Telessaúde Informa Boletim Informativo mensal do Núcleo de Telessaúde SC telessaude.sc.gov.br Novembro de 2011 Victor Américo [email protected] O potencial desmedicalizante das práticas complementares Entrevista sobre a 6ª Conferência Nacional de Saúde com Ricardo Vieira Como a indústria farmacêutica lucra ao transformar problemas banais em doenças Programação das webconferências de novembro página 3 página 4 página 10 Telessaúde Informa Boletim Informativo mensal do Núcleo de Telessaúde SC Experiência exitosa Novembro Julho de 2011 de 2011 [email protected] Grupo terapêutico com usuários portadores de transtornos psicológicos na Atenção Básica A equipe de Saúde da Família da Unidade de Saúde Sertãozinho, localizada em Itapema (SC), sentiu a necessidade de dar uma atenção especial à Saúde Mental da comunidade devido ao aumento d­a demanda de usuários que procuram atendimento apresentando sintomas de tristeza e depressão. A população ia até a Unidade para renovar receitas de medicamentos e pedir encaminhamento para psicólogos e psiquiatras. Os serviços especializados eram utilizados, mas a equipe não recebia o retorno da situação de saúde do paciente após o início do tratamento. Solução do problema 2 telessaude.sc.gov.br O Grupo Terapêutico foi uma saída para a equipe oferecer um espaço para os pacientes socializarem sua vivência, aliando a utilização da medicação psicotrópica com a terapia grupal. Foi com essa experiência que a equipe venceu a 1ª Mostra de Trabalhos da Estratégia da Saúde da Família (ESF) de Itapema. O grupo teve início em outubro de 2010, guiado por uma equipe multidisciplinar. Os participantes apresentavam transtorno depressivo e/ou ansiedade e precisavam de acompanhamento regular. A Unidade possui seis grupos fechados, cada um com 20 pacientes. A cada 15 dias acontece o encontro de um dos grupos. O intervalo é o período de renovação da receita psicotrópica. Os grupos são homogêneos, divididos pelo sofrimento compartilhado pelos integrantes. De acordo com a enfermeira Elayne Schuch e a médica Cláudia Mahl, há uma interação forte entre os participantes e profissionais. A descoberta de si fez com que muitos integrantes superassem as dificuldades que antes os perturbavam. Houve situações em que pacientes até deixaram de utilizar as medicações psicotrópicas. Outros ainda tiveram a oportunidade de diminuir as dosagens prescritas. A Unidade é composta por uma médica, uma enfermeira, um dentista, uma técnica de enfermagem, um auxiliar de enfermagem, um auxiliar de consultório dentário e seis agentes comunitários de saúde. Atende a uma população de aproximadamente 3700 pessoas, sendo a grande maioria de baixa renda A rotina dos grupos terapêuticos Durante todos os encontros foram organizados quatro grupos terapêuticos, num total de duas horas por sessão: Acolhimento Momento para a equipe acolher os participantes e expor a proposta da temática a ser trabalhada durante o encontro. Abordagem temática Com um tema direcionado (como ansiedade ou depressão), os profissionais explicam a patologia, sintomas e tratamentos. Verbalização dos sentimentos Os participantes expõem suas emoções em torno do questionamento: O que te deixa triste? O que te deixa feliz?. Avaliação do encontro A equipe enfatiza ao fim do encontro que as práticas verbalizadas sejam incorporadas no cotidiano das pessoas. Telessaúde Informa Boletim Informativo mensal do Núcleo de Telessaúde SC Outubro Novembro dede 2011 2011 telessaude.sc.gov.br [email protected] Prioridades para o SUS em Santa Catarina Qualidade do atendimento e financiamento foram alguns dos temas dos debates da 6ª Conferência Estadual de Saúde, que aconteceu entre 19 e 21 de outubro em Florianópolis percentuais estaduais e municipais. A não efetivação da Desvinculação das Receitas da União (DRU) e o fim dos subsídios públicos a planos e seguros privados de saúde também são extremamente importantes, assim como a busca e a criação de novas fontes de financiamento. TI: Um dos eixos da Conferência Nacional é “Acesso e acolhimento Ricardo Vieira é médico, atuou com qualidade: um desafio para na ESF e hoje é vereador da o SUS”. Quais as estratégias pencapital catarinense. O Doutor Ricardo foi delegado da etapa Ricardo: Repercutiu de forma posi- sadas na etapa estadual para que tiva por demonstrar que o MS está o atendimento com qualidade se estadual da 14ª Conferência buscando soluções para os proble- consolide no SUS? Nacional de Saúde mas da estruturação da ESF [Estra- Ricardo: A efetivação das condições tégia Saúde da Família] ao adequar para o desenvolvimento da carreiTelessaúde Informa: Qual a sua a Política Nacional de Atenção Bási- ra, de preferência exclusiva, para avaliação geral sobre a Conferên- ca a vários perfis sócio-epidemioló- os trabalhadores do SUS. O atendicia Estadual de Saúde? gicos e ao ratificar o papel dos três mento com qualidade é feito pelos Ricardo Vieira: A Conferência, por âmbitos federativos na organização trabalhadores do SUS e, enquanto meio da ampla participação de qua- da Atenção Básica. Esta discussão a precarização do trabalho estiver se todos os municípios, reafirmou também trouxe à tona a necessida- permeando as tentativas de melhoa aposta e a confiança dos catari- de de o estado investir mais na es- ria do sistema, as dificuldades serão nenses no Sistema Único de Saúde truturação da política estadual de enormes. Todas as outras estraté(SUS) como o meio do Estado garan- Atenção Básica e no seu co-financia- gias decorrem ou dependem desta. tir o direito constitucional da Saúde mento. no contexto da Seguridade Social. TI: Quais as perspectivas para a Através da Carta de Santa Catarina, TI: Tendo em vista que hoje um dos Conferência Nacional de Saúde? que ajudei a elaborar e foi aprovada temas centrais do SUS é o finan- Ricardo: A perspectiva maior é a de pela plenária, reenfatizamos a ne- ciamento, como foi realizada essa que o financiamento se estabeleça cessidade de radicalizarmos os prin- discussão e quais propostas foram como o grande debate. Pautado pela cípios e diretrizes do SUS. definidas? tramitação da EC-29 no Senado, o Ricardo: A partir do consenso de conjunto das forças que lutam pelo TI: Estamos em época de nova ges- que é uma questão central, discu- SUS enfrenta um grande desafio. Ou tão no Ministério da Saúde (MS), timos que a regulamentação da continuamos lidando com as dificulvárias portarias têm sido lançadas, Emenda Constitucional 29, garan- dades na consolidação do SUS ou reincluindo a reestruturação da Aten- tindo 10% das receitas correntes afirmamos a Saúde enquanto direito ção Básica. Como essa nova con- brutas da União para a Saúde, é im- de todos e dever do Estado através juntura repercutiu na Conferência? prescindível, além da aplicação dos de seu devido financiamento. 3 Telessaúde Informa Boletim Informativo mensal do Núcleo de Telessaúde SC telessaude.sc.gov.br Novembro de 2011 [email protected] COMPARTILHANDO: Le Monde Diplomatique A farsa farmacêutica As estratégias da indústria farmacêutica para multiplicar lucros espalhando o medo e transformando qualquer problema banal de saúde numa “síndrome” que exige tratamento H á trinta anos, o dirigente de uma das maiores empresas farmacêuticas do mundo fez declarações muito claras. Na época, o diretor da Merck, Henry Gadsden, revelou seu desespero por ver o mercado potencial da sua empresa confinado somente às doenças. Explicando que preferiria ver a Merck transformada numa espécie de Wringley’s – fabricante de chiclete – Gadsden declarou que sonhava produzir medicamentos destinados às pessoas... saudáveis. Porque, assim, a Merck teria a possibilidade de “vender para todo mundo”. Três décadas depois, o sonho entusiasta de Gadsden tornou-se realidade. As estratégias de marketing das maiores empresas farmacêuticas almejam agora as pessoas saudáveis. Os altos e baixos da vida diária tornaram-se problemas mentais. Queixas totalmente comuns são transformadas em síndromes de pânico. Em meio a campanhas de promoção, a indústria farmacêutica, que movimenta cerca de quinhentos bilhões de dólares por ano, explora os nossos mais profundos medos da morte, da decadência física e da doença. Recompensados com toda razão quando salvam vidas humanas e reduzem os sofrimentos, os gigantes farmacêuticos não se contentam mais em vender para aqueles que precisam. Pela pura e simples razão que dá muito lucro dizer às pessoas saudáveis que estão doentes. A fabricação das “síndromes” 4 A maioria de habitantes dos países desenvolvidos têm vidas mais longas e saudáveis que as de seus ancestrais. Mas as campanhas publicitárias transformam as pessoas saudáveis preocupadas com a saúde em doentes preocupados. Problemas menores são descritos como síndromes graves, de tal modo que a timidez torna-se um “problema de ansiedade social”, e a tensão pré-menstrual, uma doença mental denominada “problema disfórico pré-menstrual”. O simples fato de ser um sujeito “predisposto” a desenvolver uma patologia torna-se uma doença em si. Especialista em publicidade, Vince Parry se dedica à mais sofisticada venda de medicamentos: com as empresas farmacêuticas, cria novas doenças. No artigo “A arte de catalogar um estado de saúde”, Parry revelou os artifícios utilizados para “favorecer a criação” dos problemas médicos. Às vezes, trata-se de um estado de saúde pouco conhecido que ganha uma atenção renovada; redefine-se uma doença conhecida há muito tempo, dando-lhe um novo nome; e ainda, cria-se, do nada, uma nova “disfunção”. Médicos orientados por marqueteiros Parry explica como as empresas farmacêuticas não só catalogam seus produtos com sucesso, tais como o Prozac ou o Viagra, mas definem as condições que criam o mercado para esses medicamentos. A ideia segundo a qual as multinacionais do setor ajudam a criar novas doenças parecerá estranha, mas ela é moeda corrente na indústria. Uma das estratégias mais eficazes, segundo um relatório recente de Business Insight, consiste em mudar a maneira como as pessoas vêem suas disfunções sem gravidade. Elas devem ser “convencidas” de que “problemas até hoje aceitos no máximo como uma indisposição” são “dignos de uma intervenção médica”. Dado o grande leque de disfunções possíveis, é difícil traçar uma linha definida entre os saudáveis e os doentes. As fronteiras que separam o “normal” do “anormal” são muito elásticas.. Mas o que se vê é que, quanto mais se amplia o campo da definição de uma patologia, mais essa doença atinge pacientes em potencial e mais vasto é o mercado para os fabricantes. Em certas circunstâncias, os especialistas que dão as receitas são retribuídos pela indústria farmacêuti- Telessaúde Informa Boletim Informativo mensal do Núcleo de Telessaúde SC telessaude.sc.gov.br Novembro de 2011 ca. Segundo eles, 90% dos norte-americanos idosos sofrem de “hipertensão arterial” e mais de 40 milhões da população dos EUA deveria ser acompanhada devido a sua taxa de colesterol alta. Com a ajuda dos meios de comunicação em busca de grandes manchetes, a última disfunção é constantemente anunciada como presente em grande parte da população: grave, mas sobretudo tratável, graças aos medicamentos. As vias alternativas para compreender e tratar dos problemas de saúde, ou para reduzir o número estimado de doentes, são sempre relegadas ao último plano, para satisfazer uma promoção frenética de medicamentos. Quanto mais alienados, mais consumistas As definições das doenças são ampliadas, mas as causas dessas pretensas disfunções são, ao contrário, descritas da forma mais [email protected] sumária possível. Um problema maior de saúde, tal como as doenças cardiovasculares, pode ser considerado pela taxa de colesterol ou da tensão arterial de uma pessoa. A tristeza pessoal resulta de um desequilíbrio químico da serotonina no cerebro. O fato de se concentrar em uma parte faz perder de vista as questões mais importantes, às vezes em prejuízo dos indivíduos e da comunidade. Se o objetivo é a melhora da saúde, alguns dos milhões investidos em medicamentos para baixar o colesterol em pessoas saudáveis, podem ser utilizados, de modo mais eficaz, em campanhas contra o tabagismo, ou para promover a atividade física e melhorar o equilíbrio alimentar. A venda de doenças é feita segundo com técnicas de marketing. A mais difundida é a do medo. Para vender às mulheres o hormônio de reposição na menopausa, brande-se o medo da crise cardíaca. Para vender os medicamentos que baixam o colesterol, fala-se da morte prematura. E, no entanto, os próprios medicamentos que são objeto de publicidade exacerbada às vezes causam os problemas que deveriam evitar. O tratamento de reposição hormonal (THS) aumenta o risco de crise cardíaca entre as mulheres. Pelo menos, um dos famosos medicamentos para baixar o coleste- rol foi retirado do mercado porque havia causado a morte de “pacientes”. Nesses casos, as autoridades de regulação parecem mais interessadas em proteger os lucros das empresas farmacêuticas que a saúde pública. A “medicalização” da vida Há mais de três décadas, o pensador Ivan Illich deu o sinal de alerta, afirmando que a expansão do establishment médico estava prestes a “medicalizar” a própria vida, minando a capacidade das pessoas de enfrentarem a realidade do sofrimento e da morte, e transformando um enorme número de cidadãos comuns em doentes. Ele criticava o sistema médico, “que pretende ter autoridade sobre as pessoas que ainda não estão doentes e sobre as pessoas para quem os remédios receitados pelos médicos não se mostram eficazes. Mais recentemente, Lynn Payer, uma redatora médica, descreveu um processo que denominou “a venda de doenças”: ou seja, o modo como os médicos e as empresas farmacêuticas ampliam sem necessidade as definições das doenças, de modo a receber mais pacientes e comercializar mais medicamentos. Esses textos tornaram-se cada vez mais pertinentes, à medida que aumenta o rugido do marketing e que se consolidam as garras das multinacionais sobre o sistema de saúde. Reportagem de Ray Moynihan e Alan Cassels em maio de 2006 5 Telessaúde Informa Boletim Informativo mensal do Núcleo de Telessaúde SC Outubro dede Novembro 2011 2011 telessaude.sc.gov.br [email protected] PICs têm potencial desmedicalizante Fitoterapia, acupuntura e homeopatia são algumas das práticas que podem complementar tratamentos biomédicos no contexto da medicalização, que transformam qualquer problema em doença U 6 ma das doenças mais frequentes em Santa Terezinha do Progresso, município a 682 km de Florianópolis, é a dorsalgia, popularmente conhecida como dor nas costas. O problema de saúde é decorrente da agricultura familiar de subsistência. Como muitos adultos e idosos trabalham no campo, apresentam lesões osteo-musculares e dor crônica. De acordo com o médico de Saúde da Família Marcos Moreira, a maioria das pessoas com esses sintomas prefere receber remédios a praticar exercícios físicos. Os idosos frequentam as academias orientados por profissionais, mas os adultos relutam em aceitar esse tipo de tratamento. Para Moreira, “As pessoas têm a mentalidade da medicalização e os profissionais de saúde devem explicar que existem alternativas”. A medicalização social é um processo sociocultural complexo que transforma em necessidades médicas as vivências, os sofrimentos e as dores que eram administradas de outras maneiras, que não através de lógica biomédica. O médico Paulo Poli explica no artigo “Acolhimento e (des)medicalização social: um desafio para as equipes de Saúde da Família” que, nesse contexto, a ação do profissional de saúde tende a transformar toda queixa em síndrome ou doença de caráter biológico, desligando essa queixa da vida do paciente, considerando-a numa realidade distinta. Os pacientes de Moreira às vezes chegam à consulta imaginando que a dor de cabeça que sentem é a mesma que o vizinho sentiu antes de sofrer um AVC ou querendo um medicamento indicado por conhecidos. Esses casos mostram como a medicalização está presente na sociedade. “Quando o paciente chega com um diagnóstico e sugerindo tratamento, devemos orientar e desconstruir isso”, enfatiza o médico. O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) Gustavo Gusso destaca que a maioria das pessoas vai ao consultório com sintomas que não podem levar a um diagnóstico e a metade não tem uma doença definida. “O médico não precisa estabelecer um diagnóstico a cada consulta e é bom que nem estabeleça”, conclui. Citando o sociólogo Peter Conrad, a farmacêutica Fabíola Stolf ressalta quatro fatores que contribuem para a hegemonia da medicalização, impulsionada pelos meios de comunicação: a crença no poder da ciência (com a diminuição das práticas religiosas na vida das pessoas, grande parte da informação em saúde provém do conhecimento científico), o mercado da indústria farmacêutica (“A indústria de medicamentos e de exames ganha muito dinheiro com a medicalização. A indústria da saúde é uma das mais lucrativas do mundo”, explica Fabíola), o individualismo (há uma tendência de individualizar tudo, um pensamento de que todas as respostas estão na pessoa, sem levar em conta o meio social) e a busca por respostas rápidas (as pessoas preferem que seus problemas sejam resolvidos de uma maneira mais rápida. Tomar um medicamento é mais fácil que fazer terapia, que demora para levar a uma melhora). Quando se fala em medicalização, pode se falar em medicalização dos processos de vida, como o parto e o acompanhamento do desenvolvimento infantil. Existe também a medicalização da velhice e da menopausa, mas Fabíola explica que a mais evidente é a da saúde mental, área em que foram criadas muitas doenças nos últimos cinquenta anos. “O DSM [Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders] foi criado em 1952 nos Estados Unidos para classificar os problemas mentais. Há uma diferença assombrosa no número de páginas da primeira edição, de 1952, para a última, de 2000. É assombrosa a quantidade de doenças que foram criadas. O processo de medicalização é evidente”, demonstra Fabíola. A saúde mental também tem uma Telessaúde Informa Boletim Informativo mensal do Núcleo de Telessaúde SC telessaude.sc.gov.br Novembro Julho de 2011 de 2011 influência grande na sociedade devido aos medicamentos psicotrópicos que, apesar de causar efeitos adversos, não têm os danos divulgados, dando a entender que esses remédios não têm efeitos colaterais. Como reverter a medicalização? Para o médico e professor do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Charles Tesser, não existe apenas uma solução. A medicalização é um processo complexo. O primeiro passo é ter consciência do problema para mudar a prática dos profissionais da saúde desde a formação. “Médicos que atendem na Atenção Básica têm grande possibilidade de trabalhar isso. Apenas não medicalizando o que não precisa. Botar o freio de mão na tendência do profissional de pensar em termos de doença. Pensar que o profissional está ali para identificar doenças é diferente de estar lá para ajudar os pacientes”, argumenta. Uma saída para a tendência medicalizadora no processo de trabalho é a prevenção quaternária, termo criado pelos médicos de Atenção [email protected] Básica da Europa para designar a percepção dos danos causados pela medicalização excessiva e a posterior proposição de alternativas e da não-intervenção quando não é preciso. “Através de outras medicinas ou práticas populares, o profissional pode fazer uma intervenção que desvie da tendência medicalizadora de pensar em doença, tratamento e médico”, afirma Tesser. As Práticas Integrativas e Complementares (PICS) contemplam sistemas médicos e recursos terapêuticos com abordagens que estimulam mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde com ênfase na escuta acolhedora, na criação do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com a sociedade. Uma delas é a fitoterapia, o uso de chás e plantas medicinais, uma das práticas mais antigas da medicina popular. “Uma boa parte dos tratamentos médicos convencionais veio de tratamentos com plantas medicinais e foram desenvolvidos através das experiências dos curadores. Essas práticas têm um grande grau de convergência com o conhecimento científico de hoje. Porém, a medicina tem uma trajetória de combate a todos os tratamentos não-científicos. Fez parte da luta da medicina para se estabelecer como medicina oficial”, contextualiza o médico e professor. Outras práticas que podem complementar a medicina convencional são acupuntura, homeopatia, grupos de relaxamento, yoga, exercícios físicos e as práticas espirituais. Charles Tesser faz uma ressalva sobre o potencial desmedicalizante das PICs. “Você pode ser tão medicalizado halopaticamente quando homeopaticamente e achar que o remédio homeopático serve para todos os seus problemas”, explica. A força medicalizante e a geração de dependência também pode afetar as práticas alternativas. A tendência desmedicalizadora dessas práticas está na relação mais amigável que os “curandeiros não oficiais” têm com seus pacientes, podendo aproveitar isso para estimular as pessoas a serem mais responsáveis e independentes de seus problemas. O professor da UFSC também valoriza a homeopatia: “Já receitei muito remédio homeopático no lugar de antibióticos em casos de pneumonia leve, por exemplo. Prefiro o remédio homeopático, feito na farmácia local, em vez do antibiótico que colabora com a indústria farmacêutica”. Para ele, não há dificuldades em aliar a medicina convencional com as práticas integrativas e complementares. “É preciso ter critério e bom senso”, resume. Há poucas situações em que as opções de tratamento são conflitivas. Além disso, essas práticas têm a vantagem de não causar efeitos colaterais ou danos para o paciente. 7 Telessaúde Informa Boletim Informativo mensal do Núcleo de Telessaúde SC telessaude.sc.gov.br Outubro dede Novembro 2011 2011 Filmes [email protected] Mary e Max (2009) é um ladrão especialista em roubar segredos valiosos do inconsciente das pessoas durante o sono. Essa habilidade destacou Cobb no mundo da espionagem industrial. Impedido de voltar aos Estados Unidos por causa de um assassinato, aceita a missão de plantar a ideia de uma pessoa para poder rever a família nos EUA. Um jovem herdeiro de um império econômico precisa se convencer de desmembrar a empresa. Evento V Encontro estadual de Saúde da Família O encontro acontece entre 7 e 9 de novembro no Centro de Convenções de Florianópolis (Centrosul). O evento tem como objetivos contribuir para o fortalecimento da Atenção Básica, propiciar espaços de melhoria das práticas profissionais por meio da troca de experiências e premiar experiências exitosas que contribuam para o fortalecimento das equipes e da ESF. Haverá palestras sobre integralidade e coordenação de cuidado, saúde mental e o uso da autoavaliação como ferramenta para planejamento da Atenção Básica. 8 O ano em que meus pais saíram de férias (2006). Em 1970, Mauro (Michel Joelsas) é um mineiro de 12 anos que adora futebol. Sua vida muda quando os seus pais saem de férias de repente. Na verdade, os pais de Mauro eram fugitivos da Ditadura Militar e o menino teve que ficar com o avô. Enquanto aguarda notícia dos pais, concilia tristeza pela situação em que vive com a felicidade do desempenho do Brasil na copa do mundo. Vídeo A Origem (2010). Dom Cobb (Leonardo DiCaprio) Experiência exitosa “Projeto Viva a Vida” de Ipira O vídeo conta a experiência do projeto que usou a água termal disponível na região para melhorar a qualidade de vida dos idosos do município do meio-oeste. As consequências do envelhecimento podem ser minimizadas com a prática dessa atividade. A pressão arterial e os batimentos cardíacos são monitorados e a avaliação muscular é realizada por uma fisioterapeuta. Disponível no portal http://telessaude.sc.gov.br Telessaúde Informa Boletim Informativo mensal do Núcleo de Telessaúde SC telessaude.sc.gov.br Outubro Novembro dede 2011 2011 [email protected] Resultado final da pontuação Vale do Itajaí Doutor Pedrinho - ESF Centro 110 pontos Planalto norte Irineópolis - Centro 1770 pontos Nordeste Guaramirim - ESF Único 180 pontos Foz do Rio Itajaí Balneário Camboriú ESF Bairro Município 150 pontos Extremo oeste Santa Terezinha do Progresso Meio oeste - ESF Único Vargem Bonita ESF 01 3250 pontos 1470 pontos Menção honrosa de participação Os seguintes municípios tivevam uma participação significativa e contínua nas atividades do Telessaúde: Novo Horizonte Irani Iomerê Lindóia do Sul Modelo São José do Cedro Formosa do Sul Ouro Santa Rosa do Sul Presidente Castello Branco Tigrinho Planalto serrano SMS Lages 410 pontos Grande Florianópolis Antonio Carlos ESF 01, 02 e 03 100 pontos Sul Santa Rosa de Lima 180 pontos Continue participando da Segunda Opinião Formativa! A Segunda Opinião Formativa consiste numa segunda avaliação de uma determinada situação de saúde e é realizada por teleconsultores, num prazo de até 72h úteis, para elucidar dúvidas acerca da melhor conduta a ser tomada. Caracteriza-se, portanto, como um suporte à decisão profissional. É Formativa porque favorece a formação em serviço de forma constante dos profissionais que atuam na Estratégia de Saúde da Família, proporcionando acesso à literatura científica baseada em evidências e troca de experiências entre os profissionais de saúde. Nesse sentido, representa uma ferramenta importante para a consolidação da Política Nacional de Educação Permanente no SUS. Para obter maiores informações, escreva para: [email protected] 9 Telessaúde Informa Boletim Informativo mensal do Núcleo de Telessaúde SC telessaude.sc.gov.br Novembro de 2011 [email protected] Programação das webconferências de novembro 10 Participe da escolha dos temas das próximas webs. Envie sugestões para [email protected]. Sua participação é importante! 03/11 Workshop - Odontologia: Protocolos Medicamentosos I, 15h Palestrante: Prof. Dr. Rubens Rodrigues Filho Resumo: a)Profilaxia Antimicrobiana: quando é indicada, antimicrobianos indicados, recomendações atuais b) Cirurgias de Menor Complexidade: quando e o que prescrever em situações como exodontias, biópsias, gengivectomias, frenectomias, etc; c) Cirurgias de Maior Complexidade: quando e o que prescrever em cirurgias de dentes inclusos, apicectomias, enxertos ósseos, etc; d) Alveolites: como fazer o tratamento e quando usar antibiótico; e) Pericoronarites: como fazer o tratamento, que medicamento usar (antiinflamatório ou antibiótico). 16/11 Abordagem do adolescente na APS, 15h Palestrante: Igor Tavares da Silva Chaves Resumo: A abordagem do adolescente na Atenção Básica deve levar em consideração as peculiaridades dessa faixa etária. Nessa web, vamos abordar a postura profissional necessária para o acolhimento dessa população, bem como fatores para os quais devemos estar atentos durante o contato com os adolescentes. 09/11 Ferramentas de Trabalho – Ficha A, Ficha B, Ficha C, Ficha D, 15h Palestrante: Jimeny Pereira Resumo: A importância do conhecimento e a correta captação e utilização dos dados provenientes das fichas de trabalho para toda a equipe da ESF. Dados que podem e devem ser utilizados como instrumento para o conhecimento da situação de saúde, planejamento, intervenções e avaliação das ações na área de abrangência da Equipe. Ficha A: cadastramento das famílias; Ficha B: acompanhamento de gestantes; Ficha C: cartão da Criança; Ficha D: registro das atividades diárias do Agente Comunitário de Saúde. 17/11 Workshop - Odontologia; Protocolos Medicamentosos II, 15h Tutor: Prof. Dr. Rubens Rodrigues Filho Palestrante: a)Endodontia: quando prescrever medicamentos nos tratamentos endodônticos convencionais e naqueles de maior complexidade. Como os medicamentos podem ajudar nas urgências; b) Periodontia: ouso de medicamentos como coadjuvantes no tratamento das doenças periodontais agudas e crônicas; c)Odontopediatria: quais os cuidados na prescrição. Que procedimentos necessitam de prescrição. Telessaúde Informa Boletim Informativo mensal do Núcleo de Telessaúde SC Outubro Novembro dede 2011 2011 23/11 Experiência Exitosa: Município Peritiba (SC), 15h Tutor: Prefeitura de Peritiba e Gisele Damian Palestrante: O Município de Peritiba traz sua experiência exitosa de desenvolvimento do Setor Público e Seus Colaboradores, através da implantação de um programa para gestão e organização do serviço, garantindo a melhoria na execução dos processos de trabalho e assistência em saúde. telessaude.sc.gov.br [email protected] 30/11= WEB EXTRA Estudo de plantas medicinais baseada em evidências para APS: Boldo Parte II, 14h Palestrante: Gisele Damian Resumo: O nome popular “Boldo” pode estar associado a diferentes espécies de plantas, usadas para distúrbios digestivos. Nesta web, abordaremos o Peumus boldus (boldodo-chile) e a Vernonia condensata (boldo-baiano), discutindo os aspectos botânicos, farmacológicos, terapêuticos, o uso popular e a melhor evidência científica disponível. 30/11 Assistência Farmacêutica: O que a Equipe de Saúde da Família tem a ver com isso?, 15h Palestrante: Fernanda Manzini Resumo: Você conhece a Rename e a Remume? Faltam medicamentos no seu serviço? Você sabe qual é o motivo da falta de medicamentos? E por que alguns usuários não aderem ao tratamento prescrito? A assistência farmacêutica é uma ação multiprofissional voltada à promoção, proteção e recuperação da saúde, individual e coletiva, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o acesso e o seu uso racional. E não é assunto de farmacêutico! As equipes devem inserir esta discussão nas suas atividades e no planejamento das ações. O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ) avalia alguns serviços farmacêuticos como o armazenamento, dispensação e a lista de medicamentos (Remume). I X X LO SÉrCQuUino po Expediente Jornalista Responsável: Marina Veshagem Texto, edição e diagramação: Luisa Pinheiro Ilustração Victor Américo Orientação: Izauria Zardo, Jimeny Pereira e Patricia Nahirniak Revisão: Marina Veshagem 11