- Dr. Danilo Furquim

Propaganda
Caso Clínico
Osteotomia unilateral da maxila:
técnicas e relato de casos clínicos
Pedro Luis Scattaregi*, Mariana dos Santos Fernandes-Lopes*,
Alex Casati Lopes**, Mario Cappellette***, Danilo Furquim Siqueira****
RESUMO
A correção da relação transversal é uma
das prioridades dentro da Ortodontia.
Uma das causas da deficiência transversal
é a atresia maxilar, que pode ou não estar
acompanhada de uma mordida cruzada
posterior. Possui etiologia multifatorial e
deve ser diagnosticada e tratada em estágios precoces. Após a completa maturidade esquelética, a expansão rápida da
maxila assistida cirurgicamente (ERMAC)
constitui uma boa opção para a correção
de mordidas cruzadas unilaterais e bilaterais em pacientes adultos. Desse modo, o
presente estudo teve como objetivo fazer
uma revisão da literatura da ERMAC para
a correção da atresia maxilar unilateral e
apresentar dois casos clínicos para ilustrar o recurso.
PALAVRAS-CHAVE: Expansão maxilar. Cirurgia maxilofacial. Mordida cruzada.
*
**
***
****
38
Mestrando do programa de pós-graduação – área de concentração Ortodontia – da Faculdade de Odontologia da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).
Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela FAMOSP - ABO – ABC.
Professor do Sindicato dos Odontologistas do Estado de São Paulo (SOESP) e Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial - ABO/SP.
Doutor em Ortodontia pela FOB-USP. Professor do programa de pós-graduação em Odontologia (Mestrado) - área de concentração em Ortodontia – da UMESP.
Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 8, n. 1 - fev./mar. 2009
Pedro Luis Scattaregi, Mariana dos Santos Fernandes-Lopes, Alex Casati Lopes, Mario Cappellette, Danilo Furquim Siqueira
INTRODUÇÃO
A atresia maxilar é uma alteração do crescimento no sentido
transversal que gera modificações funcionais e oclusais e pode
comprometer a harmonia e a estética facial13,22,28,29,30. Tem como
causa fatores de desenvolvimento, congênitos, traumáticos e iatrogênicos5, além de genéticos e ambientais8. Os mais comuns são
a obstrução das vias aéreas superiores (respiração bucal); os hábitos de sucção de lábios, chupeta ou dedo; interposição de língua
e deglutição atípica17,20,30. Como conseqüência, pode acarretar formato ogival da abóbada palatina e apresentar mordidas cruzadas
posteriores unilaterais ou bilaterais, esqueléticas ou dentárias ou
combinações entre os tipos16.
A deficiência transversal da maxila pode estar associada às discrepâncias esqueléticas sagitais e verticais. Quando acompanhadas
de discrepâncias ântero-posteriores, ou seja, nos casos de Classe II
e III de Angle, a atresia maxilar pode não se mostrar evidente e um
diagnóstico diferencial deve ser realizado, com a manipulação dos
modelos de gesso. Esse diagnóstico diferencial indica se a atresia
maxilar é real ou relativa10,18.
Do ponto de vista terapêutico, é muito importante diferenciar a
mordida cruzada posterior unilateral verdadeira da mordida cruzada
posterior unilateral funcional, uma vez que envolve terapias diferentes. A mordida cruzada unilateral verdadeira exige uma expansão unilateral do arco dentário superior, enquanto a mordida cruzada funcional exige a expansão simétrica (bilateral). Cerca de 90% das mordidas
cruzadas posteriores em crianças podem ser atribuídas às interferências cuspídeas na área dos caninos29, ou seja, são funcionais.
Com o propósito de normalizar a deficiência transversal da maxila, a expansão rápida da maxila (ERM), descrita por Angell2, em
1860, é um recurso clínico incorporado integralmente na mecânica
ortodôntica moderna, independentemente da técnica empregada.
A prova disso está no grande número de aparelhos divulgados na
literatura e na diversidade de tamanhos e desenhos dos parafusos
para expansão encontrada no mercado7,11,14,20.
A ERM atua ortopedicamente, resolvendo a deficiência transversal da maxila e favorecendo, em alguns casos, a mecânica ortodôntica sem extrações12,28. Quando há maturidade esquelética, é
necessário o auxílio cirúrgico para diminuir as áreas de resistência
à expansão5,9,13,19,21,24,26,27. As três áreas principais de resistência na
face são as nasomaxilar, pterigomaxilar e zigomático-maxilar5.
O primeiro a descrever uma expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente (ERMAC) foi Brown9, em 1938. Nessa época,
o autor imaginava que, separando a sutura palatina mediana, ele
estaria ajudando na mecânica de expansão da maxila. Essa técnica
ganhou destaque no final do século passado, com a evolução da
cirurgia ortognática e o interesse estético dos pacientes adultos
pelo tratamento ortodôntico.
Alguns tipos de osteotomias foram descritos na literatura1,3,4,15,23,26, com o objetivo de diminuir a resistência óssea. Desde
osteotomias laterais da maxila mais conservadoras a extensões
mais abrangentes até a abertura piriforme (anterior) e a região
pterigomaxilar (posterior) e abertura da sutura palatina mediana.
Devido ao fato da atresia maxilar unilateral apresentar uma
baixa incidência e verificarmos poucos autores discorrendo sobre a
cirurgia unilateral10,25, o presente estudo descreveu dois casos clínicos que ilustram o recurso terapêutico utilizado.
CASO CLÍNICO 1
Paciente adulta proveniente da Clínica da Associação Brasileira
de Odontologia – São Paulo, gênero feminino, com 22 anos de idade, que apresentava assimetria facial, padrão de crescimento horizontal e perfil facial convexo (Fig. 1). No exame intrabucal, pode-se
observar uma má oclusão de Classe II, divisão 1, de Angle, trespasse
horizontal aumentado, mordida cruzada unilateral direita, protrusão dos incisivos superiores e inferiores e não coincidência das linhas médias dentárias superior e inferior, sendo que esta última
encontrava-se desviada para a direita (Fig. 2).
A radiografia panorâmica mostra a presença de todos os dentes, com exceção dos terceiros molares inferiores direito e esquerdo
e superior direito, e do terceiro molar superior esquerdo, que estava
incluso (Fig. 3A). A radiografia cefalométrica lateral comprova a
protrusão e vestibularização dos incisivos superiores e inferiores,
além da retrusão mandibular e ligeira protrusão maxilar (Fig. 3B,
Tab. 1). Em norma frontal, apresenta uma assimetria decorrente
do cruzamento da mordida do lado direito, que também pode ser
observada na radiografia oclusal (Fig. 4).
Na análise dos modelos em norma lateral, fica claro o aumento
do trespasse horizontal (Fig. 5). Em uma visão oclusal, nota-se a
assimetria do arco superior, que apresenta diâmetros transversais
reduzidos, quando comparado com o arco inferior (Fig. 6).
Mediante a avaliação dos exames complementares, estabelecemos um plano de tratamento ortodôntico/cirúrgico em duas fases.
A primeira fase foi a realização da expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente e a segunda fase destinada à correção sagital
cirúrgica.
Para a realização da ERMAC, confeccionou-se o expansor maxilar tipo Hyrax, com o parafuso expansor (Dentaurum, Ispringen/
Alemanha) com capacidade para 13mm de expansão. Foram utilizados quatro dentes de ancoragem, sendo os dois primeiros molares e dois primeiros pré-molares. Os fios ortodônticos de 1,2mm
de diâmetro fizeram as conexões entre as bandas nas superfícies
vestibular e palatina. Utilizou-se solda de prata na união entre os
Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 8, n. 1 - fev./mar. 2009
39
Osteotomia unilateral da maxila: técnicas e relato de casos clínicos
FIGURA 1 - Fotografias extrabucais iniciais de perfil e frontal.
FIGURA 2 - Fotografias intrabucais iniciais: direita, frontal e esquerda.
TABELA 1 - Valores cefalométricos iniciais.
A
B
FIGURA 3 - A) Radiografia panorâmica e B) telerradiografia lateral iniciais.
40
Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 8, n. 1 - fev./mar. 2009
variável
ideal
paciente variável ideal paciente
SNA
82º
85º
1.1
131º
126º
SNB
80º
76º
1.NA
22º
30º
ANB
2º
9º
1-NA
4mm
8mm
NS.Gn
67º
65º
1.NB
25º
31º
NS.GoMe
32º
28º
1-NB
4mm
6mm
Pedro Luis Scattaregi, Mariana dos Santos Fernandes-Lopes, Alex Casati Lopes, Mario Cappellette, Danilo Furquim Siqueira
FIGURA 4 - Telerradiografia frontal e radiografia oclusal superior iniciais.
FIGURA 5 - Modelos iniciais: vistas lateral direita, frontal e lateral esquerda.
FIGURA 6 - Vista oclusal dos modelos iniciais.
fios e as bandas e entre as bandas e os parafusos. A instalação foi
realizada uma semana antes da realização da cirurgia, após prévia
separação com elástico, e com a utilização de cimento à base de
ionômero de vidro (Fig. 7, 8).
O procedimento cirúrgico caracterizou-se por utilizar anestesia local (6 tubetes de mepivacaína com vacoconstritor levonordefrina - 1:20.000) com sedação (Dormonid 20mg) uma hora
antes da cirurgia. Duas pequenas incisões foram realizadas: uma
anterior, na abertura piriforme, medialmente, e outra posterior,
até o limite póstero-lateral do pilar zigomático-maxilar, unilateralmente. Com uma broca esférica, foi realizada uma osteotomia
de maxila tipo Le Fort I5,22,27, caracterizada pela abordagem da sutura pterigopalatina associada à osteotomia sagital mediana da
maxila (Fig. 9, 10) com irrigação contínua com solução salina,
aspiração e proteção da mucosa.
O dispositivo expansor foi então ativado, de forma que os maxilares fossem expandidos cerca de 1,5mm (6/4 volta), notandose, como sinal clínico, a presença do diastema interincisivos (Fig.
11, 12). Foi realizado o fechamento por planos das incisões com
Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 8, n. 1 - fev./mar. 2009
41
Osteotomia unilateral da maxila: técnicas e relato de casos clínicos
FIGURA 7 - Fotografias intrabucais após instalação do Hyrax: direita, frontal e esquerda.
A
FIGURA 8 - Disjuntor Hyrax – vista oclusal.
FIGURA 9 - Osteotomia lateral da maxila.
FIGURA 10 - Osteotomia da sutura palatina mediana.
FIGURA 11 - Diastema interincisivos no primeiro pós-operatório.
42
Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 8, n. 1 - fev./mar. 2009
B
Pedro Luis Scattaregi, Mariana dos Santos Fernandes-Lopes, Alex Casati Lopes, Mario Cappellette, Danilo Furquim Siqueira
FIGURA 12 - Vista oclusal do disjuntor Hyrax e do diastema interincisivos.
pontos simples de Poly Vicryl 4-0 (Ethicon, São José dos Campos,
Brasil). A prescrição pré e pós-operatória incluiu a administração de
antibioticoterapia profilática, utilização de antiinflamatórios nãohormonais e analgesia com dipirona, quando necessário. Após 48h
da cirurgia, o parafuso expansor foi ativado 1mm ao dia (4/4 volta)
durante 10 dias, totalizando 11,5mm de expansão final (Fig. 13).
Observou-se a presença de um grande diastema interincisivos, a correção da mordida cruzada unilateral direita e não
demonstrou, clinicamente, alteração do lado não-operado, que
funcionou como ancoragem. O expansor foi mantido por seis
meses como contenção e neste período houve o fechamento do
diastema interincisivos (Fig. 14). Após a remoção do expansor,
FIGURA 13 - Diastema interincisivos após o término da ativação do disjuntor.
A
B
C
FIGURA 14 - Radiografia oclusal evidenciando a separação da sutura platina mediana e vista oclusal do disjuntor Hyrax usado como contenção durante 6 meses,
com fechamento do diastema interincisivos.
o tratamento ortodôntico prosseguiu com a montagem de braquetes Edgewise para a realização do alinhamento e nivelamento,
visando o preparo ortodôntico para a futura correção cirúrgica da
Classe II de Angle (Fig. 15).
FIGURA 15 - Vista oclusal superior após a remoção do disjuntor Hyrax
e início do nivelamento.
CASO CLÍNICO 2
Paciente adulto proveniente da Clínica da Associação Brasileira de Odontologia – Regional ABC, gênero masculino, com 17
anos de idade, que apresentava assimetria facial, padrão de crescimento horizontal e perfil facial reto (Fig. 16).
Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 8, n. 1 - fev./mar. 2009
43
Osteotomia unilateral da maxila: técnicas e relato de casos clínicos
FIGURA 16 - Fotografias extrabucais iniciais de perfil e frontal.
FIGURA 17 - Fotografias intrabucais iniciais: direita, frontal e esquerda.
TABELA 2 - Valores cefalométricos iniciais.
variável
A
B
FIGURA 18 - A) Radiografia panorâmica e B) telerradiografia lateral iniciais.
44
Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 8, n. 1 - fev./mar. 2009
ideal paciente variável ideal
paciente
SNA
82º
82º
1.1
131º
123º
SNB
80º
81º
1.NA
22º
30º
ANB
2º
1º
1-NA
4mm
7mm
NS.Gn
67º
61º
1.NB
25º
26º
NS.GoMe
32º
30º
1-NB
4mm
3,5mm
Pedro Luis Scattaregi, Mariana dos Santos Fernandes-Lopes, Alex Casati Lopes, Mario Cappellette, Danilo Furquim Siqueira
No exame intrabucal, pode-se observar uma má oclusão de
Classe II, divisão 1, de Angle, subdivisão direita, trespasse horizontal normal, mordida cruzada unilateral direita, protrusão dos
incisivos superiores e inferiores e não coincidência das linhas médias dentárias superior e inferior, sendo que esta última encontrava-se desviada para a direita (Fig. 17).
A radiografia panorâmica mostra a presença de todos os
dentes, inclusive dos terceiros molares superiores e inferiores
direito e esquerdo, que estavam inclusos (Fig. 18A). A radiografia cefalométrica lateral comprova bom relacionamento entre as
bases ósseas e uma protrusão e vestibularização dos incisivos
superiores e inferiores (Fig. 18B, Tab. 2). Em norma frontal, apresenta uma assimetria decorrente do cruzamento da mordida do
lado direito (Fig. 19).
Na análise dos modelos, fica claro o bom trespasse horizontal
e a má oclusão Classe II de Angle. Numa vista oclusal, nota-se a
assimetria do arco superior, que apresenta diâmetros transversais
reduzidos, quando comparado com o arco inferior (Fig. 20, 21).
Mediante a avaliação dos exames complementares, estabelecemos um plano de tratamento ortodôntico/cirúrgico, com a expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente unilateral direita e
posterior alinhamento e nivelamento superior e inferior.
Para a realização da expansão rápida da maxila, foi adotado o
mesmo protocolo cirúrgico (Fig. 23, 24, 25) já descrito anteriormente no caso 1, diferindo apenas quanto à capacidade (11mm),
marca do parafuso expansor (Leone Orthodontic Products, Sesto Fiorentino, Itália) (Fig. 22) e quantidade total de ativações do
disjuntor Hyrax – que, nesse caso, foi de 10,5mm, sendo 1,5mm
imediatamente após a cirurgia e 1mm ao dia (4/4 volta), durante 9
dias (Fig. 26, 27).
Após a remoção do expansor, o tratamento ortodôntico prosseguiu com a instalação de braquetes da técnica Edgewise e foram
realizados o alinhamento e o nivelamento, seguidos de mecânica
de Classe II (elásticos intermaxilares e degraus distais), para a correção da Classe II do lado direito, arcos ideais para o ajuste dos torques, intercuspidação e contenção com placa de Hawley superior e
3 x 3 inferior para finalização do caso (Fig. 28-33, Tab. 3).
FIGURA 19 - Telerradiografia frontal inicial.
FIGURA 20 - Modelos iniciais: vistas lateral direita, frontal e lateral esquerda.
Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 8, n. 1 - fev./mar. 2009
45
Osteotomia unilateral da maxila: técnicas e relato de casos clínicos
A
B
FIGURA 21 - Vistas oclusais dos modelos iniciais.
A
FIGURA 22 - Disjuntor Hyrax – vista oclusal.
B
FIGURA 23 - Incisões lateral e anterior da maxila.
FIGURA 25 - Osteotomia da sutura palatina mediana.
FIGURA 26 - Diastema interincisivos no primeiro pós-operatório.
46
Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 8, n. 1 - fev./mar. 2009
FIGURA 24 - Osteotomia lateral da maxila.
Pedro Luis Scattaregi, Mariana dos Santos Fernandes-Lopes, Alex Casati Lopes, Mario Cappellette, Danilo Furquim Siqueira
FIGURA 27 - Vista oclusal do disjuntor Hyrax e radiografias periapicais que comprovam o diastema interincisivos após o término da ativação do disjuntor.
FIGURA 28 - Fotografias extrabucais intermediárias de perfil e frontal.
FIGURA 29 - Fotografias intrabucais após o nivelamento: direita, frontal e esquerda.
Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 8, n. 1 - fev./mar. 2009
47
Osteotomia unilateral da maxila: técnicas e relato de casos clínicos
FIGURA 30 - Radiografia panorâmica - final de
nivelamento.
A
B
FIGURA 31 - Telerradiografia lateral e frontal - final de nivelamento.
FIGURA 32 - Fotografias extrabucais de perfil, frontal e sorriso – término do tratamento.
FIGURA 33 - Fotografias intrabucais ao término do tratamento: direita, frontal e esquerda.
48
Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 8, n. 1 - fev./mar. 2009
Pedro Luis Scattaregi, Mariana dos Santos Fernandes-Lopes, Alex Casati Lopes, Mario Cappellette, Danilo Furquim Siqueira
TABELA 3 - Cefalometria lateral intermediária.
variável
ideal
paciente
variável
ideal
paciente
SNA
82º
81º
1.1
131º
118º
SNB
80º
80º
1.NA
22º
33º
ANB
2º
1º
1-NA
4mm
8mm
NS.Gn
67º
63º
1.NB
25º
27º
NS.GoMe
32º
30º
1-NB
4mm
5mm
DISCUSSÃO
O tratamento da atresia maxilar exige do ortodontista uma
visão multidisciplinar, devido à complexidade de fatores etiológicos: congênitos, traumáticos, iatrogênicos, genéticos e ambientais (hábitos de sucção de lábios, bochechas, chupeta, dedo,
interposição de língua e deglutição atípica)5,8,17,20,30, que podem
manifestar-se isoladamente ou estar associados. A atresia maxilar
pode apresentar como conseqüência a mordida cruzada uni ou
bilateral, que estabelecerá condutas diferentes. Por esse motivo, o
diagnóstico diferencial torna-se imprescindível no planejamento
ortodôntico16. A ERM ortopédica é uma das condutas adotadas
em pacientes com crescimento incompleto, enquanto, nos adultos, o procedimento adotado deverá ser a ERMAC, uni ou bilateral,
devido à resistência e maturação óssea. A literatura é vasta nas
técnicas cirúrgicas para diminuir a resistência do complexo nasomaxilar, pilares zigomáticos e região pterigopalatina nos casos de
atresia bilateral. Entretanto, apresenta-se com restrições na abordagem unilateral, pois a etiologia é rara. Com o intuito de ilustrar este recurso, os casos clínicos apresentados mostraram um
resultado final satisfatório. Entretanto, encontramos uma maior
inclinação dentária do lado operado e maior expansão do arco na
região de pré-molares no caso 2 (Fig. 26). Estes resultados foram
concordantes com os estudos de Mossaz25, Byloff e Mossaz10, que
concluíram que, na mordida cruzada unilateral, o lado operado
apresentou duas vezes mais expansão esquelética, inclinação e
recidiva que o não operado.
CONCLUSÕES
Pudemos observar e concluir, por meio dos casos clínicos, que a
ERMAC unilateral é um recurso efetivo para a correção da mordida
cruzada esquelética unilateral.
Unilateral maxillary osteotomy: techniques
and clinical reports
Abstract
The cross-sectional correction is one of the Orthodontic´s
priorities. One of the causes of the cross-sectional
deficiency is the maxillary constriction that can follow-up
or not a posterior crossbite. It has a multifactorial etiology
and must be diagnosed and treated in early age. After
the skeletal maturity is completed, the rapid maxillary
expansion surgically assisted (RMESA) is considered a
good option for the correction of unilateral or bilateral
crossbites in adult patients. This way, the present study
aimed to review the literature concerning the RMESA for
the correction of the unilateral maxillary constriction and
to present two clinical cases to illustrate the resource.
KEYWORDS: Maxillary expansion. Maxillofacial surgery. Crossbite.
Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 8, n. 1 - fev./mar. 2009
49
Osteotomia unilateral da maxila: técnicas e relato de casos clínicos
REFERÊNCIAS
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
ALPERN, M. C.; YUROSKO, J. J. Rapid palatal expansion in adults: with and without
surgery. Angle Orthod., Appleton, v. 57, p. 245-263, 1987.
ANGELL, E. C. Treatment of irregularity of the permanent or adult teeth. Dental Cosmos,
Philadelphia, v. 1, p. 540-544, 1860.
BAYS, R. A.; GRECO, J. M. Surgically assisted rapid palatal expansion: an outpatient
technique with long-term stability. J. Oral Maxillofac. Surg., Philadelphia, v. 50,
p. 110-113, Feb. 1992.
BELL, W. H.; JACOBS, J. D. Surgical-orthodontic correction of horizontal maxillary
deficiency. J. Oral Surg., Chicago, v. 37, p. 897-902, 1979.
BETTS, N. J.; VANARSDALL, R. L.; BARBER, H. D.; BARBER, K. H.; FONSECA, R. J. Diagnosis
and treatment of transverse maxillary deficiency. Int. J. Adult Orthodon. Orthognath.
Surg., Chicago, v. 10, no. 2, p. 75-96, 1995.
BIEDERMAN, W. A hygienic appliance for rapid expansion. JPO: J. Pract. Orthod.,
Hempstead, v. 2, no. 2, p. 67-70, Feb. 1968.
BISHARA, S. E.; STALEY, R. N. Maxillary expansion: clinical implications. Am. J. Orthod.
Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 91, p. 3-14, Jan. 1987.
BJORK, A. Sutural growth of the upper face studied by implant method. Acta Odontol.
Scand., Oslo, v. 24, no. 2, p. 109-127, Sept. 1966.
BROWN, V. G. I. The surgery of oral and facial diseases and malformations. 4th ed.
London: Kimpton, 1938.
BYLOFF, F. K.; MOSSAZ, C. F. Skeletal and dental changes following surgically assisted
rapid palatal expansion. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 26, no. 4, p. 403-409, July/Aug. 2004.
CAPELOZZA FILHO, L.; MAZZOTTINI, R.; CARDOSO NETO, J.; SILVA FILHO, O. G. Expansão
rápida da maxila cirurgicamente assistida. Ortodontia, São Paulo, v. 27, no. 1, p. 21-30,
jan./abr. 1994.
CAPELOZZA FILHO, L.; SILVA FILHO, O. G. Expansão rápida da maxila: considerações gerais
e aplicação clínica. Parte II. Rev. Dental Press Ortodon. Ortop. Maxilar, Maringá, v. 2,
n. 4, p. 86-108, jul./ago. 1997.
CLEALL, J. F. et al. Expansion of the midpalatal suture in the monkey. Angle Orthod.,
Appleton, v. 35, p. 23-35, Jan. 1965.
COHEN, M.; SILVERMAN, E. A new and simple palate splitting device. J. Clin. Orthod.,
Boulder, v. 7, no. 6, p. 368-369, June 1973.
EPKER, B. N.; WOLFORD, L. M. Surgical-orthodontic expansion of maxilla. In: ______.
Dentofacial deformities: surgical-orthodontic correction. St. Louis: C. V. Mosby, 1980.
cap. 9, p. 305-330.
16. GONÇALES, E. S.; POLIDO, W. D. Tratamento ortodôntico-cirúrgico de deficiência
transversal de maxila: conceitos para o cirurgião bucomaxilofacial e relato do caso. Rev.
Inst. Ciênc. Saúde, São Paulo, v. 1, p. 55-59, jan./jun. 1998.
17. GREGORET, J. Ortodontia e Cirurgia Ortognática: diagnóstico e planejamento. 1. ed.
São Paulo: Ed. Santos, 1999.
18. GURGEL, J. A.; SANT’ANA, E.; HENRIQUES, J. F. C. Tratamento ortodôntico-cirúrgico das
deficiências transversais da maxila. Rev. Dental Press Ortodon. Ortop. Facial, Maringá,
v. 6, n. 6, p. 59-66, nov./dez. 2001.
19. HAAS, A. J. Interviews. J. Clin. Orthod., Boulder, v. 7, no. 4, p. 227-245, 1973.
20. HAAS, A. J. Rapid expansion of the maxillary dental arch and nasal cavity by opening the
midpalatal suture. Angle Orthod., Appleton, v. 31, no. 2, p. 73-90, Apr. 1961.
21. ISAACSON, R. J.; INGRAN, A. H. Forces produced by rapid maxillary expansion. II. Forces
present during treatment. Angle Orthod., Appleton, v. 34, no. 4, p. 261-269, 1964.
22. KRAUT, R. A. Surgically assisted rapid maxillary expansion by opening the midpalatal
suture. J. Oral Maxillofac. Surg., Philadelphia, v. 42, no. 10, p. 651-665, Oct. 1984.
23. LINES, P. A. Adult rapid maxillary expansion with corticotomy. Am. J. Orthod., St. Louis,
v. 67, no. 1, p. 44-56, Jan. 1975.
24. MAZZONETTO, R.; LAUREANO, J. R. F.; PAZA, A. O.; MOREIRA, R. W. F. Tratamento
cirúrgico-ortodôntico para as deficiências transversas da maxila. Quando indicar?
Ortodontia, São Paulo, v. 35, p. 101-104, jan./mar. 2002.
25. MOSSAZ, C. F. Unilateral and bilateral corticotomies for correction maxillary transverse
discrepancies. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 14, no. 2, p. 110-116, Apr. 1992.
26. PERSSON, M.; THILANDER, B. Palatal suture closure in man from 15 to 35 years of age.
Am. J. Orthod., St. Louis, v. 72, no. 1, p. 42-52, 1977.
27. POGREL, M. A.; KABAN, L. B.; VARGERVIK, K.; BAUMRIND, S. Surgically assisted rapid
maxillary expansion in adults. Int. J. Adult Orthodon. Orthognath. Surg., Chicago, v. 7,
no. 1, p. 37-41, 1992.
28. SILVA FILHO, O. G.; CAPELOZZA FILHO, L. Expansão rápida da maxila: preceitos clínicos.
Ortodontia, São Paulo, v. 21, p. 61-81, 1988.
29. SILVA FILHO, O. G. et al. Correção da mordida cruzada posterior na dentadura decídua.
Ortodontia, São Paulo, v. 32, n. 3, p. 60-69, set./dez. 1999.
30. SILVA FILHO, O. G. et al. Hábitos de sucção e má oclusão: epidemiologia na dentadura
decídua. Ortodontia, São Paulo, v. 2, n. 5, p. 57-74, out./nov. 2003.
Endereço para correspondência
Pedro Luis Scattaregi
Av. Washington Luiz, 451
CEP: 04.662-000 - Sto. Amaro / SP
E-mail: [email protected]
50
Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 8, n. 1 - fev./mar. 2009
Download