O PODER DISCIPLINAR DA PSIQUIATRIA NO PENSAMENTO DE FOUCAULT David Vergilio Moura(Bolsista CNPq) Marcos Alexandre Gomes Nalli, e-mail: [email protected] Universidade Estadual de Londrina/Centro de Letras e Ciências HumanasCLCH/Departamento de Filosofia. Área e sub-área do conhecimento: Filosofia/ História da Filosofia. Palavras-chave: Loucura; Poder Disciplinar; Psiquiatria; Resumo O poder disciplinar na clínica psiquiátrica segundo a filosofia de Foucault, nos mostra como se dá a relação de poder entre médico e paciente, veremos como o autor relaciona a instituição clínica e o poder que dela emana. Através da leitura dos estudos de Foucault de 1973 e 1974 no qual se deu o livro O poder psiquiátrico, temos a possibilidade de ver como a psiquiatria trabalha nos moldes da sociedade, decidindo através de métodos, um deles o interrogatório, e assim decidindo se há a loucura ou não perante aquele indivíduo, algo que não é tão simples, pois ao contrário da medicina formal, a psiquiatria não trabalha com corpos, não se tem o diagnóstico da loucura pela pele, pelos órgãos, não se tem sintomas físicos, mesmo sendo que existam doenças mentais que são nomeadas, e definidas, tais como a esquizofrenia, a borderline, etc... Vemos que através do método do interrogatório, uma das maneiras de diagnosticar a loucura é o paciente se auto declarar louco, porem este diagnostico se dá por sinais, tais eles como trejeitos perante certos objetos de pesquisa. Uma vez que o laudo psiquiátrico aponta esta loucura, ele já não responde nem juridicamente e nem moralmente suas ações, ele já não é mais um cidadão, o paciente se torna um objeto de pesquisa, onde o que é 1 interessante já não é mais o paciente e sim sua doença. A clínica tem então o poder de moldar aquele paciente de acordo com o que acha necessário. Introdução e objetivo O Livro de Michel Foucault O poder psiquiátrico, que nasceu dos cursos dados nos anos de 1973 e 1974 no Collège de France e nos mostra algo sobre a estruturação da psiquiatria e seu poder disciplinar, se tornando a parte soberana sobre seus pacientes, decidindo assim quem vive e quem morre, quem é sentenciado e quem é curado, onde o mais importante não é a cura do paciente e sim sua subjugação em prol do poder que emana nas clinicas (CAPONI, 2009). No poder psiquiátrico, no ambiente clinico quem dita as regras, porem nem sempre por decisão própria, são os médicos, o médico responsável é quem de fato dá as ordens, mas este poder é lhe dado pelos demais que ali estão, os pacientes, enfermeiros, subordinados aos médicos (FOUCAULT, 2006). Estas aulas que Foucault ministrou buscaram analisar como os enfrentamentos e o poder disciplinar em seus dispositivos de poder produzem enunciados, teorias negações e afirmações, então, como a clínica pode influenciar no louco, através de jogos de verdade. Procedimentos metodológicos A metodologia utilizada se deu na leitura dos textos foucaultianos e seus comentadores e se consistiu na análise das obras relativas ao tema, bem como o exame do material bibliográfico, numa analise contextual e histórica, e nos que mais contribuiu para a pesquisa. Foi acrescentado na metodologia à reconstrução dos conceitos de Michel Foucault que se referem ao poder disciplinar na psiquiatria. Através de pesquisas e leituras de artigos, sendo eles 2 Michel Foucault e a persistência do poder psiquiátrico (CAPONI, 2009); A vida dos homens infames (FOUCAULT,2003); E das obras: Historia da Loucura (FOUCAULT, 1978); Historia da sexualidade I: a vontade de saber (FOUCAULT, 2001); O nascimento da clinica (FOUCAULT, 1987); O poder psiquiátrico: curso dado no college de france (1973-1974) (FOUCAULT, 2006); Vigiar e punir: historia das violências nas prisões (FOULCAULT, 2002). Resultados e discussão Inicialmente o processo de pesquisa em filosofia é de fundamental importância para a nossa formação acadêmica, permitindo um contato mais pontual e direcionado as questões filosóficas em tais pesquisas abordadas, como neste trabalho sobre o poder disciplinar. Que vai buscar mostrar como a relação indivíduo e soberano se mantem desde os primórdios até os dias atuais, e esta relação entre poder e verdade que se instala no cotidiano, também a questão da cura através do poder, e da doença que não é física, e que para o paciente ser declarado doente, ele perde seus status de cidadão e seus direitos são revogados, uma espécie de estado de “sítio”, por assim dizer, mostrando assim como o soberano tem poder de fazer morrer e deixar viver. Conclusão Nos tempos atuais vemos claramente onde temos instrumentos de poder e de saber, em hospitais, escolas, prisões, e há uma certa resistência populacional perante aos institutos de disciplina, onde o poder do soberano institui a morte de um para a sobrevivência da maioria, em remédios, tratamentos, se tem morte de indivíduos como aceitas e que uma vida perdida é mais proveitosa que uma população dizimada. 3 Se tem certa resistência hoje, porém não de todos, uma pequena parte que ouvimos dizer que não se subjugam a poderes clínicos, que educam seus filhos não em instituições, mas com sistemas alternativos, porem o soberano que nos deixa acuados, perante seu poder é quem determina em alto e bom som o que deve ou não deve ser feito. Referências CAPONI, Sandra. Michel Foucault e a persistência do poder psiquiátrico. Ciência & saúde coletiva, v. 14, n. 1, p. 95-103, 2009. FOUCAULT, Michel. A vida dos homens infames. O que é um autor, v. 3, p. 97-128, 2003. ______. História da loucura. 1978. ______. História da sexualidade I: a vontade de saber. Graal, 2001. ______. O nascimento da clínica. In: O nascimento da clínica. ForenseUniversitária, 1987. ______. O poder psiquiátrico: curso dado no Collège de France (19731974). Martins Fontes, 2006. ______. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Vozes, 2002. 4