Sessão 7 CAPÍTULO 33 GUIAS PARA MANEJO DA INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA E DIÁLISE PERITONEAL PRIMEIRA PARTE: INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA Nilzete Liberato Bresolin Pediatra Especialista em Nefrologia e Terapia Intensiva Mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal de Santa Catarina Professora Assistente de Nefrologia Pediátrica Universidade Federal de Santa Catarina Presidente do Departamento de Nefrologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pediatria. Chefe da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica do Hospital Infantil Joana de Gusmão Endereço: Avenida Rubens de Arruda Ramos, 850/701 Centro – Florianópolis – SC CEP 88015-701 Fone 48 3322 4595 FAX 48 3228 0215 e-mail [email protected] 2 Introdução 1. Definição e Marcadores de LRA 2. Avaliação Clínica e Investigação 3. Prevenção e Avaliação de Fatores de Risco 4. Manuseio da LRA 5. Acompanhamento e Alta Hospitalar Introdução O termo lesão renal aguda (LRA) é a nova nomenclatura para a desordem conhecida como insuficiência renal aguda (IRA) (8). Objetiva-se com isto englobar um espectro maior de pacientes do que o grupo com IRA grave e que necessita de terapia de substituição renal (TSR) e pretende-se enfatizar que a LRA ocorre em um continum e que o importante é reconhecer o declínio agudo da função renal que, tanto pode ser secundário a uma injúria que cause alterações estruturais, quanto a uma injúria que cause danos funcionais dos rins (8). Independente da causa quanto mais grave for o evento, quanto mais demorado o diagnóstico e a instituição de medidas de prevenção e tratamento, mais grave será a lesão e, provavelmente, pior será o prognóstico do paciente. Diversos estudos demonstram que a LRA representa um problema clínico maior, com incidência crescente, principalmente em pacientes gravemente enfermos, e com influência significante sobre a taxa de mortalidade (10). Os intensivistas e emergencistas têm papel fundamental no reconhecimento precoce e também na prevenção de injúrias iatrogênicas devendo evitar, sempre que possível, o uso de drogas nefrotóxicas e, nos casos em que as mesmas forem essenciais fazendo o ajuste de doses de acordo com o clearance da creatinina. Ainda, dados de estudos recentes, de acompanhamento de longo prazo, de pacientes que desenvolveram LRA têm demonstrado que até 25% (incluindo os que recebem alta com níveis normais de 2 3 creatinina) podem desenvolver algum grau de proteinúria, hipertensão e nefropatia e devem ser orientados sobre a importância de monitorização destes dados (36). Apesar dos avanços em cuidados nefrológicos e intensivos, a taxa de mortalidade se mantém elevada variando entre 30% e 57% segundo dados recentemente publicados (10). Uma possível explicação para este fato seriam as diferentes definições de LRA uma vez que o diagnóstico da mesma tem por base o uso de marcadores convencionais da função renal, isto é, uréia e creatinina, os quais apresentam limitações e não refletem as alterações da taxa de filtração glomerular (TFG) em tempo real. Contribuem, portanto, para demora no diagnóstico e no tratamento de suporte e terapêutico. Estes marcadores aumentam por acúmulo, precisam de tempo para se acumular antes de se elevarem no sangue e só aumentam quando já houve lesão renal. Assim, embora a creatinina seja o marcador mais utilizado para avaliação da função renal, não parece ser um marcador ideal em pacientes criticamente enfermos. Primariamente, sua geração é determinada pela massa muscular (diariamente 1% a 2% da creatina muscular é convertida em creatinina) e, também, pela oferta diária de proteína da dieta. Estes fatores respondem, provavelmente, por variações séricas observadas entre diferentes faixas etárias, diferentes grupos étnicos, raciais e geográficos (37). Stevens e cols (37) demonstraram que os valores de creatinina são maiores no sexo masculino; em pacientes que se alimentam com carne em relação aos vegetarianos; em negros em relação aos asiáticos e, em pacientes que fazem musculação em relação aos sedentários. Por outro lado, demonstraram níveis séricos de creatinina reduzidos em desnutridos e em pacientes que sofreram qualquer tipo de amputação. Além disso, seus níveis séricos dependem do volume de distribuição, que pode estar dramaticamente aumentada após ressuscitação volêmica; do comprometimento da função hepática (responsável por sua geração) que podem resultar em diminuição dos seus níveis (37). Todas estas considerações estão de 3 4 acordo com evidências recentes que demonstram que mesmo alterações mínimas nos níveis de creatinina podem se associar com alta taxa de mortalidade (24). Deve-se observar, também, na análise do resultado da creatinina que alguns fármacos, por exemplo, as cefalosporinas podem alterar o resultado por interferir com método de Jaffé (utilizado em diversos laboratórios) e produzir elevação artificial de seus níveis (5). Da mesma forma, aumentos nos níveis séricos de bilirrubinas também podem causar redução artificial nos seus valores (5). Essa interferência pode ser minimizada por manobras de desproteinização ou de oxidação do soro antes da dosagem da creatinina através da reação de Jaffé (27). Estas observações têm estimulado diversos autores na busca por novos biomarcadores (BM) que permitam o diagnóstico de LRA antes do aumento dos níveis séricos de creatinina (15). Dentre os diversos novos BM sob avaliação destacam-se como os mais promissores: a lipocalina gelatinase associada a neutrófilos (NGAL) sérica e urinária, interleucina 18 urinária (IL-18), a molécula de injúria renal 1 (KIM-1) e a cistatina C sérica (15). Deve se destacar, no entanto, que a experiência clínica com estes BM é escassa, seus custos são elevados e eles não estão amplamente disponíveis. Desta forma, até que estes obstáculos sejam vencidos, a realidade atual é de que há mais de 35 definições para LRA publicadas na literatura. A falta de uma definição padrão impede a comparação racional de estudos que avaliam estratégias para prevenção e tratamento da IRA; limita a generalização de dados gerados em um único centro e dificulta a estratificação de pacientes. Neste contexto, merece destaque, o trabalho do grupo de Iniciativa de Qualidade de Diálise Aguda (AQDI) criado no início dos anos 2000, e composto por nefrologistas e intensivistas, incluindo representação pediátrica (www.AQDI.net) (8). Estes estudiosos propuseram novos critérios diagnósticos de LRA a partir de um sistema de escalonamento no qual foram enquadradas classes crescentes de gravidade da mesma e que foram denominados 4 5 critérios de RIFLE. Esta classificação utiliza mudanças nos valores da creatinina (ou na TFG) a partir dos níveis basais ou alteração do débito urinário (o pior dos 2 critérios) para definir 3 níveis crescentes de disfunção renal: risco, lesão, insuficiência além de 2 critérios clínicos evolutivos: perda da função renal e fase final de doença renal(Tabela 33.1) (8). Em crianças, os critérios foram analisados e modificados por Akcan-Arikan e cols (2) e denominados pRIFLE com base na redução do clearance da creatinina estimado (eCCL) pela fórmula de Schwartz (34) e no débito urinário em relação ao peso corpóreo.(Tabela 33.2). Embora mais de 71000 pacientes tenham sido incluídos em estudos para validação dos critérios de RIFLE, estes critérios apresentam limitações e, devido a estas limitações, em 2005 o grupo Acute Kidney Injury Network (AKIN) propôs modificação dos critérios de RIFLE (30) (Tabela 33.3). Com base no fato de que pequenas alterações nos níveis de creatinina podem se associar a eventos que, a curto e longo prazo, podem exercer impacto sobre a mortalidade, estes autores adotaram o incremento de 0.3mg/dl no valor da creatinina sérica como parâmetro para considerar perda da função renal após correção da volemia (30). Além disso, estabeleceram um período de 48 horas para o diagnóstico baseados nas evidências de pequenas mudanças de creatinina podem resultar em prejuízo significante principalmente quando a elevação ocorre em 24 a 48horas. Visando a comparação dos 2 critérios de classificação (RIFLE e AKIN) um estudo realizado em 57 UTI ligadas a Sociedade de Cuidados Intensivos da Austrália e Nova Zelândia analisou 120.000 pacientes em 5 anos (6). A análise dos dados permitiu aos autores concluírem que os critérios AKIN não melhoraram sensibilidade e/ou capacidade preditiva de definição de LRA nas primeiras 24 horas após admissão na UTI. A seguir são apresentadas as recomendações. 1. Definição e Marcadores de LRA 5 6 1.1Definição Nos últimos anos tem se observado que pequenos aumentos nos níveis de creatinina sérica se associam com pior prognóstico (24). A substituição do termo IRA por LRA objetiva destacar que a LRA acontece em um continuum e que estas pequenas alterações permitem reconhecimento precoce e, desta forma, tratamento precoce antes da lesão progressiva e da falência renal. Os critérios de pRIFLE baseiam-se em aumento de creatinina sérica ou redução do débito urinário (o pior dos 2 critérios) (2). A aplicação destes critérios, em diversos estudos, tem validado que pacientes com LRA têm maior risco de óbito e que a gravidade da LRA se associa com maior taxa de mortalidade e maior tempo de internação (2,18). Recomenda-se que os critérios de pRifle sejam adotados para definição e classificação da LRA (1B) 1.2 Marcadores de LRA A creatinina sérica continua sendo o principal marcador de comprometimento da função renal (FR) embora não pareça ser o melhor marcador para em pacientes criticamente enfermos. É necessário tempo para a creatinina se acumular antes que seus níveis séricos se elevem (30,37). O volume de distribuição, (muitas vezes elevado no paciente grave) e a taxa de produção influenciam sua dosagem. Métodos de rotina para medida da creatinina sérica são baseados na reação de Jaffe, descrita há mais de 100 anos e que pode sofrer influência positiva por substâncias tais como glicose e cefalosporinas e interferência negativa como, por exemplo, elevação de bilirrubinas (37). Há medidas para reduzir a interferência de algumas substâncias, no entanto, a melhor opção seria a utilização de métodos enzimáticos de dosagem da creatinina, nem sempre disponíveis devido aos custos elevados. Fica claro, portanto, a necessidade de novos biomarcadores que permitam o diagnóstico precoce da LRA (15). Os mais estudados são a neutrophil gelatinase-associated lipocalin (NGAL), Kidney Injury Molecule-1 (KIM-1), 6 7 interleukin-18 (IL-18), and cystatin C (15). Há diversas publicações demonstrando a importância dos mesmos no diagnóstico precoce da LRA, no entanto, há necessidade de maiores estudos para que possamos recomendá-los como superiores a creatinina sérica para diagnosticar LRA. Além disso, os critérios de classificação de pRIFLE são baseados nos valores de creatinina sérica e débito urinário(2). Embora o débito urinário possa ser influenciado pelo uso de diuréticos, oferta hídrica e condições hemodinâmicas sua redução é um indicador sensível de disfunção renal e, pode preceder o aumento de creatinina em pacientes críticos. No entanto, destaca-se que algumas formas de LRA (especialmente as associadas a agentes nefrotóxicos) podem cursar com débito urinário normal. Recomenda-se que a creatinina sérica e o débito urinário sejam os marcadores de LRA. (1B) 2. Avaliação Clínica e Investigação 2.1 Avaliação As principais causas de LRA são: isquemia, sepse ou insultos nefrotóxicos ao rim. Em pacientes em unidade de cuidados intensivos (UTI) as causas são freqüentemente multifatoriais (18). No entanto, alguns pacientes podem ter como causa de base nefrite intersticial ou glomerulopatias que exigem terapias específicas e que devem ser investigadas e tratadas rapidamente (4). A investigação clínica deve iniciar com anamnese e investigar fatores de risco tais como: renais, cardíacos, hepáticos, diabetes mellitus, uso de drogas nefrotóxicas; causas potenciais de comprometimento renal (ingesta hídrica reduzida, perdas hídricas, sintomas urinários, uso recente de drogas, sepse, febre, rash, dor articular) e, a partir da anamnese exame físico minucioso (4). Recomenda-se que todos os pacientes com LRA sejam submetidos a anamnese e exame físico cuidadosos objetivando determinar a causa da LRA. (1B) 2.2 Investigação 7 8 A avaliação clínica ditará a investigação a ser realizada. Inicialmente, deve-se solicitar: uréia, creatinina, gasometria, eletrólitos, hemograma, urinálise, urocultura (na suspeita de infecção), hemocultura (na suspeita de infecção). Exames mais específicos serão solicitados na dependência da apresentação clínica e podem incluir imunologia renal (ANCA, complemento, marcadores da atividade inflamatória), bioquímica urinária (eletrólitos e osmolaridade), ECG, Raio X de tórax, Raio X de abdomem, ultrassonografia e biopsia renal (4). Urinálise pode fornecer informações clínicas importantes. A presença de proteinúria pode sugerir glomerulopatia; hematúria associada a cilindros hemáticos em urina recém emitida também sugere doença glomerular. A hematúria também pode resultar de alterações do trato urinário (litíase, infecção, uropatias). Caracteristicamente mioglobinúria pode resultar em presença de hemoglobina (fita positiva para sangue) e ausência de hemácias ao exame microscópico (11). A leucocitúria é inespecífica, no entanto, é comumente observada em infecção urinária, nefrite intersticial aguda (NIA) e glomerulopatias. A eosinofilúria quando presente fala a favor de NIA. Medicações comumente associadas a NIA são meticilina e outros análogos da penicilina, sulfonamidas, rifampicina e ainti-inflamatórios não hormonais (AINH) (4). A microscopia urinária pode ser importante porque várias drogas podem causar LRA e cristalúria (sulfonamidas, aciclovir, triamterene, indinavir e catárticos ricos em fosfatos) (4). Além disso, nos pacientes com síndrome de lise tumoral (SLT) pode haver deposição de cristais de uratos. Em relação aos índices urinários para auxiliar na diferenciação entre LRA pré-renal e necrose tubular aguda (NTA), a fração excretora de sódio (FENa) é o índice mais utilizado em pediatria. Porém, seus valores, assim como dos níveis urinários de sódio, podem ser comprometidos frente ao uso de diuréticos e/ou dopamina. Os recém-natos, com LRA pré-renal, devido a imaturidade renal, as doenças de supra-renal perdedoras de sódio e 8 9 as crianças com doença renal prévia podem apresentar FENa e sódio urinário sugestivos de NTA (4). Deve se ressaltar ainda, que na síndrome hepato-renal sódio urinário < 10mmol/L está incluída como um dos critérios diagnósticos. Uma revisão recente de dados da literatura sobre estudos de microscopia urinária e exame do sedimento concluiu que a mesma pode permitir diferenciar NTA de LRA pré-renal. Da mesma forma, a presença e o número de células epiteliais e cilindros de células epiteliais e/ou granulares também pode ajudar no diagnóstico de LRA e na avaliação de gravidade do dano renal (3). A ultrassonografia (USG) é o padrão ouro para diagnóstico de obstrução do trato urinário superior; porém, pacientes hipovolêmicos podem não ser detectados inicialmente, necessitando repetição do exame. Nos casos em que USG seja inconclusiva pode ser necessário estudos dinâmicos com medicina nuclear (DTPA) com furosemide ou tomografia computadorizada para esclarecimento diagnóstico (4). Recomenda-se que todos os pacientes com LRA realizem investigação incluindo urinálise e USG. (1B) 3. Prevenção 3.1. Prevenção e avaliação de fatores de risco Muitos casos de LRA poderiam ser evitados com medidas tão simples quanto reposição volêmica precoce e adequada, descontinuação ou não utilização de agentes potencialmente nefrotóxicos e reconhecimento precoce de condições que causam rápida progressão da LRA (3,4,10,18). Os fatores de risco a serem identificados incluem: baixa idade, doença renal prévia, insuficiência cardíaca, necessidade de ventilação mecânica, necessidade de drogas vasoativas, doença hepática, diabete mellitus, uso de agentes nefrotóxicos, hipovolemia, sepse e choque (3,10,18). Recomenda-se que pacientes com risco de LRA sejam identificados e que medidas preventivas sejam instituídas precocemente. (1B) 9 10 3.2 Prevenção: Reposição volêmica A LRA é um fator de risco independentemente associado à morbidade e mortalidade em pós operatório de cirurgia cardíaca (38). As causas são multifatoriais e a identificação de pacientes de risco e a instituição de medidas preventivas são essenciais. Hipovolemia e hipervolemia devem ser evitados a partir de prescrição de fluidos adequada ao estado volêmico do paciente e da realização sistemática de balanço hídrico, avaliação do débito urinário e peso diário (3,4). Em relação ao fluido de reposição a maioria dos autores concorda que os cristalóides representam a melhor opção em perdas plasmáticas. O estudo SAFE publicado em 2004 comparou o uso de albumina 4% em relação a salina isotônica como líquido de reposição em pacientes de UTI e concluiu não haver diferença a evolução, mortalidade, necessidade de TSR ou duração de hospitalização (17). Em relação ao potássio recomenda-se que o mesmo não deve ser administrado exceto após verificação de níveis séricos baixos. Lembrar que a administração de bicarbonato de sódio para correção de acidose pode resultar em hipocalemia. Recomenda-se que reposição de fluidos em pacientes gravemente enfermos seja cuidadosa e adequada ao estado volêmico do paciente. Após administração deve-se manter monitoração rigorosa do mesmo. (1B). 3.3 Prevenção: LRA secundária a rabdomiólise O dano muscular com lise celular libera mioglobina e outros produtos musculares que podem induzir LRA. A mioglobina livremente filtrada pelos rins exerce nefrotoxicidade direta sobre as células epiteliais tubulares especilamente em situação de hipovolemia e acidose. Diversas situações podem resultar em rabdomiólise: trauma, queimadura, síndrome compartimental, hipertermia maligna, distúrbios metabólicos, infecções, acidentes por animais peçonhentos e drogas (cocaína, ecstasy, estatinas) (11,35). O manuseio inclui avaliação do estado volêmico, hidratação agressiva (2 a 3 litros/m2/dia 10 11 de acordo com a condição clínica, débito cardíaco e débito urinário) e administração de bicarbonato de sódio visando alcalinização urinária (pH urinário > 6.5) (11,35). A monitoração do paciente para evitar ocorrência de edema agudo de pulmão é fundamental. Recomenda-se: Os pacientes em risco de rabdomiólise devem receber expansão volêmica com salina isotônica e bicarbonato de sódio para alcalinização urinária. (1B) 3.4 Prevenção: LRA Secundária a Síndrome de Lise Tumoral (SLT) Nefropatia do ácido úrico pode resultar em LRA. Em situação de superprodução ou superexcreção de ácido úrico em pacientes com linfoma, leucemia ou doença mieloproliferativa, principalmente após quimioterapia (QT) ou radioterapia, com lise celular pode ocorrer hiperuricemia, hipercalemia, hiperfosfatemia e precipitação intratubular de ácido úrico. Medidas preventivas incluem hidratação agressiva (2 a 3 litros/m2/dia de acordo com a condição clínica, débito cardíaco e débito urinário), e administração de inibidores da xantina-oxidase (alopurinol) antes do início da QT. O alupurinol limita o aumento da excreção do ácido úrico, porém, aumenta a excreção de precursores do mesmo (xantina e hipoxantina) que são menos solúveis que o ácido úrico e podem provocar LRA (3,4). Uma opção recentemente apresentada para manuseio desta situação é a rasbirucase, uma substância que catalisa a oxidação enzimática do ácido úrico em alantoína, substância hidrossolúvel e facilmente excretada pelo rim (3,4,14). A Rasburicase está contra-indicada em pacientes com deficiência de G6PD, grávidas e mulheres que estejam amamentando (14). Em relação à alcalinização urinária o Guideline da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, publicado em 2008, relata que a alcalinização tem sido historicamente recomendada para tratamento de crianças com hiperuricemia, especialmente aquelas tratadas com alopurinol, para promover excreção urinária de ácido úrico. No entanto, esta prática não deve mais ser 11 12 recomendada porque não há evidência clínica de eficácia e pode promover a precipitação de fosfato de cálcio. A alcalinização só deve ser indicada em situação na qual o bicarbonato estiver indicado para correção de acidose metabólica. A alcalinização não é necessária em pacientes recebendo rasburicase (14). O uso de diuréticos pode ser necessário para manter o débito urinário adequado, mas seu uso é contra-indicado em pacientes hipovolêmicos ou com uropatia obstrutiva (14). Em alguns casos de SLT com hiperuricosúria associados a hipercalemia e hiperfosfatemia pode haver necessidade de tratamento dialítico (14). Recomenda-se que os pacientes em risco de SLT recebam expansão volêmica agressiva (2 a 3 litros/m2/dia de acordo com condição clínica, débito cardíaco e débito urinário). (1D). A administração de inibidores da xantina-oxidase (alopurinol) deve iniciar 1 a 2 dias antes do início da QT de indução e deve continuar por 3 a 7 dias com base no risco de desenvolver SLT. (1B) O bicarbonato de sódio para alcalinização urinária não é recomendado em pacientes recebendo rasburicase. (1D) A rasburicase está indicada em pacientes com hiperuricemia e SLT e no manuseio daqueles considerados de alto risco para desenvolver SLT. Para pacientes com risco intermediário, inicia-se rasburicase quando ocorre hiperuricemia apesar do tratamento profilático com alopurinol. (1B) 3.5 Prevenção: Nefropatia Induzida por Contraste (NIC) A NIC classicamente ocorre dentro das 72 horas do recebimento do meio de contraste e usualmente se recupera em 5 dias. A incidência é maior nos pacientes com fatores de risco para LRA e se associa com aumento na mortalidade a curto e longo prazo (3). A LRA é induzida por vasoconstricção arteriolar e toxicidade direta do meio de contraste as células epiteliais tubulares (3,22). A prevenção inclui eliminação de fatores de risco e avaliação do estado volêmico do paciente. Deve-se sempre pesar risco x benefício do exame contrastado e considerar, sempre que possível, outro tipo de exame de imagem 12 13 (p.ex, angioressonância magnética). Agentes potencialmente nefrotóxicos como AINH e aminoglicosídeos devem ser evitados ou descontinuados. Pacientes com risco de NIC devem receber expansão volêmica adequada antes do procedimento com salina isotônica endovenosa (1ml/Kg/hora por 12 horas pré e pós exame) ou bicarbonato de sódio isotônico endovenoso (3,22). Revisões sistemáticas e metanalises comparando salina isotônica ou bicarbonato reconhecem a heterogenicidade das publicações e mantêm a recomendação de ambos podem ser utilizados para expansão de volume em pacientes com risco de NIC (22). Meios de contraste com alta osmolaridade devem ser evitados em pacientes com risco de NIC. Em relação à N-acetilcisteína metanalises demonstram que não há evidências para uso rotineiro (32). Recomenda-se que pacientes em risco para NIC sejam avaliados cuidadosamente em relação ao seu estado volêmico e recebam expansão hídrica pré procedimento com soro fisiológico 0.9% ou bicarbonato de sódio isotônico. (1A) 4. Manuseio da LRA 4.1 Medidas Gerais Reposição volêmica adequada, tratamento da doença de base (p. ex. sepse, hemorragia), evitar administração de agentes nefrotóxicos, manutenção da pressão de perfusão são medidas suficientes para tratamento efetivo da maioria dos casos de LRA. Nos pacientes hipovolêmicos deve-se administrar bolus repetidos de soro fisiológico 0.9% ou colóide com reavaliação após cada administração, monitoração da PVC e do débito urinário (7,26). O nível sérico de lactato pode auxiliar na avaliação da resposta a administração de volume (2). Em relação ao débito urinário deve-se observar que, embora a oligúria chame a atenção para a possibilidade de LRA, sua presença não é constante. Parte da resposta ao estresse cirúrgico é aumento da secreção do hormônio antidiurético (ADH) e upregulation do sistema renina-angiotensina-aldosterona 13 14 resultando em retenção ávida de água e sal (26). A avaliação do estado volêmico do paciente é essencial para a decisão sobre administração de volume apenas nos pacientes hipovolêmicos (7). Muitos pacientes com graus avançados de LRA necessitarão de TSR. A monitoração contínua do estado volêmico do paciente durante episódio de LRA é fundamental. Alguns pacientes desenvolvem fase poliúrica de LRA que pode resultar em balanço hídrico negativo, hiponatremia e hipocalemia. A decisão sobre prescrição de anti-hipertensivos e diuréticos deve ser cuidadosa. Recomenda-se que medidas gerais de suporte sejam voltadas para otimizar o estado hemodinâmico através da reposição fluídica adequada, administração de vasopressores e/ou inotrópicos e tratamento da doença de base. Drogas nefrotóxicas devem ser evitadas ou descontinuadas. (1A) 4.2 – Manuseio: Dosagem das Drogas A dose das drogas necessita ser ajustada à função renal do paciente para reduzir a toxicidade. A farmacocinética incluindo o volume de distribuição, o clearance e a ligação protéica poderá ser alterada pela falência de órgãos comum em pacientes críticos (3,4). Recomenda-se que a dosagem de drogas seja adaptada à alteração cinética da LRA . (1B). 4.3 – Manuseio: Terapia Farmacológica Não há evidências científicas, até o momento, que permitam recomendar o uso de terapias farmacológicas específicas no tratamento da LRA. Em relação aos diuréticos de alça há a possibilidade de reduzir o consumo de oxigênio (O2) na alça ascendente de henle (AAH) e assim reduzir o dano isquêmico comum nesta área (20). Além disso, nos pacientes que respondem com diurese, há a possibilidade de conversão de LRA oligúrica em não oligúrica (sabidamente com melhor prognóstico) e desta forma facilitar o manuseio hidroeletrolítico, podendo reduzir a necessidade de TSR e permitir a adequação do suporte nutricional. Há, no entanto, muitas opiniões conflitantes em 14 15 relação ao uso do mesmo e, estas podem ser exemplificadas neste estudo de Metha e cols (31) publicado no JAMA em 2002, o qual analisou 552 paciente com IRA internados em UTI em 4 centros associados à Universidade da Califórnia concluiu que o uso de diuréticos estaria associado significantemente a aumento no risco de morte, além de não auxiliar na recuperação da função renal. No entanto, a metodologia deste estudo foi questionada nos seguintes pontos: a maioria dos pacientes já estava em uso de diurético quando ocorreu a avaliação inicial pelo nefrologista; os pacientes que evoluíram mal com o uso de diuréticos foram os que não responderam ao uso inicial do mesmo e, não houve diferença na taxa de mortalidade entre os que responderam inicialmente e os que receberam placebo. Assim, a diferença observada poderia estar relacionada à maior gravidade da IRA e talvez também à doença de base e, não ao uso de furosemide. Recentemente uma metanálise de 9 estudos randomizados e controlados concluiu que o furosemide não se associa a nenhum benefício na prevenção e tratamento da LRA em adultos (21). Outro ponto a ser observado é que, mais recentemente, estudos têm demonstrado risco de desenvolvimento de resistência diurética por uso crônico de furosemide, p. ex, em pacientes cardiopatas. Esta deve ser suspeitada frente à diminuição da diurese sem piora da função renal, comprometimento hemodinâmico ou redução da oferta de fluidos (9). A resistência diurética parece estar associada à hipertrofia das células tubulares distais renais devido ao aumento da concentração distal tubular de sódio induzida pelo uso crônico de diurético. A hipertrofia seria uma tentativa de compensar e aumentar a reabsorção de sódio neste local (9). Esta complicação pode ser tratada por administração concomitante de baixas doses de um diurético com ação no túbulo distal (p.ex. clorotiazida). Em relação à ototoxicidade estudos têm demonstrado que a infusão em bolus apresenta maior estimulação neuroendócrina e vasoconstrição e, que com a infusão contínua se promove 15 16 manutenção da diurese com menor ototoxicidade em relação ao uso convencional de bolus intermitentes (9). Quanto à dopamine um agonista de receptor dopaminérgico não seletivo, embora efetivamente induza aumento do fluxo sangüíneo renal (FSR), natriurese e diurese em pacientes saudáveis, metanálise recentemente publicada demonstrou que baixas doses de dopamina podem piorar a perfusão renal em pacientes com LRA (25). Ainda, Friedrich e cols concluíram que não há evidência que suporte qualquer benefício clínico com o uso de dopamina em pacientes com LRA (19). Além disso, a dopamine também pode apresentar efeitos colaterais que incluem arritmias cardíacas, isquemia miocárdica e intestinal. Fenoldopam é um agonista seletivo de receptor dopaminérgico A1 que diminui a resistência vascular sistêmica e aumenta o FSR para a região cortical e medular renal (28). A maioria dos estudos clínicos que têm investigado a capacidade do fenoldopam em prevenir desenvolvimento de LRA têm sido inconclusivos. Uma metanalise recente de 16 estudos randomizados concluiu que o fenoldopam reduz a necessidade de TSR e a mortalidade em pacientes com LRA (23). Há, portanto, necessidade de estudos randomizados e controlados multicêntricos sobre sua indicação. Recomenda-se que até o momento não há terapia farmacológica efetiva específica para tratar LRA secundária a hipoperfusão e/ou sepse. (1B) 4.4 – Manuseio: Suporte Nutricional Em muitas situações a LRA associa-se a hipercatabolismo, liberação de aminoácidos de músculos esqueléticos, balanço nitrogenado negativo e evolução rápida para desnutrição (4). A resistência a insulina pode resultar em hiperglicemia que pode ser agravada por aumento na gliconeogênese hepática (29). Comprometimento da lipólise pode resultar em hipertrigliceridemia. Além disso, os métodos de TSR também resultam em perda de aminoácidos, proteínas, vitaminas hidrossolúveis e oligoelementos (3). Estudos têm demonstrado que a desnutrição é fator de risco de mortalidade intra-hospitalar para 16 17 pacientes com LRA, mesmo após ajustes para complicações e co-morbidades (16). A manutenção do suporte nutricional é fundamental e deve ser elaborada visando diminuir o catabolismo protéico e suprir o requerimento energético, dando preferência à via enteral, sempre que possível. A oferta de nutrientes via enteral ajuda a manter a integridade intestinal, reduz o risco de translocação bacteriana e diminui a atrofia intestinal. Caso as condições hemodinâmicas dificultem adequação da oferta nutricional recomenda-se instituir a TSR (4). A dieta deve incluir proteína de alto valor biológico, baixa concentração de fósforo e potássio. Lactentes devem receber 120Kcal/Kg/dia e crianças mais velhas aporte calórico adequado às suas necessidades individuais, considerando possível hipercatabolismo e desnutrição (4). Nos casos que necessitem de nutrição parenteral, deve-se optar por uma linha venosa central e administrar aminoácidos 1 a 2 g/kg/dia, com a oferta calórica composta por glicose e lípides (4). Os eletrólitos devem ser monitorados para evitar hipocalemia e hipofosfatemia comuns após início da nutrição enteral. Por haver poucos estudos sistemáticos avaliando o impacto da nutrição em pacientes com LRA as recomendações são baseadas em opinião em experts. Em 2006, a Sociedade Européia de Nutrição publicou um guideline, para adultos com LRA, recomendando o requerimento nutricional de acordo com a gravidade da doença de base e o tipo da TSR (13). Como regra geral recomendava 1,7gramas de aminoácidos/Kg/dia se o paciente estivesse hipercatabólico ou em TSR (13). Recomenda-se que suporte nutricional precoce e adequado é essencial no manuseio de crianças com LRA. O requerimento nutricional dependerá da gravidade da doença de base, presença de hipercatabolismo e TSR. O aporte calórico em deve ser o recomendado para idade ou maior se houver hipercatabolismo ou desnutrição. A oferta protéica deve ser de 1.0 a 2.0 g/Kg/dia. Oligoelementos e vitaminas hidrossolúveis devem ser suplementadas sempre que necessário (1C) 17 18 5 Acompanhamento Após a Alta Hospitalar Recentemente, estudos têm demonstrado que insultos HI e nefrotóxicos podem resultar em alterações renais fisiológicas e morfológicas que podem causar dano renal posterior. Estudos clínicos têm concluído que a LRA de qualquer etiologia é fator de risco para doença renal subseqüente e é, especialmente, deletéria se ocorre antes dos rins atingirem tamanho de adulto ou ainda antes do desenvolvimento completo dos nefrons in útero (33). Resultam desta situação rins com menor número de néfrons (oligonefronia) e glomerulomegalia (33). Estudos em RN, crianças e adultos têm demonstrado que 25 a 50% das crianças comprometimento que renal, desenvolveram LRA traduzido proteinúria, por apresentarão algum hipertensão grau de arterial ou comprometimento da função renal em 3 anos, 5 anos, 10 anos ou 16 anos de acompanhamento (1,5,12). Estes dados ilustram o risco de comprometimento renal posterior a episódio de LRA e, sugerem que tais crianças sejam acompanhadas 1x/ano em relação aos níveis tensionais, creatinina sérica, e proteinúria. Recomenda-se: após a alta os pacientes com diagnóstico de LRA devem ser monitorados rotineiramente em relação à função renal, presença de proteinúria e hipertensão, mesmo quando a creatinina encontra-se dentro dos valores normais (para a idade da criança) no momento da alta. Alterações em qualquer destes itens pode demorar anos para aparecer. (1D) 18 19 Tabela 33. 1. Critérios de RIFLE8 Critério TFG* Critério Débito U RisK Risco Cr sérica x 1.5 < 0.5ml/Kg/h x 6hs Disfunção Renal TFG < 25% Injury Cr sérica x 2.0 Lesão Renal TFG < 50% Failure Cr sérica x 3.0 < 0.3ml/Kg/h x 24hs Insuficiência Renal Cr ≥ 4mg/dl ou ou anúria x 12 hs < 0.5ml/Kg/h x 12hs Aumento Cr >0.5mg/dl Loss Perda FR Falência >4 semanas End Doença Final Falência > 3 meses Bellomo e cols8 *TFG: Taxa de Filtração Glomerular 19 20 Tabela 33.2 Critérios modificados de RIFLE para pacientes pediátricos 2 ClCr Estimado* Critério Débito Urinário eClCr diminuído 25% < 0.5ml/Kg/h x 8hs eClCr diminuído 50% < 0.5ml/Kg/h x 16hs Failure eClCr diminuído 75% < 0.3ml/Kg/h x 24hs Insuficiência Renal eClCr<35ml/min/1.73m2 Ou anúria x 12 hs Loss Perda FR Falência >4 semanas End Doença Final Falência > 3 meses RisK Risco Disfunção Renal Injury Lesão Renal Akcan-Arikan2 * eClCr: clearance estimado de creatinina calculado utilizando a equação de Schwartz 12 a partir de uma creatinina medida até 3 meses antes da internação em UTI e, se esta não fosse disponível considerava-se como eClCr de base o valor de 100 ml/min/1,73m2 20 21 Tabela 33. 3. Sistema AKIN de classificação/estadiamento para lesão renal aguda30 TFG* AKIN 1 Débito Urinário Aumento Cr sérica 1.5-2 x Cr basal ou de < 0.5ml/Kg/h x 6h 0.3mg/dl AKIN 2 Aumento Cr sérica 2-3 vezes do seu valor < 0.5ml/Kg/h x 12h basal AKIN 3 Aumento Cr sérica > 3 vezes dos eu valor < 0.3ml/Kg/h ou anúria por basal ou em ≥ 0.3mg/dl em pacientes com Cr 12h sérica > 4mg/dl *TFG: taxa de filtração glomerular Metha e cols30 Referências 1. Abitbol C, Bauer CR, Montane B et al. Long-term follow-up of extremely low birth weight infants with neonatal renal failure. Peditr Nephrol 2003; 18:887-93. 2. Akcan-Arikan A, Zappitelli M, Loftis LL et al. Modified RIFLE criteria in critically ill children with acute kidney injury. Kidney Int 2007; 71: 1028-35. 3. Akcay A, Turkmen K, Lee DW et al. Update on the diagnosis and Management of acute kidney injury International Journal of Nephrology and Renovascular Disease 2010;3:129-40. 4. Andreoli SP. Clinical evaluation and management. 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