AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE DA CREATINA QUINASE EM CÉREBRO DE RATOS JOVENS E ADULTOS APÓS ADMINISTRAÇÃO AGUDA E CRÔNICA DE LIRAGLUTIDA Rosiane Schraiber1; Dra. Gislaine Tezza Rezin (orientadora)2 INTRODUÇÃO A obesidade é caracterizada pelo acúmulo de gordura, de tal forma que possa comprometer a saúde do indivíduo. Além disso, atualmente, é considerada um problema de saúde pública, uma vez que contribui para o desenvolvimento de comorbidades e, consequentemente, aumento da mortalidade (WHO, 2013). Além disso, há uma grande carência de fármacos para o tratamento da obesidade, bem como uma série de restrições relacionadas aos medicamentos existentes no mercado (PAUMGARTTEN, 2011), o que tem estimulado a busca por novos alvos terapêuticos para essa doença. Neste contexto, a liraglutida, a qual é um análogo humano do peptídeo similar ao glucagon tipo 1 (GLP-1), formulada para tratar diabetes mellitos tipo 2, vem despertando o interesse de pesquisadores, visto que demonstrou resultados promissores na diminuição do peso corporal e melhora do comportamento alimentar (AMPUDIA-BLASCO et al, 2010; INOUE et al, 2011), bem como se mostrou eficiente na perda de peso em obesos nãodiabéticos (ASTRUP et al., 2009). Sabe-se que o GLP-1 endógeno exerce efeitos sobre a saciedade, reduzindo o apetite, o esvaziamento gástrico e a ingestão de alimentos, e, desse modo, resulta na perda de peso. Portanto, considerando que a liraglutida pode se tornar uma importante ferramenta no tratamento da obesidade e que pouco se sabe sobre seu efeito na atividade da creatina quinase, enzima importante no metabolismo energético, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da administração aguda e crônica de liraglutida sobre a atividade da creatina quinase em cérebro de ratos jovens e adultos. Palavras-chave: Obesidade. Liraglutida. Creatina quinase. __________________________ 1 Acadêmica de Farmácia da UNISUL. Bolsista do PIBIC. E-mail: [email protected] Professora vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UNISUL. Laboratório de Fisiopatologia clínica e experimental (FICEXP). E-mail: [email protected] 2 MÉTODOS Foram utilizados ratos machos, jovens (100-200g) e adultos (200-300g), da linhagem Wistar. Ambos os grupos de animais compreenderam dois grupos experimentais, agudo e crônico. No experimento agudo, os ratos jovens e adultos receberam uma única injeção intraperitoneal de liraglutida (25, 50, 100, 300µg/Kg ou salina). No experimento crônico, os animais receberam injeções intraperitoneais de liraglutida (25, 50, 100, 300µg/Kg ou salina), uma vez ao dia, durante sete dias. As doses foram baseadas em estudo prévio desenvolvido por Hayes e colaboradores (2011). Vinte e quatro horas após a única (agudo) ou última administração (crônico), os animais foram mortos por decapitação, o cérebro foi removido e o hipotálamo, córtex pré-frontal, cerebelo, hipocampo, estriado e córtex posterior isolados para análise da atividade da creatina quinase. As estruturas cerebrais foram, inicialmente, homogeneizadas, seguido pela dosagem de proteínas, determinada por método descrito por Lowry e colaboradores (1951). A atividade da creatina quinase foi realizada a partir de método descrito por Hughes (1962). Os resultados foram avaliados pela análise de variância de uma via (ANOVA), seguidos pelo post hoc Tukey. A significância estatística foi considerada para valores de p<0,05. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados mostraram que a administração aguda de liraglutida, em ratos jovens, inibiu a atividade da creatina quinase no córtex pré-frontal, cerebelo, hipocampo, estriado e córtex posterior. Já os ratos jovens que receberam administração crônica de liraglutida apresentaram ativação da creatina quinase no córtex pré-frontal, cerebelo, hipocampo, estriado e córtex posterior. Nos ratos adultos, foi observado que uma única administração de liraglutida aumentou a atividade da cretina quinase no hipotálamo, córtex pré-frontal, hipocampo, estriado e córtex posterior desses animais. Por outro lado, a atividade da creatina quinase foi inibida no córtex pré-frontal, cerebelo, estriado e córtex posterior de ratos adultos pela administração crônica de liraglutida. Tomados em conjunto, os resultados encontrados sugerem que a liraglutida altera o metabolismo energético, visto que a creatina quinase é uma enzima que atua na homeostase energética, buscando equilibrar os níveis de ATP nos tecidos que possuem alta demanda de energia. CONCLUSÕES A partir dos resultados obtidos, conclui-se que a alteração da atividade da creatina quinase é dependente da exposição ao fármaco e da idade dos animais, uma vez que ratos jovens que receberam uma dose única de liraglutida tiveram inibição da atividade da creatina quinase, ao passo que a administração crônica de liraglutida causou a ativação desta enzima. Por outro lado, em ratos adultos, a administração aguda de liraglutida promoveu ativação e a administração crônica promoveu inibição da creatina quinase. REFERÊNCIAS Ampudia-Blasco FJ, et al. Liraglutida en el tratamiento de la diabetes tipo 2: recomendaciones para uma mejor selección de los pacientes, desde una visión multidisciplinar. Av Diabetol. 2010;26:226-34. Astrup A, et al. Effects of liraglutide in the treatment of obesity: a randomised, double-blind, placebo controlled study. Lancet. 2009;374(9701):1606-16. Hayes MR, et al. Comparative effects of the long-acting GLP-1 receptor ligands, liraglutide and exendin-4, on food intake and body weight suppression in rats. Obesity (Silver Spring). 2011;19(7):1342-9. Hughes BP. A method for estimation of serum creatine kinase and its use in comparing creatine kinase and aldolase activity in normal and pathologic sera. Clin Chim Acta. 1962;7:597-603. Inoue K, et al. Short-term effects of liraglutide on visceral fat adiposity, appetite, and food preference: a pilot study of obese Japanese patients with type 2 diabetes. Cardiovasc Diabetol. 2011;10:1-8. Lowry OH, Rosebrough NJ, Farr AL, Randall RJ. Protein measurement with the Folin phenol reagent. J Biol Chem. 1951;193(1):265-75. Paumgartten FJR. Tratamento farmacológico da obesidade: a perspectiva da saúde pública. Cad Saúde Pública. 2011;27(3):404-5. World Health Organization – WHO. Obesity and overweight - Fact sheet N°311. WHO; 2013. [acesso em 2014 Jan 20]. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/ factsheets/fs311/en/ FOMENTO O trabalho teve a concessão de Bolsa pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).