A REFERENCIAÇÃO NOS TEXTOS JORNALÍSTICOS ORALIZADOS EM REPORTAGEM DO TELEJORNAL: UM ESTUDO COM O JORNAL NACIONAL Elizânia Fábia de Sousa Azanha Instituto de Estudos da Linguagem – UNICAMP Caixa Postal 6045 - CEP 13083-970 - Campinas - SP – Brasil “Onde não há texto, também não há objeto de estudo e de pensamento”. (M. Bakhtin) Abstract: This paper presents a linguistic-discursive study on news text for television, specifically about the referential processes on this textual genre. For this paper it was analyzed a news presented on Jornal Nacional in May 31st of 2005. Keywords: Referential processes; news. Resumo: Este trabalho apresenta um estudo lingüístico-discusivo do texto noticiário de telejornais, especificamente sobre os processos de referenciação presentes nesse gênero textual. Para este trabalho foi analisada uma notícia apresentada no Jornal Nacional em 31 de maio de 2005. Palavras-chave: Processos de Referenciação; Telejornal. Introdução Podemos observar que diversos estudos têm sido realizados com o texto, sua produção e significação. Neste trabalho pretendo realizar um estudo sobre os processos de referenciação constitutivos de textos jornalísticos escritos para oralização. Para tanto escolhi como corpus uma reportagem sobre a situação econômica do Brasil veiculada no Jornal Nacional (doravante JN), da Rede Globo de Televisão uma reportagem sobre a situação econômica do Brasil, apresentada em 31 de maio deste ano e intitulada “Economia desacelerada”. Este trabalho pretende mostrar como a referenciação é constituída ao longo de uma reportagem do JN – a qual foi transcrita conforme as normas de transcrição elaboradas pelos pesquisadores do Projeto NURC/SP –, observando as especificidades quando se trata de um discurso previamente escrito, como é o caso das falas do âncora Willian Bonner, ou quando se trata de fala previamente elaborada, não necessariamente escrita, como é o caso das falas do repórter Alberto Gaspar, e ainda das falas espontâneas dos entrevistados, que não foram preparadas com antecedência. Estudos Lingüísticos XXXVI(3), setembro-dezembro, 2007. p. 201 / 209 Os jornais televisivos são muito pouco analisados no que diz respeito a suas características lingüístico-discursivas. Neste trabalho tentarei realizar um estudo inicial de algumas dessas características no que tange aos processos de referenciação. Nossa hipótese é a de que os fenômenos de referenciação constitutivos destes textos são, em parte, distintos dos que ocorrem nos textos jornalísticos escritos, principalmente se considerarmos o seu modo de produção e de recepção. Por isso, julgo importante conhecer a estrutura e analisar esse tipo de texto que é tão difundido no nosso país, sendo uma das principais fontes de informação de milhares de brasileiros. Deverei também realizar observações quanto às especificidades do jornal televisivo, mais especificamente do JN, uma vez que me ative apenas a esse jornal para a realização desta pesquisa. Referenciação e gênero: alguns pressupostos Segundo Koch (2005), a referenciação se constitui em uma atividade discursiva no sentido de que é produzida para designar, representar ou sugerir algo no curso de uma determinada prática discursiva. Não se pretende, no entanto, negar a presença de uma realidade extramental, mas sim perceber a referência como uma reelaboração de conhecimentos, uma vez que o real não coincide com o modo de vê-lo ou dizê-lo. Essa reelaboração se dá essencialmente no discurso, mas também obedece a restrições impostas por condições culturais, sociais, históricas e de processamento decorrente do uso da língua (Koch, 2005 apud Marcuschi & Koch, 1998: 5). Koch (2004: 56) apresenta-nos ainda os rótulos presentes no discurso, nomes correspondentes a protótipos e estereótipos que se aproximam dos modelos sociocognitivos, ou seja, representações referentes ao conjunto de conhecimentos de um grupo social, de acordo com suas práticas sociais. Os estereótipos constituem parte do que se tem chamado cognição social, isto é, um conjunto de estruturas mentais compartilhadas pelos integrantes de um mesmo grupo, particularmente as envolvidas na produção e compreensão de “objetos” sociais, conforme definição de Van Dijk (1994, 1997 in Koch 2004) Desta forma, Koch (2005: 80) adotando as postulações de Apothelóz & Reichler-Bérguelin (1995: 265) afirma que: a) a referência diz respeito às operações realizadas pelos sujeitos conforme se desenvolve o discurso; b) o discurso constrói aquilo a que faz remissão, ao mesmo tempo que é tributário dessa construção. A representação que é construída por todo discurso opera como uma memória compartilhada, alimentada pelo próprio discurso (Apothelóz & Reichler-Bérguelin, 1999: 368, citado em Koch, 2005: 80). Os sucessivos estágios dessa representação são, ao menos em parte, responsáveis pelas seleções feitas pelos interlocutores, em especial quando se trata de expressões referenciais. Tal representação, a memória discursiva (Berrendonner& Reichler-Bérguelin, 1989, in Koch 2005), recebeu também outras denominações como esquematização (Grize, 1982 apud Koch, 2005) entre outras. Estudos Lingüísticos XXXVI(3), setembro-dezembro, 2007. p. 202 / 209 c) As mudanças que o referente possa sofrer “mundanamente” ou predicativamente, não implica em recategorização no discurso, e para o inverso serve a mesma explicação. Assim, admite-se que o objeto de discurso é dinâmico, uma vez inserido pode ser modificado, desativado, reativado, transformado, recategorizado, o sentido assim, pode ser construído ou reconstruído no curso da progressão textual, como postula Mondada (1994) apud Koch (2005: 81)para quem O objeto de discurso caracteriza-se pelo fato de construir progressivamente uma configuração, enriquecendo-se com novos aspectos e propriedades, suprimindo aspectos anteriores ou ignorando outros possíveis, que ele pode associar com outros objetos ao integrar-se em novas configurações, bem como pelo fato de articular-se em partes suscetíveis de se automatizarem por sua vez em novos objetos. O objeto se completa discursivamente. Por fim, Koch (2005: 81) ainda afirma que: d) O processo do discurso é estratégico, uma vez que, sendo realizado por sujeitos ativos, implica em escolhas significativas por parte dos interlocutores, conforme as múltiplas possibilidades oferecidas pela língua. Assim a referenciação depende de um conjunto de conhecimentos de várias ordens que, associados, permitem estabelecer-se relações discursivas de referência entre os elementos de um texto. Essa posição permite o estabelecimento de uma noção de língua que não se esgota no código, nem se estabelece apenas como um sistema de comunicação que privilegia o aspecto informacional ou ideacional. Uma concepção discursiva ou textual do mundo através da linguagem não se limita a um simples processo de elaboração de informação, mas a um processo de (re)construção do próprio real. A noção de referenciação faz-se então mais significativa já que nos permite, por meio da mobilização de determinados recursos lingüístico-discursivos, operar mudanças no conteúdo e/ou na forma, assim como na estrutura da realidade, conforme nos diz Koch (2005) ao citar Mondada e Dubois (1995). A referenciação, então, possibilita a instauração de objetos de discurso que podem referir no discurso, referenciando a informações anteriores de forma a até mesmo recategorizá-las por meio de recursos lingüísticos, aos quais o interlocutor atribuirá sentidos. A referenciação como atividade discursiva permite que o sujeito, no curso da interação verbal, faça uso das unidades lingüísticas operando escolhas significativas para construir aquilo que se quer dizer (Koch, 1999, 2002). A realidade é (re)construída pela interação sócio-cultural, através do “objeto-de-discurso”, sem que esse se confunda com a realidade extra-lingüística. Desta forma julgo importante ressaltar a afirmação de Koch (2004) ao citar Apothelóz & Reichler-Bérguelin (1999): Todo discurso constrói uma representação que opera como uma memória compartilhada, sendo os sucessivos estágios dessa representação responsáveis, ao Estudos Lingüísticos XXXVI(3), setembro-dezembro, 2007. p. 203 / 209 menos em parte, pelas seleções feitas pelos interlocutores, particularmente em se tratando de expressões referenciais. Assim, uma vez produzidos os discursos, as informações implícitas serão integradas à memória discursiva e, posteriormente, da anáfora que, para Berrendonner (1986), citado em Koch (2004), caracteriza-se por retomada informacional, sobre a qual intervêm saberes lingüísticos construídos pelo próprio texto e conhecimentos inferenciados conforme conhecimentos lexicais prévios. Para a constituição da memória discursiva estão envolvidas estratégias de referenciação, tais como: a. Construção/ativação: quando um referente novo é introduzido, passando a ter um endereço na memória discursiva. b. Reconstrução/reativação: quando um referente já presente na memória discursiva é reintroduzido, através de uma forma referencial. c. Defocalização/desativação: quando um novo referente é introduzido passando a ocupar o lugar do foco anterior, este, todavia, não é apagado do discurso, podendo ser retomado posteriormente. Todos essas estratégias socio-cognitivas podem ser mobilizadas em um mesmo discurso de forma a proporcionar diferentes efeitos de sentido no interlocutor. Ao analisar a reportagem televisiva sobre a situação econômica do Brasil, apresentada em 31 de maio deste ano, intitulada “Economia desacelerada”, pretendo fazer com que os dispositivos teóricos acima elencados sejam aplicados, sem deixar de observar as especificidades desse gênero discursivo, como por exemplo, o fato de que nos gêneros jornalísticos podem ser encontrados vários discursos que se interligam e que constituem o texto. De acordo com Bakhtin (1992/2000), todas as esferas da atividade humana estão relacionadas à utilização da língua e a produção de enunciados é a forma mais importante para que possam ser estabelecidas interações entre as pessoas. Esses enunciados por vezes já possuem uma configuração composicional historicamente elaborada, sendo que a essas configurações chamamos gêneros do discurso. Na reportagem selecionada, há uma variedade de fontes para os enunciados proferidos, uma vez que se trata de uma reportagem com participação do âncora, do repórter e de diversos entrevistados. As falas de cada um, com sua respectiva nomeação, podem ser encontradas transcritas no anexo. Uma reportagem, algumas referenciações, vários sentidos A língua não existe fora dos sujeitos sociais que a falam e fora dos eventos discursivos dos quais eles intervêm e nos quais mobilizam suas percepções (Koch, 2004, p. 56). Parto desse pressuposto para apresentar a reportagem escolhida como exemplo da utilização do recurso de referenciação, uma vez que observaremos que os discursos são interligados, mesmo sendo proferidos por pessoas diferentes, em diferentes situações discursivas. Desde 1975, foram estabelecidas para o JN algumas normas para produção da palavra no noticiário1, com uma valorização não apenas da imagem, mas também do Estudos Lingüísticos XXXVI(3), setembro-dezembro, 2007. p. 204 / 209 texto a ser apresentado. As notícias são previamente elaboradas (escritas), uma vez que não serão apresentadas por uma única pessoa, mas por várias (o(s) âncora(s) e o(s) repórter(es)). Assim ao assistirmos às reportagens, podemos notar uma relação entre as falas de todos os envolvidos na produção da matéria. O telejornalismo compartilha características tanto da língua falada como da língua escrita, uma vez que essas duas modalidades da língua não são dicotômicas, mas ocorrem em um continuum de práticas sociais de produção de texto (Marcuschi, 2001). Podemos observar que algumas marcas de oralidade, tais como a repetição de palavras e o truncamento sintático, não estão presentes nos textos falados pelos âncoras e repórteres. No entanto, as diferentes seqüências textuais são dispostas de forma a constituírem um “todo discursivo”. Em uma primeira abordagem dos dados transcritos, percebemos que para que os telespectadores possam compreender sobre o que se fala ao longo da reportagem se faz necessária a ativação de certos conhecimentos prévios. Vejamos os fragmentos abaixo: (1) William Bonner: (...)com os juros subindo a economia brasileira no primeiro trimestre cresceu apenas zero vírgula três por cento em relação ao ÚLtimo trimestre de dois mil e quatro ... (2) Alberto Gaspar: o que mais afetou o produto interno bruto – a soma das riquezas produzidas no país – foi o desempenho NEgativo da indústria ... (3) Ministro Paulo Bernardo: os dados do ibge mostram ... uma acomodação no ritmo ... de crescimento mas ... eu... queria lembrar que no ano passado TIvemos ... um processo parecido com esse e aceleração do/do ... crescimento econômico no segundo semestre (4) Eduardo G. Fonseca (economista): VAI haver frustração com o baixo crescimento Em um primeiro momento, na fala de William Bonner, o referente textual ativado é “a economia brasileira”; sobre este referente, predica-se que “cresceu apenas zero vírgula três por cento”. Em seguida, instaurou-se um novo referente, “o produto interno bruto” (ao qual imediatamente se acrescenta uma nova expressão nominal “a soma das riquezas produzidas no país”, com a função de dar uma melhor definição do referente instaurado anteriormente) e sobre o qual predica-se que foi afetado pelo “desempenho negativo da indústria”. O que é interessante perceber é que a partir da ativação de determinados referentes, outros referentes são instaurados: “uma acomodação no ritmo de crescimento” e “uma aceleração do/do... crescimento econômico no segundo semestre”. Podemos dizer que este complexo processo de ativação de referentes acontece por meio de um jogo de transformação dos conteúdos predicados sobre as expressões referenciais primeiramente ativadas em outras expressões referenciais, o que exemplifica o processo de construção de objetos de discurso. Assim, ao se dizer que a economia “cresceu apenas zero vírgula três por cento”, autoriza-se a reformulação operada no exemplo (4) com a instauração de um novo referente, “o baixo crescimento”, que condensa a informação predicada sobre a Estudos Lingüísticos XXXVI(3), setembro-dezembro, 2007. p. 205 / 209 economia brasileira. No entanto, devemos atentar para o fato de que as operações efetuadas pelos sujeitos dependem do posicionamento do sujeito em um determinado campo discursivo. E é exatamente em função dos diversos posicionamentos existentes que podemos perceber que, por um lado, o ministro elege a expressão “acomodação no ritmo do crescimento” para falar sobre o que estava acontecendo na economia brasileira naquele momento, enquanto que o economista se refere aos mesmos acontecimentos por meio da expressão “o baixo crescimento”. Uma outra questão importante diz respeito ao fato de que os telespectadores apenas poderão compreender a cadeia referencial instaurada se puderem contar com a ajuda de conhecimentos enciclopédicos sobre o campo da economia. Por exemplo, no trecho (2), o produto interno bruto, (PIB), faz parte do frame que é ativado pela enunciação da expressão nominal a economia brasileira. Percebe-se claramente nesses exemplos a relevância do conhecimento prévio sobre a situação atual da economia brasileira para que os processos de referenciação instaurados no/pelo texto sejam compreendidos. Vejamos um outro exemplo: (5) Alberto Gaspar: a economia está em desaceleração como um automóvel que tem o FREio acionado e começa a perder velocidade No exemplo (5) acima, o referente textual instaurado reforça a compreensão de que “a economia brasileira está em desaceleração”, o que mostra uma remissão aos conteúdos da fala do ministro. O referente textual em (5) remete à expressão “a economia brasileira” por meio de uma rotulação de caráter metafórico “um automóvel que tem o FREio acionado e começa a perder velocidade”. Aqui percebemos a comparação feita entre a economia e um carro em movimento. Observamos que a todo momento é imprescindível que o telespectador produza inferências com base nos conhecimento enciclopédicos do campo da economia para saber do que se está falando, uma vez que o referente a economia brasileira vai sendo recategorizado e novos referentes a ele relacionados vão sendo instaurados ao longo do texto produzido a partir das falas de quatro pessoas. Segundo Marchuschi (1999) todas as nossas atividades, sejam elas lingüísticas ou não, são sempre contextualizadas. Assim é compreensível o recurso à inferência para a construção da referência no texto telejornalístico, já que há um contexto histórico brasileiro e, inclusive, imagens que facilitam a compreensão do assunto abordado por parte dos telespectadores. Para compreender os referentes textuais ativados, precisamos produzir inferências e considerar as pistas que nos orientam em relação àquilo que se quer falar. Essas pistas são oferecidas na reportagem, uma vez que inicialmente se explicita o tema a ser tratado e uma vez que as expressões nominais utilizadas fazem parte de um mesmo campo discursivo, o campo da economia. Considerações Finais Como observado anteriormente, o texto jornalístico televisivo é ainda pouco estudado quanto às suas características lingüístico-discursivas. Este trabalho, portanto, é uma tentativa de explorar algumas dessas características, mais especificamente a Estudos Lingüísticos XXXVI(3), setembro-dezembro, 2007. p. 206 / 209 referenciação. Assim sendo, em estudos a serem desenvolvidos posteriormente, devemos observar algumas diferenças encontradas entre um texto jornalístico escrito falando sobre economia e a transcrição analisada de um texto televisivo sobre o mesmo assunto. Creio que ainda mais relevante seja o fato de podermos observar que, mesmo tratando-se de um texto oralizado, com a co-participação de várias pessoas em diferentes enunciados, o texto do telejornal é construído de tal forma que a referenciação constitui-se tal qual nos textos escritos, embora apresente algumas especificidades, ao menos na reportagem transcrita e analisada nesta breve pesquisa. Novos e mais amplos estudos sobre o texto jornalístico do telejornal poderão certamente enriquecer os estudos da Lingüística Textual, uma vez que possibilitarão uma observação sobre um gênero bastante difundido no país e cujos textos são a única fonte de informação de muitos brasileiros. Notas 1 Falo mais especificamente do JN por ser esse o noticiário analisado; em uma pesquisa mais ampla poderia ser observado essa recorrência em outros telejornais. Bibliografia BAKHTIN, Mikhail.(1992) “Os gêneros do discurso”. In: ___ . Estética da criação verbal. – 3ª. ed. – São Paulo: Martins Fontes, 2000. BENTES, Anna Christina. “Lingüística textual”. In: BENTES, A.C. e MUSSALIM, F. (org.) Introdução à lingüística: domínios e fronteiras". Vol.1, São Paulo: Cortez, 2001. CASTILHO, A. T. & PRETI, D.(1986) (org.) A linguagem falada culta na cidade de São Paulo: diálogos entre dois informantes. Vol. II. São Paulo: T.A. Queiroz/FAPESP, 1988. FAÏTA, Daniel. “A noção de ‘gênero discursivo’ em Bakhtin: uma mudança de paradigma”. In: Brait, Beth (org.) Bakhtin, dialogismo e construção dos sentidos. – 2ª. ed. rev. – Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2005. KOCH, Ingedore G. V. (2002) Desvendando os segredos do texto. - 4ª. ed. – São Paulo: Cortez, 2005. ___. Introdução à lingüística textual. São Paulo: Martins Fontes, 2004. MARCUSCHI, Luiz A. Quando a referência é uma inferência. 1999 (mímeo) ___. Da fala para a escrita – atividades de retextualização. - 3ª. ed. – São Paulo: Cortez, 2001. Estudos Lingüísticos XXXVI(3), setembro-dezembro, 2007. p. 207 / 209 Anexo Willian Bonner = WB (âncora) Alberto Gaspar = AG (repórter) Ministro Paulo Bernardo = PB Eduardo Gianete de Fonseca = EF (economista) Genilson Santana = GS (economista) José Roberto M. de Barros = JB (consultor) WB: o reMÉdio do Banco Central contra inflação mostrou hoje o principal efeito Co-la-te-ral ... com os juros subindo a economia brasileira no primeiro trimestre cresceu apenas zero vírgula três por cento em relação ao ÚLtimo trimestre de dois mil e quatro ... para muitos economistas esse resulTAdo mostra que os juros podem começar a cair ... AG: o que mais afetou o produto interno bruto – a soma das riquezas produzidas no país – foi o desempenho NEgativo da indústria ... a produção caiu um por cento em relação ao último trimestre do ano passado ... o setor de serviços que inclui do comércio ao transporte urbano ... também encolheu ... zero vírgula dois por cento ... o que permitiu que houvesse algum crescimento ... foi o desempenho de dois setores ... o agropecuário com alta de dois vírgula seis por cento ... e o exportador com variação positiva de TRÊS e meio por cento ... o consumo das famílias também caiu ... zero vírgula seis por cento ... e preocupa o presidente da república ... disse o ministro do planejamento ... Paulo Bernardo se reuniu hoje com Lula e os ministros da fazenda e da casa civil ... discutiram os números ... PB: os dados do ibge mostram ... uma acomodação no ritmo ... de crescimento mas ... eu... queria lembrar que no ano passado TIvemos ... um processo parecido com esse e aceleração do/do ... crescimento econômico no segundo semestre AG: a economia está em desaceleração como um automóvel que tem o FREio acionado e começa a perder velocidade ... o país vinha num crescimento anual de QUAtro por cento no primeiro trimestre do ano passado ... chegou a CInco por cento no terCEIro trimestre e agora está em DOIS vírgula nove por cento ... para este economista ... desacelerar é importante porque o país ... não aGÜENta crescer a taxas muito altas ... EF: VAI haver frustração com o baixo crescimento ... – eu acho que é quase inevitável – depois de um ano bom ... que foi dois mil e quatro ... daqui pra frente o aumento do crescimento é muito mais complicado ... e as/a possibilidade de crescimento é muito menor AG: quem diminui a velocidade ... por QUAL-QUER motivo ... demora mais a chegar ... é claro ... só que no caso da economia ... o destino ... o objetivo ... é o desenvolvimento ... mais riqueza ... mais emprego ... e com um detalhe ... é preciso ao mesmo tempo viajar e garantir que lá na frente a estrada continue aberta ... PAvimentada ... é isso que não está acontecendo no Brasil nesse momento ... a taxa de investimento caiu três por cento ... número preocupante diz um estudioso do assunto ... GS: para você produzir você precisa ter ... éh::... capacidade instalada ... (const) ... comprar novas máquinas ... construir novas fábricas ... e se você não faz esse investimento ... éh::... qualquer taxa de crescimento ... um pouquinho mais:: ... forte vai implicar ... éh::... vai esbarrar na capacidade de produção Estudos Lingüísticos XXXVI(3), setembro-dezembro, 2007. p. 208 / 209 AG: segundo este consultor o governo queRIa mesmo pisar no freio da economia ... pra isso vem elevando a taxa de juros desde o ano passado ... mas agora obTIdo o resultado ele sugere outras medidas ... JB: PÁra de aumentar agora ... isto é ... não aumenta mais (no próximo copom) no mês de (junho) espera pra ver por um ou dois meses só::... começaríamos a ter quedas efetivas de juros ... talvez de setembro ... outubro pra frente ... ah::... até isso fazê efeito na economia ... já tamo no ano que vem... WB: o ibge também Revisou o resultado do pib do ano passado ... o crescimento foi de quatro vírgula Nove por cento ... abaixo dos cinco vírgula dois por cento anunciados anteriormente ... segundo o ibge ... houve revisão nos dados referentes às receitas da telefonia de celulares enviados pela agência nacional de telecomunicações ... Estudos Lingüísticos XXXVI(3), setembro-dezembro, 2007. p. 209 / 209