Tópico 15 – Propriedades Elétricas IV Prof. Romis Attux – DCA/FEEC/UNICAMP Primeiro Semestre / 2016 Obs.: O conteúdo dos slides se baseia fortemente no livro texto [Callister, 2011]. As figuras são do material de apoio de [Callister 2011] exceto onde indicado. EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux Prelúdio • Falaremos neste tópico de algumas propriedades elétricas complementares às já vistas. Daremos início à discussão com os materiais dielétricos, que são materiais isolantes elétricos (não-metálicos) e que exibe (ou pode ser feito para exibir) uma estrutura de dipolo elétrico. • Como um resultado da interação de dipolo com campos elétricos, os materiais dielétricos são utilizados em capacitores. EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux Capacitores • Quando se aplica uma diferença de potencial entre as placas de um capacitor, uma delas se torna positivamente carregada enquanto a outra se torna negativamente carregada. Surge então um campo com linhas que vão da parte positiva para a parte negativa. • A capacitância C está relacionada à quantidade de cargas armazenada em cada uma das placas Q pela relação C = Q/V, onde V é a diferença de potencial. A unidade de capacitância é coulomb/volt ou farad. • Consideremos um capacitor de placas paralelas com vácuo entre as placas. A capacitância pode ser calculada pela relação: 𝐴 𝐶 = 𝜖0 𝑙 onde A é a área das placas e l é a distância entre elas. A constante 0 é a permissividade do vácuo, que vale 8,85 x 10-12 F/m. EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux Capacitores (Wikipedia) EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux Capacitores • Se um material dielétrico for inserido entre as placas, então 𝐴 𝐶=𝜖 𝑙 onde representa a permissividade do meio dielétrico, que será maior em magnitude que a permissividade do vácuo. • Define-se a permissividade relativa r, também chamada de constante dielétrica como a razão entre e 0. Tem-se que r > 1 e essa condição indica uma maior capacidade de armazenamento de cargas. A constante dielétrica é um parâmetro crucial para a construção de capacitores. EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux Densidade de Cargas • Tem-se que a densidade de cargas da superfície D, ou a quantidade de cargas por unidade de área da placa do capacitor, é proporcional ao campo elétrico. No vácuo, tem-se que D = 0E. • Para um dielétrico, tem-se a relação mais geral D = E. Às vezes, dá-se a D o nome de deslocamento dielétrico. • O aumento na capacitância pode ser explicado a partir do seguinte modelo. Parte-se de um capacitor com vácuo entre as placas, como o mostrado slides atrás. Quando um material dielétrico é introduzido entre as placas e um campo elétrico é aplicado, polariza-se o interior do sólido, como mostrado na figura a seguir. EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux Densidade de Cargas (Wikipedia) EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux Densidade de Cargas • Suponhamos que, no vácuo, houvesse uma carga +Q0 / -Q0 armazenada no capacitor. Com a polarização, haverá um acúmulo de cargas negativas líquido de –Q’ na vizinhança da placa positiva e de cargas positivas +Q’ na placa negativa. Portanto, é como se, na vizinhança da placa positiva, houvesse uma diminuição de Q’ na carga armazenada e, na vizinhança da placa negativa, um aumento de Q’. • Assim, a voltagem nas placas é mantida com o aumento da carga na placa positiva para Q0 + Q’, e com a mudança de carga na placa negativa para –Q0 – Q’. Isso se dá pelo fluxo forçado de elétrons entre as placas. • Na presença de um dielétrico, a densidade de cargas pode então ser escrita como: D = 0E + P onde P representa a polarização ou aumento da densidade de cargas além daquela do vácuo devido à presença do dielétrico. P tem a mesma unidade de D, C/m2. EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux Polarização • A polarização P também pode ser entendida como sendo o momento de dipolo total por unidade de volume do dielétrico, ou como o campo elétrico de polarização dentro do dielétrico que resulta do alinhamento mútuo de muitos dipolos atômicos ou moleculares com o campo que está sendo aplicado externamente. Pode-se escrever P = 0(r – 1)E. • Notem a semelhança de comportamento no caso elétrico com o paramagnetismo. EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux Ferroeletricidade • Um grupo de materiais dielétricos conhecidos como ferroelétricos exibe polarização espontânea, isto é, polarização na ausência de um campo elétrico (notem a semelhança conceitual com os ímãs permanentes). • Para que ocorra ferroeletricidade, é preciso que haja dipolos elétricos permanentes nos materiais, o que se explica e.g. para o titanato de bário, um dos materiais ferroelétricos mais comuns. A polarização espontânea é uma consequência do posicionamento dos íons na célula unitária. • Contudo, quando o titanato de bário é aquecido acima de sua temperatura de Curie ferroelétrica (120oC), a célula unitária muda de conformação e os íons perdem o dipolo permanente. • Os materiais ferroelétricos possuem constantes dielétricas muito elevadas para frequências baixas de aplicação do campo. No titanato de bário, à temperatura ambiente, tem-se r = 5000. EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux Piezoeletricidade • Uma propriedade rara de algumas cerâmicas é a piezoeletricidade, ou eletricidade por pressão. Induz-se a polarização (e um campo elétrico) por meio da aplicação de forças externas. Se a força muda de tração para compressão, muda-se o sentido do campo gerado. • Materiais piezoelétricos são utilizados como transdutores, ou seja, convertem energia elétrica em deformações mecânicas ou vice-versa. Entre os exemplos familiares, estão as agulhas de fonógrafos, microfones, alto-falantes, alarmes sonoros e dispositivos de geração de imagens de ultrassom. • Exemplos: titanato de chumbo, zirconato de chumbo, quartzo. • As estruturas cristalinas são complicadas e de baixa simetria. Pode-se aprimorar o comportamento piezoelétrico aquecendo-se a amostra acima de sua temperatura de Curie e resfriando-a na presença de um forte campo elétrico. EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux Efeito Hall • Mudaremos agora de assunto de maneira um tanto abrupta, para que tratemos de um efeito muito importante em materiais elétricos, o efeito Hall. • Basicamente, verifica-se o efeito Hall quando se aplica um campo magnético perpendicularmente à direção do movimento de uma partícula carregada, gerando uma força perpendicular a ambos. • Consideremos a figura do slide a seguir. Em resposta à aplicação de uma ddp Vx, elétrons e/ou lacunas se movem ao longo do eixo x, gerando uma corrente I. Quando é imposto um campo magnético Bz na direção positiva do eixo z, a força resultante defletirá os elétrons para a esquerda (na direção do eixo y) e as lacunas para a direita. Dessa forma, na direção do eixo y surgirá uma tensão conhecida como tensão Hall. EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux Efeito Hall (Wikipedia) EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux Efeito Hall • A magnitude da tensão Hall VH é dada pela seguinte relação: 𝑅𝐻 𝐼𝐵𝑧 𝑉𝐻 = 𝐿 • Nessa expressão, RH é conhecido como coeficiente de Hall do material. EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux