Doenças Exantemáticas DEFINIÇÃO: Doença infecciosa sistêmica acompanhada de manifestações cutâneas ETIOLOGIA: virus, bactérias, fungos, protozoários EXANTEMA: causado por ação direta, produtos tóxicos, reação imunológica. Tipos: máculo-papular, vesicular, urticariforme, petequial/purpúrico. Máculo-papular Vesicular Urticariforme P/purpúrico Sarampo X X Rubéola X X Exantema súbito X Enterovirus X X X X Dengue X X MI X X X Hepatite B X X Varicela X Meningo X X Toxoplasmose X X Histoplasmose X DIAGNÓSTICO 1. Anamnese Idade (exantema súbito <2anos; escarlatina – escolar) Procedência (áreas de epidemias) Imunidade por doença prévia (rubéola – ver sorologia) ou vacinação (sarampo, rubéola) Contato com doentes Uso de medicamentos (alergia) HDA detalhada 2. Exame Físico Estado geral (prostração = meningo) Adenomegalias (MI, rubéola, toxoplasmose) Hepatoesplenomegalias (toxoplasmose, MI, HepB) Conjuntivite (sarampo, kawasaki) Faringite (MI, escarlatina) Sinais neurológicos (meningo, enterovirus) Sinais característicos: Manchas de koplik (base eritematosa com pontos esbranquiçados na mucosa da bochecha) = sarampo Língua em framboesa (hipertrofia das papilas) = escarlatina, kawasaki Sinais de pastia (linhas avermelhadas nas dobras) = escarlatina Sinal de Filatov (palidez perioral) = escarlatina 3. Exames complementares/ laboratoriais Sorologia (IgM, a partir de certo dia dependendo da doença, e IgG) Sorologia pareada: colhe sangue e analisa IgG na fase aguda e semanas depois para analisar a soroconversão Hepatite B: anti HbS, Hbe, Hbc, IgG, IgM Considerar não infecciosas: miliária (brotoeja), alergia a drogas, artrite reumatóide juvenil (Doença de Still – febre alta, adenomegalia, hepatomegalia, rash), doença de kawasaki. a) b) c) d) e) f) g) h) SARAMPO (Virus RNA) Transmissão: via aérea, do período prodrômico até 5 dias após o início do rash (PI:10-12d). contagioso. Período prodrômico (3-4dias): súbito, com febre alta, tosse intensa, coriza, conjuntivite (expressiva), manchas de koplik (patognomônica: ao final do período, sumindo quando inicia o rash) Rash: (após o PP) maculo-papular, de evolução cefalo-caudal por 3 dias (mais lento: 3-5 dias). Inicia-se em região retro-auricular e parte posterior do pescoço. É seguido por descamação fina e cor acastanhada, escurecida. Febre mais alta (persiste até 3-4 dias). Raramente envolve mãos e pés Diagnóstico: IgM ou soroconversão (sorologia pareada: 1os dias de infecção e 2-4 semanas após). Laboratorial: leucopenia com linfocitose Fácies: olho mais fechado, hiperemia conjuntival, secreção nasal, edema palpebral, rash Complicações: Virais: laringite, traqueobronquite, diarréia, penumonia de cel. gigantes, encefalite aguda Bacterianas: OMA (otite média aguda) e pneumonia (mais temida) Imunossupressão celular: vírus infecta LyT, LyB e monócitos (pode negativar o PPD) Doença confere imunidade duradoura e reinfecções são raras Tratamento: sintomático (casos não complicados) Desnutridos, hospitalizados, imunodeprimidos e má-absorção = vitamina A Repouso e isolamento das demais crianças por até 5 dias pós início do exantema Vacinação: 1a dose aos 12 meses e o reforço entre 4-6 anos – tríplice viral (vírus atenuados) Prevenção pós contato: >12 meses (susceptíveis): vacinação em até 72h = vacinação de bloqueio <12 meses, gestantes ou imunodeprimidos: IG padrão, em até 5 dias Protege por 4 semanas. Assim, 12 semanas após realiza a vacina, para conferir imunidade duradoura (caso não haja C.I) RUBÉOLA (Virus RNA) Pode ser Congênita e pré-natal (graves mal-formações) ou Adquirida e pós-natal (leve). a) Transmissão: via aérea, do período prodrômico até 5-7 dias após início do rash (PI:14-21d). Ocorre mais no fim do inverno e início da primavera. b) Período prodrômico: tosse, coriza e conjuntivite (leves ou ausentes), adenomegalias occipitais, retroauriculares, cervicais posteriores c) Rash: maculo-papular, cefalo-caudal, rápida em 3 dias (início na face), de forma segmentar (aparece em uma região e desaparece na outra), enantema (nas mucosas), febre ausente ou baixa. Infecção subclínica é freqüente (66%), diferente do sarampo. Poliartralgia/artrite aparece mais nos adolescentes e adultos. d) Diagnóstico: IgM ou soroconversão (sorologia pareada) e) Complicações: artrite (interfalangeanas / mais nas mulheres jovens), púrpura trombocitopenica, encefalite, sd. da rubéola congênita (gestantes, no 1º trimestre criança com microcefalia, catarata, surdez, retardo mental, má formação cardíaca, etc) f) Tratamento: sintomático (soro, antitérmico, anti-histamínico, hidratação, etc), evitar contato com gestantes. g) Prevenção pós contato: IG para gestante susceptível, embora haja eficácia duvidosa. h) Vacina: 1 ano, 4-6 anos (reforço), mulheres em idade fértil (tríplice ou monovalente) EXANTEMA SÚBITO (Herpes vírus humano 6 ou 7 - DNA) / Roséola infantil a) Transmissão: saliva de adultos em contato com mucosa oral, nasal, conjuntival da criança. Após infecção primária, o vírus permanece latente. PI HHV-6: 9-10d. Acomete <3 anos (pico entre 6 e 15 meses de idade), >6 meses b) Manifestações (10%): febre alta, linfadenopatia, irritabilidade, c/ ou s/ manifestações de vias aéreas (rinorréia, faringite) e gastrointestinais (diarréia, vômitos, dor abdominal), por 3-5 dias. Podem ocorrer casos de convulsão febril (febre alta). c) Rash: maculo-papular, róseos, após o cessamento da febre, por 1-3 dias (fugaz). Início no tronco, propagando para face, pescoço e região proximal dos membros d) Diagnóstico: Clínico. Leucopenia com linfocitose, sorologia, PCR e) Tratamento: sintomático. Não existem vacinas. ERITEMA INFECCIOSO (Parvovirus B19) Precisa de células em divisão para sua replicação: M.O, pp da linhagem eritróide. a) Transmissão: pelas vias respiratórias (alta freqüência em escolares). Não transmite quando sintomático. b) Período prodrômico: pode aparecer ou não febre baixa, mal estar, anorexia (7-10dias) c) Rash: após o PP exantema na face (bofetada) com palidez perioral, eritema malar, lesões eritematosas que evoluem com clareamento central e se unem, formando rendilhado (dura dias-semanas), com ou sem febre. Pode ser intermitente (1-3 semanas), com ressurgimento. Não há acometimento palmoplantar. d) Complicações: Artralgia, artrite (mãos, joelhos, tornozelos), c/ ou s/ rash, em adultos e mulheres (apos fase virêmica) Crises aplásticas em doenças hemolíticas crônicas (febre, sinais gerais, anemia severa, com ou sem rash) Anemia e pancitopenia em imunodeprimidos (falência medular crônica) Hidropsia fetal (anemia grave, ICC) após infecção materna, pp 2o trimestre de gestação e) Diagnóstico: sorologia, PCR. Laboratorial: redução significativa de reticulócitos periféricos. f) Tratamento: sintomático. Não há vacina. Graves: IG (IV) para imunodeprimidos, Hemotransfusão (anêmicos aplásticos) ENTEROVIROSES (Enterovirus, Coxsackie, Echovirus) Doenças causadas por vírus cujo sitio primário de invasão é o intestino. A maioria é assintomática. PI: 3-6 dias (exceto conjuntivite hemorrágica: 24-72h) Transmissão: fecal-oral ou VR, vertical (parto). Muito freqüente em lactentes e crianças jovens. Os enterovirus tem tropismo por SNC e meninges (principais causadores de meningites virais) Dificulta o diagnóstico por causar doença febril inespecífica TTO: sintomático. Ig (IV) em casos mais graves. Não há vacina. Doença febril inespecífica (mais comum) Febre alta, irritabilidade, vômitos, diarréia, sintomas de vias respiratórias altas. Rash: macular, maculo-papular, urticariforme, vesicular, petequial Pode ocorrer meningoencefalite associada Pode ser fatal em RN sem anticorpos maternos Doença mão-pé-boca Febre baixa Orofaringe hiperemiada com vesículas que ulceram na língua, mucosa oral, palato, gengiva e/ou lábios. Lesões maculo-papulares ou vesiculares nas palmas das mãos, pés e reg. Glútea.