XII SIMPOSIO A Importância da Interpretação de Textos na

Propaganda
XII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS
DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ
Sustentabilidade - Mudança dos Padrões de Consumo
A Importância da Interpretação de Textos na Formação
dos Jovens
Waldir Ventura
Professor do Curso de Logística
Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP Campus Guarujá
[email protected]
[email protected]
Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee
Resumo
O presente trabalho estuda práticas e experiências pedagógicas para auxiliar
no aprendizado dos alunos das séries do ensino médio, com o objetivo de
fazer com que eles tenham um aprendizado sabendo interpretar textos não só
no vernáculo, mas também nas disciplinas que apresentam linguagem própria,
tais como a matemática, o direito, a logística entre outras.
No primeiro momento o artigo procura elementos que identifiquem a
importância de se realizar uma boa leitura e a importância em fazer com que os
alunos consigam aprender de forma clara a interpretação de textos para que
possa valorizar toda e qualquer disciplina escolar.
Fala ainda das demais linguagens porque não é só a língua portuguesa que é
importante para se contextualizar e entender as situações do cotidiano.
A linguagem matemática, a científica de quaisquer outras áreas, a linguagem
do direito, também é abordada.
Em segunda abordagem, fala-se da metodologia adotada para atingir o objetivo
do artigo, que foram experiências adotadas em sala de aula.
Como o artigo versa sobre a importância da interpretação, na terceira parte,
analisa o que convencionou-se chamar “matematiquês”, que é a linguagem
matemática e que de forma contextualizada, tem sua importância para que os
jovens acompanhem corretamente os problemas do cotidiano, se a souberem
interpretar.
Os benefícios do hábito da leitura e da interpretação também são abordados,
para mostrar no parágrafo seguinte que a falta de interpretação de textos,
sejam na língua pátria, ou em qualquer linguagem podem não levar à
conclusões óbvias.
Concluindo, chega-se à ideia de que toda e qualquer atividade que reforce a
importância da leitura e interpretação de textos em sala de aula são bem
vindos, porque são importantes para o desenvolvimento intelectual dos alunos.
Palavras-chave: Interpretação de Texto, Linguagem Técnica, Aprendizado.
Summary
This paper studies teaching practices and experiences to help educate students
in high school grades, in order to cause them to have an education knowing
interpreting texts not only in the vernacular, but also in subjects that present
language itself, such as mathematics, law, logistics and others.
At first the paper attempts to identify the elements importance of conducting a
good read and the importance of making students can learn clearly the
interpretation of texts so you can enhance any school subject.
It speaks also of other languages because it is not only the Portuguese
language it is important to contextualize and understand everyday situations.
The mathematical language, scientific in any other areas, the language of law,
are also addressed,
In the second approach, there is talk of the methodology adopted to achieve the
objective of the article, which were adopted as experiences in the classroom.
This article was focused on the importance of reading skills and text
interpretation, in the third part of this paper looks at what is usually called
"Matematiques" which is the mathematical language and that in context, it has
its importance for young people to properly follow the everyday problems, to
know to interpret.
The benefits of reading and interpretation habits are also covered, to show in
the next paragraph that the lack of a clear interpretation of texts, whether in
native language or any language cannot lead to obvious conclusions.
In conclusion, one comes to the idea that any and all activities that reinforce the
importance of reading and interpreting texts in the classroom are welcome, as
are important for the intellectual development of students.
Key-words: Text Interpretation, Technical Vocabulary, Learning.
Seção 5 - Projetos de pesquisa sobre outros temas e relacionados a
qualquer área do conhecimento.
Apresentação: Oral
1. Introdução
Muito se fala em fazer com que nossos estudantes aprendam bem a linguagem
culta, para poder ler, interpretar, despertar o raciocínio e expressar,
contextualizar o que leu.
Ao longo da minha carreira como docente, acho mais bonita a palavra
professor porque é sublime, pude observar vários critérios aplicados e
experimentei alguns, mas a experiência demonstra que o que se deve utilizar é
um critério para cada aluno, ou um critério para cada grupo de alunos que
tenham o mesmo preparo, mesmo grau de desenvolvimento, de habilidades,
entre outras características semelhantes aos dos colegas, mesmo que com isto
tenhamos que criar em sala de aula metodologias diferentes para os menos
interessados ou desenvolvidos, com pouca base teórica ou prática.
Tudo que pude vivenciar como aluno é que um bom entendimento da língua
portuguesa faz com que consigamos interpretar os mais variados assuntos,
seja a própria gramática culta, a diferenciação da linguagem culta da linguagem
vulgar.
Há alguns anos eu assistia assiduamente o Professor Pasquale Cipro Neto em
seu programa diário da TV Cultura “Nossa Língua Portuguesa”.
E em uma passagem com meu primogênito que tinha de três para quatro anos
de idade, ele, ao passar pedalando um triciclo que tinha falou “nossa una
portuguesa” (grafado como eu entendi ao se referir ao programa que eu
assistia).
Mordendo a língua como quem queria dizer de forma figurada ao invés de
gramatical e isto logo me fez entender que se a criança souber o significado da
frase, da expressão, ela consegue, não só interagir, contextualizar, mas
também dar exemplos que serão entendidos por qualquer pessoa.
Ainda na sequência de meus estudos, pude ver o primeiro acordo gramatical se
não me falhe a memória em 1971 quando foram retirados os assentos de
inúmeras palavras de nossa língua, a qual, no meu ver, fez com que o cidadão
perdesse muito com relação ao grau de cultura que poderia atingir. Isto porque
para podermos saber se uma palavra era acentuada, com relação ao texto que
escrevia, ele tinha que se situar diante ao vocabulário que lhe era oferecido.
Por exemplo: sábia, sabiá e sabia às quais precisávamos saber o porquê da
acentuação, assim devíamos nos atentar para o que significava cada uma
delas.
Ao longo de meus ensinamentos dentro da matemática, procuro mostrar aos
alunos que ela é como uma música porque se guardarmos o refrão somar,
subtrair, dividir e multiplicar.
Esta rotina vai, aos poucos, fazer com que cada aluno vá juntando as demais
frases que lhe são ensinadas ao longo do tempo. Ao final, ele cantará a canção
que podemos chamar de Exatas sem passar pelo tédio, desinteresse, medo e
outras situações que o fazem perder o interesse por uma linguagem que
também pode ser interpretada de forma semelhante à gramatical e com isto
dominar a linguagem culta do “matematiquês1i”.
A pergunta que se tenta responder é: O que seria de Malba Tahan se os livros
de matemática não pudessem ter seus textos lidos e interpretados?
Assim, este projeto visa mostrar que se pode incentivar a leitura não só voltada
para a língua portuguesa, mas também para a linguagem matemática. O fato é
que se o aluno souber interpretar corretamente a língua portuguesa,
certamente ele poderá transferir para a linguagem matemática esta
interpretação e com isto, resolver os problemas que ele precisa resolver no
cotidiano.
Isto se dará com a ideia de remeter os alunos a pesquisarem histórias
contadas pela comunidade, pelos seus pais, pelos seus colegas, que podem
ser contos, fábula ou até mesmo vivenciadas por alguém. Depois, transformar
esta história em outra história com as mesmas características escrita por cada
um deles.
2. Metodologia do Projeto
A proposta seria fazer com que os alunos da primeira série do Ensino
Fundamental inicialmente escrevessem estórias ouvidas das mais variadas
pessoas.
Trocariam estas histórias com os demais colegas e cada um iria escolher
aquela que mais se adequasse aos seus interesses intelectuais para, por fim,
escreverem seus contos, estórias de forma criativa trocando os lugares, os
personagens as atividades de cada um.
Os personagens poderiam estar relacionados com seus colegas de classe, de
escola, familiares e de bairro.
Ao final o material criado seria passado à todos para que pudessem escolher
os melhores, dando, nem que seja de forma singela a importância que cada
aluno merecer pela atividade criada.
1
Matematiquês – neologismo criado para referir se à uma linguagem escrita a ser estudada e
interpretada no contexto das ciências exatas.
A publicação de uma pequena edição contendo estas histórias viria consagrar
ainda mais a atividade e os alunos teriam de presente um exemplar daquilo
que por eles foi escrito.
Esta prática poderia ser utilizada pelo um professor de Português, Língua
Portuguesa etc.
3. Utilizando a interpretação de textos no matematiquês.
Todos que estudaram e estudam a Matemática sabem que ela também possui
uma linguagem própria e ao ser corretamente escrita fará com que se possa
chegar à solução de problemas.
Que tal falarmos que um elemento “x” pertence ao conjunto dos números reais
de forma que venha estar entre o número cinco e o número oito. Ao interpretar
literalmente a frase, pode-se deduzir que os números que estão entre o numero
cinco e o número oito são os números seis e sete, portanto, pode-se dizer que
o elemento x pode ser o seis e o sete.
Transferindo para a linguagem matemática, a frase, ou expressão, seria:
x ϵ a N / 5< x < 8
A reciproca é verdadeira, se de alguma forma for trabalhado em sala de aula a
interpretação correta da linguagem matemática, podemos escrever na mais
culta língua portuguesa o que se quer interpretar e resolver.
Da mesma forma os alunos, através de exercícios, irão criar as mais variadas
sentenças matemáticas e trocar com os colegas para que interpretem,
analisem, escrevam e deem suas respostas.
Ao final haverá o confronto nos quais as respostas serão comparadas com
aquilo que os seus colegas entenderam ao escrever as sentenças que
propuseram aos colegas.
Toda a rotina acompanhada pelo professor, que irá verificar caso a caso,
corrigindo os que propuseram sentenças, ou ainda os que responderam, se o
fizeram de forma equivocada.
O raciocínio em cima de leitura de sentenças matemáticas fará com que os
alunos se concentrem no resultado que esta a procurar, que é a solução do
problema.
Analogamente, a mesma concentração que um leitor de um assunto qualquer
e em especial de gramática ou língua portuguesa precisa para que ele se situe
na história, tal como: local, lapso temporal, personagens, atitudes, entre outras
porque de forma compenetrada, fará com que desenvolva o hábito de leitura.
Outro exemplo: “Quando ia a Bagdá, encontrei com um homem que tinha sete
mulheres. Cada mulher tinha sete sacos. Em cada saco tinha sete gatos e cada
gato tinha sete gatinhos. Homens, mulheres, gatos, gatinhos, quantos iam à
Bagdá?”.
A Linguagem utilizada é o português, mas expressa um problema de
matemática trabalhado no Caderno do Aluno da Primeira Série do Ensino
Médio distribuído pelo Governo do Estado de São Paulo em 2015.
Esta interpretação foi realizada em sala de aula em 12 de maio, onde os alunos
do primeiro ano do Ensino fundamental puderam discutir apresentar a solução,
transcrita abaixo:
1 homem + 7 mulheres + 49 sacos (7 mulheres x 7 sacos que possuía cada
mulher) + 343 gatos (porque cada mulher tinha um gato) + 2401 gatinhos
(porque cada gato tinha sete gatinhos cada um).
Após vários debates puderam entender o texto e verificar que somente seres
vivos estavam indo para o local informado, porque fazia parte do problema 49
sacos que eram inanimados, portanto não podiam ser contados como pessoas.
Como a pergunta refere se só a: “Homem, mulheres, gatos, gatinhos, quantos
iam à Bagdá”, os alunos entenderam que eram só seres vivos, portanto deviam
excluir da contagem os sacos. E acertaram, quando deram a resposta: 2752,
porque também no texto não diz que “eu” deveria ser incluído na contagem.
Conseguiram resolver aritmeticamente e depois montaram uma Progressão
Geométrica, onde puderam perceber que também temos matemática ao se
interpretar um texto literário.
4. Benefícios do hábito da leitura e o da Interpretação
Hoje, fala-se muito em prepararmos nossos jovens para que aprendam a
aprender. Esta ideia será o intento de cada um dos docentes que trabalham
com os alunos das séries de ensino médio porque a partir do término desta
etapa de três ciclos eles se lançam aos cursos superiores e em grande parte à
vida profissional.
Os que continuarem seus estudos terão meios nas universidades para
aprender e até mesmo para serem conduzidos ao autodidatismo (aprender a
aprender) porque irão buscar suas respostas através dos resultados de
experiências realizadas nos laboratórios. Os professores os conduzirão,
certamente, a entenderem a necessidade de colocar em prática tudo o que
aprenderam, assim, estarão aprendendo a aprender.
Já os que irão se lançar às suas carreiras profissionais, poderão ter sucesso,
se ao longo do ensino fundamental adquiram o hábito de ler e interpretar o que
leem. Esta prática fará com que cada aluno, na análise literal de cada frase, de
cada ideia vá executando os atos que o autor do texto espera que ele pratique.
Isto, o levará ao resultado esperado, ou próximo do que se espera, mas na
certeza de que pode obtê-lo se refizer os passos na busca pelo resultado
correto.
Em suma, o aluno estará praticando o autodidatismo e este é um dos maiores
legados que o hábito da leitura e da interpretação de textos pode trazer à um
indivíduo porque não haverá barreiras instransponíveis para que o aluno
aprenda por si mesmo.
5. A falta de interpretação de um texto pode não levar a conclusões
óbvias
No brilhante poema o Andarilho, Manoel Barros nos faz entender que é muito
importante a interpretação de um texto e o conhecimento que se tem sobre ele
vejamos:
O Andarilho - Manoel de Barros
Eu já disse quem sou Ele.
Meu desnome é Andaleço.
Andando devagar eu atraso o final do dia.
Caminho por beira de rios conchosos.
Para as crianças da estrada eu sou o Homem do Saco.
Carrego latas furadas, pregos, papéis usados.
(Ouço arpejo de mim nas latas tortas.)
Não tenho pretensões de conquistar a inglória perfeita.
Os loucos me interpretam. (grifos meus)
A minha direção é a pessoa do vento.
Meus rumos não têm termômetro.
De tarde arborizo pássaros.
De noite os sapos me pulam.
Não tenho carne de água.
Eu pertenço de andar atoamente.
Não tive estudamento de tomos.
Só conheço as ciências que analfabetam.
Todas as coisas têm ser?
Sou um sujeito remoto.
Aromas de jacintos me infinitam.
E estes ermos me somam.
Vejamos a quantidade de neologismos que ele traz para o texto. Se uma
pessoa bem preparada o ler terá como identificar, se situar e responder com
clareza, o que cada um destes novos termos quer demonstrar.
Por exemplo, para ligar a poesia ao tema deste trabalho, invoca-se a frase “Só
conheço ciências que analfabetam”, transferindo para um hipotético verbo
“analfabetar”.
Podemos entender que qualquer ciência com linguagem própria, sem ter quem
leia suas proposições, suas notações científicas, para dar continuidade àquilo
que ela quer demonstrar poderá induzir à ideia de que os indivíduos com
relação àquele tipo de leitura são considerados analfabetos.
Deduz-se então, que não é somente os indivíduos que não sabem ler, ou seja,
não alfabetizados, mas todo e qualquer cidadão que não tenha conhecimento
de uma determinada ciência.
Por isso reforça-se a importância que é ler e interpretar um texto, seja ele em
português, seja ele matemático, seja ele científico ou qualquer outro texto para
que a pessoa não venha ser analfabeta.
Conclusão
Ao se praticar em sala de aula exercícios voltados ao incentivo da leitura com
criatividade e que podem ser trabalhados interdisciplinarmente ou
transversalmente certamente incentivará cada aluno procurar por boa leitura
ligada aos seus interesses.
O resultado será a busca por livros de seus interesses e ainda a procura por
textos encontrados em sítios adequados disponíveis na “internet”, isto fará
com que os alunos transformem suas curiosidades em sabedoria conduzindoos a uma vida e melhor.
Esta prática não será válida apenas para os que tiverem a felicidade de
continuar sua formação em curso superior, será também àqueles que irão à
procura de cursos técnicos que os preparem para atuar profissionalmente em
seus locais de trabalho, aprimorando suas habilidades para se tornarem
profissionais exemplares.
Ao interpretar textos, matemáticos ou não, quero ser sempre um louco...
REFERÊNCIAS:
BARROS, Mônica Garcia; TAMANINI, Juliano. Interpretações da leitura em livros
didáticos. In: CELLI – COLÓQUIO DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS E LITERÁRIOS.
3, 2007, Maringá. Anais... Maringá, 2009, p. 1858-1870. Encontrada em
http://www.ple.uem.br/3celli_anais/trabalhos/estudos_linguisticos/pfd_linguistico
s/076.pdf , visitado em 25 de maio de 2015/
CAGLIARI, Carlos. Alfabetização e Lingüística. São Paulo: Scipione, 1996.
JÚLIO CÉZAR DE MELLO E SOUZA, MALBA TAHAN, O homem que calculava.
Encontrado em:
http://www.coordenacaopedagogica.com.br/file.php/1/PAS_2009/Livro__Malba_Tahan_-_O_homem_que_calculava_ilustrado_.pdf , visitado em 25 de maio de
2015/
SILVA, Ezequiel Theodoro da. Elementos de Pedagogia da Leitura. São Paulo: Martins
Fontes, 1998.
SOARES, Magda Becker. Letramento: um tema em três gêneros. 2. ed., 5. reimpressão,
Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
STANISLAU Ponte Preta, Sérgio Porto o... Gol de Padre e outras crônicas,
encontrada em http://educacao.globo.com/literatura/assunto/resumos-delivros/gol-de-padre-e-outras-cronicas.html , visitado em 25 de maio de 2015/
Download