A estratégia de reação do Carrefour

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17/03/2015
A estratégia de reação do Carrefour ­ Economia ­ Estadão
A estratégia de reação do
Carrefour
FERNANDO SCHELLER E MÔNICA SCARAMUZZO ­ O ESTADO DE S.PAULO
16 Março 2015 | 02h 05
Gigante francesa do varejo deve acelerar em 2015 o processo de diversificação
de sua atuação no País com a abertura de lojas compactas, a reforma de
hipermercados e o retorno ao e­commerce; movimento pode incluir aquisição de
redes regionais de supermerca
Depois de passar quatro anos colocando a casa em ordem por causa de um escândalo de má
gestão descoberto na operação brasileira em 2010, o gigante francês Carrefour deverá promover
este ano sua mais agressiva expansão no País em pelo menos uma década. Para 2015, a meta da
varejista é acelerar a reforma de hipermercados e aberturas de lojas de vizinhança. O grupo
também avalia fazer aquisições regionais para acelerar o processo de expansão, segundo apurou o
'Estado'.
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A estratégia é diversificar as operações seguindo os
passos de seu principal concorrente no Brasil, o
Grupo Pão de Açúcar. Atualmente, cerca de 60% das
receitas do Carrefour Brasil, que somaram R$ 37,9
bilhões em 2014, vêm da operação de atacarejo, o Atacadão, segundo fontes (a matriz não revela a
divisão do faturamento por negócio). O restante das vendas está basicamente concentrado nos
hipermercados, modelo considerado decadente por especialistas em varejo. "Este modelo está
sendo revisto no mundo todo, e no Brasil não é diferente", afirma Gildas Aitamer, analista da
consultoria alemã Planet Retail.
O objetivo do Carrefour no Brasil é ampliar a rede de supermercados compactos e lojas de
proximidade, que ainda têm presença tímida na rede. Dentro deste plano de ação, o grupo francês
ganhou um aliado de peso: o empresário Abilio Diniz, ex­dono do GPA, que se tornou sócio
minoritário da operação brasileira em dezembro, com a compra de 10% de participação.
O empresário brasileiro comandou o processo de diversificação do Pão de Açúcar a partir do fim
dos anos 90, com a entrada do Casino na sociedade. Junto com o novo sócio, criou um grupo
multiformato, com atuação em alimentos, eletroeletrônicos e forte presença na internet. Em 2014, o
GPA faturou R$ 65,5 bilhões, sendo R$ 34,7 bilhões com varejo alimentar e R$ 30,8 bilhões com as
divisões Via Varejo (Casas Bahia e Ponto Frio) e da CNova, que reúne os negócios de e­commerce
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17/03/2015
A estratégia de reação do Carrefour ­ Economia ­ Estadão
da companhia.
Mudanças. O processo de correção de ineficiências do Carrefour Brasil ­ iniciado após um
prejuízo de R$ 1,2 bilhão com fraudes contábeis ­ ainda está em curso. Entre as melhorias já
implementadas estão a modernização do sistema de tecnologia da informação, reformas de
hipermercados, agilização do atendimento e a revisão do mix de mercadorias oferecido ao
consumidor.
As mudanças já renderam frutos ­ tanto que as vendas do Carrefour cresceram mais do que a da
concorrência. No quarto trimestre de 2014, o Carrefour registrou alta de 10% nas receitas em
relação ao mesmo período do ano do anterior, enquanto o Pão de Açúcar avançou só 1%, diz
Guilherme Assis, analista do Banco Brasil Plural. Um executivo de uma rede rival chega a elogiar o
trabalho do Carrefour: "Houve claros avanços".
A partir deste ano, a ordem na rede é intensificar consideravelmente o trabalho já iniciado. Até
agora, o Carrefour reformou 18 de seus 102 hipermercados. O Estado apurou que, até o fim de
2016, mais 42 lojas serão renovadas. Além disso, a empresa deve retomar no fim de 2015 a
operação de e­commerce, encerrada em 2012. Outro plano é abrir o capital da filial brasileira
quando o cenário econômico ficar mais favorável.
Embora tenha decidido investir em lojas compactas, a avaliação é de que essa transformação ainda
é embrionária: até agora, a varejista abriu só quatro unidades de seu modelo de conveniência no
Brasil. A rede Supeco, espécie de versão "mini" do Atacadão, resume­se a uma loja em Sorocaba
(SP).
A intenção de retomar as compras de redes regionais, citada por fontes de mercado, é vista como
uma forma de agilizar o cumprimento das metas de expansão. O Estado apurou que o Carrefour
deverá se associar a redes regionais de peso, elevando sua participação aos poucos.
O desafio, segundo um executivo do setor consultado pela reportagem, é não repetir os erros do
passado. Nos anos 90, o Carrefour entrou na onda de aquisições do setor ­ comprou as
fluminenses Rainha e Continental e as mineiras Planaltão e Mineirão ­, mas a estratégia não
rendeu frutos. A empresa se desfez da maioria dos negócios. No entanto, lembram fontes, foi uma
aquisição ­ a do Atacadão, em 2007 ­ que manteve a rede em pé nas dificuldades. O modelo do
Atacadão, considerado vencedor no Brasil, deverá ser replicado em outros países. Deve ir parar até
na matriz francesa.
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