25 de julho de 2014 O dia foi cansativo, mas extremamente produtivo. Iniciamos conhecendo a ESF Vitoria, onde a enfermeira Fabrícia foi a responsável por nos apresentar aos profissionais da equipe e nos levar, junto com as ACSs até algumas instituições. Realizamos uma roda de conversa com todos os funcionários da ESF, e discutimos sobre alguns casos de pacientes e como a equipe procedeu. Foi muito interessante pois todos mostraram o quanto estavam envolvidos com aquelas situações, e enfatizaram que a união deles já conseguiu salvar muitas pessoas. Todos enfatizaram a necessidade da persistência como instrumento de garantia da eficiente atuação do SUS na comunidade. A comunicação, o esforço em ajudar e ser útil ao paciente e tentar desempenhar todas as funções, buscando suprir as necessidades do paciente foram outros ótimos exemplos de atitudes que os profissionais da saúde devem executar para dar seu melhor. Temos de ter a mania de questionar, investigar para tentar compreender o paciente como um todo, e assim identificamos a necessidade de visitar as casas para analisar o ambiente no qual o paciente construiu e deixou sua identidade, onde ele organiza as coisas segundo seu critério. Houve casos em que ficou explícita a colaboração e cooperação entre o hospital municipal, as psicólogas, o NASF e a ESF e enfatizaram que sozinhos nunca conseguiriam ajudar o paciente. Fiquei encantada quando disseram sobre a importância da criação de vinculo com os pacientes pois é algo que é ensinado na faculdade mas que muitos aprendem que o certo é o contrário. Os funcionários dessa ESF dizem que se aproximam dos moradores para facilitar o tratamento, deixa-lo mais a vontade e assim buscar sempre a ESF. Isso esta ligado ao acolhimento e respeito pelas condições de alguém, pois muitas vezes a realidade do paciente é muito complicada e ele apenas precisa de algum apoio. Nesse bairro, na verdade em todos os bairros que visitamos, o problema do alcoolismo e das drogas é muito preocupante, por desestruturar famílias, matar moradores, gerar violência, e denunciar a grande falta de um apoio psicológico às pessoas. Aproveitamos esse assunto para falar sobre a construção do CAPS 1, projeto que todos da área da saúde da cidade aprovam e pedem que aconteça com urgência. Das principais doenças a hipertensão, diabetes são outras que se destacam, porem na região existem 3 casos de HIV, 1 criança especial, alguns casos de sífilis em gestantes e toxoplasmose. As profissionais também afirmaram que o atraso nos exames que sao pedidos é um dos piores males para o funcionamento do SUS, pois atrasam o atendimento, retardando o tratamento. Fomos até o orfanato Cantinho bem me quer onde 7 crianças são abrigadas e fiquei impressionada com o tratamento que elas recebem lá de pessoas muito comprometidas e que tentam deixar o ambiente bastante familiar. No início tiveram problemas devido a pequena quantidade de funcionários, porem isso já foi resolvido e hoje a equipe fixa se relaciona bem com todas as crianças. Eles tem convenio com a prefeitura municipal, mas também se sustentam com doações e a realização de bailes para arrecadar fundos. A visita à APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) foi muito construtiva também. A estrutura é impressionante, muito organizada e com os critérios para acessibilidade todos seguidos. A coordenadora pedagógica nos contou sobre a historia de criação da APAE, em 1995, e também nos explicou muito sobre a maneira mais apropriada para comunicar se com as crianças especiais que estudam nessa associação. Essa instituição recebe recursos financeiros do governo mas também arrecada em doações, festas, com artesanato, venda de livros. Os profissionais se mostraram muito comprometidos e mostraram que fazem tudo com muito amor ao que fazem. O período da tarde foi emocionante. Reunimos trinta e cinco pessoas e uma roda para fazermos algumas dinâmicas. A primeira era uma dinâmica do balão, onde a mensagem a ser passada era de que nós somos muito individualistas, ao invés de trabalhar em equipe para que todos vençam. E também que se nós nos preocupássemos mais com nossas responsabilidades e parássemos de criticar os outros, os trabalhos evoluiriam e seriam melhor feitos. A segunda dinâmica era para cada um escrever uma fragilidade encontrada no funcionamento do SUS, em seguida denunciar a causa e depois pensar sobre a solução. Todos deveriam em seguida explicar o porquê de terem selecionado tais itens. Isso levou todos a debaterem sobre muitas coisas. Percebi alguns muito ansiosos para falar, e outros que não conseguiam se impor, porém buscavam se entender. Depois eles organizaram um lanche muito bom para todos, e nós levamos sorvete para todos. Durante o lanche muitos vieram nos elogiar e queriam tirar fotos com a gente. Fizemos muitas amizades com o pessoal das equipes, e eles disseram que agora estão com mais esperança e que nós os levamos a refletir. A coordenadora de atenção básica, Ana Cristina, e a secretária de saúde, Ana Claudia, pediram para conversarmos com elas. Foi muito bom isso, compartilhamos com elas o que observamos que nos decepcionou e demos sugestões de solução, mas também elogiamos o que nós gostamos. Elas estavam muito empolgadas, disseram que gostaram muito de nós e que queriam que nós permanecêssemos com aqueles pensamentos e que nós seríamos contratados se assim fizéssemos.