, Az. irakense, Az.
halopraeferans, Az. largimobile, Az. dobereinerae.
As espécies mais estudadas para uso em inoculantes são a
Azospirillum lipoferum e a Azospirillum brasilense. Além da divisão
em espécies, estas são subdivididas em estirpes, selecionadas de
acordo com a sua capacidade de fixar N, produzir fitohormônios e
compatibilidade com diferentes espécies vegetais e cultivares.
O Azospirillum é bactéria aeróbica, fixadora de N, gram
negativa, espiralada, móvel, com flagelo polar e cílios laterais, que
realiza todas as fases do ciclo do N, exceto a nitrificação, e transfere
apenas 20% do N fixado para a planta. Esta última característica é
um dos fatores limitantes para o desenvolvimento de produtos,
embora não anule a utilidade da tecnologia.
As características benéficas do Azospirillum como inoculante são: a bactéria é endofítica, ou seja, penetra na raiz das plantas;
apresenta antagonismo a agentes patogênicos; associa-se com
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
várias gramíneas (milho, trigo, sorgo, arroz, e outras) e com nãogramíneas (morango, tabaco, café e outras); produz fitohormônios;
não é muito sensível às variações de temperatura e ocorre em todos
os tipos de solo e clima.
Um dos fatores que se deve levar em consideração na seleção
de estirpes para inoculação é a sua capacidade de competir com
aquelas já existentes no solo, pois, embora seja uma vantagem o
fato da bactéria ser pouco exigente em relação às condições de solo
para fixar N, isso torna mais difícil a introdução de estirpes de bactérias
com maior capacidade de fixação, devido à competição.
Comenta-se muito sobre a inconsistência dos dados até
agora obtidos com inoculantes à base de Azospirillum em milho.
Entretanto, este mesmo argumento ocorria há anos, quandos os
ensaios experimentais com a inoculação da soja ainda apresentavam
poucos resultados no cerrado, e atualmente, a soja já pode ser
cultivada exclusivamente com um bom inoculante para suprir N,
sem a necessidade de adubos nitrogenados.
Dados levantados por Okon e Labandera em 20 anos de
experimentação com A. brasiliense e A. lipoferum em diversas
culturas no mundo mostraram que em 60% a 70% dos ensaios os
resultados foram positivos, com incrementos de 5% a 30% na
produtividade. Em geral, o uso do inoculante proprociona redução
de 40% a 50% no uso de fertilizantes nitrogenados.
Embora o estudo desta bactéria tenha sido iniciado no Brasil,
outros países se adiantaram no seu uso agrícola, como Israel, África
do Sul, México e, mais recentemente, Argentina. Na África do Sul a
bactéria é utilizada em 150.000 ha de milho e 12.000 ha de trigo e no
México é usada em 100.000 ha de milho, promovendo um ganho de
produtividade da ordem de 30%.
No Brasil, os trabalhos de pesquisa com a bactéria se
concentraram principalmente na Embrapa Agrobiologia, a partir
dos trabalhos iniciais da Dra. Johanna Dobereiner, como também
na Embrapa Soja e na Embrapa Cerrados. Embora ainda não comercializados no Brasil, os produtos desenvolvidos por indústrias,
em geral em cooperação com entidades de pesquisa, são em forma
de pó, com base em turfa, e na forma líquida, com protetores celulares que mantém a viabilidade das bactérias ao longo de vários
meses.
Atualmente, já existe um volume expressivo de dados que
permitem que se recomende, com grande margem de segurança, o
desenvolvimento de pesquisas tanto em relação à eficiência agro-
(A)
nômica como em relação à tecnologia de produção dos inoculantes
à base de Azospirillum para milho e trigo.
A Figura 2 ilustra os benefícios do uso de Azospirillum em
milho, em pesquisa realizada pela Embrapa no cerrado. Nota-se que
a bactéria promoveu acréscimo substancial na produtividade do
milho quando se aplicou a dose recomendada de N, de 100 kg ha-1,
resultando um aumento de 20% na produtividade.
Figura 2. Benefícios do uso de Azospirillum em milho.
Fonte: adaptada de Reis Júnior e outros (1998).
Trabalho realizado na Argentina ilustra o aumento significativo na altura da planta e no crescimento do sistema radicular de
milho inoculado com Azospirillum (Figura 3).
Considerando os inúmeros trabalhos existentes comprovando a eficácia da fixação de N pelo Azospirillum, é necessário
vencer os desafios que existem para o desenvolvimento da tecnologia, relacionados à genética, ao produto, à pesquisa agronômica
e ao consumidor, quais sejam:
• Fatores genéticos: seleção de estirpes mais competitivas
com as bactérias existentes no solo, com maior poder de fixação de
N, menos sensíveis a fatores do solo causadores de estresses e
com baixa taxa de mutação espontânea.
• Fatores relacionados ao produto: concentração e dose de
inoculantes, meio de cultura adequado, parâmetros de fermentação,
embalagem, tempo de prateleira, condições de armazenamento.
(B)
Não
inoculado
Inoculado
Inoculado
Não
inoculado
Figura 3. Efeito do Azospirillum braziliense no crescimento de raízes (A) e no desenvolvimento de plantas de milho (B).
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
5
• Fatores agronômicos: melhoramento do milho levando em
consideração a fixação biológica do nitrogênio; competitividade de
estirpes do inoculante em relação às estirpes do solo; uso de
inoculante em conjunto com outros produtos utilizados na semente; influência de outros nutrientes, em especial Mo e Co no processo de fixação; condições de solo que afetam o processo de fixação
de N; número ideal de bactérias por semente.
• Fatores relacionado ao agricultor: conhecimento e confiança na técnica; aplicação correta do produto.
Ainda não existe produto à base de Azospirillum registrado
no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA e,
para tal, são exigidos testes de eficiência agronômica, dentro do
protocolo da Rede de Laboratórios para Recomendação, Padronização e Difusão de Tecnologia de Inoculantes Microbianos de Interessa Agrícola–RELARE.
Mesmo com estes desafios, ainda vale a pena investigar a
tecnologia, pois:
• Existem fortes indicadores de sua viabilidade.
Tabela 3. Interpretação de teores de micronutrientes de acordo com o
extrator.
Teores
H2O quente
< 0,2
<4
< 1,2
< 0,5
0,3–0,8
5–12
1,3–5,0
0,6–1,2
> 0,60
> 0,8
> 12
> 5,0
>1,2
Alto
H2O quente
2
- - - - - - - - - - MEHLICH - - - - - - - - - -
Baixo
< 0,5
< 0,3
Médio
0,5–1,0
> 1,0
Alto
H2O quente
-
< 2,5
< 2,0
0,3–0,6
-
2,5–5,0
2,0–4,0
> 0,6
-
> 5,0
> 4,0
3
- - - - - - - - - - MEHLICH - - - - - - - - - -
Baixo
< 0,20
< 0,4
-
< 1,9
< 1,0
Médio
0,3 – 0,5
0,5–0,8
-
2,0–5,0
1,1–1,6
> 0,8
-
> 5,0
> 1,6
Alto
> 0,5
H2O quente
0,16–0,35
Médio
0,36–0,60
• Há apelo ecológico para o uso de produtos biológicos na
agricultura.
Bom
0,61–0,90
Alto
> 0,90
O uso racional de micronutrientes na cultura de milho depende do conhecimento dos teores dos elementos disponíveis no
solo, das condições físico-químicas que afetam a sua solubilidade
e do estado nutricional das plantas, avaliado pela análise foliar.
Para a interpretação adequada dos resultados da análise
química do solo é fundamental o uso de extratores eficientes. No
Brasil, ainda não existe uma padronização oficial para extratores de
micronutrientes e nem um consenso sobre os critérios para separação dos resultados em classes, ocorrendo, por isso, variações dos
teores dentro de uma mesma classe e extrator (Tabela 3). Dependendo da região, têm sido utilizados a água quente, para a determinação de boro, e o Mehlich ou duplo ácido e o DTPA, para a extração dos micronutrientes catiônicos.
- - - - - - - - - - - - DTPA1 - - - - - - - - - - -
< 0,20
Baixo
José Laércio Favarin, Tiago Tezotto, Carlos Francisco Ragassi,
ESALQ/USP; email: [email protected]
Zinco
0,20–0,60
• Há urgência na redução de custos de produção sem comprometimento da produtividade.
USO RACIONAL DE MICRONUTRIENTES NA
CULTURA DE MILHO –
Manganês
Médio
Muito baixo
Portanto, é necessário identificar e resolver os gargalos ainda existentes na pesquisa para desenvolver esta tecnologia altamente inovadora, que trará enormes benefícios financeiros e
ambientais para a agricultura brasileira e aumentará a competitividade
internacional do agronegócio brasileiro. No caminho atualmente
trilhado, com as pesquisas isoladas dentro de alguns núcleos de
pesquisa e de empresas, os resultados certamente serão alcançados, mas a longo prazo. O caminho para chegar mais rapidamente à
consolidação da tecnologia seria um programa nacional, englobando a pesquisa de milho e a pesquisa com Azospirillum como um
todo, ou seja, não “testar o Azospirillum em milho” mas sim
“pesquisar o milho com Azospirillum”.
Ferro
Baixo
• Existem exemplos de sucesso, como no caso da soja.
• Muitas empresas privadas estão desenvolvendo o produto, o que assegura que o Azospirillum chegará às
mãos do agricultor.
Cobre
- - - - - - - - - - - - - - (mg dm-3) - - - - - - - - - - - - - - - - - -
• O Brasil possui tradição em pesquisa nesta área.
6
Boro
< 0,15
- - - - - - - - - - MEHLICH4 - - - - - - - - - < 0,3
<8
<2
< 0,4
0,4–0,7
9–18
3–5
0,5–0,9
0,8–1,2
19–30
6–8
1,0–1,5
1,3–1,8
31–45
9–12
1,6–2,2
> 1,8
> 45
> 12
> 2,2
Fonte: 1 Raij et al. (1996); 2 Thung e Oliveira (1998); 3 Lopes (1999); 4 Ribeiro
et al. (1999).
A análise foliar é uma ferramenta auxiliar no diagnóstico do
estado nutricional do milho e serve como orientação para a adubação
da cultura no próximo ano agrícola. Porém, há dificuldade em encontrar boas correlações entre a concentração dos nutrientes no solo e
aquela determinada na planta. Para que a amostragem de tecido vegetal possa ser comparável e confiável, deve-se levar em consideração
a época de coleta da folha, o tipo de folha e o número mínimo de
folhas por gleba homogênea. Os teores de nutrientes nas folhas relacionam-se diretamente com o desenvolvimento da planta. Assim, as
tabelas para interpretação dos teores adequados de micronutrientes
devem ser utilizadas com muito critério (Tabela 4) devido à impossibilidade de se refazer as pesquisas a cada alteração que ocorre no
sistema de produção, considerando a interação solo-planta-clima.
As deficiências de micronutrientes são freqüentemente
corrigidas pela aplicação de fertilizantes no solo. Porém, a pequena
dose utilizada, de 1 a 10 kg ha-1, conforme o nutriente, prejudica a
uniformidade de distribuição, em se tratando de mistura de grânulos.
As principais fontes de micronutrientes são:
• Óxidos: são insolúveis em água, por isso devem ser aplicados na forma de pó, para aumentar a superfície específica de contato com o solo.
• Sulfatos, cloretos e nitratos: são solúveis água, por isso
indicados quando são necessários efeitos rápidos, na forma de grânulos, aplicados em sulcos ou via foliar.
• Oxissulfatos: têm solubilidade variável, dependendo da
quantidade de ácido sulfúrico utilizada na solubilização do óxido.
São comercializados sob a forma de pó ou granular, em geral são
fontes mais baratas por unidade de micronutriente, mas nem sempre
são eficientes para a aplicação no solo, pois dependem de que pelo
menos 30% do teor total seja solúvel em água.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
Tabela 4. Faixas de teores adequados de micronutrientes em folhas de
milho.
Boro
Cobre
Ferro
Manganês
Molibdênio
Zinco
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (mg kg-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1
10–25
6–20
30–250
20–200
0,1–0,2
2
15–20
6–20
50–250
50–150
0,15–0,2
15–50
10–25
4
4–20
6–20
6–20
30–250
20–250
20–200
20–150
0,1–0,2
0,2
15–100
20–70
3
Fonte: 1 Raij et al. (1996);
4
Ribeiro et al. (1999).
2
Malavolta et al. (1997);
3
15–100
Oliveira (2002);
Figura 4. Teores de cobre e manganês nos grãos de milho em função de
doses de nitrogênio na forma de sulfato de amônio.
• Quelatos: são muito solúveis, mas dissociam-se pouco em
água, por isso não são afetados pelo pH da solução do solo ou da
calda e podem ser misturados com fertilizantes fluidos sem risco de
reação com os nutrientes presentes. Tais produtos são até cinco
vezes mais eficientes por unidade de micronutrientes, entretanto,
muito mais caros, o que inviabiliza o seu uso.
• “Fritas”– FTE: por serem produtos de muito baixa solubilidade em água, são eficientes quando aplicados na forma de pó
fino, a lanço e, em particular, quando incorporados ao solo.
• Nanopartículas de óxidos: suspensão concentrada (flowable) de óxidos que proporciona economia na aplicação de nutrientes. Devido ao diminuto tamanho das partículas, os elementos
são absorvidos pelas folhas e, em função do pH da célula, os cátions
(Zn2+, Cu2+ e Mn2+) são liberados.
Os fatores abióticos que influenciam a fisiologia da raiz e,
por conseqüência, o crescimento das culturas podem ser classificados, quanto à sua natureza, em físicos e físico-hídricos (oxigenação,
temperatura, umidade, textura, densidade e porosidade). Assim, se
houver restrição física ao crescimento das raízes por compactação
do solo, por exemplo, a planta esgota rapidamente os nutrientes
presentes no espaço limitado à sua disposição, levando à deficiência nutricional. A falta de oxigênio no solo, causada por adensamento
ou por excesso de umidade, também afeta o crescimento radicular e,
por conseguinte, a absorção de nutrientes.
Impedimentos de ordem química, como pH alto e interação
entre íons (Tabela 5), interferem na disponibilidade e na absorção
de micronutrientes.
Tabela 5. Interações entre macro e micronutrientes1.
Nutriente
N
P
Ca
B
Cu
–
–
Mn
Mo
Zn
+
–
–
–
–
+/–
–
–
S
1
–
–
– = interação negativa, + = interação positiva.
Sistemas de produção que empregam altas doses de N necessitam de maior cuidado nas aplicações de micronutrientes. Pesquisa realizada por Ferreira et al. (2001) mostrou que houve maior
absorção de Cu e Mn, estimada pelo aumento linear na concentração foliar, com o aumento das doses de N (Figura 4). Este comportamento pode estar associado ao maior volume radicular proporcionado pelo N bem como à acidificação da rizosfera, provocada
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
Fonte: Ferreira et al. (2001).
pela nitrificação ou absorção do íon amônio. Este fato também explicaria a absorção de Zn, cujo teor foliar apresentou tendência
quadrática, com a máxima concentração na dose de 200 kg ha-1 de N.
Do exposto, pode-se afirmar que há uma interação entre adubação
nitrogenada e necessidade de Cu, Mn e Zn na cultura do milho.
A decomposição da matéria orgânica presente no solo desempenha papel crucial no ciclo de micronutrientes do solo, pela
variedade de compostos orgânicos formados, como ácido húmico e
ácido fúlvico, que complexam os cátions que seriam precipitados,
mantendo-os em solução.
As quantidades de micronutrientes requeridas pelas plantas de milho são muito pequenas. Entretanto, a deficiência ou excesso podem desorganizar os processos metabólicos, tais como
crescimento, fotossíntese e respiração. Em se tratando de adubação equilibrada e do uso racional de micronutrientes para altas produtividades de milho, é necessário conhecer suas principais funções no metabolismo da planta bem como as características e quantidades dos adubos a serem aplicados, as quais são descritas de
forma resumida a seguir:
• Zinco: ativador enzimático de diversos processos metabólicos, como o da produção do aminoácido triptofano, precursor do
AIA (ácido indol acético), responsável pelo crescimento de tecidos
vegetais. O milho é uma das plantas que mais responde à aplicação
de Zn no solo, proporcionando ganhos de matéria seca e de grãos. A
maioria das pesquisas apontam para a aplicação de Zn no solo,
entretanto, há resposta também para aplicação via foliar e no tratamento de sementes. Para aplicação no solo, preferir as fontes com, no
mínimo, 60% a 70% do teor total de zinco solúvel em água. Observase que quanto maior o teor de Zn solúvel no fertilizante, menor será
a dose necessária para obter a produção máxima. A Figura 5 mostra
que o aumento de 10% na solubilidade da fonte de zinco em água
elevou em 5% o ganho em matéria seca. De maneira geral, pode-se
adotar as seguintes doses: no solo – 4 a 6 kg ha-1; tratamento de
sementes – 0,8 a 1,0 kg ha-1; aplicação foliar – 600 a 800 g ha-1.
• Boro: participa de vários processos fisiológicos na planta,
como metabolismo de carboidratos, síntese de RNA e AIA, metabolismo dos compostos fenólicos, síntese da parede celular e integridade da membrana celular. É essencial para a germinação do grão de
pólen e formação do tubo polínico, por isso, espigas de plantas
deficientes em boro são tipicamente encurvadas, uma vez que a
uniformidade de seu crescimento está ligada à formação dos grãos
(Figura 6). Outro sintoma típico de deficiência de boro em milho é o
crescimento anormal da folha-bandeira, que permanece enrolada,
conhecido como “pendão sufocado” (Figura 7). Devido à mobilida-
7
Figura 5. Porcentagem de Zn solúvel na produção de matéria seca em três
doses do nutriente.
Fonte: Westfall et al. (1999).
(A)
(B)
(C)
Figura 6. Espigas de milho normal (A) e deficientes (B, C) em boro.
Fonte: original de Hasime Tokeshi, Fundação Mokiti Okada.
de do B no solo, recomenda-se o uso de fontes menos solúveis –
2,0 a 3,0 kg ha-1 a lanço – e, em casos extremos, de fontes mais
solúveis – 0,5 a 1,0 kg ha-1 B no sulco.
• Cobre: ativador enzimático de vital importância nos processos de fotossíntese, respiração, metabolismo de carboidratos, redução e fixação de N, metabolismo de proteínas e formação da parede
celular. A deficiência severa inibe a reprodução das plantas. Como o
milho não é uma planta que produz grande quantidade de proteínas
nos grãos, pode-se afirmar que somente em situação desfavorável
de cobre e em lavouras com elevado input de N poderia haver
resposta ao seu fornecimento. Neste caso, devido às interações
que ocorrem com o Cu no solo, fixação por óxidos de ferro e alumínio e formação de complexo estável com a matéria orgânica, o mesmo deve, preferencialmente, ser aplicado via foliar – 150 a 300 g ha-1.
• Manganês: atua como importante cofator para várias
enzimas-chave na síntese de metabólitos secundários associados
ao ciclo do ácido chiquímico, incluindo os aminoácidos aromáticos,
como triptofano, fenilalanina e tirosina. Os problemas de toxidez de
Mn nos solos brasileiros são mais comuns que os de deficiência,
por isso, o conhecimento da disponibilidade no solo tem importância fundamental para seu manejo. A tendência da aplicação superficial de calcário, como ocorre em plantio direto, tem provocado a
deficiência de Mn sobretudo nas culturas de soja e milho. A deficiência é comum em milho cultivado após soja sem aplicação de Mn. Se
necessário, recomenda-se fazer duas aplicações de 600 g ha-1, via
foliar.
• Molibdênio: interfere no crescimento, desenvolvimento e
produção de grãos, visto que é componente da enzima redutase do
nitrato, responsável pela redução de nitrato a nitrito e posteriormente
a amônia (NH3). Sua deficiência é observada em milho desenvolvido
em solos minerais com grande quantidade de óxidos hidratados
de ferro reativos e, portanto, com alta capacidade para adsorver
íons molibdato, como ocorre nos trópicos. Em geral, aplica-se 50
a 110 g ha-1 de Mo, via foliar, 15 a 30 dias após a emergência.
Inúmeros trabalhos de pesquisa evidenciam que o milho
responde às aplicações de micronutrientes, principalmente Zn, B,
Mn e Mo, embora haja probabilidade de obter resposta ao Cu em
áreas de plantio direto. Nestas áreas, com a possibilidade do cultivo de milho resistente ao glifosato, é imprescindível o uso freqüente de micronutrientes, como Mn, Cu, Fe e Zn, devido à forte natureza metal-quelante do herbicida, a qual diminui a absorção e translocação dos micronutrientes na planta. Como a natureza do problema está relacionada com as alterações provocadas no solo, por
parte do glifosato, haverá necessidade de aplicações foliares para
suprir a demanda por esses nutrientes.
USO RACIONAL DE FÕSFORO NA AGRICULTURA
COM ÊNFASE NA CULTURA DO MILHO
A
B
Figura 7. À esquerda, planta de milho deficiente em boro, mostrando o crescimento anormal e o enrolamento da folha bandeira; à direita, planta normal. No detalhe, folha deficiente (A) e folha normal (B).
Fonte: original de Hasime Tokeshi, Fundação Mokiti Okada.
8
Silvia Regina Stipp e Abdalla; Luís Ignácio Prochnow, IPNI Brasil,
email: [email protected]
O fósforo (P) é um macronutriente pouco exigido pelas culturas, quando comparado aos outros macronutrientes. Desempenha papel importante na transferência de energia da célula, na respiração e na fotossíntese. É também componente estrutural dos
ácidos nucléicos de genes e cromossomos, assim como de muitas
coenzimas, fosfoproteínas e fosfolipídeos. Promove o crescimento
inicial e o desenvolvimento da raiz, aumenta a resistência da planta
ao frio, melhora a qualidade da colheita e ajuda a suprimir doenças
das plantas, geralmente diminuindo seu efeito prejudicial.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
Os solos brasileiros são, em sua grande maioria, originalmente deficientes em P e a recuperação do elemento pelas plantas
normalmente é pequena. A quantidade média de P no solo é de
cerca de 400 kg ha-1 e, embora as quantidades requeridas pelas
culturas sejam muito menores, como 45 kg ha-1 de P para o milho, as
doses aplicadas são de cerca de 100 kg ha-1 de P2O5. Em geral, esse
paradoxo é explicado quando se analisa os mecanismos que governam as transformações de P no solo, que incluem reações de
adsorção e precipitação (Figura 8), dinâmica esta bem distinta da
observada para N e K.
No solo, o P encontra-se associado à matéria orgânica ou
fazendo parte de composto inorgânicos.
A fração inorgânica do P no solo encontra-se presente em
duas fases, sólida e líquida, as quais estão em equilíbrio entre si.
Desta forma, o P solúvel adicionado aos solos como fertilizante
tende a passar rapidamente para formas menos solúveis, com conseqüente redução da disponibilidade às plantas, ficando precipitado ou adsorvido. Para que a absorção pelas plantas seja contínua,
o P deve liberar-se da fase sólida e movimentar-se, por difusão, até
a superfície das raízes. E esta movimentação depende não somente
dos teores de P em solução (P-solução), como também do poder
tampão do P-lábil e da umidade do solo.
Outro fator de grande influência sobre os mecanismos de
fixação de fosfatos é o pH do solo. A elevação do pH promove
diminuição na retenção de P devido à liberação de hidroxilas que
competem com os íons fosfatos pelos sítios de adsorção.
Observa-se também que a presença de cátions como Fe3+,
Al3+ e Ca2+ favorece a retenção de P nos solos, pois esses cátios
reagem com os fosfatos, formando compostos de baixa solubilidade, como fosfatos de ferro, de alumínio e de cálcio, que se precipitam na solução.
A intensidade das reações de retenção do P “solúvel” é
proporcional ao volume de solo com o qual o fertilizante reage;
assim, características dos solos e dos fertilizantes que propiciem
maior contato entre os fosfatos e o solo favorecem a fixação de P.
Figura 8. Formas de fósforo no sistema solo-planta.
Fonte: NOVAES e SMYTH (1999).
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
Solos mais argilosos, com argilas do tipo 1:1, retém mais P, comparadas às argilas 2:1, o que provavelmente se deve à maior quantidade de óxidos de Fe e Al associadas a elas. As formas de óxidos de
ferro e alumínio de baixa cristalinidade apresentam maior área superficial específica, o que determina sua maior reatividade química
com os fosfatos.
É importante lembrar que os produtos das reações dos fertilizantes com o solo permanecem por muito tempo na forma lábil,
podendo retornar para a solução por dissolução ou dessorção.
Porém, com o tempo, parte do P-lábil é convertido em formas mais
estáveis de difícil solubilização, tornando o elemento não disponível ou dificilmente disponível.
Como conseqüência destes fatos, observa-se que há grande diminuição da concentração de P na solução do solo para as
plantas, embora exista muito P no solo, mas em forma indisponível.
Em termos mundiais, mais de 99% dos fertilizantes fosfatados
são produzidos a partir de reservas de rochas fosfáticas e apenas
uma quantidade muito pequena é fornecida na forma de escórias
básicas, um subproduto da indústria de aço. Uma das preocupações em relação aos recursos mundiais de rochas fosfáticas referese à possível longevidade de exploração das jazidas para fazer face
à crescente demanda desse recurso natural.
O Brasil participou com 4,0% na produção mundial de
fosfato em 2006, cerca de 5,8 milhões de toneladas, ocupando a
7ª colocação.
As culturas que mais consumiram fertilizantes fosfatados
no Brasil, em 2006, foram: soja, com 7,1 milhões de toneladas (34%);
milho, com 3,7 milhões de toneladas (17%) e cana-de-açúcar, com
3,1 milhões de toneladas (15%).
A análise química do solo constitui-se no marco inicial de
um bom programa de manejo químico do solo, pois ela mostra se o
ele poderá prover as exigências da planta de forma a se obter produtividades economicamente viáveis diante dos investimentos realizados e possibilita as definições das doses de calcário, gesso agrícola e fertilizantes.
A maior parte dos métodos de análise de solo, inclusive os
usados no Brasil, avalia o fator quantidade, mas há
dificuldade em isolar o fosfato lábil do fosfato nãolábil, ou mesmo de resíduos de adubos não dissolvidos no solo, quando são empregados extratores que
têm ação específica sobre determinadas formas de P
no solo.
No Brasil, há dois métodos utilizados amplamente para a diagnose de P no solo: o Mehlich 1, o
mais antigo, e o da resina trocadora de íons, o mais
recente. Outros métodos são utilizados em menor
escala.
Para se chegar a uma recomendação adequada
de fósforo para uma determinada região, os resultados da análise de solo são divididos em classes de
teores, sendo seus limites determinados em estudos
de correlação, de calibração e de curva de resposta à
aplicação de P. Assim, existem diversas tabelas para
interpretação dos teores de P no solo para diversas
regiões, diversas culturas, algumas considerando o
teor de argila, outras o teor de fósforo remanescente.
A Tabela 6 apresenta os limites de teores mais comumente utilizados nas interpretações dos teores de P
do solo no estado de São Paulo, com o uso da resina
trocadora de íons.
9
Tabela 6. Limites de interpretação de teores de fósforo do solo.
P resina
Teor
Produção relativa
(%)
Muito baixo
Florestais
Perenes
Anuais
Hortaliças
-3
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (mg dm ) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
0-70
0-2
0-5
0-6
0-10
Baixo
71-90
3-5
6-12
7-15
11-25
Médio
91-100
6-8
13-30
16-40
26-60
Alto
> 100
9-16
31-60
41-80
61-120
Muito alto
> 100
> 16
> 60
> 80
> 120
Fonte: RAIJ et al. (1996).
Embora a análise de solo seja a base sobre a qual a recomendação de P é elaborada, fornecendo uma medida de P no reservatório do solo que normalmente está disponível para o crescimento vegetal, ela deve ser coordenada com outras práticas importantes de manejo, como a avaliação do estado nutricional utilizando a diagnose foliar. As exigências nutricionais mudam com a
fase de desenvolvimento da planta e com o nível de produção, e
esta variação deve ser considerada para a definição da época
correta de amostragem da planta. Recomenda-se a amostragem por
ocasião do aparecimento da inflorescência feminina (embonecamento), de folha abaixo e oposta à espiga (30 folhas por área
uniforme de 1-50 hectares).
A interpretação dos dados da análise foliar deve estar relacionada com padrões locais que permitam comparações. Para a
cultura do milho, essas referências podem ser fornecidas pelo
nível crítico do nutriente na folha ou pelo Sistema Integrado de
Diagnose e Recomendação (DRIS). Embora possam ocorrer variações em função da fertilidade do solo, da cultivar e, principalmente, da época de amostragem, a faixa de suficiência para a concentração de P nas folhas de milho é de 0,25 a 0,35 dag kg-1 de matéria
seca (Figura 9).
em água, em citrato neutro de amônio (CNA) e em ácido cítrico (AC)
a 2%, e são divididos em:
a) Fosfatos totalmente acidulados: ácido fosfórico, superfosfato simples (SSP), superfosfato triplo (TSP), fosfato monoamônico (MAP) e fosfato diamônico (DAP). Além desses produtos,
denominados tradicionais, outras opções de fosfatos totalmente
acidulados são importantes em regiões e situações específicas,
como: ortofosfatos de potássio, polifosfatos de amônio, nitrofosfatos e polifosfatos de amônio-uréia.
b) Fosfatos naturais: Patos de Minas, Catalão, Abaeté, Alvorada, Tapira, Gafsa, entre outros.
c) Termofosfatos e fosfatos alternativos.
Normalmente, utiliza-se água para avaliar o P prontamente
disponível, o CNA + água para os fosfatos totalmente acidulados e
o AC para os fosfatos naturais e os termosfatos.
A melhor alternativa na escolha da fonte de P deve associar
boa eficiência em suprir as necessidades das plantas e menor custo
do fertilizante.
A eficiência agronômica de fosfatos pode ser avaliada por
intermédio de diversos índices, dentre os quais se destacam a solubilidade nos extratores descritos, o índice de eficiência agronômica
(IEA) e o equivalente em superfosfato triplo (EqST), cuja eficiência
agronômica é aferida por meio de índices estabelecidos pela comparação com um fosfato padrão (Tabela 7).
Tabela 7. Índices de eficiência comparativa média, tendo o superfosfato
triplo como fonte de referência (EqST), na cultura do milho, nas
doses de 100 e 200 kg ha-1 de P2O5 (P resina = 5 mg dm-3).
EqST (%)
Fontes de fósforo
Superfosfato triplo
Termofosfato magnesiano
Fosfato de Gafsa granulado
Fosfato de Patos de Minas
Primeiro ano
Segundo ano
100
106
58
1
100
103
92
6
Fonte: COUTINHO et al. (1991).
Figura 9. Relação entre a produção relativa de grãos e a concentração de
fósforo na folha de milho.
Fonte: Modificada de COELHO (2000).
Nos adubos fosfatados, o P pode estar em diferentes formas, ou seja, prontamente disponível, medianamente disponível ou
indisponível. Os principais tipos de adubos fosfatados disponíveis
no mercado são classificados principalmente quanto à solubilidade
10
Resultados de inúmeros trabalhos que estudaram a eficiência dos fertilizantes fosfatados mostram que, nas condições
agrícolas usuais, as formas de P solúveis em água – fosfato monocálcico e fosfatos de amônio – são, em geral, bastante eficientes. Algumas formas insolúveis em água podem apresentar também boa eficiência: fosfato bicálcico e silíco-fosfato de cálcio e
magnésio. Com eficiência geralmente baixa encontram-se o fosfato
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
tricálcico e os fosfatos de ferro e alumínio, também insolúveis em
água mas estes últimos, em certas situações particulares, podem
se comportar eficientemente. Quanto ao grupo das apatitas, as
presentes nas rochas sedimentares são, normalmente, mais eficientes do que as encontradas nas rochas metamórficas e ígneas;
por isso, os fosfatos naturais de rochas sedimentares são conhecidos como reativos.
Os fatores que afetam a eficiência da adubação fosfatada
são muito numerosos e estão relacionados às reação do fósforo no
sistema adubo-solo-planta. Assim, a eficiência agronômica inclui
os processos de absorção do fósforo da solução do solo após a
adição do adubo, sua translocação na planta (incorporação) e respectiva transformação em biomassa vegetal. Nessa condição, estão
envolvidos os fatores relacionados a:
• Fertilizante: tipo, composição, solubilidade, granulometria,
efeito residual e outros;
• Solo: químicos – salinidade, acidez, disponibilidade e toxidez
de nutrientes/elementos, capacidade de fixação de nutrientes,
lixiviação e perdas gasosas e outros – e físicos – textura, camadas
compactadas, selamento e encrostamento superficiais, condutividade hidráulica, capacidade de retenção de água, alagamento e
outros;
• Modificações na rizosfera – mudanças de pH, concentração de íons, potencial redox, atividade microbiana, presença de
micorrizas e densidade e umidade do solo – provocadas pelas próprias raízes, que envolvem absorção seletiva de íons e de água e
liberação de exudatos;
• Manejo do solo – doses de P e de outros nutrientes, forma
de aplicação, efeito residual – e manejo de culturas – seqüência/
rotação;
• Planta: fisiológicos, morfológicos e bioquímicos;
• Ambiente: luminosidade, radiação, temperatura, umidade e
outros.
Uma outra alternativa seria a adubação anual (suco de plantio) com a correção ao longo dos anos, monitorada através da análise de solo.
Existem várias tabelas para a definição das doses de P a aplicar, tanto para adubação de manutenção quanto para adubação corretiva, as quais variam de acordo com a região do país. A Tabela 8
apresenta a adubação mineral de plantio para a cultura de milho
(grãos e silagem) para o Estado de São Paulo, de acordo com a
análise de solo e a produtividade esperada. Além da adubação NPK,
recomenda-se aplicar 20 kg ha-1 de S para metas de produtividade
de até 6 t ha-1 de grãos e 40 kg ha-1 de S para produtividades maiores. Utilizar também 4 kg ha-1 de Zn em solos com teores de Zn
(DTPA) inferiores a 0,6 mg dm-3 e 2 kg ha-1 de Zn quando os teores
estiverem entre 0,6 e 1,2 mg dm-3. Os adubos devem ser aplicados
no sulco de plantio, 5 cm ao lado e abaixo das sementes.
Assim, em função do teor de P no solo, da cultura, da produtividade almejada, da tabela de adubação e de estudos regionais,
chega-se à dose de P2O5 a aplicar. E com a dose e a porcentagem de
P2O5 no fertilizante define-se a quantidade de adubo a ser utilizada.
Finalmente, deve-se considerar que, para aumentar a eficiência da adubação fosfatada, é necessário adotar um sistema de
produção diversificado, proporcionado pela rotação de culturas e
pelo plantio direto, os quais resultam em maior reciclagem de nutrientes, menor incidência de pragas e doenças e maior proteção
ambiental (Figura 10).
As diferentes estratégias de manejo do solo quanto à nutrição de plantas com P envolvem:
a) Aplicações anuais ou de manutenção, com o objetivo de
nutrir as plantas no ano específico, com quantidades da ordem de
kg ha-1 de P2O5;
b) Aplicação corretiva, com o objetivo de corrigir e elevar o
teor de P no solo, com quantidades da ordem de t ha-1 de P2O5
(custo mais elevado).
Figura 10. Algumas das práticas de manejo que aumentam a eficiência da
adubação.
Tabela 8. Adubação mineral de plantio para milho de acordo com a análise de solo e a produtividade esperada.
P resina (mg dm-3)
K+ trocável (mmolc dm-3)
Produtividade
esperada
N
(t ha-1)
(kg ha-1)
2-4
10
60
40
30
20
50
40
30
0
4-6
20
80
60
40
30
50
50
40
20
6-8
20
90
70
50
30
50
50
50
30
8-10
30
(1)
90
60
40
50
50
50
4
10-12
30
(1)
100
70
50
50
50
50
50
0-6
7-15
16-40
> 40
- - - - - - - - - - - P2O5 (kg ha-1) - - - - - - - - - - -
0-0,7
0,8-1,5
1,6-3,0
> 3,0
- - - - - - - - - - - K2O (kg ha-1)(2) - - - - - - - - - - -
(1)
É improvável a obtenção de alta produtividade de milho em solos com teores muito baixos de P, independentemente da dose de adubo empregada.
Para evitar excesso de sais, no sulco de plantio, a adubação potássica para doses maiores que 50 kg ha-1 de K2O está parcelada, prevendo-se a aplicação
em cobertura.
(2)
Fonte: RAIJ et al. (1996).
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
11
No plantio direto, a manutenção dos resíduos e seu acúmulo
no solo provocam uma redistribuição do fósforo em formas orgânicas mais ou menos estáveis (Po), com relevante papel da biomassa
microbiana na disponibilidade de P à plantas. O não revolvimento
diminui a superfície de contato entre os íons fosfato e as partículas do solo, diminuindo a ação dos mecanismos de fixação pelos
constituintes minerais do solo. As alterações na disposição das
partículas e a manutenção da umidade no solo favorecem o mecanismo de difusão do nutriente até a superfície das raízes. Além
disso, os ânions orgânicos produzidos durante a oxidação bioquímica e microbiológica dos resíduos competem com os íons
fosfato pelos sítios de ligação na superfície dos sesquióxidos de
Fe e Al, diminuindo a fixação de fósforo. Resultados de experimentos demonstram que, dos macronutrientes, o fósforo é o elemento que apresenta os maiores acréscimos na camada de 0-5 cm,
com relatos da ordem de 4 a 7 vezes o seu conteúdo no plantio
direto em relação ao preparo convencional. Outro fato importante
a salientar é o aumento da porcentagem de P-orgânico em relação
ao P-total na subsuperfície dos solos sob longo período em plantio direto, com a redistribuição de formas orgânicas de P após a
decomposição do sistema radicular das culturas, onde normalmente o fósforo inorgânico tem a sua disponibilidade muito reduzida.
Resumindo, as sugestões gerais para o manejo adequado
do fósforo incluem os seguintes itens:
• Avaliação e monitoramento constante da fertilidade do solo.
• Observação cuidadosa do mercado – preço do fertilizante.
• Práticas específicas de manejo do fertilizante fosfatado.
• Aplicação das melhores práticas de manejo de fertilizantes
(MPMFs), considerando o produto certo, aplicado no local correto
e na dose e época adequadas.
• Diversificação dos sistemas de cultivo.
FONTES ALTERNATIVAS DE NITROGÊNIO PARA
A CULTURA DO MILHO –
Heitor Cantarella; Rafael Marcelino; Instituto Agronômico, Campinas, SP; email: [email protected]
O N e o K são os elementos absorvidos em maiores quantidades pela cultura do milho. Porém, o manejo da adubação
nitrogenada exige mais cuidados devido às inúmeras reações e ao
complexo ciclo desse nutriente no solo, aliado ao fato de ser, geralmente, o elemento mais caro no sistema de produção da cultura.
Em solos bem arejados predomina o N na forma nítrica
(NO3-). O N amoniacal, tanto o proveniente da mineralização da
matéria orgânica do solo quanto o de fertilizantes amídicos ou
amoniacais, é convertido a nitrato por microrganismos do solo.
Esse processo, conhecido como nitrificação, é favorecido por condições aeróbias, altas temperaturas e pH próximo da neutralidade,
entre outros fatores.
Os fertilizantes nitrogenados, quando utilizados em quantidades excessivas ou em situações desfavoráveis, podem ser perdidos e, eventualmente, converterem-se em poluentes ambientais. As
perdas ocorrem por:
• Lixiviação: A predominância de cargas negativas na camada superficial do solo e a baixa interação química do NO3- com os
minerais do solo fazem com que esse ânion esteja sujeito a perdas
por lixiviação, acompanhando o movimento descendente da água
que percola no perfil do solo.
12
• Desnitrificação: em diferentes etapas das inúmeras reações do N no solo ocorrem perdas gasosas – N2 e N2O – em condições anaeróbias totais (solos inundados) ou parciais (sítios anaeróbios em um solo predominantemente aeróbio).
• Volatilização da amônia (NH3): o íon amônio (NH4+) predomina em condições de pH ácido e a forma gasosa, NH3, em
condições de pH alcalino. Portanto, esse tipo de perda não é importante nos solos ácidos do Brasil, exceto quando se usa uréia. A
reação de hidrólise desse fertilizante na superfície dos solos gera
NH3 e CO2, independentemente do pH do solo. As perdas, que
podem chegar a 60%, dependem das condições ambientais (umidade, características do solo) e são maiores em sistemas manejados
com resíduos na superfície do solo, principalmente em sistema plantio direto, pois a atividade da urease é maior em plantas e resíduos
vegetais do que em solo.
• Imobilização no solo: o N pode se tornar temporariamente
indisponível para as plantas por meio de reações de imobilização
em formas orgânicas do solo, promovidas por microrganismos, quando a relação C/N do meio for elevada, como ocorre em áreas com
aporte de grandes quantidades de palha.
Tanto as condições favoráveis à nitrificação quanto à
lixiviação de NO3- estão presentes na maioria dos solos brasileiros durante o período de cultivo do milho de primavera-verão.
No Brasil, existem relativamente poucos trabalhos em que perdas de NO3- por lixiviação tenham sido avaliadas em sistemas
agrícolas. Para milho, de modo geral, as perdas relatadas são
baixas, e as explicações mais prováveis são o uso de doses de N
relativamente baixas, a textura argilosa da maioria dos locais, o
parcelamento da adubação nitrogenada, na qual a maior parte do
N é aplicada no período de ativa absorção de N pelas plantas, e
a imobilização pela microbiota do solo, que também colabora
para reduzir esse tipo de perda. A lixiviação pode ser problema
em áreas de cultivo intensivo, onde se aplicam altas doses de N,
em áreas com cultivo de hortaliças, em solos arenosos e em condições de chuvas intensas.
Com tantas reações que dificultam ou impedem a absorção
do N pelas plantas, a eficiência de uso do N fertilizante pelas culturas varia de 40 a 60%, como mostram os dados de dezenas de experimentos.
A maior parte dos fertilizantes nitrogenados comumente utilizados na agricultura brasileira para a cultura do milho é solúvel em
água (uréia, sulfato de amônio, nitrato de amônio) e libera rapidamente no solo as formas de N prontamente assimiláveis pelas plantas – nitrato (NO3-) e amônio (NH4+) – que também são as formas de
N mais suscetíveis a perdas do sistema agrícola.
A estratégia mais comum para minimizar as perdas é adequar
a aplicação do fertilizante nitrogenado às necessidades da cultura,
levando em conta as características do produto usado. Em relação
à lixiviação, recomenda-se o parcelamento da adubação de forma
que o N seja fornecido nos períodos que antecedem a maior demanda e quando as plantas já tenham um sistema radicular desenvolvido o suficiente para absorver o nutriente. Para evitar as perdas por
volatilização de NH3, o meio mais eficiente é incorporar o fertilizante
ao solo, a uma profundidade mínima de 3 a 5 cm, por meio mecânico
ou irrigação.
Outras alternativas para aumentar a eficiência de uso do N
pelas culturas estão relacionadas ao uso de fertilizantes com maior
eficiência (enhanced-efficiency fertilizers), que podem ser classificados em fertilizantes de liberação lenta ou controlada e fertilizantes estabilizados, que são descritos a seguir:
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
1) Fertilizantes de liberação lenta ou controlada, com baixa
solubilidade em relação a uma fonte solúvel de referência. São classificados basicamente em dois grupos:
• Compostos de condensação de uréia e uréia-aldeídos:
ureaformaldeído (38% de N), isobutilidene diuréia (IBDU,
31% de N), crotonilidene diuréia (CDU, 32% de N), e
• Produtos encapsulados ou recobertos, ou de liberação
controlada: uréia recoberta com enxofre (SCU) e uréia recoberta com polímeros (Osmocote, Meister, Nutricote e outros).
2) Fertilizantes estabilizados, que contêm aditivos para aumentar o tempo de disponibilidade no solo:
• Inibidores de nitrificação: nitrapirina [2-cloro-6-(triclorometil) piridina] (NP), dicianodiamida (DCD), DMPP (fosfato
de 3,4 dimetil pirazole) e outros.
• Inibidores de urease: fenil-fosforodiamidato (PPD) e tiofosfato de N-n-butiltriamida (NBPT) são os compostos de
maior sucesso até o momento, entre milhares de misturas.
De forma geral, os fertilizantes estabilizados possuem maior
importância no mercado de fertilizantes usados na cultura do milho
do que os de liberação lenta ou controlada, devido ao alto custo de
produção destes últimos (três a dez vezes maior, comparado ao dos
fertilizantes convencionais), que restringe seu uso a nichos de mercado de alto valor agregado, tais como viveiros de mudas, campos
e jardinagem. Porém, há grande esforço da indústria mundial de
fertilizantes para desenvolver produtos desta família com preço competitivo.
O efeito positivo da adição de inibidores de nitrificação
depende da ocorrência de condições que levem a perdas por
lixiviação com o uso de fontes ou métodos convencionais de aplicação de fertilizantes. Não parecem ser substitutos para bom manejo, mas oferecem flexibilidade para alternativas de manejo (antecipação de aplicação, redução de parcelamentos). Os resultados favoráveis observados na Europa não foram reproduzidos no
Brasil.
O uso de nitrapirina (NP) tem se restringido aos Estados
Unidos, sendo utilizado primordialmente para fertilizantes
nitrogenados amoniacais, tais como amônia anidra, uréia, sulfato
de amônio, uran, nitrato de amônio e estercos animais. Sua taxa de
aplicação é relativamente baixa, variando de 0,4 a 1,4 kg ha-1 do
ingrediente ativo e seu efeito inibidor se manifesta geralmente por
seis a oito semanas. Uma desvantagem da NP é a sua pressão de
vapor relativamente alta, com tendência à volatilização, o que tem
levado o fabricante a recomendar a incorporação do produto ao
solo logo após a aplicação.
A DCD apresenta poder de inibição relativamente menor
que o da NP, sendo necessária a aplicação de doses maiores para se
obter boas taxas de inibição. Tem a vantagem de ser também um
fertilizante nitrogenado de liberação lenta, solúvel em água, pouco
volátil, podendo ser armazenada indefinidamente em condições
secas. Essas características a tornam apta para ser utilizada junto a
fertilizantes amoniacais sólidos, tais como uréia e sulfato de amônio,
e fluidos, como uran.
Vários experimentos conduzidos nos Estados Unidos
comparando o uso de DCD e de NP em relação ao adubo nitrogenado mostraram que as maiores respostas ao uso de inibidores de
nitrificação podem ser obtidas em solos arenosos. Geralmente, a
eficiência de DCD na inibição da nitrificação foi superior à da NP
quando se usou uréia e uran (Tabela 9).
O DMPP é um inibidor de nitrificação desenvolvido recentemente, compatível fisicamente com fertilizantes granulados, sendo
bastante eficiente para inibir a nitrificação, mesmo quando aplicado
em doses baixas. Geralmente é recomendado na dose de 1% em
relação à quantidade de N-NH4+ ou N-amida dos fertilizantes. Além
disso, ele tem baixa toxidez e é bem tolerado pelas plantas. Na Europa,
a adição de DMPP à adubação nitrogenada na cultura de milho
proporcionou incremento de produção de grãos, sem prejuízo às
demais variáveis analisadas (Tabela 10).
Entre as opções de fertilizantes estabilizados não convencionais para culturas extensivas, os contendo inibidores de urease
têm sido os de maior expressão comercial, inclusive no Brasil. Os
inibidores de urease representam uma opção de manejo na cultura
do milho que pode ser revertida em incrementos de produção,
especialmente em áreas onde a cultura é conduzida no sistema de
plantio direto e se realizam adubações com uréia em superfície,
condições favoráveis para a ocorrência de perdas de N por volatilização de amônia.
O PPD mostrou resultados inconsistentes em testes de
campo, além de se decompor rapidamente no solo, conduzindo à
perda da capacidade inibidora em intervalos relativamente curtos.
Já o NBPT vem mostrando os melhores resultados entre os
inibidores de urease, sendo eficiente em baixas concentrações
(cerca de 500 a 1.000 mg NBPT por kg de uréia). Além disso, sua
aplicação não tem mostrado efeito sobre as propriedades bio-
Tabela 9. Eficiência relativa de dicianodiamida (DCD) e nitrapirina (NP) em estudo com várias aplicações e fontes de nitrogênio na produção de milho
em solos arenosos nos Estados Unidos1.
Época e forma de aplicação
Número de
comparações
Fonte de N
DCD
Número de resposta
significativas favoráveis2
NP
DCD
NP
Porcentagem média dos
incrementos relativos
DCD
NP
Outono
Uréia
6
-
3
-
4,9
-
Pré-plantio/primavera
Uréia
20
20
9
10
27,1
16,1
11,4
Pré-plantio/primavera
Uran
6
6
4
2
28,9
Pré-plantio/primavera
Amônia anidra
12
6
8
3
20,6
8,2
Cobertura/parcelado
Uréia
15
15
4
5
5,1
4,1
Cobertura/parcelado
Uran
6
6
2
2
1,5
1,0
1
2
Dados referentes às doses de N ideais ou próximas disso, para cada um dos experimentos nos 13 anos de estudo.
Significativo ao nível de 90% de probabilidade.
Fonte: Adaptada de Malzer et al. (1989).
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
13
Tabela 10. Efeito da aplicação de adubo nitrogenado com DMPP nos componentes de produção de milho1. Resultados médios de 14 ensaios, 140 kg ha-1 N.
Fertilizante
Dose de N
Produção de grãos
kg grãos kg-1 N
Proteína bruta
N removido - Grãos
(kg ha-1)
(t ha-1)
(kg ha-1)
(%)
(kg ha-1)
Controle
-
6,69 a
-
8,4 a
76,4 a
SNA2
-
9,10 b
17,21
9,6 b
116,8 b
140
9,34 c
18,93
9,4 b
118,0 b
SNA + DMPP3
1
Valores na mesma coluna seguidos da mesma letra não diferem estatisticamente (Duncan, 5%).
SNA: sulfonitrato de amônio (18,5% N-NH4+ e 7,5% N-NO3-), aplicado no plantio.
3
Dose de DMPP: 1% N-NH4+ do fertilizante.
2
Fonte: Pasda et al. (2001).
lógicas do solo, o que contribuiu para tornar seu uso viável.
Estudos desenvolvidos no Brasil e no exterior mostram que o
NBPT não é capaz de controlar completamente as perdas de NH3
que acontecem quando a uréia é aplicada na superfície de solos,
tendo em vista que sua ação depende de condições ambientais e
das características físico-químicas do solo. Sua estabilidade é de
3 a 15 dias, dependendo da temperatura e da umidade do solo. A
ocorrência de chuvas suficientes para incorporar a uréia ao solo
em um intervalo de 3 a 7 dias após a adubação é a condição que
mais favorece a eficiência do NBPT em reduzir as perdas por
volatilização de NH3. Porém, mesmo na ausência de chuvas, alguma
redução na volatilização tem sido observada.
No Brasil, perdas de N por volatilização de NH3 foram
avaliadas nos últimos anos em mais de uma dezena de ensaios de
campo, comparando a uréia tradicional com a uréia tratada com
1.050 mg ou 530 mg de NBPT por kg de uréia, com os fertilizantes
aplicados na superfície sem incorporação e em solo coberto com
palha (SPD para milho) ou restos de plantas (pastagens). As perdas
de N por volatilização nas parcelas adubadas com uréia variaram de
18% a 65% do N aplicado, ao passo que essas perdas foram
reduzidas em média em 60% quando a uréia foi tratada com NBPT
(Tabela 11), dependendo da temperatura e da umidade inicial do
solo e do período e intensidade das chuvas que aconteceram nos
dias subseqüentes à adubação. No ensaio de milho em Ribeirão
Preto, chuvas intensas no quarto dia (42 mm) contribuíram para
reduzir as perdas de NH3 do tratamento com NBPT, mas, para a uréia
não tratada, a volatilização nesse intervalo já havia sido apreciável.
Tabela 11. Perdas de N por volatilização de NH3 medidas em ensaios de
campo conduzidos no Brasil.
Local
Volatilização de NH3 (percentagem de
redução comparado à uréia)
Uréia
Uréia-NBPT
- - - - - - - (% do N aplicado) - - - - - - Milho em Mococa
Milho em Ribeirão Preto
Milho em Mococa
Milho em Pindorama
45
37
64
48
24 (47)
5 (85)
22 (65)
34 (29)
Pastagem 1
Pastagem 2
Pastagem 3
Pastagem 4
18
51
18
18
6 (69)
22 (56)
3 (83)
2 (89)
Média
37
15 (60)
14
Em Mococa, não houve chuva por 14 dias depois da adubação e,
mesmo nas parcelas que receberam uréia com o inibidor, as perdas
atingiram 22% do N aplicado.
É pouco provável que a uréia venha a ser substituída por
outro fertilizante a curto prazo, se é que o será no futuro. Assim, o
NBPT, embora venha apresentando eficiência apenas relativa para
reduzir o principal problema associado ao emprego da uréia, é uma
alternativa para quando a incorporação da uréia, por meio mecânico
ou com irrigação, não for viável.
MERCADO DE FERTILIZANTES: PRESENTE E FUTURO
Eduardo Daher – ANDA, São Paulo, SP, email: [email protected]
Sob o ponto de vista de mercado, o fertilizante é um produto
homogêneo, complementar, é bem de compra comparada e apresenta sazonalidade e riscos, advindos do clima e do crédito rural. Por
isso, o produto está sujeito à disputa de preços e à baixa fidelidade
do consumidor à marca comercial e a sua compra passou a ser feita
com antecipação.
O mercado de fertilizantes é livre e competitivo e a venda
sofre influência da múltipla segmentação do mercado, ou seja, independente do aspecto agronômico, a venda é ditada por segmentos
relacionados a cultura, região, grau de tecnologia, área, etnia e outros.
É produto de mercado que exige globalização, sendo oligopolizado em alguns segmentos (por exemplo, KCl), comoditizado
em algumas situações (por exemplo, DAP) e não apresenta inovação tecnológica marcante.
O consumo global de fertilizantes aumentou como resultado, principalmente, da expansão da demanda nos países emergentes,
como China e Índia. Inicialmente, grande parte do aumento da produção de fertilizantes destinava-se a grãos da dieta básica, como
trigo e arroz. No entanto, recentemente, o crescimento econômico
mundial e o conseqüente aumento na renda das famílias, juntamente com a produção acelerada de biocombustíveis, como o etanol
feito com milho, impôs uma nova pressão sobre as reservas de
grãos. Esses fatores geraram uma demanda crescente por fertilizantes e preços mais altos por estes produtos. Nos Estados Unidos, a
maior demanda por fertilizantes foi impulsionada pela maior produção de milho em detrimento da soja, e o milho consome duas vezes
mais fertilizantes que a soja. Outros fatores de influência foram:
reduções da capacidade de produção em países exportadores e a
expressiva alta nos fretes oceânicos.
O movimento de alta de preços dos fertilizantes no Brasil
reflete o panorama do mercado internacional, provocando escassez
do produto no país. A demanda crescente por alimentos e biocombustíveis estimulou o aumento do plantio em todas as regiões e,
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
como conseqüência, fornecedores de fertilizantes do mundo não
conseguiram acompanhar o ritmo de crescimento da demanda por
adubos.
O consumo de fertilizantes no Brasil representa menos de
6% do total mundial, ocupando o quarto lugar no ranking do mercado internacional, depois da China, Índia e Estados Unidos. Diferente do Brasil, na China e na Índia os fertilizantes são subsidiados,
a logística é privilegiada e a segurança alimentar é definida como
segurança nacional.
No Brasil, as importações representam 74% do suprimento
de fertilizantes (Figura 11), ou seja, o país encontra-se altamente
dependente do mercado internacional e, em função disso, a indústria nacional adota preços comparáveis ao do mercado internacional (price taker). Assim, caso não haja expansão na capacidade de
produção agrícola, a necessidade por importações tenderá a aumentar (Figura 12).
Nota: “Produção de fósforo” inclui produção com matérias-primas internacionais.
Figura 11. Consumo brasileiro de nitrogênio, fósforo e potássio e quantidades supridas por produção nacional e por importação em
2007, em milhões de toneladas (Mt).
Fonte: ANDA, SIACESP.
Figura 13. Entregas de produtos e nutrientes ao consumidor final. Dados
de 2008 correspondem ao primeiro trimestre.
Fonte: ANDA, SIACESP.
Para melhorar este cenário e reduzir os custos dos produtos
vendidos aos agricultores é necessária uma política específica para
regular o mercado, ampliar a produção brasileira e diminuir os impostos nas importações de adubos. Entre os desafios a serem enfrentados, podem ser citados: alta taxa de juros (a maior do mundo: 11,75% ao ano); aumento da inadimplência e renegociações
de dívidas; falta de subsídios; barreiras internacionais; déficit
logístico e de infra-estrutura; desbalanço no consumo de N, P e
K; inconsistência no consumo de calcário; dívida de R$ 131 bilhões (US$ 73 bilhões) oriundas de diferentes programas de crédito
rural (bancos, tradings, fornecedores de insumos); ausência de
seguro agrícola/climático. Além disso, a capacidade de escoamento
do mercado brasileiro é rudimentar, prejudicando principalmente os
produtores distantes do mercado consumidor ou dos portos, e a
capacidade de armazenamento é deficiente, forçando o agricultor a
vender seu produto em momentos muitas vezes inadequados, por
não ter onde armazená-lo.
Por outro lado, as oportunidades do mercado agrícola são
imensas e o setor de fertilizantes revela-se estratégico, tendo em
vista a vocação do Brasil como potência agrícola em alimentos e
bioenergia. Portanto, é preciso buscar, com urgência, maior autosuficiência nacional neste insumo.
BIORREGULADORES, AMINOÁCIDOS E EXTRATOS DE
ALGAS: VERDADES E MITOS
João Domingos Rodrigues, UNESP, Botucatu, SP, email: mingo@ibb.
unesp.br
Notas:
• Produção = amônia, rocha fosfática e KCl.
• Necessidade de importação: consumo menos importação.
• Produção em 2012 considera projetos em implementação.
Figura 12. Demanda e oferta de fertilizantes no Brasil, em milhões de
toneladas (Mt).
Fonte: Dados de 2002: ANDA e IFA; 2007 a 2012, dados estimados.
A maior venda de adubos realizada no país no primeiro trimestre de 2008 (Figura 13), a despeito do aumento dos preços, é
explicada pelo plantio de milho safrinha. Também está havendo
antecipação da safra de verão e compra antecipada de safras.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
O milho ocupa importante papel na alimentação humana e,
com o advento do etanol, a demanda por este cereal tem aumentado
muito nos Estados Unidos. No Brasil, a média de produtividade do
milho está em torno de 3 t ha-1, muito abaixo daquela alcançada em
áreas com adoção de alta tecnologia, como nos Estados Unidos,
que é de cerca de 9 t ha-1 de milho, muito aquém ainda do seu
potencial genético produtivo, que é de cerca de 38 t ha-1.
Desta forma, torna-se estratégico o emprego de novas
tecnologias que proporcionem aumentos de produtividade, melhorem o aproveitamento dos recursos disponíveis, visando sustentabilidade dos sistema agrícolas, e evitem prejuízos ao ambiente.
Os componentes da produtividade do milho, tais como
número de plantas por unidade de área, número de fileiras por espiga,
número de grãos por fileira e massa de grãos, são determinados por
processos fenológicos como germinação, desenvolvimento vegetativo, florescimento, granação e maturação. Apesar de o milho
apresentar elevado potencial produtivo, fatores bióticos e abióticos
influenciam sua capacidade de produção. Dentre estes fatores, os
15
hormônios vegetais desempenham função importante. Estes são
compostos orgânicos, não nutrientes, de ocorrência natural, produzidos nas plantas em baixas concentrações (10-4 M), que promovem,
inibem ou modificam processos fisiológicos e morfológicos dos
vegetais, podendo uniformizar a germinação, controlar o desenvolvimento vegetativo, promover florescimento, auxiliar no processo
de enchimento de grãos e antecipar ou atrasar a maturação (Figura 14). Até recentemente, apenas seis tipos de hormônios eram considerados: auxinas, giberelinas, citocininas, retardadores, inibidores
e etileno. Contudo, hoje, outras moléculas com efeitos similares têm
sido descobertas, tais como, brassinosteróides, ácido jasmônico
(jasmonatos), ácido salicílico (salicilatos) e poliaminas.
Para que haja resposta, promoção, inibição ou alteração
metabólica do vegetal a um determinado hormônio, este deve: a) estar
em quantidade suficiente nas células adequadas, b) ser reconhe-
cido e capturado por receptores específicos localizados na membrana plasmática de células vegetais e c) ter seus efeitos amplificados por mensageiros secundários (geralmente um mineral,
normalmente Ca ou P) (Figura 15). Assim, diferentes respostas
fisiológicas, como floração, germinação, crescimento, alongamento,
acontecem em função das diferentes enzimas formadas por cada um
dos reguladores que são aplicados. Por isso, é importante sempre
manter na planta, primeiro, o equilíbrio nutricional, e depois o
hormonal.
Com os inúmeros benefícios obtidos a partir da aplicação de
reguladores vegetais sobre as plantas cultivadas, combinações
desses produtos têm sido estudadas. Além disso, raramente os
hormônios vegetais agem sozinhos, mesmo quando uma resposta
no vegetal é atribuída à aplicação de um único regulador vegetal, o
tecido que recebeu a aplicação contém hormônios endógenos que
contribuem para as respostas obtidas. As inter-relações no desenvolvimento vegetal resultam da combinação de muitos sinais, da
ação conjunta de muitas dessas substâncias.
As sementes constituem o principal veículo de multiplicação
de espécies cultivadas. Além disso, a população de plantas, um dos
componentes da produtividade, em uma determinada área cultivada,
é determinada, entre outros fatores, pela germinação de sementes,
que começa com a absorção de água e termina com o alongamento
do eixo embrionário. Práticas de manejo que permitam maximizar o
potencial fisiológico das sementes após a semeadura são de grande
importância para a obtenção de elevadas produtividades.
A principal razão para o uso de reguladores vegetais em
milho tem sido promover melhor germinação de sementes, visando
reduzir falhas no estande e melhorar o desenvolvimento do sistema
radicular, pois como os recursos de solos, água e nutrientes estão
irregularmente distribuídos, quanto maior a habilidade das plantas
em distribuir seu sistema radicular no solo, melhor sua capacidade
em explorar eficientemente estes recursos. As raízes das plantas
terrestres estão envolvidas na aquisição de água e nutrientes
disponíveis no solo, sustentação da planta, síntese de hormônios
vegetais e funções de armazenamento.
A
B
Nos últimos anos, os biorreguladores, os aminoácidos e os
extratos de algas têm estado em evidência e despertado o interesse
dos produtores pelo potencial em promover aumentos de produtividade.
• Biorreguladores
Os biorreguladores ou reguladores vegetais são compostos
orgânicos, naturais ou sintéticos que, em pequenas quantidades,
promovem ações similares aos grupos de hormônios vegetais
conhecidos. Essas substâncias podem ser aplicadas diretamente
nas plantas (folhas, frutos, sementes), provocando alterações nos
processos vitais e estruturais com a finalidade de incrementar a
produção, melhorar a qualidade e facilitar a colheita, mesmo sob
condições ambientais adversas.
O único regulador de crescimento vegetal do grupo químico
citocinina + giberelina + ácido indolbutírico registrado para a
cultura do milho no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é o Stimulate®, da Stoller do Brasil, contendo
em sua formulação 90 mg L-1 de cinetina (citocinina), 50 mg L-1 de
ácido indolbutírico (auxina) e 50 mg L-1 de ácido giberélico (giberelina).
Figura 14. Funções dos hormônios vegetais no crescimento vegetativo (A) e no crescimento reprodutivo e na senescência (B). Legenda: AX = auxina,
CK = citocinina, GA = giberelina, BR = brassinosteróide, ABA = ácido abscísico, ET = etileno, JA = ácido jasmônico.
16
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
Entre os fatores que regulam o processo germinativo, a
presença de hormônios e o equilíbrio entre eles, promotores e
inibidores, exercem papel fundamental (Figura 15). O desenvolvimento do eixo embrionário é mediado por auxinas e citocininas e
o aumento tanto no número como no tamanho das células é
decorrente da síntese protéica realizada pelo embrião. De maneira
geral, as giberelinas estão envolvidas na transcrição genética,
as citocininas na tradução e as auxinas na permeabilidade das
membranas. O ácido giberélico, por regular a expressão do gene da
α-amilase, a qual hidrolisa o amido, tem a função de regulação na
mobilização de reservas do endosperma durante o desenvolvimento
de plântulas.
Quanto à produção de grãos, a relação fonte/dreno tem sido
a principal determinante. Neste caso, sabe-se do papel das citocininas na promoção do movimento de nutrientes. Inúmeros
trabalhos mostram que os nutrientes são preferencialmente transportados e acumulados em tecidos tratados com citocininas,
havendo uma provável alteração na relação fonte-dreno.
Experimento com aplicação de Stimulate® em tratamento de
sementes, na concentração de 10 ml kg-1, mostrou-se eficiente na
promoção de melhor desempenho das sementes no processo
germinativo, proporcionando maior número de plântulas normais.
Também registrou-se melhor resposta dos sistemas radiculares das
plantas originadas de sementes pré-tratadas com o biorregulador,
aumentando significativamente o crescimento das raízes (Figura 16).
A fotossíntese também depende dos hormônios, assim como
dos nutrientes, os quais, na forma iônica, ativam as enzimas. O principal
hormônio que atua na fotossíntese é a citocinina, que age na
diferenciação do cloroplasto, na síntese da enzima rubisco –
responsável pela transformação do carbono inorgânico em orgânico –
, na síntese de clorofila, na expansão foliar e na inibição da degradação
da clorofila (inibe a senescência). A giberelina inibe ou retarda a
degradação da clorofila. A auxina regula a abertura das folhas e é
responsável pela partição e movimento de assimilados no floema.
• Aminoácidos
São metabólitos primários das plantas, constituintes das
proteínas. Para a síntese de proteínas, aminoácidos individuais são
acoplados por ligações peptídicas.
Figura 16. Efeito de Stimulate® na germinação de
sementes, no número de plântulas normais e no comprimento de raízes de milho.
Fonte: VIEIRA e CASTRO (2000).
Figura 15. Mecanismos de ação dos hormônios e reguladores na planta.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
Embora as plantas possam conter mais
de 300 aminoácidos diferentes, apenas 20 são
necessários para a síntese de proteína, quais
sejam: fenilalanina, tirosina, triptofano, hidroxiprolina, isoleucina, leucina, lisina, metionina,
ornitina, valina, alanina, arginina, aspartato, asparagina, cisteína, glutamato, glutamina, glicina,
prolina e serina.
A importância dos aminoácidos para as
plantas está ligada aos metabolismos primário e
secundário. Há aminoácidos que são preponderantes na composição das proteínas vegetais,
como metionina, lisina, glicina e ácido glutâmico.
Há, também, funções particulares, em que aminoácidos específicos estão presentes, como, por
17
exemplo, a glicina está presente na formação da clorofila, o ácido
glutâmico é um aminoácido-chave no crescimento e funcionamento
dos meristemas e na frutificação, a prolina e a hidroxiprolina são
responsáveis pela fertilidade do grão de pólen e pela consistência
das paredes celulares, a asparagina e o glutamato promovem a conexão entre o ciclo do carbono e o do nitrogênio nas plantas, influenciando a síntese de açúcares e de proteínas, entre outros.
Os aminoácidos são considerados aditivos pelo MAPA e
têm seu uso aprovado em fertilizantes, em geral como estabilizantes
da formulação.
O uso destes produtos em pulverizações foliares está se
tornando cada vez mais freqüente, embora haja controvérsias quanto
à absorção pelas plantas, pois os resultados apresentados na
literatura científica existente não são consistentes, talvez em função
do reduzido número de trabalhos publicados. No entanto, há
citações de que as plantas podem absorver aminoácidos pelas raízes
e pelas folhas.
Os aminoácidos podem formar complexos com cátios como
Zn, Cu, Mn e Fe, protegendo-os e aumentando sua disponibilidade
para as plantas.
• Extratos de algas
Produtos comerciais à base de Ascophyllum nodosum, por
exibirem ação semelhante aos hormônios vegetais, tem sido usados
para aplicações foliares ou no solo, inclusive na agricultura orgânica. Esta alga é encontrada exclusivamente em águas temperadas
do hemisfério norte. Por ter se adaptado a condições de sobrevivência bastante adversas – águas com temperaturas extremamente
baixas no inverno, imersão total na água salgada na maré alta e
intensa exposição ao solo na maré baixa – acredita-se que desenvolveu estratégias de sobrevivência, como a síntese de compostos
anti-estresse.
Assim como os aminoácidos, o extrato de alga é considerado
aditivo pelo MAPA e tem seu uso aprovado em fertilizantes, em
geral como estabilizante da formulação.
Auxinas e citocininas podem ser identificadas e quantificadas em extratos de algas, porém, há controvérsias na pesquisa
sobre a possibilidade de haver uma relação direta entre os níveis de
citocinina de extratos de algas e os níveis deste hormônio no tecido
das plantas que receberam a aplicação do extrato. As respostas
parecem depender da espécie de planta e da composição das
substâncias húmicas e extratos de algas presentes nos produtos.
Assim, há necessidade de mais estudos para elucidar o mecanismo
de ação e os efeitos dessas substâncias bem como a de padronização
do extrato de alga em relação à concentração dos hormônios.
PLANTAS DE COBERTURA E ROTAÇÃO DE CULTURAS
NO SISTEMA PLANTIO DIRETO
Ademir Calegari, Instituto Agronômico do Paraná-IAPAR,
Londrina, PR, email: [email protected]
O declínio dos níveis de fertilidade natural dos solos
geralmente está relacionado com o uso intensivo e inadequado das
áreas exploradas, o que, por sua vez, não permite às plantas
manifestarem todo seu potencial genético. Este manejo inadequado
tem contribuído para o processo de degradação da matéria orgânica,
causando desequilíbrio nas propriedades físicas, químicas e
biológicas do solo, acelerando a erosão e diminuindo a produtividade
das culturas. Normalmente, as áreas mantidas sem cobertura verde
ou morta são as mais predispostas aos efeitos desfavoráveis das
18
precipitações excessivas e, certamente, às perdas de solo e nutrientes
por erosão e lixiviação.
Com as evidências marcantes do efeito estufa, as mudanças
climáticas provocarão alterações nas distribuições e níveis de
precipitação, incorrendo em maiores riscos de perdas de solo e
nutrientes. Dessa forma, é fundamental que o solo seja mantido
coberto com resíduos vegetais, que o preparo seja mínimo (plantio
direto) e que o perfil do solo apresente condições favoráveis à
infiltração de água, práticas estas que devem ser integradas a outras
de conservação do solo e da água, como uso de terraços, curvas de
nível, cultivos em faixas, rotação de culturas, canal escoadouro e
outras.
Atualmente, a tendência é o manejo dos agrossistemas de
forma a serem produtivos, competitivos e sustentáveis a longo prazo.
Assim, são priorizados os sistemas que integram e contribuem para
maior biodiversidade; equilíbrio no uso, reciclagem, e aproveitamento de nutrientes e manutenção e/ou recuperação das características químicas, físicas e biológicas do solo, como, por exemplo,
o plantio direto, a adubação verde e a rotação de culturas. Com a
redução do revolvimento do solo e a adição de matéria orgânica há
um balanço positivo de carbono no solo, conduzindo a um sistema
sustentável de produção.
No planejamento do cultivo de plantas a serem usadas como
cobertura do solo ou adubação verde é de fundamental importância
conhecer com profundidade a espécie a ser utilizada, o histórico da
área a ser cultivada, as condições edafoclimáticas específicas, o
sistema de produção em curso, onde será implantada a planta de
cobertura, bem como as finalidades propostas (suprimento de N,
descompactação, aumento de C orgânico do solo, diminuição de
pragas e doenças, controle de invasora, e outras).
Diversos trabalhos de pesquisa com diferentes espécies de
adubos verdes de primavera/verão e outono/inverno no sistema de
plantio direto, realizados em diferentes condições agroecológicas
do Paraná, têm mostrado a eficiência destes sistemas no equilíbrio
e melhoria das características do solo. Entre as espécies testadas,
destacam-se: aveia preta (Avena strigosa), tremoço (Lupinus sp.),
ervilhaca peluda e comum (Vicia villosa e V. sativa), nabo forrageiro
(Raphanus sativus), ervilha (Pisum sativum), mucuna (Mucuna
pruriens), crotalária (Crotalaria juncea), guandu (Cajanus cajan),
capim Moha-IAPAR (Setaria italica), caupi (Vigna unguiculata),
milheto (Penissetum americanum), calopogonio (Calopogonium
mucunoides), amendoim forrageiro (Arachis pintoi), entre outras.
As plantas de cobertura poderão ser plantadas em cultivo
singular ou em associações. Pode-se fazer uso do consórcio de
gramíneas e leguminosas (Figura 17) ou, ainda, misturar duas, três
ou mais espécies (Figura 18). Além de apresentarem importante efeito
melhorador das propriedades físicas do solo (agregação, estruturação), produzem resíduos de relação C/N intermediária que
favorece a mineralização de N e promovem maior equilíbrio e acúmulo
de C no perfil do solo ao longo dos anos.
No caso de cultivos singulares, a decomposição das leguminosas resultará em maiores riscos de perdas de N (mineralização,
lixiviação), quando comparada à das gramíneas. Quando os resíduos
de gramíneas são mesclados com resíduos de leguminosas normalmente não há problemas com imobilização de N, e a mineralização
paulatina favorecerá a disponibilidade e a absorção dos nutrientes
pelas plantas.
Os nutrientes deixados pelas plantas de cobertura às culturas
posteriores podem ser aproveitados em quantidades variáveis, de
acordo com os seguintes fatores:
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
processo de decomposição dos resíduos no solo. A Figura 19
mostra que os maiores rendimentos de milho foram obtidos quando
as leguminosas (tremoço e ervilhaca) e o nabo foram manejados
10 dias após a semeadura. Por outro lado, as gramíneas (aveia e
azevém), com maior relação C/N, proporcionaram maiores rendimentos de milho após 20 dias do manejo.
Figura 17. Consórcio aveia preta- ervilhaca comum.
Figura 19. Rendimento de milho em resposta a três épocas de manejo de
diferentes plantas de cobertura de inverno. DAS = dias antes
da semeadura do milho.
Fonte: RUEDELL (1995).
• Temperatura, umidade e oxigênio no solo: temperaturas
elevadas, disponibilidade de água e arejamento facilitam o aumento
da população de microrganismos no solo os quais, conseqüentemente, aceleram o processo de decomposição dos resíduos no
solo.
• Manejo do solo: o revolvimento do solo por arados, grades
e outros implementos promove a mistura dos resíduos na camada
superficial, acelerando o processo de decomposição.
Figura 18. Consórcio milheto + nabo + aveia + Brachiaria ruziziensis +
Crotalaria juncea.
• Espécie de planta de cobertura utilizada: plantas mais
fibrosas, com maior quantidade de carbono, demoram mais para se
decompor no solo, enquanto plantas com maiores teores de N se
decompõem mais rapidamente. A relação C/N, bem como a quantidade de lignina no tecido vegetal, irão governar grande parte do
Com a utilização das diferentes plantas de cobertura é
possível quantificar o montante de um determinado nutriente
reciclado e/ou fixado biologicamente pelas leguminosas, considerando a biomassa produzida e os nutrientes contidos no tecido
foliar. Os valores apresentados na Tabela 11 mostram o grande
potencial que as diferentes plantas de cobertura possuem em deixar
no horizonte superficial do solo quantidades variáveis de nutrientes
que podem ser absorvidos pelas raízes nos cultivos posteriores.
Além dos nutrientes, um dos mais importantes aportes das plantas
são os compostos de carbono orgânico, ou seja, a matéria orgânica,
Tabela 11. Produção de massa verde, matéria seca (M.S.) e montante de nitrogênio, fósforo e potássio (% da M.S.) de algumas espécies.
Espécie
Massa verde
Matéria seca
(t ha-1)
(t ha-1)
Aveia preta
15-40
2-11
0,7-1,7
0,14-0,42
1,1-3,1
Centeio
30-35
4-8
0,6-0,7
0,16-0,29
0,7-1,4
Nitrogênio
Fósforo
Potássio
- - - - - - - - - - - - - - - - (% na matéria seca) - - - - - - - - - - - - - - - -
Ervilhaca peluda
20-37
3-5
2,5-4,4
0,25-0,41
2,4-4,3
Ervilhaca comum
20-30
3-5
2,7-3,5
0,27-0,38
2,3-2,6
Ervilha forrageira
15-40
2,5-7
1,8-3,4
0,14-0,41
0,7-3,3
Nabo forrageiro
20-65
3-9
0,9-1,4
0,18-0,33
2,0-2,6
Tremoço branco
30-40
3,5-5
1,2-2,0
0,25-0,29
1,0-1,8
Tremoço azul
25-40
3-6
0,8-2,1
0,12-0,29
1,4-1,5
Aveia/ervilhaca
15-50
2-10,5
0,9-1,4
0,15-0,16
1,2-1,5
1
As espécies de inverno são todas anuais.
Fonte: Adaptada de CALEGARI e PEÑALVA (1994).
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
19
que será responsável, direta ou indiretamente, pelas interações e
reações químicas, físicas e biológicas do sistema solo-água-planta.
Os processos de mineralização/imobilização de vários
nutrientes essenciais às plantas, como N, P e S, realizados pelos
microrganismos, destacam-se como os mais importantes para a
reciclagem de nutrientes, que ocorrem marcadamente nos sistemas
produtivos nos quais são adotados a rotação de culturas e o plantio
direto. A taxa de decomposição dos resíduos varia de acordo com a
espécie, seus componentes químicos e com as formas e a época de
manejo. A Tabela 12 mostra as diferentes taxas de decomposição
dos resíduos de aveia preta, trigo e ervilhaca comum aos 45 dias
após o manejo. Nota-se que houve maior permanência da massa
seca da aveia preta (gramínea) aos 45 dias após o manejo, enquanto
a ervilhaca (leguminosa), por apresentar menor relação C/N e
menores teores de lignina, apresentou decomposição mais rápida e
o trigo redução intermediária.
Tabela 12. Produção de matéria seca de culturas de inverno (1985-1987)
e redução da massa seca aos 45 dias depois do manejo (DDM).
Espécie
Aveia preta
Matéria seca (t ha-1)
0 DDM
45 DDM
Redução da
massa seca (%)
6,34
4,37
31
Trigo
2,19
1,40
36
Ervilhaca comum
3,25
1,37
58
Fonte: Ruedell, 1995, citado por Fries e Aita (1999).
Estudos realizados em Passo Fundo, RS, comparando
diferentes gramíneas de inverno – aveia preta, aveia branca, centeio,
azevém, cevada, triticale e trigo – em sistemas de rotação com soja
em plantio direto, indicaram que os resíduos de centeio na superfície
ficaram maior tempo protegendo o solo, quando comparado às
demais plantas, comprovando que essa é uma importante espécie a
ser empregada na rotação com outros cultivos comerciais. Além
dos efeitos favoráveis de cobertura protetora do solo e efeitos
alelopáticos no controle das plantas daninhas, também as raízes do
centeio apresentam crescimento inicial agressivo, podendo alcançar
vários metros de profundidade. Os resultados mostraram que apenas
27% e 39% da palha do centeio deixada na superfície foi decomposta,
respectivamente, aos 120 e 180 dias depois da semeadura da soja,
ficando ainda uma elevada quantidade de resíduos sobre o solo
depois da colheita da soja.
Resultados obtidos no sudoeste do Paraná mostram os
efeitos das espécies de inverno e do sistema plantio direto no
rendimento do milho (Tabela 13). Seguramente, os efeitos físicoquímicos-biológicos ocorridos no solo no sistema plantio direto,
incluindo o suprimento de grande parte de N pelas leguminosas,
contribuíram para as maiores produtividades de milho, quando
comparado ao cultivo convencional. Pelos resultados pode-se
verificar que as ervilhacas, o tremoço, a serradela, o chicharo, o
nabo forrageiro e a espérgula, antecedendo o milho no inverno em
rotação com soja (em plantio direto, sem N) foram superiores ao
rendimento do milho após pousio, tanto em plantio direto como em
convencional, mesmo com a aplicação de 90 kg ha-1 de N. Estes
resultados têm sido obtidos por muitos produtores, principalmente
no Sul do Brasil.
É recomendável que as rotações desenvolvidas sejam adaptadas regionalmente, levando em consideração as condições de
solo e clima, a vocação das glebas da propriedade, as condições
20
Tabela 13. Rendimento de grãos de milho AG-513 após culturas de
inverno. Estação Experimental de Pato Branco. Média de
três repetições.
Plantio direto
Culturas de inverno
-1
Dose (kg ha N)
0
90
Plantio convencional
Dose (kg ha-1 N)
0
90
- - - - - - - - - - - (kg ha-1) - - - - - - - - - - - Ervilhaca comum
Ervilhaca peluda
Tremoço azul-IAPAR 24
Serradela
Chícharo
Nabo forrageiro
Espérgula
Trigo
Aveia preta
Pousio
Centeio
Azevém
7.338
6.883
6.872
6.763
6.425
5.755
5.450
5.000
4.586
4.441
4.291
4.283
7.641
7.344
6.419
7.363
7.558
6.994
6.925
5.988
6.836
5.991
6.669
6.980
6.094
5.608
5.916
5.013
4.736
5.566
5.658
4.769
5.436
4.827
3.858
5.719
6.438
5.775
6.302
5.861
5.341
6.177
6.433
5.330
6.127
5.938
5.327
6.025
socioeconômicas e interesses do produtor e, acima de tudo, além
de tecnicamente factível, que sejam ecologicamente equilibradas e
economicamente viáveis.
Os consórcios mais recomendados e com melhores resultados para os cultivos de milho, soja, feijão e algodão nas regiões Sul,
Sudeste e parte da Centro-Oeste do Brasil, são:
• Aveia preta IAPAR-61 ou IPR-126 (20-25 kg ha-1) + ervilha
forrageira (40-45 kg ha-1)
• Aveia preta IAPAR-61 ou IPR-126 (20-25 kg ha-1) + tremoço
(branco e/ou azul) (50- 70 kg ha-1)
• Aveia preta IAPAR-61 ou IPR-126 (20-25 kg ha-1) + ervilhaca
(peluda ou comum) (40-45 kg ha-1)
• Aveia preta IAPAR-61 ou IPR-126 (20-25 kg ha-1) + nabo
forrageiro (10 kg ha-1)
• Aveia preta IAPAR-61 ou IPR-126 (15-20 kg ha-1) + ervilha
forrageira (25-30 kg ha-1) + nabo (5-8 kg ha-1)
• Aveia preta IAPAR-61 ou IPR-126 (15 kg ha-1) + ervilha
forrageira (25 kg ha-1) + nabo (5 kg ha-1) + ervilhaca (20-25 kg ha-1)
• Aveia preta IAPAR-61 ou IPR-126 (15 kg ha-1) + tremoço
branco (25-30 kg ha-1) + nabo (5 kg ha-1) + ervilhaca (20-25 kg ha-1)
• Aveia preta (15 kg ha-1) + centeio (15 kg ha-1) + ervilha
forrageira ou ervilhaca (20-25 kg ha-1)
• Aveia preta (15 kg ha -1) + centeio (15 kg ha -1) + nabo
(5-7 kg ha-1) + ervilha forrageira ou ervilhaca (20 kg ha-1).
As quantidades de sementes de aveia preta indicadas são
para as cultivares do IAPAR, cv. IAPAR-61 e/ou cv. IPR-126, com
alta capacidade de perfilhamento. No caso da aveia preta comum,
aumentar em 50% a quantidade de sementes recomendada.
Nas regiões frias (Sul do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
do Sul) pode ainda ser empregado o azevém na mistura com aveia,
ervilhaca, centeio, etc.
Nas regiões mais quentes, onde o processo de decomposição
da matéria orgânica é mais acelerado, para uma maior estabilidade
da cobertura morta no plantio direto recomenda-se, como plantas
de cobertura na rotação, maior utilização de gramíneas ou o consórcio
de gramíneas com leguminosas e/ou outras famílias.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
Em algumas regiões, principalmente nos Cerrados, é possível
a semeadura de milheto + nabo forrageiro (10 + 8-10 kg ha-1) ou a
mistura de aveia + nabo + girassol (20 + 7-8 + 15-20 kg ha-1 ), podendo ser rotacionadas com milho, soja, algodão e outras. A Tabela 14 mostra a seqüência de rotações de culturas indicada para os
Cerrados.
No esquema racional de rotação de culturas, alguns aspectos
de produção devem ser observados:
• Em áreas da propriedade que apresentam baixas quantidades de matéria orgânica a rotação de culturas deverá contribuir
com maior adição de compostos que apresentem cadeias carbônicas mais complexas, com mais lignina, celulose e hemicelulose.
Ao mesmo tempo, plantas que se adaptem às condições específicas de fertilidade de cada gleba deverão ser consideradas na
rotação.
• Talhões ou glebas cujo solo apresente elevados índices de
desagregação das partículas deverão incluir gramíneas na rotação,
pois estas apresentam sistema de raízes fasciculadas que promovem
maior agregação e estruturação do solo no perfil.
• Áreas com compactação leve ou média deverão receber
plantas com raízes pivotantes e com potencial descompactador,
como guandu, Crotalaria mucronata, Tefrosia, nabo forrageiro
pivotante, tremoços, e outras.
• Áreas com pastagem degradada ou com presença de
nematóides deverão ser rotacionadas com plantas que melhorem o
subsolo e inibam e/ou promovam a diminuição da população de
nematóides, como o guandu e as brachiárias.
• Solos que pelo excessivo uso em monocultivo e/ou com
problemas de adensamento apresentem problemas de doenças, como
fungos de solo, deverão receber espécies de plantas de diferentes
famílias em rotação, como as gramíneas e outras que não preferencialmente as leguminosas.
• Solos infestados por invasoras devem incluir plantas que
possuam efeitos físicos e químicos (alelopáticos) que afetam quali
e quantitativamente as distintas infestações, como mucunas, milheto,
guandu, ervilhacas, nabo forrageiro e outras.
O manejo das plantas de cobertura deve ser realizado no
período de pleno florescimento, quando os nutrientes encontramse distribuídos em todas as partes da planta. As plantas podem
ser manejadas com rolo-faca, herbicidas, gradagens, ou outros
meios, de acordo com as condições locais e a infra-estrutura do
produtor.
Deve-se sempre considerar que muitas das espécies de
cobertura indicadas apresentam desenvolvimento vegetativo
bastante rápido (50-70 dias), podendo ocupar pequenos intervalos
entre os diferentes cultivos: após a colheita do milho normal
(fevereiro) ou após trigo, cevada, coberturas de inverno e milho
safrinha (agosto).
A prática do cultivo de plantas de cobertura adequadamente
conduzida em rotação de culturas no sistema plantio direto
adaptado regionalmente tem permitido melhor distribuição do
trabalho durante todo o ano, resultando em economia de mão-deobra, uso de máquinas e controle mecânico/químico de invasoras,
e facilitado, desta forma, o planejamento das diferentes atividades
da propriedade.
Além disso, a melhoria dos processos de uso do solo,
priorizando a qualidade e manutenção da sua capacidade produtiva,
é um meio de viabilizar a manutenção da família na atividade
agropecuária de forma sustentável e compatível, tanto com os
recursos naturais, sob o ponto de vista de qualidade ambiental,
quanto com os socioeconômicos, melhorando a qualidade de vida
dos agricultores.
CONSTRUÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO EM
SOLOS ARENOSOS
Orlando Carlos Martins, SNP Consultoria, Viçosa, MG, email:
[email protected]
É muito difícil obter altas produtividades de soja em solos
argilosos pobres de cerrado sem o uso de fertilizantes. Esta situação
torna-se muito mais grave em solos arenosos, principalmente quando
o objetivo é manter a produtividade ao longo dos anos com
sustentabilidade.
Tabela 14. Seqüência de rotações de culturas indicada para os Cerrados.
Cultura antecessora
Cultura principal
Milho, sorgo, milheto, arroz, trigo, aveia, mucuna,
milho + guandu
Soja
Soja, guandu, mucuna, girassol, crotalária juncea, lablab,
nabo forrageiro, ervilhaca, aveia, milho + mucuna,
milho + guandu
Milho
Cultura sucessora
Milho, sorgo, milheto, girassol, nabo forrageiro, arroz, milho
milho + ervilhaca, aveia, trigo
Aveia, nabo forrageiro, trigo, girassol, milheto, soja, feijão,
sorgo, arroz
Milho, soja, milheto, trigo, aveia
Algodão
Aveia, nabo forrageiro, trigo, soja, milho, sorgo, milheto, arroz
Milho, soja, sorgo, arroz, milheto, aveia, trigo
Girassol
Milho, sorgo, arroz, aveia, milheto, nabo forrageiro, trigo
Milho, sorgo, aroz, milheto, aveia, trigo
Feijão
Milho, sorgo, arroz, milheto, aveia, mucuna
Sorgo
Nabo forrageiro, ervilhaca, aveia, tremoço branco,
girassol, guandu, soja, milho, crotalária, mucuna,
feijão, lablab
Milho, sorgo, arroz, trigo, milheto, aveia
Arroz de sequeiro
Girassol, feijão, aveia, nabo forrageiro, ervilhaca, guandu, soja,
mucuna, lablab
Milho, algodão, girassol, mucuna, feijão, soja, guandu,
crotalária, lablab
Trigo
Mucuna, girassol, feijão, algodão, sorgo, milheto, guandu, soja,
lablab, crotalaria
Todas podem ser recomendadas
Aveia
Todas podem ser recomendadas
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
21
Recentemente, com o aumento da demanda de soja pelo
mercado internacional, com a melhoria dos preços agrícolas e com a
falta de solos argilosos nas regiões tradicionais de cultivo de soja,
muitos agricultores expandiram suas lavouras em solos arenosos,
mas tiveram muito prejuízo devido à baixa produtividade alcançada.
Segundo Orlando, a situação mais desafiadora enfrentada
no cultivo de soja em solos arenosos foi a produção de grãos para
semente com alta produtividade (60 sacas ha-1) em solos com 4% de
argila em grandes áreas na região de Alto Graças, MT.
Estes solos são formados sobre arenito Bauru, com 4% de
argila, 4% de silte e 92% de areia, em média, sendo que esta última
fração é composta por 80% de areia fina e 12% de areia grossa, o
que é muito importante neste tipo de solo, pois a areia fina retém
muito mais umidade que a areia grossa, sendo isto que possibilita o
cultivo nestas áreas. Assim, recomenda-se que sempre que o teor
de argila do solo for menor que 10%, deve-se analisar em que
proporção se encontra a areia fina. Se a areia grossa for predominante, o cultivo da soja fica inviabilizado com a tecnologia
atualmente disponível.
Além dos baixos teores de argila, os solos desta região
apresentam teores muito baixos de nutrientes e alta saturação
por alumínio nas camadas superficiais e também em profundidade, o que dificulta o enraizamento da soja em camadas mais
profundas, abaixo de 30 cm, onde o calcário não consegue chegar.
Normalmente, não se observa presença de raízes de soja abaixo de
35 cm de profundidade, agravando ainda mais os danos por seca,
quando estas ocorrem, além da deficiência de nutrientes, como K, S
e B, que são lixiviados com maior facilidade no perfil e não ficam
mais disponíveis para as plantas.
A primeira condição básica para o cultivo de soja nestes
solos arenosos é a rotação de culturas com o uso de uma gramínea
que consiga enraizar nesses subsolos ácidos, com o objetivo de
buscar parte dos nutrientes que foram lixiviados abaixo dos 30 cm
de profundidade e produzir palhada no inverno, com pouca água,
para fazer uma boa cobertura no verão e permitir o estabelecimento
da cultura da soja. Esse estabelecimento só é possível com a proteção de uma boa palhada, pois sem essa cobertura haverá superaquecimento da superfície do solo provocando a queima do colo das
plântulas, levando-as à morte e reduzindo drasticamente o estande
final (Figura 20), além de, posteriormente, causar a morte dos nódulos
nas plantas remanescentes.
A planta utilizada para a rotação com o milho é o milheto,
gramínea muito resistente à seca, cujo sistema radicular atinge
4 metros de profundidade com facilidade, absorve grandes quantidades de K da subsuperfície – o qual é liberado lentamente para a
cultura ao longo do ciclo –, produz boa quantidade de palha
(Figura 21), ajuda no controle de nematóides Pratylenchus
brachyurus e de galhas e normalmente apresenta produtividade de
grãos suficiente para cobrir o custo de sua implantação. Uma
característica do milheto que deve ser considerada é a sua alta taxa
de degeneração1, que é semelhante a de uma planta híbrida, sendo
necessário o uso de sementes básicas na implantação da cultura para
que haja produção da massa necessária para o cobrimento do solo.
Figura 21. A soja deve crescer dentro da palhada de milheto, que deve ser
uniforme, cobrindo todo o ambiente.
Resultados médios de produtividade de soja em quatro safras
após rotação soja/milheto, na região de Alto Garças, MT, mostraram
que o milheto exerce influência no aumento da produtividade da
soja ao longo dos anos – 7,3 sacas ha-1 ano-1 – correspondendo a
um acréscimo, no total, de 20,1 sacas ha-1 ano-1 (Figura 22).
Figura 22. Produtividade média de soja em quatro safras após rotação com
milheto. Fazenda Morro das Araras, Alto Garças, MT.
Fonte: Departamento Técnico, Sementes Adriana.
Para obter boa plantabilidade em solo arenoso, o plantio tem
sido feito colocando-se a semente na mesma linha do adubo, mas
com uma diferença de profundidade de cerca de 7 cm entre eles.
Para isso, foram adaptados dois compactadores na semeadora/
adubadora, atrás do disco de adubo, para fechar a linha de plantio
1
Figura 20. Queima do colo da plântula de soja por superaquecimento em
solo argiloso.
22
Degeneração: processo de enfraquecimento irreversível de deterioração celular e conseqüente perturbação funcional, devido a causas diversas, podendo, muitas vezes, evoluir no sentido de enfraquecimento racial
da espécie.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
e evitar sua mistura com a semente (Figura 23). Além disso, o K é
aplicado em baixas doses no plantio para evitar a queima da semente.
Figura 23. Detalhe dos compactadores adaptados à semeadora/adubadora
para evitar a mistura do adubo com a semente.
Para conseguir o desenvolvimento pleno da soja nesses
solos arenosos de primeiro ano, visando produzir 60 sacas ha-1, é
necessário aplicar uma quantidade de calcário superior àquela
normalmente necessária para elevar a saturação por bases a 70% da
CTC permanente. Geralmente, tem-se utilizado de 6 a 7 t ha-1 de
calcário com PRNT de 85%, em três aplicações, sendo que 3 a 4 t ha1
permanecem sem dissolver no solo, mas que são aproveitados
pela soja no estádio de fixação de N. A explicação encontrada para
este fato é que, devido à CTC do solo ser muito baixa, o cálcio
trocável presente na argila é insuficiente para atender a demanda da
soja, que é alta. Além disso, quando se inicia o processo de fixação
biológica de N na soja, em torno de 15 a 20 dias após a emergência,
ocorre a liberação de H+ na região da rizosfera, o que leva à redução
do pH nesta região, normalmente em torno de 2 unidades, sendo
comum encontrar valores de 4,0 a 4,5. O calcário que permanecia
sem dissolução no solo, próximo à raiz, neutraliza o H+ e libera Ca2+
e Mg2+ para complementar a nutrição da planta, mantendo o solo
com pH adequado para o crescimento das raízes. Após 4 a 5 anos,
quando a quantidade de calcário residual diminui e a produtividade
decresce, é feita nova calagem para manter a produtividade da cultura
em níveis altos (Figura 24).
O potássio (K) tem um papel muito importante na resistência
da planta à seca nos solos arenosos. Lavouras mal nutridas em K
sofrem mais cedo e mais severamente os efeitos da seca, podendo
levar as plantas à morte em poucos dias na ausência de chuvas.
Como a lixiviação é muito intensa nesses solos, é necessário aplicar
doses de K maiores que as quantidades exportadas para repor parte
do K lixiviado e não resgatado pelo milheto. O ideal é aplicar uma
dose pequena na linha de plantio (por exemplo, 30 kg ha de K2O) e
o restante parcelar em duas aplicações, sendo a primeira entre 25 e
30 DAE e a segunda entre 25 e 40 DAE.
Para o fósforo, são necessárias doses mais altas nos primeiros
anos de cultivo, devido à pobreza original desses solos. Como a
adsorção de P é baixa, as doses podem ser reduzidas drasticamente
com o tempo, podendo chegar a menos de 50 kg ha-1 de P2O5 a partir
do 5o ou 6o ano de cultivo.
Deficiências de micronutrientes são comuns em solos
arenosos, principalmente de Zn, Cu, Mn e B, tendendo a aumentar
com o passar dos anos, caso não sejam adequadamente aplicados.
O ambiente que envolve os solos arenosos é muito frágil e,
até o momento, o potencial produtivo da área e a sustentabilidade
do sistema ao longo do tempo tem sido mantidos com a rotação
com milheto e com um bom programa de monitoramento e aplicação
de macro e micronutrientes.
INFLUÊNCIA DA NUTRIÇÃO NA OCORRÊNCIA DE
DOENÇAS DE PLANTAS
Antonio Luiz Fancelli, ESALQ/USP, e-mail: [email protected]
Inúmeros são os fatores que interferem na produtividade
das plantas cultivadas; todavia, merecem especial destaque a presença de patógenos e insetos-praga, que são responsáveis pela
destruição de grandes quantidades de alimentos e bens de sobrevivência, bem como amplificam significativamente os custos financeiros e energéticos da atividade agrícola.
Uma das principais causas para a ocorrência e predisposição das plantas a doenças e pragas é o desequilíbrio nutricional
(carência ou excesso) que, quando aliado ao estádio fenológico do
hospedeiro, à herança genética e às condições climáticas reinantes
no período, pode provocar prejuízos significativos.
Nesse contexto, os nutrientes, direta ou indiretamente, estão
envolvidos nas estratégias de defesa vegetal como componentes integrais, ativadores, inibidores, reguladores de síntese ou de metabolismo e, portanto, o seu pleno diagnóstico (deficiência ou excesso), bem
como a garantia de seu aproveitamento efetivo, tornam-se estritamente
necessários para o estabelecimento de programas de manejo
objetivando a obtenção de produtividades lucrativas e sustentáveis.
Os principais mecanismos relacionados à defesa de plantas
contra patógenos e insetos-praga estão relacionados às barreiras
físicas e bioquímicas e ao equilíbrio nutricional, quais sejam:
a) Mecanismo intrínsico, constitutivo ou latente
Tais mecanismos são representados pela presença de cutícula
e de membrana plasmática espessa e íntegra, ceras, pêlos, lignina e
algumas outras substâncias disponíveis em diferentes partes da
planta. Ressalta-se que todos esses elementos encontram-se sempre presentes na planta e possuem caráter hereditário. As estratégias básicas envolvidas são barreira física, barreira bioquímica e
equilíbrio nutricional.
Figura 24. Sustentabilidade da soja cultivada em solo arenoso – quarto ano
de cultivo. Produtividade: 65,1 sacas ha-1.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
b) Mecanismo estimulado
Este mecanismo é desencadeado por reação de estímulo externo ou interno, normalmente caracterizado por reação de hiper-
23
sensibilidade (HR), relacionada a ações de agressão. Ressalta-se
que a hipersensibilidade pode implicar na auto-destruição ou morte
das células ao redor do ponto de invasão, ataque ou anomalia. O
referido mecanismo poderá ser induzido ou provocado pela identificação de substâncias químicas (agroquímicos ou metabólitos de
patógenos ou de insetos-praga), concentrações de nutrientes –
Cu, Mn e B – e condição climática especial. Nessa reação são sintetizados e transportados para o sítio de ação: fenóis, quinonas, terpenos alcalóides, isoflavonóides e fitoalexinas, em geral. As estratégias básicas envolvidas são barreira bioquímica e equilíbrio
nutricional.
c) Mecanismo adquirido ou aprendido
O presente mecanismo manifesta-se pela sobrevivência da
planta ao ataque de patógenos após infecção devidamente identificada ou reconhecida. Por essa razão, tal mecanismo de defesa
recebe a denominação de Resistência sistêmica adquirida (sigla em
inglês – SAR). A SAR é resultante da identificação do invasor,
acompanhado da indução da síntese de substâncias específicas,
como quitinases e outras enzimas hidrolíticas, devido à ação de um
elicitor, o ácido salicílico, que funciona como um sinal endógeno
para o desencadeamento da ação de defesa. As estratégias básicas
envolvidas são barreira bioquímica e equilíbrio nutricional.
Na Figura 25 são apresentados, de forma esquemática, os
principais mecanismos naturais envolvidos na defesa da planta. A
proteção é resultante de: eficiente barreira física proporcionada por
cutina espessa e íntegra, lignificação e acúmulo de silício na camada de células epidermais; membrana plasmática íntegra evitando a
perda de açúcares e aminoácidos para o apoplasto ou espaço intercelular e síntese e difusão de fitoalexinas e fenóis apresentando
propriedades fungicida e bactericida.
batata e hortaliças em geral, sobretudo em meio a teores inadequados de Mo e Mn.
O P, de modo geral, tem sido importante no decréscimo do
ataque de fungos em diferentes espécies de plantas, principalmente
quando aliado a doses satisfatórias de K. Em raízes com baixo nível
de P foi observado significativo decréscimo de fosfolipídios com
correspondente aumento na permeabilidade da membrana celular e
da exsudação radicular, o que pode exercer acentuada influência na
atividade de patógenos de solo e na severidade das doenças.
A concentração inadequada de K na planta promove o acúmulo de compostos orgânicos de baixo peso molecular (açúcares e
aminoácidos), resultando em plantas com crescimento anormal e
alta suscetibilidade a doenças e pragas, de forma geral.
Dentre os micronutrientes mais importantes para a prevenção de doenças e que, normalmente, são negligenciados em sistemas de produção, destacam-se o Cu, o B e o Mn. Tais elementos
desempenham papel fundamental na síntese de fenóis, quinonas e
fitoalexinas, bem como na rota do ácido chiquímico – principal rota
de defesa vegetal. Em função de sua dinâmica no solo e na planta,
o B deverá ser fornecido via solo, em pré-semeadura (ou na semeadura), mediante o uso de fontes de solubilidade média; ao passo
que o Cu e o Mn deverão ser aplicados via foliar, no início da fase
de franco crescimento vegetal e no início do florescimento da maioria das espécies cultivadas.
Finalmente, cumpre ressaltar que o Zn, apesar de ser o
micronutriente mais comumente considerado em programas de adubação, quando fornecido em doses elevadas e sem critério técnico
definido, poderá interferir no aproveitamento e metabolização de
outros nutrientes, bem como favorecer o crescimento e a produção
de metabólitos (micotoxinas) de fungos.
LITERATURA CITADA
CALEGARI, A.; PEÑALVA, M. Abonos verdes: importáncia agroecológica y especies con
potencial de uso en el Uruguay. Canelones: MGAP (JUNAGRA)-GTZ, 1994. 172 p.
COUTINHO, E. L. M.; NATALE, W.; STUPIELLO, J. J.; CARNIER, P. E. Avaliação da eficiência
agronômica de fertilizantes fosfatados para a cultura do milho. Científica, v. 19, p. 93-104, 1991.
FERREIRA, A. C. de B.; ARAÚJO, G. A. de A.; PEREIRA, P. R. G.; CARDOSO, A. A. Características agronômicas e nutricionais do milho adubado com nitrogênio, molibdênio e zinco. Scientia
Agricola, v. 58, n. 1, p. 131-138, 2001.
FRIES, M. R.; AITA, C. Aspectos básicos sobre a importância dos microrganismos em plantio
direto. In: Fertilidade do solo em plantio direto. Curso sobre aspectos básicos de fertilidade
e microbiologia do solo sob plantio direto. Cruz Alta: Editora Aldeia Norte, 1999. 92 p.
LOPES, A. S. Micronutirentes: filosofias de aplicação e eficiência agronômica. São Paulo:
ANDA, 1999. 70 p.
Figura 25. Principais mecanismos de defesa vegetal.
Fonte: Adaptada de MARSCHNER (1986).
Assim, em função das razões ecológicas e do papel da nutrição na prevenção de doenças e de pragas em sistemas agrícolas de
produção, recomenda-se que o manejo de plantas seja sempre fundamentado na garantia do equilíbrio nutricional e na visão sistêmica
do processo. Para tanto, sugere-se a elaboração de um diagnóstico
detalhado da disponibilidade de nutrientes no sistema (incluindo
suas interações), das condições climáticas reinantes no período e
do potencial genético de resistência inerente ao genótipo utilizado.
Quanto aos efeitos dos nutrientes na defesa de plantas, merece especial destaque o papel do N, do P, do K e dos micronutrientes.
O N aumenta a concentração de aminoácidos e amidas no
apoplasto e na superfície foliar que, aparentemente, têm maior influência que os açúcares na germinação de esporos fúngicos e na
atividade de insetos. Diante desse fato, recomenda-se evitar a aplicação foliar indiscriminada de fertilizantes nitrogenados, principalmente na forma de uréia, nas culturas de feijão, tomate, pimentão,
24
MALAVOLTA, E. et al. Avaliação do estado nutricional das plantas. 2 ed. Piracicaba:
POTAFOS, 1997.
MALZER, G. L.; KELLING, K. A.; SCHMITT, M. A.; HOETFT, R. G.; RANDALL, G. W.
Performance of dicyandiamide in the North Central States. Communications in Soil Science
and Plant Analysis, v. 20, p. 2117-2136, 1989.
MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. 2. ed. San Diego: Academic Press,
1995. 889 p.
NOVAIS, R. F.; SMYTH, T. J. Fósforo em solo e planta em condições tropicais. Universidade
Federal de Viçosa, 1999. 399 p.
PASDA, G.; HÄHNDEL, R.; ZERULLA, W. Effect of fertilizers with the new nitrification
inhibitor DMPP (3,4-Dimethylpyrazole Phosphate) on yield and quality of agricultural and
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RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; GUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. C. Recomendação de
adubação e calagem para o Estado de São Paulo. Campinas: Instituto Agronômico, 1996. 285 p.
RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T. G.; ALVAREZ, V. H. Recomendação para uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais. 1999. 359 p.
RUEDELL, J. Plantio direto na região de Cruz Alta. Cruz Alta: Fundacep Fecotrigo, 1995.
THUNG, M. D. T.; OLIVEIRA, I. P. de. Problemas abióticos que afetam a produção do feijoeiro
e seus métodos de controle. Santo Antonio de Goiás: EMBRAPA-CNPAF, 1998. 172 p.
VIEIRA, E. L.; CASTRO, P. R. C. Ação de Stimulate na germinação de sementes, vigor de
plântulas e crescimento radicular de plantas de milho (Zea mays L.). Piracicaba: ESALQ,
2000. 15 p. (Relatório Técnico)
WESTFALL, D. G.; AMRANI, M.; PETERSON, G. A. Water-solubility of zinc fertilizer: does
it matter? Better Crops, Norcross, v. 83, n. 2, p. 18-21, 1999.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
EM DESTAQUE
2 O SEMINÁRIO SOBRE TECNOLOGIA DE
FERTILIZANTES – PETROBRAS
No período de 16
a 18 de abril último, no Rio
de Janeiro, foi realizado o
2º Seminário sobre Tecnologia de Fertilizantes, promovido pela Petrobras,
com o objetivo de discutir a produção e a utilização de fertilizantes no
Brasil.
A previsão é que
o país tenha que importar
até 82% das suas futuras necessidades em fertilizantes, e as estratégias para garantir a disponibilidade e a entrega do insumo no
campo devem ser discutidas com urgência; do contrário, o Brasil
poderá enfrentar graves problemas no futuro próximo ou a médio
prazo. Uma das principais decisões é a de saber se o país deveria
criar condições para uma nova planta de nitrogênio. O evento foi
um excelente fórum para discussões.
Dr. Luís Ignácio Prochnow (foto), Diretor do IPNI Brasil,
foi convidado a apresentar uma palestra intitulada Tendências
futuras na nutrição das plantas no evento. “Foi uma grande oportunidade para o IPNI Brasil ser convidado a participar deste importante evento”, disse Dr. Prochnow. Entre outros assuntos, ele
chamou a atenção, durante a palestra, para a situação dos fertilizantes no mundo, a pesquisa de novos produtos e as tendências
que devem influenciar a nutrição de plantas e a utilização dos
fertilizantes no futuro.
SIMPÓSIO SOBRE MELHORES PRÁTICAS DE
MANEJO DE FERTILIZANTES
disse Dr. Terry L. Roberts, Presidente do IPNI. “O manejo responsável dos nutrientes deve centrar-se em opções que satisfaçam de
maneira ótima as necessidades nutricionais das culturas. Falhas no
manejo conduzem a perda de parte do potencial genético da planta
e à utilização ineficaz dos outros recursos naturais necessários para
a produção vegetal. Isto significa que mais pessoas passarão fome
ou mais terras deverão ser disponibilizadas para a produção”,
acrescentou.
Durante o evento, pesquisadores do IPNI apresentaram relatórios sobre os progressos globais em seus esforços para atualizar as melhores práticas de manejo de fertilizantes (MPMFs) e expandir sua adoção global. O IPNI colabora atualmente com mais de
130 projetos de pesquisa em nível mundial, os quais continuam a
fornecer novas informações científicas aos sistemas de cultivo para
melhor capacitá-los na produção de mais alimentos.
IPNI 2008 – CONCURSO DE FOTOS DE
DEFICIÊNCIA EM CULTURAS
O International Plant Nutrition Institute (IPNI) está convidando pessoas do mundo todo para participar do concurso de
fotos digitais – edição 2008. Ao compartilhar suas imagens com
o mundo, você estará concorrendo a prêmios em dinheiro que
serão fornecidos aos três primeiros competidores em quatro categorias de nutrientes. Todos os participantes serão avaliados
com base na melhor combinação de qualidade de imagens e detalhes fornecidos como elementos de prova. A data limite para
envio das fotos é 15 de dezembro de 2008 e os vencedores serão
anunciados em janeiro de 2009. Mais informações podem ser obtidas no site www.ipni.net/photocontest. Para inscrição ou cancelamento, acessar o link e seguir as instruções apropriadas: http:/
/www.ipni.net/newsletters
Confira abaixo uma das fotos vencedoras em 2007.
O IPNI Brasil realizará no primeiro semestre de 2009 o
Simpósio sobre Melhores Práticas de Manejo de Fertilizantes –
MPMFs. Estas são ferramentas que devem ser utilizadas pelos agricultores para o manejo efetivo e eficiente de fertilizantes para alcançar suas metas de produção e de manejo ambiental. São produtos da
ciência e da prática – resultado de extensa pesquisa aplicada.
IPNI NO COMBATE À FOME MUNDIAL
A luta contra a fome mundial por meio da utilização adequada dos nutrientes de plantas foi um dos principais temas de uma
recente reunião do Conselho de Administração do IPNI, realizada
em 17 de maio, em Viena, Áustria.
“Fertilizante é um insumo decisivo para a resolução do problema da rápida diminuição dos estoques mundiais de grãos”,
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
Deficiência de boro em coco, em Tamil Nadu, Índia
25
GESSO NA AGRICULTURA1
Bernardo van Raij2
S
conseqüência, a ação mais acentuada do
olos ácidos podem apresentar uma barreira química no
gesso se dá em profundidade no perfil do
O aprofundamento radicular
subsolo, ocasionada pela acisolo e efeitos do gesso estão ligados às
promovido pelo gesso
dez, que impede ou dificulta a ação das raícaracterísticas do solo, sendo, de uma forfavorece a absorção de água
zes. Nesses casos, em diversos tipos de soma geral, maiores nos solos mais oxídicos
de camadas mais profundas
los, mas não em todos, o gesso pode estiou intemperizados do Brasil Central.
do solo, conferindo às culturas
mular o enraizamento profundo no subsolo.
A ação do gesso é governada pelas
maior resistência à seca em
propriedades eletroquímicas do solo. A maior
Essa ação se dá pelo aumento dos teores de
veranicos e safrinhas
parte dos solos brasileiros enquadra-se em
cálcio, redução da saturação por alumínio e,
solos de cargas variáveis, nos quais a quanem alguns casos, pela efetiva redução da
tidade de cargas negativas aumenta com a
acidez do subsolo. Isso porque o gesso,
por ser um sal solúvel em água, penetra no subsolo. O aprofun- elevação do pH e a de cargas positivas, quando presentes, audamento radicular promovido pelo gesso favorece a absorção de menta a pH mais baixo. Essas relações e suas conseqüências são
água de camadas mais profundas do solo, conferindo às culturas previsíveis pela teoria da dupla camada elétrica.
maior resistência à seca em veranicos e safrinhas. Espera-se maior
O gesso, por ser um sal solúvel, penetra no solo e, em geral, é
atenção para o assunto no sistema de plantio direto, no qual o rapidamente removido da camada superficial por lixiviação. Em alefeito do calcário aplicado na superfície do solo tem menor influên- guns solos, a adsorção de sulfato no subsolo, ao reduzir a lixiviação
cia na acidez do subsolo, comparado ao cultivo convencional, po- do sal, promove aumento da concentração de sulfato e de cálcio em
dendo o gesso ter importante efeito complementar à calagem ao formas trocáveis também na solução do solo, o que reduz a toxicidade
melhorar o ambiente radicular de camadas mais profundas do solo. de alumínio para as raízes das plantas. Em alguns casos ocorre a
O principal tipo de gesso disponível no Brasil é o fosfogesso, efetiva redução do alumínio no solo. Por outro lado, em solos que
subproduto da fabricação de ácido fosfórico, produzido em São retém pouco sulfato, os sais decorrentes da aplicação do gesso
Paulo (Cubatão, SP), Minas Gerais (Uberaba, MG) e Goiás (Catalão, serão rapidamente removidos do solo pelas águas de percolação.
GO). Além do fosfogesso, existe o gesso de mineração, a gipsita,
O gesso tem efeito floculante no solo, reduzindo a disperproduzido em maior escala, principalmente em Pernambuco. Os dois são da argila. Este efeito já é bem conhecido em solos sódicos, mas
produtos podem ser usados na melhoria de subsolos ácidos e na também se revela em solos ácidos. Há registro de efeitos favoráveis
correção de solos sódicos.
do gesso no impedimento do encrostamento superficial ou na reO constituinte que predomina no fosfogesso é o sulfato de dução do adensamento de camadas do subsolo. O gesso pode, tamcálcio, estando o cálcio na forma do cátion Ca2+ e o enxofre na forma bém, influir de forma favorável na condutividade hidráulica de solos.
do ânion SO42+, seus principais constituintes. O material não conHá dados experimentais que revelam o efeito favorável do
tém impurezas químicas quantitativamente importantes do ponto gesso em milho, promovendo melhor enraizamento no subsolo e
de vista ambiental ou alimentar. Pode conter micronutrientes em conseqüente aumento na absorção de água e de nitrogênio nítrico.
quantidades importantes do ponto de vista agrícola, principalmen- Melhores resultados são obtidos com combinações de calcário e
te nos fosfatos de origem sedimentar importados.
gesso. Nos Estados Unidos foram constatados efeitos residuais
O gesso é excelente fonte de cálcio e enxofre para as plan- 16 anos após a aplicação do gesso, revelando, ainda, após tantos
tas. O cálcio, acompanhado de sulfato, tem-se revelado uma fonte anos, importantes efeitos na produção de milho.
diferenciada por aumentar os teores de cálcio em plantas em proPara cana-de-açúcar, há resultados de experimentos fatoporção maior do que as observadas quando são utilizadas quanti- riais com calcário e gesso em seis locais do Estado de São Paulo,
dades equivalentes de carbonato de cálcio. O sulfato de cálcio pro- sendo que em cinco deles houve resultados favoráveis na produmove o desenvolvimento radicular em solos deficientes em cálcio ção em um período de quatro anos. O efeito máximo sobre a produou com saturação por alumínio elevada, nos quais reduz a atividade ção foi obtido com combinações de doses de calcário e gesso.
do alumínio, aliviando sua toxidez.
Nesses casos, as atuais recomendações de calcário e gesso são
O gesso interage de forma diferenciada com o solo, depen- inferiores àquelas que seriam necessárias para a produção máxima
dendo do teor de matéria orgânica e da natureza da mineralogia da econômica, apontando para aplicações de maiores quantidades dos
fração argila. A adsorção de sulfato é um dos principais fatores insumos como um fator para aumentar a produtividade da cultura
envolvidos, sendo a retenção desse ânion pelo solo e, conseqüen- (Tabela 1).
Para soja, há dados experimentais indicando efeito positemente, do gesso, reduzida pela matéria orgânica e por minerais de
argila, e aumentada pela presença de óxidos de ferro e alumínio. Em tivo da gessagem. Quando avaliada em presença da calagem, os
1
2
Este é o título do novo livro do autor, publicado pelo Instituto Agronômico de Campinas. Mais detalhes sobre o livro podem ser obtidos na seção
de Publicações Recentes desta edição.
Pesquisador voluntário do Instituto Agronômico de Campinas e consultor; email:[email protected]
26
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
Tabela 1. Necessidades de calagem e gesso de seis áreas, doses adequadas retiradas dos dados experimentais, aumento de produção correspondente e
custos de aquisição, transporte e aplicação dos insumos.
PRNT do calcário,
CaCO 3
Solo
Necessidade
de calcário
Necessidade de
de gesso
Dose adequada
Calcário
Gesso
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (t ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - -
(%)
Aumento de produção Custo dos corretivos
em 4 anos
aplicados1
- - - - - - - - - - - (t ha-1 de colmos) - - - - - - - - - - -
LVEa
63
2,5
1,0
4
2
76
12
LVA-9
77
5,3
1,4
10
6
72
32
LR-2
73
4,1
0
0
0
12
0
LVA-11
69
1,6
0
3
4
44
14
LVA-9
61
1,6
1,1
1,8
4,8
120
13
LVE-3
52
9,8
3,5
10
10
76
40
1
Considerando-se o custo de 1 t de calcário ou 1 t de gesso igual a 2 t de colmos.
resultados mostram que as melhores produtividades são obtidas com combinações de calcário e gesso (Tabela 2). No caso do
algodão, foram obtidos resultados favoráveis com a gessagem
mesmo em solo com subsolo não muito ácido. Também neste
caso, o melhor resultado foi obtido com combinação de calcário
e gesso. Respostas a gesso foram, também, verificadas para café
e maçã.
O gesso é o principal insumo para a correção de solos sódicos
ou alcalinos, atuando na remoção do sódio, elemento que degrada
a estrutura do solo, pelo cálcio, elemento que promove a melhoria
da estrutura.
Em solos ácidos, o gesso age em profundidade e, por essa
razão, o diagnóstico deve ser baseado em amostras de subsolo, em
geral coletadas na faixa de 20 a 40 cm de profundidade. As recomendações atuais baseiam-se no teor de cálcio e na saturação por alumínio, como critérios de diagnose, e no teor de argila do solo, para
quantificação das aplicações. As quantidades indicadas raramente
chegam a 4 t ha-1, o que é uma recomendação segura, porém para
correção de não mais de cerca de 50 cm em solos argilosos. Para a
melhoria do perfil a maiores profundidades, o cálculo da necessidade de gesso necessita de aperfeiçoamento.
Há ampla possibilidade de uso de gesso na agricultura. As
aplicações de gesso, se praticadas de acordo com as recomendações oficiais, são seguras e não devem trazer problemas de perdas
de nutrientes por lixiviação. Contudo, há evidências de que maiores
aplicações podem ser vantajosas. Para verificar essa hipótese, são
necessárias amostragens mais profundas de solos, para verificar a
ocorrência de barreira química no subsolo e, se necessário, empregar doses mais elevadas de calcário e gesso, almejando correções
mais amplas do perfil do solo.
Em resumo, há grande possibilidade de aumento da produção de culturas com o uso de gesso. O efeito em geral não é
espetacular, mas persiste por muitos anos, sendo, assim, vantajoso do ponto de vista econômico. O conhecimento atual permite
inferir na necessidade de maiores aplicações em relação às recomendações atuais dos órgãos oficiais.
Tabela 2. Resposta da soja a calcário e gesso em dois cultivos sucessivos, em Mococa, SP.
Calcário
Gesso (t ha-1)
0
2
4
6
Média
Produção de soja no ano agrícola 1985/1986
(t ha-1)
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (kg ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
0
1.041
887
3
2.100
1.942
6
1.983
2.137
9
2.625
2.487
1.937 ab
1.863 b
Média
1.012
1.229
1.043 c
2.179
2.229
2.112 b
2.358
2.416
2.223 ab
2.658
2.391
2.540 a
2.052 a
2.066 a
-
Produção de soja no ano agrícola 1986/1987
-1
(t ha )
0
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (kg ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1.423
1.427
1.596
1.731
1.544 c
2.308 b
3
2.287
2.287
2.283
2.376
6
2.585
2.673
2.941
2.556
2.689 ab
9
2.876
2.869
2.822
2.848
2.854 a
2.293 a
2.314 a
2.411 a
2.377 a
Média
-
Fonte: Quaggio e outros ( Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 28, p. 375-383, 1993).
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
27
DIVULGANDO A PESQUISA
ERRATA: No Informações Agronômicas de março/2008, na
página 17, resumo 4, houve um equívoco na informação
da autoria do trabalho. Nossas devidas desculpas aos
autores e aos leitores. Veja, a seguir, o resumo original.
1. IRON SOURCES FOR CITRUS ROOTSTOCK DEVELOPMENT GROWN ON PINE BARK/VERMICULITE MIXED
SUBSTRATE
FERRAREZI, R. S.; BATAGLIA, O. C.; FURLANI, P. R.; SCHAMMASS, E. A. Scientia Agricola, v. 64, n. 5, p. 520-531. (http://
www.scielo.br/pdf/sa/v64n5/v64n5a10.pdf)
For high technology seedling production systems, nutrition
plays an important role, mainly the fertigation with iron chelates to
prevent its deficiency. This study had the goal of searching for
alternative iron sources with the same nutrient efficiency but lower
cost in relation to nutrient solution total cost. An experiment was
carried out in 56 cm3-conic-containers tilled with a pine bark/ vermiculite
mixed substrate using Fe-DTPA, Fe-EDDHA, Fe-EDDHMA, Fe-EDTA,
Fe-HEDTA, FeCl3, FeSO4, FeSO4+citric acid plus a control, and the
rootstocks Swingle, Rangpur, Trifoliata and Cleopatra, in a randomized complete block design, with four replicates. Seedlings were
evaluated for height, relative chlorophyll index, total and soluble
iron leaf concentrations.
Cleopatra was the only rootstock observed without visual
iron chlorosis symptoms. There was a low relative chlorophyll index
for Rangpur, Swingle and Trifoliata rootstocks in the control plots,
in agreement with the observed symptoms. High total iron concentrations were found in the control and Fe-EDTA plots, whereas
soluble iron represented only a low percent of the total iron. The
economical analysis showed the following cost values of iron
sources in relation to the nutrient solution total costs: Fe-HEDTA
(37.25%) > FeCl3 (4.61%) > Fe-EDDHMA (4.53%) > Fe-EDDHA
(3.35%) > Fe-DTPA (2.91%) > Fe-EDTA (1.08%) > FeSO4 + citric
acid (0.78%) > FeSO4 (0.25%). However, only plants from Fe-EDDHA
and Fe-EDDHMA treatments did not present any deficiency visual
symptoms. The relative cost of Fe-EDDHA application is low, its
efficiency in maintaining iron available in solution resulted in high
plant heights, making it recommendable for citric rootstock production in nurseries.
2. MANEJO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA E UTILIZAÇÃO DO NITROGÊNIO ( 15 N) PELO MILHO EM
LATOSSOLO VERMELHO
DUETE, R. R. C.; MURAOKA, T.; SILVA, E. C. da; TRIVELIN, P.
C. O.; AMBROSANO, E. J. Revista Brasileira de Ciência do Solo,
v. 32, n. 1, p.161-171, 2008 (http://www.scielo.br/pdf/rbcs/v32n1/
16.pdf)
O N é o nutriente absorvido em maior quantidade pelo milho, o que mais influencia a produtividade de grãos e o de manejo
mais complexo. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de
doses e parcelamentos de N, na forma de uréia 15N, sobre a produtividade de grãos, o aproveitamento do N do fertilizante e a quantidade de N nativo do solo absorvida pelo milho em um Latossolo
28
Vermelho. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados
com nove tratamentos e quatro repetições, compreendido de cinco
doses de N: 0, 55, 95, 135 e 175 kg ha-1, aplicando-se 15 kg na
semeadura e o restante em diferentes estratégias de parcelamentos:
40 e 80 kg ha-1 no estádio de oito folhas ou ½ no estádio de quatro
folhas + ½ no estádio de oito folhas; 120 kg ha-1 fracionados em
½ + ½ ou 1/3 + 1/3 + 1/3 no estádio de quatro, oito ou 12 folhas; e
160 kg ha-1 parcelados em ¼ + 3/8 + 3/8 ou ¼ + ¼ + ¼ + ¼ no estádio
de quatro, oito, 12 folhas ou de florescimento e polinização.
O aproveitamento do N do fertilizante pelo milho foi, em
média, de 39% e o solo foi a principal fonte do nutriente para a
cultura. A aplicação de 135 kg ha-1 de N parcelados em três vezes,
até o estádio de oito folhas, proporcionou maior aproveitamento do
N do fertilizante (52%) e maior produtividade de grãos.
3. MATÉRIA SECA E ACÚMULO DE NUTRIENTES EM
GENÓTIPOS DE MILHO CONTRASTANTES QUANTO A
AQUISIÇÃO DE FÓSFORO
BRASIL, E. C.; ALVES, V. M. C.; MARRIEL, I. E.; PITTA, G. V. E.;
CARVALHO, J. G. de. Ciência e Agrotecnologia, v. 31, n. 3,
p. 704-712, 2007. (http://www.scielo.br/pdf/cagro/v31n3/a16
v31n3.pdf)
Com o intuito de avaliar o efeito do estresse de P sobre
atributos morfológicos do sistema radicular de genótipos de milho contrastantes quanto à eficiência na aquisição de fósforo,
conduziu-se um experimento em casa de vegetação da Embrapa
Milho e Sorgo, Sete Lagoas, MG, onde foram testados oito
genótipos de milho, provenientes do programa de melhoramento
da Empresa. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial 8 x 2, com três repetições,
correspondendo a oito genótipos (três linhagens: L1 = ineficiente,
L2 e L3 = eficientes; e cinco híbridos: H1, H2 e H3 = eficientes, H4 e
H5 = ineficientes) e dois níveis de P (baixo e alto). As plantas
foram cultivadas em solução nutritiva com duas concentrações de
P equivalentes a 2,3 µM e 129 µM. A composição da solução
nutritiva foi a seguinte: 152 mg L -1 N-NO 3; 18,2 mg L -1 N-NH 4;
141,1 mg L-1 Ca ; 90,1 mg L-1 K; 20,8 mg L-1 Mg; 18,8 mg L-1 S; 4,3 mg L-1
S; 0,5 mg L -1 Mn; 0,27 mg L -1 B; 0,04 mg L-1 Cu; 0,15 mg L -1 Zn;
0,08 mg L-1 Mo; 0,04 mg L-1 Na e 20,06 mg L-1 HEDTA.
Aos 18 dias do transplantio, verificou-se que, sob condições de estresse de P em solução nutritiva, os híbridos H5, H1 e H2
apresentaram os maiores valores de massa seca total e da parte
aérea, em relação aos demais. De modo geral, tanto os híbridos
como as linhagens, quando cresceram em solução com baixo nível
de P, apresentaram maior relação raiz/parte aérea do que os materiais que cresceram em solução com alto nível do nutriente. A concentração de N na parte aérea das plantas foi significativamente
superior no tratamento com baixo nível de P na solução nutritiva.
Os híbridos H1 e H2 e a linhagens L3 acumularam as maiores quantidades de P na parte aérea, independentemente do nível de P na
solução. Esses resultados foram influenciados pelas maiores produções de matéria seca apresentadas pelos referidos materiais. Independente do nível de P, houve variação no conteúdo do nutriente na parte aérea dos híbridos, não sendo observado o mesmo comportamento para as linhagens.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
PAINEL AGRONÔMICO
EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DA
AGROPECUÁRIA BRASILEIRA É ELOGIADA
POR PESQUISADORES AMERICANOS
DR. EURÍPEDES MALAVOLTA INDICA
MILTON FERREIRA DE MORAES PARA A
ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS
A taxa de crescimento na agropecuária brasileira e as tecnologias em uso no país nos últimos 30 anos foram elogiadas por uma
delegação da Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e do Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos (USDA). Os pesquisadores americanos assistiram a uma
apresentação da evolução das pesquisas em melhoramento da soja
e o uso de estirpes de Bradyrhizobium para fixação biológica do
nitrogênio pelos pesquisadores da unidade Cerrados da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
De acordo com o pesquisador Auteclínio Lopes de Farias
Neto, a produção de soja no Cerrado representa 63,5% do volume
nacional. Os rendimentos da produção têm aumentado, em média,
1,5% ao ano, graças aos ganhos incorporados pelo melhoramento
genético e às tecnologias desenvolvidas para reduzir custos e facilitar o manejo das lavouras. Farias Neto, especialista em melhoramento
da soja, salientou que a Embrapa Cerrados e parceiros estão próximos de lançar uma cultivar resistente à ferrugem asiática. “A expectativa é lançar o material ainda neste ano. Os custos com a ferrugem
asiática somam perdas de 2,67 milhões de toneladas de grãos que
geraram prejuízo de US$ 2,57 bilhões na safra 2006/07”, acrescentou.
Ele esclareceu que a primeira cultivar brasileira de soja resistente à
ferrugem asiática contribuirá para reduzir também as aplicações de
fungicidas. “A média atual é de 2,3 aplicações. A cultivar a ser lançada
requer apenas uma aplicação”, enfatizou. (www.revistaagrobrasil.
com.br/site/noticiasIntegra.php?idNoticia=450762&idCategoria=13)
Em 8 de abril último, em cerimônia realizada no auditório do
Instituto de Estudos Avançados da USP, Milton Ferreira de Moraes,
do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA/USP), foi
diplomado como membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências
de São Paulo (ABC), junto a outros quatro pesquisadores.
Milton foi apresentado como candidato, no ano passado,
por Dr. Eurípedes Malavolta, Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências desde 1964.
A escolha dos novos participantes, critério exclusivo dos
titulares eleitos em anos anteriores, faz com que os membros da
ABC sejam os mais legítimos representantes da Ciência brasileira,
chamando a integrar seus quadros aqueles que se destacam na
pesquisa e na liderança que exercem ao fazer avançar a Ciência.
Após a diplomação dos novos membros, seguida pela apresentação individual de suas pesquisas, Milton encerrou o evento com
uma palestra intitulada Relação entre nutrição de plantas, qualidade
de produtos agrícolas e saúde humana.
Ao Milton, os parabéns do IPNI por esta conquista!
CENTRO DE TECNOLOGIA CANAVIEIRA VAI
LANÇAR INOVAÇÕES EM AÇÚCAR E ÁLCOOL
Depois de mais de dez anos debruçados em pesquisas, técnicos do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), de Piracicaba, SP,
vão colocar à disposição, neste ano, importantes inovações tecnológicas na área sucroalcooleira. Entre os destaques estão o sistema
de produção de açúcar sem enxofre no seu processo industrial, o
processo de lavagem a seco da cana e os avanços em biotecnologia,
com a seleção de variedades de cana adequadas a cada região do país.
Segundo Tadeu Andrade, diretor-executivo do CTC, o enxofre é utilizado no processo para clarear o açúcar à base de cana. O
minério não faz parte do processo de produção de açúcar de beterraba, uma vez que o caldo extraído dessa planta é mais claro que o
obtido da cana. “Estamos nos antecipando a possíveis questionamentos de países importadores, que poderiam criar barreiras técnicas para o produto brasileiro”, diz ele.
Com um apelo sustentável e que pode evitar eventuais barreiras não-tarifárias ao álcool e ao açúcar, a tecnologia de lavagem a
seco (ventilação) da cana também estará disponível para as usinas
este ano. Para cada tonelada de cana, a usina economizará 1.000 litros
de água.
Resultado de pesquisas avançadas em biotecnologia, novas variedades de cana, mais produtivas, resistentes a doenças e
específicas para cada região produtora vão ser colocadas no mercado no próximo semestre. Somadas às variedades antigas, somam
quase 70 espalhadas em todo o país. (Valor on line, 17/04/2008)
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
TÉCNICAS TURBINAM A PRODUÇÃO
Com os bons preços dos grãos, produtores do sudoeste
paulista investem em tecnologia para obter mais rendimento sem aumento de área. A padronização das lavouras de milho e soja com o
uso das mesmas máquinas para plantio e colheita resultou no
adensamento do milho e ganho de 8% na produtividade, além de
menor custo. De acordo com Ariovaldo Fellet, proprietário da Fazenda Lagoa Bonita, em Itaberá, o plantio adensado de milho já é rotina
na propriedade, na qual são cultivados 5 mil hectares de grãos por
ano. “Antes plantávamos o milho com 90 cm entre linhas; hoje, com
a redução para 50 cm, usamos a mesma máquina para plantar soja,
milho e feijão, com redução no custo operacional. Eram necessários
três funcionários, por dois dias ou mais, para fazer a conversão da
soja para o milho em uma plantadeira de 12 linhas; atualmente, basta
meia hora para limpar a máquina e abastecê-la com outra semente.”
Outra técnica consiste na aplicação de ar frio nas sementes
(cool seed) para aumentar em 120 dias a vida útil e melhorar a germinação. Fellet explica que a temperatura mais baixa retarda o amadurecimento da semente e inibe o desenvolvimento de fungos e microrganismos. No caso da semente de trigo, a refrigeração elimina a
necessidade do expurgo contra carunchos. Os agricultores também investem em agricultura de precisão e no cultivo intensivo,
para colher 2,3 safras na mesma área, em um ano.
Como explica o agrônomo Paulo Leandro de Barros, da Secretaria de Agricultura do Estado, os produtores da atual geração,
muitos com formação acadêmica aliada à prática do campo, buscam
técnicas para produzir mais, com menor custo. Como trabalham com
grãos considerados commodities, como a soja, o milho e o trigo,
com preços ditados pelo mercado internacional, os agricultores sentiram a necessidade de transformar suas fazendas em empresas. “A
competição é grande e quem não se atulizar corre o risco de ficar
fora do mercado”, diz Barros. (Suplemento Agrícola, O Estado de
São Paulo, 2/4/2008)
29
CURSOS, SIMPÓSIOS E OUTROS EVENTOS
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
EVENTOS DO IPNI
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Os próximos eventos promovidos pelo IPNI Brasil deverão ocorrer a partir do primeiro semestre de 2009. Alguns dos temas em
consideração:
1. Melhores Práticas de Manejo de Fertilizantes (MPMFs).
2. Agricultura de precisão com ênfase em nutrição de plantas.
3. Nutrição de plantas e qualidade de produtos agrosilvopastoris.
Os temas e programas dos eventos serão anunciados em edições futuras do Jornal Informações Agronômicas e no nosso website.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
EVENTOS COM PARTICIPAÇÃO DO IPNI
1. II SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
FERTILIZANTES FLUIDOS E FOLIARES
Informações gerais:
Temas de importância serão apresentados e discutidos neste
simpósio, divididos nos seguintes painéis: (1) Aspectos gerais
da adubação fluida, (2) Fontes para utilização via fluida, (3) Tecnologia de aplicação, (4) Adubação foliar e (5) Manejo de adubação fluida para culturas perenes e semi-perenes.
A palestra inicial estará a cargo do Dr. Paul Fixen, IPNI, que
abordará o tema Uso de fertilizantes fluidos na evolução da agricultura.
Promoção/Organização: FEALQ, GAPE/ESALQ-USP, Honeywell,
IPNI Brasil
Data: 07 a 09/JULHO/2008
Local: Anfiteatro do Pavilhão de Engenharia, ESALQ/USP,
Piracicaba, SP
Taxa de inscrição: Profissionais: R$ 350,00
Estudantes: R$ 200,00
Informações: GAPE, ESALQ-USP ou FEALQ (Maria Eugênia)
Telefones: (19) 3417-2138 ou (19) 3417-6604
email: [email protected]
2 . FERTBIO 2008: SIMPÓSIO SOBRE USO E
EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE FERTILIZANTES
Informações gerais:
O Simpósio sobre Uso e eficiência agronômica de fertilizantes, constante na programação da FERTBIO 2008, contará com
apresentações dos pesquisadores: Dr. Norman Chien, Consultor
Científico Internacional na Área de Fertilizantes; Dr. Luís Ignácio
Prochnow, IPNI Brasil; e Dr. Heitor Cantarella, IAC, os quais abordarão o tema geral Desenvolvimentos recentes na produção e
utilização de fertilizantes no sentido de aperfeiçoar a eficiência
de nutrientes e minimizar impactos ambientais.
Promoção/Organização: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo,
Sociedade Brasileira de Microbiologia/
Embrapa Soja, IAPAR, UEL
Data: FERTBIO: 15 a 19/SETEMBRO/2008
SIMPÓSIO: 16/SETEMBRO/2008
30
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Local: Centro de Eventos e Exposições de Londrina, PR
Taxa de inscrição: vide tabela de preços no link:
http://www.fertbio2008.com.br/inscricoes.php
Informações: Telefone: (43) 3025-5223
email: [email protected]
3. MAXIMIZAÇÃO DA EFICIÊNCIA E MINIMIZAÇÃO
DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA ADUBAÇÃO
NITROGENADA
Informações gerais:
O evento de um dia contará com quatro palestras sobre os
temas:
(1) Eficiência agronômica e acidificação do solo pela aplicação de fertilizantes nitrogenados, Dr. Norman Chien, Consultor Internacional para assuntos relacionados à fertilidade
do solo e fertilizantes;
(2) Pesquisa agronômica no Brasil relacionada a fertilizantes
nitrogenados: situação atual, perspectivas e necessidades
futuras, Dr. Paulo Trivelin, CENA/USP, e Dr. Heitor Cantarella, IAC;
(3) A influência do manejo dos fertilizantes nitrogenados
no ambiente, Dr. Cliff S. Snyder, Diretor do Programa
Nitrogênio IPNI, Estados Unidos;
(4) Aspectos práticos da adubação nitrogenada na cana-deaçúcar, Dr. Godofredo César Vitti e Dr. Arnaldo Rodella,
ESALQ/USP.
Ao final, haverá um debate geral com duração de até uma hora.
Promoção/Organização: FEALQ, GAPE-ESALQ/USP, Honeywell,
IPNI Brasil
Data: 23/SETEMBRO/2008
Local: ESALQ/USP
Taxa de inscrição: Até 22/Agosto/2008 Após 22/Agosto/2008
Profissionais:
R$ 75,00
R$ 100,00
Estudantes:
R$ 50,00
R$ 75,00
Informações: GAPE, ESALQ/USP
Telefone: (19) 3417-2138
email: [email protected]
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
OUTROS EVENTOS
1. VI CURSO DE MANEJO DE NUTRIENTES EM CULTIVO
PROTEGIDO
Local: Instituto Agronômico, Campinas, SP
Data: 18 a 22/AGOSTO/2008
Número de vagas: 35
Informações: Conplant
Fone: (19) 3249-2067
Website: www.iac.sp.gov.br/mncp
Email: [email protected]
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
2. SucroJab 2008 - II SIMPÓSIO DO SETOR
SUCROALCOOLEIRO DE JABOTICABAL
Local: Centro de Convenções, UNESP/FCAV, Jaboticabal, SP
Data: 19 a 21/AGOSTO/2008
Informações: FUNEP - Setor de Eventos
Fone: (16) 3209-1300
Website: www.funep.com.br/eventos
Email: [email protected]
PUBLICAÇÕES RECENTES
1. GESSO NA AGRICULTURA
Autor: Bernardo van Raij; 2008.
Conteúdo: Barreira química em subsolos ácidos; produção de
gesso; propriedades do gesso; aspectos nutricionais; solo e interação com gesso; propriedades eletroquímicas de solos; gesso e atributos químicos do
solo; gesso e propriedades físicas do solo; gesso
para milho e outros cereais; gesso para cana-de-açúcar; gesso para soja e outras culturas; gesso como
melhorador do solo; perspectivas para o uso de gesso na agricultura.
Número de páginas: 233
Preço: R$ 40,00
Pedidos: Instituto Agronômico de Campinas - IAC
Webmail: www.iac.sp.gov.br
2. FERTIRRIGACIÓN: CULTIVOS Y FRUTALES
Autor: Iván Vidal; 2007.
Conteúdo: Nutrición mineral y diagnóstico del estado nutricional
de las plantas; fertirrigación; programación y manejo
del riego; fertilizantes para fertirriego; equipos de
inyección de fertilizantes; mantención del sistema;
diseño de programas de fertirriego y su control; calidad
del agua de riego; fertirriego con pivote central.
Número de páginas: 118
Pedidos: email: [email protected]
3. ANÁLISE ECONÔMICA E SOCIAL DE PROJETOS FLORESTAIS
Autor: Antônio D. de Oliveira, José Luiz P. de Rezende; 2008.
Conteúdo: Matemática financeira; capitalização periódica; capitalização contínua; análise econômica de projetos
florestais; formulação de projetos; critérios de avaliação; localização de projetos; considerações sobre
o método de Faustmann ou valor esperado da terra;
análise social de projetos; o papel do governo; análise de custo-benefício; bens públicos e externalidades.
Número de páginas: 386
Preço: R$ 54,00
Pedidos: Editora UFV
Webmail: www.livraria.ufv.br
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
4. PODA E CONDUÇÃO DO CAFEEIRO ARÁBICA
(IAC. Boletim Técnico, 203)
Autor: Roberto A. Thomaziello e Sérgio P. Pereira; 2008.
Conteúdo: A poda na moderna cafeicultura tornou-se uma prática rotineira e obrigatória, devido ao novo sistema de
plantio em renque (adensamento de pés na linha),
que, apesar de propiciar ótimas produtividades por
área, não ocasiona esgotamento vegetativo da planta.
Como o crescimento dos ramos produtivos tem um
limite, há necessidade, de tempos em tempos, variáveis de acordo com as diferentes lavouras, de se recuperar a estrutura produtiva da planta. Isto só pode
ser realizado através de podas. A finalidade deste
Boletim é orientar técnicos e produtores sobre a melhor maneira de realizar esta poda e como conduzir a
lavoura podada.
Número de páginas: 39
Preço: R$ 10,00
Pedidos: Instituto Agronômico de Campinas-IAC
Webmail: www.iac.sp.gov.br
5. RECOMENDAÇÕES PARA O USO DE CORRETIVOS E
FERTILIZANTES NO ESTADO DE SERGIPE
Editores: Sobral, L. F.; Viegas, P. R. A.; Siqueira, O. J. W.; Anjos,
J. L.; Barretto, M. C. V.; Gomes, J. B. V.; 2008.
Conteúdo: Tabelas de recomendação de fertilizantes que relacionam os teores no solo e na folha e os requerimentos
nutricionais das principais culturas; principais classes de solos do Estado de Sergipe e suas limitações
para uso agrícola; diagnóstico da fertilidade dos solos do Estado de Sergipe com base em amostras de
produtores; elementos essenciais e benéficos às plantas, incluindo a identificação de deficiências; fontes
da acidez do solo e métodos para recomendação de
calagem; fundamentos da análise de solo e de folha
para fins de recomendações de fertilizantes; informações sobre fertilizantes químicos, orgânicos, adubação verde e compostagem.
Número de páginas: 251
Preço: R$ 25,00
Pedidos: Embrapa Tabuleiros Costeiros
Email: [email protected]
31
Ponto de Vista
SEGURANÇA ALIMENTAR
Luís Ignácio Prochnow
A
atividade agropecuária tem sido objeto de discusão
intensa nas últimas semanas em razão de vários
motivos, mas muito especialmente devido à escassez e alta dos preços dos alimentos. Influenciado por vários fatores, como mudança nos hábitos alimentares, melhor condição econômica em alguns países em desenvolvimento e perda relativa de
safra em algumas regiões produtoras, entre outros, os estoques
mundiais de grãos encontram-se relativamente baixos. Até pouco
tempo os preços eram muito influenciados pela oferta de produtos. Ciclos de preços de produtos agrícolas se alternavam em função da oferta e cabia aos empreendedores rurais estarem atentos a
estas oscilações, para então definirem o que cultivar com maior
chance de sucesso ao final.
Atualmente, os preços estão sendo formados em função
de uma grande demanda. Neste novo cenário existe pressão sobre
o mercado de alimentos e, como resultado, há elevação dos preços. Outros fatores paralelos existem. Um deles, fundamental, é a
crise financeira existente nos Estados Unidos, a qual traz, como
resultado, uma mudança de estratégia de grupos de investimentos, mudando divisas de fundos tradicionais para aplicação em
commodities agrícolas. Muito cuidado é necessário com relação a
isto, pois não me parece justo expor a condição alimentar humana a
certas circunstâncias da ciranda financeira.
São, realmente, novos tempos e nova realidade. Neste contexto, o agricultor brasileiro deve estar atento. Muitas condições
existem para enfrentar a nova realidade, com saldo positivo para a
agricultura nacional. No entanto, é necessário juntar forças para
que este sucesso seja genuinamente do setor agrícola. Dois grupos
cumprem papel de destaque nesta luta. O primeiro é o dos que
dirigem e legislam sobre os rumos da nossa agricultura. O outro, o
setor agrícola, deve se organizar e levar os seus anseios legítimos e
responsáveis aos primeiros. Não devemos perder qualquer oportunidade. Somos um país com grande vocação para, no mínimo, amenizar o problema alimentar no mundo. Vamos torcer e lutar para que
tudo isto venha com real proveito para aqueles que fazem a agricultura acontecer de forma séria neste país.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
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32
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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008
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