Utilização de fontes e de doses de fósforo no desenvolvimento da

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Utilização de fontes e de doses de fósforo no desenvolvimento da planta de milho em solo
com elevado teor de nutriente
Thais Frigeri1, Disnei A. Cazetta1, Oldemar Scheer2; Domingos Fornasieri Filho3 e Sérgio T.
Decaro Júnior4
1
Doutorandos, bolsistas CAPES, , [email protected], [email protected]; 2Mestrando,
[email protected]; 3Prof. Dr. Titular Dept. de Produção Vegetal; 4Acadêmico Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - FCAV/UNESP. CEP 14884-900, Jaboticabal-SP
Palavras-chave: Zea mays L., MAP, SS, matéria seca, índice de colheita.
A cultura do milho ocupa, na atualidade, o terceiro lugar em área semeada e o
primeiro lugar em produção e produtividade no mundo entre as principais culturas produtoras de
grãos.
O Brasil é o terceiro maior produtor deste cereal, com produtividade média de
grãos inferior a da média mundial. Isso decorre não da falta no mercado brasileiro de sementes de
híbridos de alta produtividade, mas sim, da ocorrência de fatores abióticos adversos, em especial
da utilização inadequada de fertilizantes, seja em qualidade como em quantidade. Nesse aspecto,
o nutriente fósforo nos solos tropicais altamente intemperizados é o principal entrave à
produtividade, por ser em geral, deficiente na maioria dos solos e à sua elevada adsorção.
O fósforo apesar de a planta necessitar de uma menor quantidade do que outros
nutrientes, este é adicionado no solo numa quantidade muito maior para suprir o que é adsorvido
pelo solo. Esse comportamento decorre da elevada passagem do fósforo adicionado ao solo
através da fertilização mineral para fosfato de baixa solubilidade (P não lábil), através dos
mecanismos de absorção e de precipitação em argilas do tipo 1:1 e em óxidos de ferro e de
alumínio.
Para o milho, em sistemas mais tecnificados, os gastos com correção do solo e
adubação representam, em media, 40 a 45% do custo de produção (Coelho & Alves, 2003). Os
gastos com a adubação fosfatada representam, pois, parte considerável do custo das lavouras de
milho e variam, dependendo da fonte de P utilizada e do prazo considerado para o retorno do
investimento.
A deficiência de fósforo pode reduzir a respiração, a fotossíntese, a síntese de
ácidos nucleicos e proteínas e retardar o crescimento da célula ou até mesmo paralisá-lo. Como
resultado, os sintomas de deficiência de fósforo incluem diminuição na altura da planta, atraso na
emergência das folhas e redução na brotação e no desenvolvimento de raízes secundárias, na
produção de matéria seca e na produção de grãos.
O presente trabalho teve por objetivo avaliar a influência de diferentes fontes e
doses de fósforo no desenvolvimento das plantas de milho em um solo adequadamente suprido
neste nutriente.
O experimento foi realizado na Fazenda de Ensino e Pesquisa da Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal – UNESP, durante a safra 2007/2008, em
Latossolo Vermelho eutrófico, textura argilosa, relevo suavemente ondulado, cujo resultado da
análise química (0-20 cm) encontra-se na tabela 1.
Tabela 1. Resultado da análise química do solo da área experimental.
Profundidade P resina
cm
0 – 20
M.O.
mg dm-3 g dm-3
pH
CaCl2
K
Ca
Mg
H+Al
SB
T
---------------------------mmolc dm-3--------
V
%
41
18
5,4
2,5
20
13
20 35,5 55,5 64
O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, em
esquema fatorial 2 x 2 +1, com quatro repetições, onde foram utilizadas como fontes de fósforo o
MAP (Fosfato monoamônico) e o SS (Superfosfato simples) cada qual em duas doses (27 e 54 kg
de P2O5 ha-1), aplicados na semeadura, mais um tratamento testemunha (sem fósforo).
Cada parcela foi representada por oito linhas, com 6,0 metros de comprimento,
considerando-se como área útil as seis linhas centrais, desprezando-se um metro em ambas as
extremidade. O material de milho utilizado foi o Dekalb 390, híbrido simples de alta tecnologia
recomendado pelo cultivo na Zona Ambiental Homogênea Centro Baixo, que se caracterizada por
ser um ambiente de maior estresse ambiental. O espaçamento entre as linhas utilizado foi de 90
cm e população final de 70 mil plantas ha-1.
A adubação mineral de semeadura constou da aplicação no sulco de 30-0-60 kg
ha-1 de N, P2O5 e K2O, respectivamente, sendo as doses de P os tratamentos do experimento. Nos
tratamentos experimentais com MAP foi associado o gesso, como fonte de Ca de S e no SS o
nitrato de amônio. Em cobertura utilizou-se 300 kg ha -1 da fórmula 20-0-20 no estádio V3 a V4 e
130 kg ha-1 de uréia no estádio V6 a V8.
Durante o desenvolvimento da cultura foram realizadas as seguintes avaliações:
Altura da planta e altura de inserção da primeira espiga: avaliadas em cinco
plantas por unidade experimental medindo-se a distância entre o colo da planta e a inserção da
base da inflorescência masculina e a distância entre o colo da planta e a inserção da primeira
espiga, respectivamente.
Diâmetro do colmo, determinado em cinco plantas por unidade experimental
com paquímetro no segundo entrenó acima da superfície do solo.
Rendimento de matéria seca na parte aérea, determinada nos estádio V10, R1,
R3 e no final do ciclo da cultura, constando da amostragem de cinco plantas das linhas número 2
e 7 de cada unidade experimental, as quais foram acondicionadas em estufa com circulação e
renovação forçada de ar a 60-70º C até atingir peso constante.
Índice de colheita (IC %), determinada no final do ciclo da cultura, sendo
obtida pela relação entre a matéria seca de grãos e a matéria seca total da parte aérea, em cinco
plantas na área útil de cada unidade experimental, representada pela somatória das matérias secas
do colmo, bainhas, laminas foliares, palhas, sabugos e grãos.
Para a análise dos resultados, os dados obtidos foram submetidos a análise de
variância pelo teste F, com comparação de médias pelo teste de Tukey a de 5% de probabilidade
de erro, estando apresentados na tabela 2 os principais resultados obtidos.
Tabela 2. Influência de fontes e de doses de adubação fosfatada na altura da Inserção da primeira
espiga (A.I.E.), na altura da planta (A.P.), no diâmetro do colmo (D.C.), no índice de colheita
(I.C.) e na matéria seca em diversos estádios de desenvolvimento da cultura do milho em
Jaboticabal-SP.
A.I.E.
(cm)
Tratamentos
Fontes (F)
Doses (D)
I.C.
(%)
----------Matéria Seca (kg ha-1)----------V10
R1
R3
R6
132,8 a 237 a
23,18 a
43 a
3.623 a
1.1304 a
18.115 a
23.767 a
SS
132,8 a 236 a
23,91 a
41 b
3.685 a
1.0772 a
17.915 a
24.532 a
27
132,8 a 237 a
23,86 a
40 b
3.702 a
1.1046 a
17.907 a
24.647 a
54
132,9 a 236 a
23,23 a
43 a
3.606 a
1.1030 a
18.123 a
23.652 a
Test.
CV (%)
D.C.
(mm)
MAP
DMS
(Tukey 5%)
Teste F
A.P.
(cm)
4,81
6,71
1,44
2,00
281,71
866,15
847,59
1085,76
137
238
23,45
39
3690
11151
17398
23.952
F
0,01NS 0,32NS
1,25NS
5,03*
0,23NS
1,79NS
0,26NS
2,35NS
D
0,01NS 0,06NS
0,93NS
9,36**
0,55NS
0,01NS
0,31NS
3,98NS
FxD
1,41NS 0,16NS
0,44NS
0,02NS
0,45NS
0,38NS
14,73NS
0,11NS
Test. x
Fatorial
2,88NS 0,22NS
0,02NS
7,19*
0,06NS
0,07NS
2,01NS
2,99NS
5,61
4,49
7,07
7,19
4,35
4,1
3,31
2,61
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de
Tukey, a 5% de probabilidade.
**, *- Significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste F; NS - Não significativo.
Observa-se que não houve diferença estatística entre fontes ou doses de P utilizadas,
quanto à altura de inserção da primeira espiga, à altura de planta, ao diâmetro do colmo e na
matéria seca das plantas nos diversos estádios de desenvolvimento avaliados. Isso denota que o
teor de P no solo, da ordem de 41 mg dm-3 (Tabela 1), o qual é considerado alto para culturas
anuais (Raij et al., 1997), possibilitou o fornecimento da quantidade de P necessário para o
normal desenvolvimento das plantas de milho. Plantas de milho, desenvolvendo-se em solos
deficientes em P, já nos primeiros estádios de desenvolvimento, apresentam crescimento
retardado, resultando em diminuição da altura da planta, atraso da emergência das folhas e
redução na produção de matéria seca, entre outras conseqüências para a planta (Fornasieri Filho,
2007; Grant et al., 2001). Também Schenk & Barber (1979) observaram que em condições de
baixo teor de P no solo o desenvolvimento das plantas de milho foi influenciado negativamente, o
mesmo não ocorrendo em condições de alto nível de P no solo.
Quanto ao índice de colheita (Tabela 2), pôde-se notar diferença estatística entre as
fontes e as doses de P, sendo que os maiores valores foram obtidos com a fonte MAP e na maior
dose (54 kg ha-1). Sendo assim, verifica-se que quanto maiores quantidades de P forem
prontamente disponibilizadas para as plantas é maior seu incremento de alocação de matéria seca
para os grãos.
Referências bibliográficas
COELHO, A.M.; ALVES, V.M.C. Adubação fosfatada na cultura do milho. In: SIMPOSIO
SOBRE FOSFORO NA AGRICULTURA BRASILEIRA, Piracicaba, 2003. Anais... Piracicaba,
Potafos/Anda, 2003. 31 p. CD-ROM.
FORNASIERI FILHO, D. Manual da cultura do milho. Jaboticabal: FUNEP, p. 476, 2007.
GRANT, C.A.; FLATEN, D.N.; TOMASIEWICZ, D.J.; SHEPPARD, S.C. A importância do
fósforo no desenvolvimento inicial da planta. POTAFOS, Piracicaba, 2001, 16 p. Informações
Agronômicas.
RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de
adubação e calagem para o Estado de São Paulo. Campinas: Instituto Agronômico, 2 ed.,
1997, 285 p. (Boletim, 100).
SCHENK, M.K.; BARBER, S.A.; Root characteristics of corn genotypes as related to
phosphorus uptake. Agronomy Journal, v. 71, p. 921-924, 1979.
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