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AVALIAÇÃO DO EFEITO DA LINAGLIPTINA SOBRE A ATIVIDADE DA
CREATINA QUINASE EM CÉREBRO DE RATOS JOVENS E ADULTOS
Melissa Benedet 1; Dra. Gislaine Tezza Rezin (Orientadora)2
INTRODUÇÃO
A Organização Mundial de Saúde define obesidade como acúmulo anormal ou
excessivo de gordura, de modo que possa comprometer a saúde do indivíduo (WHO, 2013).
Sua prevalência vem crescendo substancialmente nos últimos anos, constituindo uma
pandemia mundial (Nguyen e El-Serag, 2010). No grupo de doenças crônicas não
transmissíveis, a obesidade pode ser classificada como uma doença, assim como um fator de
risco para outras doenças deste grupo (BRASIL, 2011). Dentre as comorbidades associadas à
obesidade, se destacam as doenças cardiovasculares e metabólicas (WHO, 2013). Nesse
sentido, estudos vem demonstrando que a obesidade pode estar diretamente relacionada com a
resistência insulínica (Kahn, 2006; Wang, 2009), uma vez que insensibiliza órgãos receptores
de glicose para a ação da insulina (Cerf, 2013), sendo dessa forma um fator de risco constante
para o diabetes mellitus tipo 2 (Sociedade Brasileira de Diabetes, 2009).
Neste contexto, o tratamento para obesidade fundamenta-se em uma abordagem
multidisciplinar, a qual compreenda uma série de medidas conservadoras, como dieta e
exercícios (ABESO, 2010). No entanto, um crescente número de pacientes necessita de
suporte farmacológico para alcançar os objetivos desejados (Jiménez, 2013). Contrasta com
esse fato, a disponibilidade de medicamentos para o tratamento da obesidade. Em 2010, no
Brasil, haviam cinco medicamentos registrados para essa finalidade: anfepramona
(dietilpropiona), femproporex, mazindol, sibutramina e orlistate (ABESO, 2010). No entanto,
em virtude de questionamentos relacionados à sua eficácia e segurança, assim como a
presença de efeitos indesejáveis, diversas dessas classes foram retiradas do mercado, o que
tornou o arsenal terapêutico bastante limitado (Paumgartten, 2011).
Diante desse fato, demais medicamentos utilizados para outras finalidades, mas que
apresentam efeito sobre o peso corporal estão sendo investigados com o intuito de introduzilos no tratamento da obesidade (Faria et al., 2010; Powell, 2011). Como exemplo, é possível
citar os fármacos que atuam otimizando o sistema incretina (Baretic, 2012). Os análogos do
peptídeo similar ao glucagon tipo I (GLP-1), assim como os inibidores da enzima dipeptidil
peptidase-4 (DPP-4) são novas classes de antidiabéticos que vem demonstrando efeito
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satisfatório no controle da glicemia (Russel-Jones e Gough, 2012), assim como vantagens na
redução e manutenção do peso corporal (Nauck, 2009).
Por conseguinte, a linagliptina é o mais recente inibidor da DPP-4, o qual inibe,
seletivamente, esta enzima e dessa forma prolonga a meia-vida do peptídeo insulinotrópico
dependente de glicose (GIP) e GLP-1 endógeno, diminuindo assim a hiperglicemia em
pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (Forst et al., 2011; Nauck, 2011). Contudo, além de sua
ação insulinotrópica, estudos vem apontando um efeito benéfico quanto à manutenção do peso
corporal (Kern et al., 2012; Vickers et al., 2012).
Neste contexto, considerando que a obesidade está intimamente relacionada ao
diabetes, a linagliptina, o qual auxilia no controle da glicemia, pode contribuir positivamente
na manutenção de peso corporal. Tendo em vista que são poucos os medicamentos com
finalidade terapêutica voltada para obesidade, a avaliação da atividade da creatina quinase se
faz necessária para melhor entender os efeitos da linagliptina, bem como colaborar na busca
por novos alvos terapêuticos para tratar a obesidade
Palavras-chave: Linagliptina. Obesidade. Creatina quinase.
_____________________
1
Acadêmica de Medicina da Unisul. Bolsista do Art170. E-mail: [email protected]
2
Professora do Programa de Mestrado em Ciências da Saúde da Unisul. E-mail: [email protected]
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OBJETIVOS
O objetivo do presente estudo foi avaliar a atividade da creatina quinase em cérebro de
ratos submetidos a administração de linagliptina.
MÉTODOS
No presente estudo foram utilizados ratos machos, pertencentes à linhagem Wistar
(Rattus norvegicus), com 30 e 60 dias de idade, pesando entre 100-150g e 250-300g,
provenientes do biotério da Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Os animais foram
divididos em dois grupos experimentais (agudo e crônico). No experimento agudo os ratos
receberam uma única administração oral de linagliptina nas doses de 1; 7,5 e 15mg/Kg ou
salina. Doze horas após a administração os animais foram mortos por decapitação. No
experimento crônico os ratos receberam administrações orais de linagliptina nas doses de 1;
7,5 e 15mg/Kg ou salina, uma vez ao dia, durante sete dias. Doze horas após a última
administração os animais foram mortos por decapitação.
Após a morte dos ratos, o cérebro foi removido e o hipotálamo, córtex pré-frontal,
cerebelo, hipocampo, estriado e córtex posterior foram isolados para as análises bioquímicas.
As estruturas cerebrais foram homogeneizadas. O homogeneizado foi centrifugado a 800 x g
por 10 minutos e o sobrenadante foi armazenado a -40°C. As proteínas totais foram
determinadas pelo método de Lowry e colaboradores (1951). Ainda, a atividade da creatina
quinase foi determinada de acordo com Hughes (1962).
A análise estatística foi realizada através do programa estatístico Statistical Packege
for the Sciences (SPSS 17.0). Os dados foram avaliados pela análise de variância de uma via
(ANOVA), seguida pelo post hoc Tukey. A significância estatística foi considerada para
valores de p<0,05. O projeto foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da
Universidade do Sul de Santa Catarina sob protocolo nº 13.009.4.03.IV.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nossos resultados mostraram que no experimento agudo os animais jovens tiveram
inibição na atividade da creatina quinase no cerebelo (1; 7,5 e 15mg/kg) e hipocampo (1; 7,5 e
15mg/kg). Por outro lado, após administração aguda de linagliptina em ratos adultos a
atividade da creatina quinase foi ativada no córtex posterior (1; 7,5 e 15mg/kg). No
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experimento crônico, os animais jovens tiveram a atividade da creatina quinase ativada no
hipotálamo (7,5 e 15mg/kg), hipocampo (7,5 e 15mg/kg) e córtex posterior (15mg/kg). Além
disso, a atividade da creatina quinase também foi ativada no hipotálamo (7,5 e 15mg/kg) e
córtex posterior (1; 7,5 e 15mg/kg) de ratos adultos. Diante dos nossos resultados nós
podemos observar que uma única administração e repetidas administrações de linagliptina em
ratos jovens e adultos altera o metabolismo energético no cérebro dos animais, sugerindo
assim um desequilibrio na produção de ATP e, consequentemente, na homeostase energética.
CONCLUSÕES
Nossos resultados mostraram que a administração aguda e crônica de linagliptina em
ratos jovens e adultos alteram o metabolismo energético cerebral.
REFERÊNCIAS
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FOMENTO
O trabalho teve a concessão de Bolsa do Artigo 170.
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