Crochetagem na massa comum e seus efeitos na amplitude do movimento de flexão lombar Crochetagem common in the mass and yours effects in the range of motion of lumbar flexion Esther S. Oliveira1, Aliny F. Macedo1, Cláudia A. B. Silveira1, Adroaldo J. Casa Jr.2 1 Discente do Curso de Fisioterapia da Universidade Salgado de Oliveira. Graduado em Fisioterapia pela Universidade do Estado de Santa Catarina, Especialista em Fisioterapia Traumato-Ortopédica pela Universidade Castelo Branco, Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Goiás e Docente das Universidades Católica de Goiás e Salgado de Oliveira. 2 Resumo – A Crochetagem é um método de tratamento das algias mecânicas do aparelho locomotor, que atua na destruição das aderências fibrosas que dificultam o movimento de deslizamento das fáscias, recuperando assim a flexibilidade. O presente estudo teve como objetivo a verificar alteração de movimento de flexão da coluna lombar em sujeitos submetidos à técnica manual mioaponeurótica de Crochetagem. Participaram deste estudo original e com intervenção, 30 voluntários do curso de fisioterapia da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO), do oitavo período, com média de idade de 23, 33 anos, de ambos os sexos que apresentavam diminuição de movimento em questão, através do teste “dedos ao chão”. A flexibilidade foi mensurada através de uma fita métrica. Antes da aplicação da técnica a média da distância dos dedos ao chão era de 21,07cm com valores entre 6 e 39cm (DP=7,80) e após 13,53cm, com valores entre 0 e 30cm (DP=7,81). Concluiu-se que aplicação deste recurso produziu melhora altamente significativa (p<0,01) da flexibilidade lombar nos sujeitos avaliados. Palavras chaves: alongamento, coluna lombar, crochetagem, diafibrólise, flexibilidade. Abstract – The Crochetagem is a method of treatment of mechanical pain of the locomotor system, which acts in the destruction of the fibrous adhesions that hinder the movement of the sliding fascia and thereby decreases the adhesion thus improving flexibility. This study aimed to verify the gain of movement of flexion of the lumbar spine in patients submitted to the myoaponeurotic manual technique of Crochetagem. Thirty volunteers with a mean age of 23,33 years participated in the original study. The volunteers, of both sexes, were part of the course of Physiotherapy of the University Salgado de Oliveira (UNIVERSO). They showed reduction of the movement in question when subject to the test “finger-to-floor”. Flexibility was measured using a measuring tape. Before the application of the technique the average distance of the fingers to the ground was 21,07 cm, with values between 6 cm to 39 cm and after 13,53cm, with values between 0 to 30 cm. It is concluded that the application of this resource produced highly significant (p<0,01) improvement of lumbar flexibity in the patients evaluated. keywords: stretching, lumbar spine, crochetagem, diafibrolysis, flexibility. I – Introdução O presente artigo estuda o uso da técnica de Crochetagem e seus efeitos na flexibilidade lombar. A busca por novas técnicas de aperfeiçoamento profissional está [email protected] entre os grandes objetivos terapêuticos da atualidade entre os fisioterapeutas (BRASILEIRO, FARIA e QUEIROZ, 2007). A Crochetagem é um jovem método de tratamento, no Brasil, das algias mecânicas do aparelho locomotor, que atua pela destruição das aderências e dos corpúsculos irritativos inter-aponeuróticos ou mio-aponeuróticos através do uso de ganchos de aço inox colocados e mobilizados sobre a pele (BAUMGARTH, 2003). Esta técnica foi desenvolvida pelo fisioterapeuta sueco Kurt Ekman, que trabalhou na Inglaterra com o Dr. James Cyriax após a 2ª Guerra Mundial. No início Ekman tinha uma abordagem direta e dolorosa. Esta abordagem prejudicou, durante muito tempo, o uso da técnica. Já os doutores Duby e Burnotte, inspirados no conceito de cadeias musculares e na filosofia da osteopatia, desenvolveram uma abordagem mais suave. No Brasil, a técnica em questão É desenvolvida pelo fisioterapeuta Henrique Baumgarth (AMORIM, 2005). Segundo Baumgarth (2003), Crochetagem atua nas cicatrizes e hematomas que desenvolvem aderências, nos corpúsculos fibrosos (depósito úrico e de cálcio) localizados próximos às articulações e nas aderências fibrosas que dificultam o movimento de deslizamento e ainda estimula a circulação sanguínea venosa e linfática. A Crochetagem é indicada em: aderências consecutivas a um trauma levando a um derrame tecidual, nas aderências consecutivas a uma fibrose cicatricial, nas algias inflamatórias ou não inflamatórias do aparelho locomotor (miosite, epicondilites, tendinites, periartrites, pubalgia, lombalgias tissulares, torcicolo), nas nevralgias consecutivas a uma irritação mecânica dos nervos periféricos, outras síndromes da traumato-ortopedia e ajustes ortodônticos (BURNOTTE e DUBY, 1988). Para o emprego mais seguro e efetivo é preciso que sejam observadas as contraindicações, sendo: hiperalgia insuportável, fragilidade capilar sanguínea, varizes venosas, adenomas, alterações cutâneas, úlceras, dermatoses (eczema, psoríase), abordagem muito agressiva ou imperícia do terapeuta, uso de coagulantes e o estado emocional (estresse) e a idade (AMORIM, 2005). A Crochetagem se divide em três fases sucessivas: palpação digital, palpação instrumental e fibrólise. Existe ainda a técnica perióstea e a drenagem. A palpação digital é o pinçamento, realizado com a mão esquerda,(mão não dominante), que permite um delineamento da área a ser tratada. A palpação instrumental é realizada com o gancho, que melhor se adapte a estrutura a ser tratada; serve para a localização precisa das fibras conjuntivas aderentes e os corpúsculos fibrosos. É realizada colocando-se a espátula do gancho junto ao dedo indicador da mão esquerda. A fibrólise consiste na tração complementar, realizada com a mão que segura o gancho, ao final da fase de tração instrumental. Temos aqui a fase do tempo terapêutico. A técnica perióstea é a raspagem superficial da estrutura anatômica tratada, com uma associação entre a utilização do gancho e uma fricção sobre o tecido periósteo. A drenagem se caracteriza pelo deslizamento superficial da superfície convexa do gancho maior sobre as estruturas miofasciais, a fim de promover descogestionamento venoso e facilitar o aporte de sangue arterial (NASCIMENTO, 2009). Segundo Baumgarth (2009), o princípio do tratamento é baseado na abordagem "centrípeta". Na presença de uma dor localizada, num local específico, o terapeuta inicia sua busca palpatória manual nas regiões afastadas (distais e proximais) do foco doloroso. Isto permite evitar o aumento da dor, chamado "efeito rebote", conseqüência de um tratamento exclusivamente sintomático. De acordo com Amorim (2005), o gancho é constituído de aço inoxidável, possuindo duas extremidades bisotadas, com duas curvaturas diferentes, para um perfeito contato com as diferentes estruturas e acidentes anatômicos. Para tornar o contato minimamente doloroso, cada curvatura termina em forma de espátula, o que reduz a pressão exercida sobre a pele. A espátula apresenta uma superfície plana na parte interna e uma convexidade na face externa, o que facilita sua interposição na musculatura atingindo assim a fáscia, que segundo Clay e Pounds (2003) é um tipo de tecido conjuntivo que recobre todos os tecidos e pode formar aderências (fibrose) entre as estruturas produzindo dor e limitando o movimento. Como a Crochetagem atua no tecido conjuntivo, ocorre a liberação das fáscias e com isso diminui a aderência melhorando assim a flexibilidade dessa região. Flexibilidade é uma habilidade que os músculos, tecido conjuntivo e tendões possuem de alongar-se até a amplitude máxima de movimento da articulação (ANDREWS, HARRELSON e WILK, 2005). Segundo Heyward (1991), é a capacidade de uma articulação mover-se com facilidade em sua amplitude de movimento. A flexibilidade corporal varia de acordo com a idade, gênero e o padrão de exercício físico regular e não se apresenta nas articulações e nos movimentos corporais uniformemente, sendo comum que sua amplitude máxima seja boa para determinadas atividades e limitada para outras, representando o que se denominou especificidade da flexibilidade (ARAÚJO, 2008). Em geral, os estudos verificam que a flexibilidade aumenta da infância até o princípio da adolescência e diminui ao longo da vida (BERRIDGE, MONTELPARE e SHEPHARD, 1990). A flexibilidade é um importante componente da aptidão motora relacionada com a saúde e bem-estar, influencia na postura corporal e na profilaxia de alguns distúrbios da coluna lombar. Exercícios de elastificação são utilizados no tratamento destes distúrbios, com objetivo de recuperar a flexibilidade e verificar se este aumento se relaciona com a diminuição da dor (DINUBILE e SHIPLE, 1997). Para pessoas sedentárias a falta de flexibilidade na coluna lombar está ligada a dores lombares e posturas inadequadas (ARAÚJO e ARAÚJO, 2004). A pouca flexibilidade contribui diretamente para as lesões musculares e acrescenta que as principais técnicas de alongamento são a facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP), o alongamento passivo e o balístico ou dinâmico, sendo que a FNP demonstra vantagem na ADM (DANTAS et al., 2007). A coluna vertebral é composta por 33 vértebras e divide-se em quatro segmentos: cervical, torácica, lombar, sacrais e coccígenas. Para Crisco et al. (1989), as funções da coluna lombar são: flexibilidade, sustentação da massa corporal e proteção de suas estruturas, sendo uma das principais unidades funcionais do corpo. Segundo Frankel e Nordin (1987), ela recebe e exerce influência das forças musculares em quase todas as cadeias musculares que se relacionam com o equilíbrio estático e com o equilíbrio dinâmico. A coluna lombar está propensa a ter três vezes mais lesões do que a parte superior do dorso, isso ocorre devido a dois fatores: debilidade de força das estruturas e a cargas ou forças que ela encontra durante tarefas esportivas e/ou recreacionais (RASCH, 1991). A coluna vertebral, no segmento lombar, apresenta uma lordose fisiológica que é preservada pelo formato de suas vértebras e discos, e pelos músculos. A descompensação muscular pode causar hiperlordose ou retificação desta curvatura, sendo a retificação a alteração mais grave devido o aumento do espaço intervertebral posterior facilitando a causa de hérnia discal (FIGUEIRÓ, 1993). Desenvolver a força e a flexibilidade nos membros inferiores favorece o movimento normal da região lombopélvica, mantendo a biomecânica da coluna em atividades da vida diária que requeiram agachar, flexionar e levantar objetos (PRESS e YOUNG, 1997). Deste modo, o objetivo deste estudo é descrever o recuperação do movimento de flexão lombar em pacientes submetidos à técnica de Crochetagem e despertar o conhecimento mais detalhado da técnica de Crochetagem aos profissionais da área da saúde. II – Casuística e Métodos Trata-se de uma pesquisa de campo, quantitativa, de caráter interventivo, realizada na Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO), Campus Goiânia – Goiás. Foram convidados para participar da pesquisa - através de informativos - 30 acadêmicos do curso de Fisioterapia da UNIVERSO, (que se interessaram em integrar este estudo) dos 80 matriculados no oitavo período, com idade superior a 18 anos, de ambos os sexos e que apresentavam diminuição de flexibilidade lombar, através do teste de distância do dedo ao chão. Os critérios de exclusão foram: não concordar com o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), registrar dor lombar insuportável durante a aplicação da técnica de Crochetagem, alterações cutâneas e uso de anticoagulantes. Para a coleta de dados foi utilizado um formulário contendo o nome, a idade, a distância em centímetros da porção distal da terceira falange ao solo antes e após a realização da técnica de Crochetagem na região lombar e três perguntas para enquadrá-los nos critérios de inclusão no grupo sobre presença ou não de dor, lesão ou doença atualmente na coluna lombar. Os alunos selecionados foram esclarecidos sobre os procedimentos a serem realizados e assinaram o TCLE, autorizando suas participações como voluntários na pesquisa. A aplicação do formulário, a execução individual do teste “dedos ao chão”, a mensuração da flexibilidade e a técnica de Crochetagem na região lombar foram efetuadas pelos pesquisadores. Toda a pesquisa foi supervisionada pelo orientador deste estudo. Para a realização da técnica de Crochetagem foi utilizado o gancho de aço especifico para a técnica, para a avaliação da flexibilidade lombar foi realizado o teste “dedos ao chão” por ser um teste de fácil aplicação e por garantir maior credibilidade pelo indivíduo avaliado e para a mensuração da flexibilidade uma fita métrica (MAGEE, 2005). Com relação ao procedimento de coleta o voluntário primeiramente realizou movimento na posição ortostática, com os pés unidos e as mãos sobrepostas, executando uma flexão do tronco com o objetivo de tocar a porção distal da terceira falange ao solo. O momento final da flexão era indicado por uma sensação de tensão muscular que causasse grande desconforto nos isquiotibiais e nesse momento foi realizada a mensuração da flexibilidade lombar através de uma fita métrica. A seguir o indivíduo se posicionou em decúbito ventral na maca e um dos pesquisadores aplicou a técnica de Crochetagem na região lombar utilizando o gancho menor, através de oito deslizamentos em cada borda de um losango imaginário denominado “massa comum” batizada fisioterapeuta francês Phelipe Suocard, situado entre a primeira vértebra lombar (L1), a espinha ilíaca póstero-superior (EIPS) e o cóccix e (fascia toracolombar) oito deslizamentos sobre os músculos que se inserem indistintamente sobre os processos transversos das vértebras lombares sempre no sentido distal para proximal. O indivíduo levantou-se da maca e imediatamente após realizou o mesmo movimento de flexão lombar para a coleta da segunda medida da flexibilidade. Esta pesquisa seguiu a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que esclarece sobre os aspectos ético-legais que envolvem pesquisas com seres humanos e animais. Na análise foi utilizado o pacote estatístico SPSS for Windows e na comparação dos valores obtidos o teste “t” de Student para amostras pareadas por envolver uma única população em situações diferentes. Foi considerada diferença significativa quando o valor de p<0,05 e altamente significativa quando o valor de p<0,01. III- Resultados e Discussão Foram observados dentre os sujeitos avaliados (n=30), valores de distribuição da amostra em 86,7% (n=26) do gênero feminino e 13,3% (n=4) do gênero masculino (Figura 1). A idade mínima entre os sujeitos avaliados foi de 21 anos e a máxima de 37 anos, obtendo-se uma média de idade de 23,33 anos (DP=2,89) (Tabela 1). Figura 1: Descrição geral da amostra em percentual e relação ao gênero. Tabela 01: Descrição geral da amostra em número, mínimo, máximo, média e desvio padrão em relação à idade. Variável Idade n Mínimo Máximo Média 30 21,00 37,00 23,33 Desvio Padrão 2,89 Analisou-se que dentre os valores da distância do dedo ao chão inicial a flexibilidade máxima foi de 39 cm (voluntário 27) e a mínima foi de 6 cm (voluntário 2), já dentre os valores da distância do dedo ao chão final tivemos como resultado uma flexibilidade máxima de 30 cm (voluntário 19) e uma mínima de 0 cm (voluntários 2 e 12) (Tabela 02). Tabela 02: Relação dos sujeitos e suas flexibilidades antes e após a realização da técnica. Sujeitos (n) Distância do dedo ao chão inicial (cm) Distância do dedo ao chão final (cm) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 24 6 23,5 20,5 26 24,5 24 13 17,5 14 17 16 20 29 14 27 33 11 34 19 14 18 28 15 18 21 39 34 11 21 18,5 0 18 17 14,5 13 19 8 9 6,5 12 0 14,5 20 14 21 27 9 30 14 5 8 22,5 8 11 7 29 15 2 13 Dos 30 sujeitos avaliados os indivíduos (n=2 e 12) alcançaram flexibilidade zero, o indivíduo (n=28) alcançou maior evolução (19 cm) e apenas um indivíduo (n=15) não obteve nenhuma evolução, isso se deve, provavelmente, devido ao fato que o indivíduo apresenta encurtamento dos isquiotibiais e não da musculatura lombar, pois o teste dedos ao chão é um teste que avalia não apenas a flexibilidade lombar, como também dos músculos isquiotibiais. A distância dos dedos ao chão pode ser influenciada também por características antropométricas, como tamanho dos braços e flexibilidade dos isquiotibiais (CARREGARO, GIL COURY e SILVA, 2007). Antes da aplicação do recurso terapêutico manual, a distância média dos dedos em relação ao chão era 21,07 cm, com valores entre 6 cm e 39 cm (DP=7,80), e após 13,53 cm, com valores entre 0 cm e 30cm (DP=7,81). Observou-se, portanto, diferença altamente significativa (p<0,01) na flexibilidade lombar (Tabela 03). Tabela 03: Comparação do antes e após da flexibilidade. Variável Flexibilidade antes Flexibilidade após Teste T Student pareado n Média 30 30 21,07 13,53 Desvio Padrão 7,80 7,81 Valor de p 0,000 Observa-se que o estudo foi realizado em um grupo de 30 (trinta) sujeitos, não permitindo que os resultados sejam extrapolados para outros grupos. Entretanto, vale ressaltar, pelos princípios da estatística, a importância do resultado e sua confiabilidade. De acordo com a investigação, a crochetagem mostra-se um recurso eficiente para o ganho do movimento de flexão da lombar, pois é capaz de produzir a liberação de aderências e fibrólise, aumenta o aporte sanguíneo à região tratada, permitindo uma recuperação adequada e mais rápida do que a fisiologia natural do indivíduo. Este resultado corrobora com Baumgarth, Blasczyk e Martins (2007), quando cita que a Crochetagem associada ao uso de órtese mostrou-se eficaz no tratamento do encurtamento muscular crônico dos flexores do cotovelo e do punho em um paciente portador de sequela de lesão nervosa periférica. Estes achados reforçam, o estudo de Batista et al. (2008), que mostra que o aumento na extensibilidade muscular também pode ocorrer pelas alterações do tecido conjuntivo. Duchateau, Guissard e Veszely (2000) mostraram em suas pesquisas que o fluxo sanguíneo e um aumento da temperatura muscular poderiam explicar em parte as alterações do comprimento dos músculos relacionados com a redução da viscosidade interna muscular, ou seja, responsável pelo relaxamento do tríceps sural e do aumento da flexão dorsal do tornozelo após a crochetagem. Anniboleti et al. (2006) estudaram a recuperação da amplitude de movimento articular da mão na contratura de Dupuytren através da técnica de crochetagem associada ao alongamento. Ramirez (2006) em seu estudo verificou que a Crochetagem recupera a flexibilidade da articulação do tornozelo através da diminuição do edema e da dor, pois é uma estrutura que suporta a maior carga por unidade de superfície do corpo e precisa de certo grau de flexibilidade para absorver as forças a partir do solo e ao mesmo tempo ser firme para impulsionar o corpo para a marcha. Para recuperar e manter efetivamente as amplitudes de movimento e flexibilidade é primordial o conhecimento sobre as estruturas teciduais relacionadas e as várias técnicas utilizadas para facilitar a extensibilidade dessas estruturas. Condições fisiológicas associadas às limitações de ADM podem variar, é comum limitação relacionada a mais de uma estrutura, resultado de um comprometimento causado por um evento traumático como cirurgias ou por desuso, como por exemplo, a falta de alongamento (ANDREWS, HARRELSON e WILK, 2005). Existem várias estruturas e fatores limitantes da amplitude de movimento (ADM) de uma articulação (tensão da cápsula articular, aderência ligamentar, espasmos musculares, tensão muscular, tensão miofascial, dor, edema articular, fragmentos ósseos) sendo o fator mais comum o estiramento do tecido musculotendíneo (CARREGARO, GIL COURY e SILVA, 2007). A explicação para os resultados encontrados é de que as superfícies fasciais podem desenvolver aderências impedindo que os músculos deslizem uns sobre os outros durante o movimento (CLAY e POUNDS, 2003). Como a Crochetagem atua nas cicatrizes e hematomas que desenvolvem aderências, nos corpúsculos fibrosos (depósito úrico e de cálcio) localizados próximos às articulações, ocorre a liberação dessas aderências e conseqüentemente a melhora da flexibilidade dessa região. É importante ressaltar que atenção postural aliada aos exercícios físicos (de força e flexibilidade) reduz os riscos de lesões na coluna lombar, servindo, portanto, como meios excelentes de prevenção. ACrochetagem é uma técnica que vem sendo aceita entre os fisioterapeutas brasileiros por ser de baixo custo , com necessidade de pouco tempo de aplicação, sendo não invasiva e sem grandes riscos à população. A principal observação da escolha da técnica baseia-se na importância social do tratamento. O indivíduo que se encontra prejudicado em sua saúde física, quando prontamente reabilitado retornará rapidamente as atividades profissionais não sendo afetado na esfera social de sua saúde. Este breve retorno ao trabalho faz com que o indivíduo não se afaste ou sinta-se ineficiente e incapaz em seu papel social (PEIXOTO, 2003). IV- Conclusão Conclui-se que o resultado obtido pela técnica manual Crochetagem foi satisfatório, pois produziu uma diferença altamente significativa na recuperação da flexibilidade lombar. Apesar da pouca literatura sobre a técnica, que permitiria uma melhor fundamentação, o presente estudo demonstrou que foi possível recuperar a amplitude do movimento de flexão lombar dos sujeitos avaliados. Cabe observar que a praticidade no transporte e utilização do instrumento (gancho), a inexistência de custos adicionais, bem como a complexidade na aplicação da técnica, tornam a Crochetagem bastante atraente como recurso terapêutico. Observada a variação da flexibilidade através da Crochetagem almeja-se despertar um desejo de maior conhecimento da técnica, levando a mais pesquisas que mostrem os efeitos do método na melhoria da qualidade de vida e no tratamento de ocorrências clínicas. Espera-se que mais estudos sejam realizados para aprofundar sua utilização e obter uma maior compreensão de seus efeitos e aplicabilidades, oferecendo assim, mais alternativas aos fisioterapeutas nos tratamentos e uma maior eficiência e rapidez na recuperação dos pacientes. V – Referências AMORIM, Paulo Caminha de. A técnica de diafibrólise percutânea no tratamento das aderências e cicatrizes. Vassouras, RJ, USS. 2005. 51p. Disponível em: http://www.crochetagem.com>. Acesso em: 15 set. 2008. ANDREWS, J.R; HARRELSON, G.L.; WILK, K.E. Reabilitação física do atleta. 3ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 718p. ANNIBOLETI, H. 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