Aula 14 de Bases Matemáticas Rodrigo Hausen Versão: 21 de julho de 2016 1 Funções monótonas Seja f uma função real e A um subconjunto do seu domínio. Dizemos que f é crescente em A se, para todo par de números a, b ∈ A, vale a implicação: a < b ⇒ f (a) < f (b). Exemplo 1 A função f (x) = x é crescente em R, pois para todo par a, b ∈ R, é verdade que: a < b ⇒ a = f (a) < f (b) = b. Dizemos que f é decrescente em A se, para todo par de números a, b ∈ A, vale a implicação: a < b ⇒ f (a) > f (b). Exemplo 2 A função f (x) = x2 é decrescente em (−∞; 0], pois a < b ≤ 0 → a2 > b2 . A mesma função é crescente em [0; +∞). Dizemos que f é não-decrescente em A se, para todo par de números a, b ∈ A, vale a implicação: a < b ⇒ f (a) ≤ f (b). Exemplo 3 A função piso (Fig. 1), definida por bxc = max{n ∈ Z; n ≤ x}, é não-decrescente em R. Seja a um número inteiro, então bac = a, e considere b > a. Se b − a < 1, então bbc = a, porém, se b − a ≥ 1, então bbc > a. Observe que a função piso é crescente no conjunto Z. Dizemos que f é não-crescente em A se, para todo par de números a, b ∈ A, vale a implicação: a < b ⇒ f (a) ≥ f (b). Dizemos que uma função é monótona em A (também dita monotônica em A) se ela for crescente, não-decrescente, decrescente ou não-crescente em A. Se a função for crescente ou decrescente em A, dizemos que ela é estritamente monótona em A. x . Determine o maior domínio para o qual x+1 ela pode ser definida e os intervalos onde ela é monótona. Pela expressão para f (x), o máximo domínio é R \ {−1}. Exemplo 4 Seja f (x) = 1 3 2 1 −3 −2 −1 0 1 2 −1 −2 −3 Figura 1: Gráfico da função piso f (x) = bxc. 2 3 Para verificar onde f é monótona, precisamos considerar os casos: crescente, não-decrescente, decrescente ou não-crescente. Crescente: considere um intervalo I; para que f seja crescente em I é preciso que, para todo a, b ∈ I valha a < b ⇒ f (a) < f (b). Logo, por hipótese, temos a < b. Queremos chegar à tese f (a) < f (b). a b a Veja que a tese é equivalente à desigualdade < , ou seja, − a+1 b+1 a+1 b a−b < 0, portanto < 0 equivale a f (a) < f (b). b+1 (a + 1)(b + 1) Sendo a < b, temos que a + 1 < b + 1 e, além disto, o número a − b a−b seja negativo, é preciso que é menor que 0, logo para que (a + 1)(b + 1) a + 1 < b + 1 < 0 ou que 0 < a + 1 < b + 1. No primeiro caso, temos que a, b ∈ (−∞; −1) e no segundo, a, b ∈ (−1; +∞). Logo, para todo a, b ∈ (−∞; −1), temos que a < b ⇒ f (a) < f (b), logo a função é crescente em (−∞; −1). A função também é crescente em (−1; +∞). Observe que, neste caso, não podemos dizer que a função é crescente em (−∞; −1) ∪ (−1; +∞) pois a implicação a < b ⇒ f (a) < f (b) não vale para todo a, b na união dos intervalos. Um contra-exemplo é obtido com a = −2 e b = 0 pois f (a) = 2 > 0 = f (b). Não-decrescente: como a função é crescente em (−∞; −1) e em (−1; +∞), ela também é não-decrescente em cada um destes intervalos. Decrescente: não há nenhum intervalo onde ela é descrescente. Não-crescente: não há nenhum intervalo onde ela é não-crescente. Conclusão: a função é monótona no intervalo (−∞; −1) e no intervalo (−1; +∞), mas não é monótona em (−∞; −1) ∪ (−1; +∞). 2 Para casa Ler pp. 152 a 155 do livro de Bases Matemáticas (versão 12). Fazer a lista 8 até até o exercício 13. 3